A adrenalina controlava o meu coração. Eu estava morrendo de medo de cair nas telhas da mansão e quebrar uma perna ou um braço, mas algo pareceu me segurar.

 Ainda estava com olhos fechados e a respiração rápida, quando senti o vento em meus cabelos e em meu rosto.

 Abri os olhos e olhei para baixo, onde vi os Líderes gritando e chiando para que descêssemos, foi quando olhei para cima e vi duas grandes patas amarelas me segurando. Assustei-me ao ver o que estava me segurando.

 Parecia uma galinha enorme, mas ela era diferente. Era vermelha, com as penas quase que pegando fogo, olhos verdes cintilantes cortando o céu azul daquela tarde, parecia muito concentrada em seu vôo, asas enormes que ela agitava para cima e para baixo, um bico alongado e amarelado com um pescoço grosso e longo.

 -Gostou do meu bichinho de estimação? – sorriu Jessie atrás de mim, em cima de um daqueles animais.

 Tinha um para cada um de nós, menos para mim, que estava sendo erguida pelas patas do animal de Cristoff.

 -O que são eles? – gritei, um pouco enfezada ao ver que cada um deles estava sendo carregado por um animal, menos eu. Mas, estava feliz por termos nos livrado dos Líderes que há essa hora, se não fossem eles, eu já estaria morta.

 -São Fênix de Fogo. – falou Jessie, sorrindo.

 As fênix pegavam cada vez mais velocidade.

 -Por que de fogo? – falei, olhando para as nuvens que estávamos ultrapassando.

 -Por isso! – gritou Lira, atrás de nós duas.

 Todas as fênix soltaram um grito ensurdecedor e começaram a pegar fogo, o que me fez gritar e me debater nas garras da fênix de Cristoff.

 As chamas subiam gradativamente da cabeça até as patas e estava quase me alcançando.

 -Calma! As chamas não machucam! – gritou Zack na fênix da frente, rindo sem parar.

 -São para pegar velocidade. – riu Cristoff, dando dois tapinhas na barriga da enorme fênix, que do nosso lado parecia mais uma baleia.

 A fênix deu mais um grito e girou.

 Eu estava tão desesperada que meu grito saiu rouco e baixo, meu coração estava a mil e eu sabia que estava prestes a cair.

 Enquanto ela girava, Cristoff segurou minha mão, enquanto eu estava no ar e me puxou contra ele. A fênix estabilizou seu vôo e eu estava sentada atrás de Cristoff, segurando em sua cintura, chocada, com olhos arregalados, cabelos desarrumados e tentando me recuperar do susto de quase morrer.

 -Segurem-se! – gritou Zack, na nossa frente, fazendo um mergulho forçado.

 Nós estávamos bem atrás dele. Quando vi Cristoff inclinar seu corpo para frente, segurei com ainda mais força na cintura de Cristoff, fechei os olhos com força, me preparando para sentir um grande impacto no estômago, e encostei a cabeça nas costas de Cristoff. Consegui ouvir um leve riso dele, quando o fiz.

 Nós mergulhamos por entre as nuvens e quando abri os olhos estávamos sobrevoando um grande lado negro que havia perto da parte oeste de Alídea.

 -Não é perigoso sair da parte sul?! – gritei, com a voz rouca e procurando saliva para poder falar qualquer outra palavra que eu tivesse que dizer a seguir.

 -Sim, mas prefere ficar aqui e morrer, ou fugir e ter a oportunidade de ficar viva? – riu Cristoff.

 -Prefiro ter a oportunidade de viver. – falei em seu ouvido, percebendo que eu não precisava mais fritar para que ele me escutasse.

 -Para onde vamos Zack? – falou Jessie atrás de nós, fazendo um leve carinho nas penas de sua fênix, que parecia gostar muito.

 Ficamos todos em silêncio, encarando o rosto pensativo de Zack.

 -Para o Castelo Amaldiçoado? – perguntou ele, mais parecia ser uma afirmação.

 -Está maluco?! – gritou Stela com as sobrancelhas quase juntas.

 -Alguma idéia melhor?! – gritou Zack. Ele parecia irado.

 -Lá tem criaturas das trevas. – sussurrou Cristoff, inclinando a cabeça para trás, para que eu o escutasse.

 -Nós não podemos ir para um lugar onde não conseguimos nos defender! – gritou Lira.

 -Não podemos nos defender do que não vemos. – falou Cristoff para Zack, com o mesmo tom de repreensão de sempre.

 -Lá tem o portal Cristoff e você sabe disso! – falou Zack, zangado com a fala do irmão.

 -Não podemos colocar a vida delas em risco! – gritou Cristoff, se exaltando, me fazendo solta-lo.

 -Cristoff! Pare de agir como criança! Você sabe que é o único jeito! – gritou Zack, olhando para trás, enquanto sua fênix parecia já saber o caminho a percorrer.

 -Único jeito de que?! – gritou Ketlyn, se aproximando de nós.

 -De sair de Alídea! – Zack estava realmente muito chateado.

 -Não podemos sair... – falei, com a voz tranqüila, fazendo todos me encararem como se eu fosse uma maluca por minha voz estar tão suave, enquanto todos gritavam. – Esqueceram de Charlie? – minha voz saiu envergonhada e infantil.

 -Primeiro, temos que cuidar de nossas vidas. – falou Zack para mim, com um sorriso forçado e retribuí o mesmo sorriso, me lembrando dele e de Monik.

 Abracei Cristoff por trás que pareceu gostar, quando entrelaçou seus dedos nos meus.

 Estava óbvio que Zack viu o movimento do irmão, e não ficou nem um pouco contente e era exatamente isso que eu queria. Parecia cruel usar Cristoff, mas eu não estava usando, porque eu gostava dele. Na verdade, eu estava confusa.

 -Então, vamos mesmo para o Castelo? – falou Lira.

 -Sim. – falou Cristoff e Zack ao mesmo tempo, os fazendo revirar os olhos.