The Key escrita por Ronnie


Capítulo 23
Capítulo 23




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 Os dias passavam bem devagar na parte Sul de Alídea e estavam mais estranhas a cada dia.

 Cristoff e Zack não se falavam mais e pareciam disputar quem iria me treinar ou quem iria me levar até o quarto de noite. Eu me sentia mal, porque parecia que eu estava me aproveitando deles, mas não era nada disso! A culpa não era minha se eles estavam com aquela “disputa” ridícula para ver quem vence e eu era o grande prêmio, mas eles nunca perguntaram nada a mim, e se perguntassem, eu diria que não queria nada com nenhum dos dois. Eu havia pensado muito e chegado à conclusão que eu não gostava de nenhum dos dois tanto assim para ficar com um deles, o que me deixava ainda pior, porque eles estavam se odiando em vão e eu não podia simplesmente chegar até eles e dizer que eu não queria nenhum dos dois, eles iriam ficar muito magoados comigo, então preferi apenas ir levando, como se aquilo fosse natural, apensar de já estar começando a me irritar de verdade.

 Meus treinamentos estavam finalmente dando resultados positivos. Zack falava que eu estava mais forte e controlada a cada dia e eu concordava com ele.

 O Conselho havia decidido não ir em frente com a pesquisa sobre minha força vital e teria uma nova reunião em breve, mas não haviam dado a data para nós.

 Meu segredo de ser tataraneta de Felícia continuava guardado a sete chaves, quando me acertei com os meus supostos “amigos”. Acho que naquele dia eu estava muito fragilizada e havia esquecido que aquilo era uma troca de favores com o nome de amizade para disfarçar.

 -Mel! Vem logo! – ouvi a voz de Pietra, me tirando a força de meus pensamentos.

 Eu adorava ficar sentada em um banco velho, de madeira descascada pintada de branco e ficar ali, admirando o céu colorido de Alídea e a beleza do meu mundo, sem falar, que também me ajudava a organizar as idéias.

 -O que foi?! – gritei me levantando e vendo-a correr na minha direção.

Ela parecia muito empolgada e tentando se equilibrar em cima do salto agulha.

 -Não sabe o que aconteceu! – gritou ela chegando perto de mim.

 Ela segurou em minha mão e correu, me fazendo correr.

 -O que? – falei vendo onde ela estava me levando.

 Entramos e chegamos na sala principal onde pude ver Zack e Monik se beijando.

 Todos estavam rindo e apontando, mas de longe. Eles estavam dentro da cozinha, mas a porta era de vidro e todos que passavam, paravam para ver o casalzinho.

 Quando dei de cara com aquela cena, meu coração parou, minha pele ficou gélida, criou-se um nó na minha garganta, meu estômago começou a se remexer, minha cabeça parecia que ia explodir e as lágrimas vieram aos meus olhos.

 Como aquilo era possível?! Ele parecia me amar, não é?! – pensei, respirando fundo para não chorar.

 -Não é fofo? – ouvia a voz de Pietra no fundo de minha mente, ecoando.

 Eu estava completamente estática. Não conseguia parar de olhar aquela cena patética.

 Ele parecia muito “contente” a beijando, passando suas mãos quentes pela sua cintura e depois até seu pescoço.

 -É sim... É lindo. – falei sem a mínima emoção. – Vamos sair daqui? – falei, saindo da sala e indo até o escritório.

 Eu, ultimamente, tinha ido demais ali. Adorava os livros velhos e as histórias macabras e lindas de Alídea. O livro que eu mais gostava era “Um inverno petrificado” , que contava a história de um casal de bruxos que erraram um feitiço e pararam o tempo, onde só os dois estavam... Bem, vivos. É um romance, mas ele é diferente dos demais, é engraçado, com tragédias de verdade e só eles atuam no livro.

 Adentrei o escritório e fui logo para a estante onde eu havia guardado o livro, da última vez que o peguei. Sentei-me no divã vinho e me deitei, já com o livro no colo e aberto no último capítulo. Qualquer coisa era melhor do que pensar no beijo molhado e caloroso de Monik e Zack.

 -O que houve? – falou Pietra, ao se sentar na cadeira estofada em frente à mesa de Zack.

 -Nada. Por que deveria haver alguma coisa? – falei com a voz tranqüila.

 Por mais que meus olhos passeassem pelas palavras do livro, eu não conseguia me concentrar de jeito nenhum!

 -Não parece estar bem Melany. – falou ela. Eu sabia que ela me encarava, mas eu não queria que ela visse a minha cara de choro e de tristeza.

 -Eu estou ótima! – dei um leve sorriso, fechando o livro grosso e pondo em meu colo.

 -Gosta do Zack, não é? – a voz e a expressão de Pietra confessaram que ela já sabia disso, mas nunca havia perguntado.

 Por mais que eu não quisesse admitir, eu sentia algo por ele sim. Era estranho! Eu não queria ficar nem com Zack, nem com Cristoff, mas morria de ciúmes dos dois.

 -Talvez... – falei, desconcertadamente, me levantando e pondo o livro de volta no lugar, sem ter saído nem da primeira página. 

 -Sabia! – gritou ela. Dei um pulo para trás e ela deu um sorriso sem graça, após perceber que me assustou. Sentei-me novamente no divã e a encarei, com vergonha. – Ele gosta muito de você Mel. – riu ela sem graça, me fazendo arregalar os olhos.

 -Gosta? – minha voz soou esperançosa, então, tentei concertar meu tom de voz para desinteressada. – Gosta?

 -Ele vive falando de você. – riu ela mais uma vez, mexendo em uma mexa de seu cabelo. 

 -Então, por que está com ela? – eu não queria ter soado tão... Ciumenta e possessiva, mas apenas saiu.

 -Viu? – disse ela, com tom de superioridade e esperteza. – Eu sabia que gostava dele! – riu ela, indo até mim e se sentando ao meu lado. – Não sei por que ele está com ela, mas sei que ele gosta bastante de você. – falou ela, com tom de companheirismo.

 -Hm... Obrigada. – falei um pouco sem graça quando ela me deu um abraço.

 Fazia muito tempo que eu não abraçava uma amiga, se é que eu poderia chamá-la de amiga.

 Hesitei um pouco, mas logo sedi ao abraço.

 -Fica tranqüila! – disse ela me largando e deixando os ombros caídos, com um sorriso relaxado. – Cá entre nós... – Pietra abaixou a voz, como se alguém pudesse nos ouvir. – Monik é uma vaca. – riu ela.

 Comecei a rir com o riso de Pietra, que era alto e escandaloso.

 -Melany! – vi uma menina entrar no escritório apressadamente, nos assustando.    

 Ela tinha uma transa que ia até o meio de suas costas, com seu cabelo escuro, rosto redondo e magro, olhos grandes e completamente negros, pele amorenada e usava um vestido branco e rodado até a cintura, com sapatilhas brilhantes e uma pulseira das Lumos.

 -Olá Tília. – falou Pietra com desinteresse.

 -Melany! Preciso que venha comigo agora! O conselho que te ver! – gritou ela entrando na sala e me puxando pelo braço.

 Eu estava literalmente, morta. 


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