The Key escrita por Ronnie


Capítulo 28
Capítulo 28




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/243080/chapter/28

-Quando vamos chegar? – reclamou Stela com as mãos nas costas e a esticando, fazendo um barulho estranho.

 -Calma... – Lira não parava de bocejar.

 Estávamos a mais de mil pés do chão, percorrendo grandes florestas fechadas e apavorantes, lagos cristalinos e negros, construções bonitas e destruídas e por desertos de areia. Já se fazia uns dois dias que não saíamos de cima das fênix por nada, a não ser ir ao banheiro e comer. Sempre parávamos em alguma vila de camponeses, ou em alguma cidadezinha de alguma raça quase extinta para comer algo. Era incrível como nos tratavam bem, como se fossemos os verdadeiros Líderes.

 -Já estamos aqui faz horas! – reclamou Stela novamente, agora se deitando em cima da fênix e fechando os olhos, como se tentasse dormir, sem sucesso.

 -Já estamos chegando. Só temos que atravessar aquilo ali. – apontou Zack para frente.

 Nenhum de nós estava realmente concentrado. Todos estavam com os olhos fechados, bocejando, reclamando, ou no meu caso, observando a vista que mudava drasticamente do frio para o quente e do seco para o úmido.

 Olhamos para frente desinteiriçados, mas bastou dar uma olhadela, que nossos olhos cansados se arregalaram.

 -Está de sacanagem com a minha cara, não é Zack?! - falou Lira com os olhos arregalados e com um sorriso com tom de “Nem brincando eu entro aí”.

 Havia uma grande e forte neblina, mas ela era diferente. Era negra e densa, parecia pesar no ar, era assustadora.

 -O que é aquilo? – perguntei, um pouco cautelosa demais.

 -Deve ser alguma tempestade chegando. – falou ele despreocupado.

 Estávamos cada vez mais perto da forte “neblina”, o que me assustava.

 -Isso não parece uma tempestade Zack. – chiou Stela, agarrada em sua fênix que não parecia com medo e nem ao menos, ver o que estava acontecendo a sua volta.

 Todos nós fechamos os olhos e adentramos naquela nuvem escura e pesada.

 O ar era extremamente rarefeito e eu não enxergava nada e escutava um zumbido terrível e ensurdecedor, sem falar do grito das fênix.

 -Gente! – eu gritava, mas a minha voz parecia ficar presa em minha garganta e por mais que eu gritasse, não adiantava nada.

 Cristoff não estava mais na minha frente, eu pelo menos, não conseguia tocá-lo.

 Eu não ouvia a minha própria voz, muito menos a dos outros, mas em compensação, eu escutava os gritos das fênix e o zumbido que parecia nunca cessar.

 Estava frio, muito frio. Meu queixo tremia e eu sentia meus dedos e a ponta de meu nariz congelar. Eu estava com frio, com medo, assustada e querendo sair dali o mais rápido possível.  

 Estava completamente desesperada. Olhava para os lados e era como se eu estivesse cega, surda e muda, mas eu ainda tinha o meu tato, onde agarrei em minha fênix e coloquei minha cabeça entre suas penas, com a esperança de que quando eu levantasse a cabeça, estar com meus amigos novamente e bem longe dali.

 Abaixei a cabeça e comecei a cantarolar as músicas vampirescas que acabei gravando.

 No fundo de minha cabeça eu escutava a voz de Cristoff, longe, mas audível.

Caminhe, caminhe...

 Entre as folhas secas...

 Imagine, imagine...

 Adentre as forças negras...

 Seja mais forte que o inimigo...

 Seja mais rápido que ele...

 Caminhe consigo...

 Faça de você, uma fraqueza dele...

 A música estava impregnada em minha mente. Enquanto eu cantava, mesmo sem me ouvir, eu conseguia escutar Cristoff cantarolando alegremente e aquilo me dava certo conforto, certa alegria, certa luz.

 -Mel! Agarre a minha mão! – ouvi rapidamente, como em um grito rouco.

 Abri os olhos e percebi que estava com um sorriso ridículo nos lábios e que eu estava caindo e perdendo altitude rapidamente.

 Olhei para baixo e minha fênix estava despencando. Parecia desmaiada, ou morta.

 O vento em meus cabelos e a adrenalina invadiu-me, então, fiz somente o que qualquer um faria. Gritei.  

 Olhei para cima com dificuldade, o vento estava muito forte e vi Zack mergulhando no céu escuro e negro com sua fênix.

 Parecia que a morte estava me alcançando.

 Eu me sentia leve, grogue, feliz, confusa, cansada, com sono, quase me sentia morta.

 -Não vá Melany! – gritou alguém, mas eu não queria escutar.

 Agora, a música vampiresca estava mais alta e melódica, não pude evitar fechar os olhos e apreciar aquela música maravilhosa que fazia minha mente se acalmar, ainda mais cantada com Cristoff que tinha uma voz de anjo.

 Nada parecia importar, somente aquela música e o meu bem-estar.

 Eu estava mergulhando devagar na escuridão, no medo, no horror, mas eu não queria fugir, era confortável, quente...

 Abri os olhos por um instante e vi várias e várias mãos e braços, mas não havia rostos ou corpos, eram apenas muitas mãos, um amontoado delas e eu estava pronta para fazer parte daquele amontoado. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!