The Key escrita por Ronnie


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Comecei! =D



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Já havia se passado três semanas da morte de Catherine e eu ainda me sentia a pior pessoa do mundo, por não ter tratado ela como merecia ser tratada. Não era culpa dela que eu fosse a chave e nem mim, verdade, mas eu entendia perfeitamente o que ela havia passado, a vida toda sendo à sombra de outra. Eu não gostaria disso e sabendo como ela era, sabia que se eu não gostaria, ela odiaria.

 -Black Soul! – ouvi a voz angustiante e irritante de Hélio gritar, me tirando de meus pensamentos forçadamente. Odeio quando fazem isso! – pensei.

 Olhei rapidamente para Hélio que estava furioso coçando sua enorme barba vorazmente.

 -Concentre-se! – gritou ele, me olhando.

 -Estou concentrada. – disse, com as sobrancelhas quase juntas de raiva.

 Eu já estava ali a mais de duas horas, não, não estava cansada, mas era chato ficar equilibrada a quase dez metros do chão em uma corda, acima de um precipício.

 Ok! Há algumas semanas atrás eu estaria morrendo de medo, frio, cansaço, mas não mais. Para eu não pensar em Catherine, mamãe, papai e em minha avó, eu tinha me concentrado e focado somente em treinar, tinha dias que eu acordava cinco da manhã e ia para cama cinco da manhã do dia seguinte, treinando meus ataques, minha língua Nirhaquiana, meu equilíbrio, minha conexão com minha serpente, que eu havia aprendido a gostar.

 Eu não me sentia exausta e nem desesperada, estava respirando calmamente, com os braços esticados, para manter o equilíbrio estável e com os olhos fechados, mentalizando coisas boas. Dava-me muito equilíbrio mentalizar coisas boas, como o vento em meus cabelos, a brisa do mar, a cor do céu de Alídea no entardecer e o jeito como Matthew me olhava.

 Matthew dizia-me todos os dias, quando eu chegava do treinamento que eu estava linda, e eu sempre respondia a mesma coisa “Não melhor que há três semanas atrás”. Eu sempre fui realista e sabia que estava horrível, mas nada afetaria o meu foco de derrotar Charlie.

 Proêmios já estavam se unindo com feiticeiros e bruxos para reforçar a barreira entre a Terra e Alídea, para que Charlie não ultrapassasse, não sabíamos como, mas ele estava mais forte a cada dia que se passava, então foi preciso que todas as criaturas mágicas se unissem e todos os dias jogarem mais uma dose de proteção em Alídea, o que era trabalhoso e muito desgastante. Alídea era enorme! E não havia poder suficiente para proteger todo espaço de terra, o que nos preocupava muito.

 Então, eu tinha que estar preparada o mais rápido possível, pois ele poderia chegar a qualquer momento e eu estaria de estar pronta para enfrentá-lo e matá-lo.

 -Black Soul... – começou Hélio. Ele tinha a chata mania de me chamar de “Black Soul”, pois dizia que eu era a reencarnação de minha mãe e que ele não conseguia lembrar meu nome, pois já estava velho. O que eu concordava, ele já tinha duzentos e poucos anos, o que era muita coisa, até em Alídea. – Está na hora de parar. – falou ele, olhando para o sol se pondo.

 -Não. – disse confiante. – Posso agüentar mais um pouco. – falei, respirando fundo e sentindo meus pés adormecerem. Eu realmente conseguia ficar mais, meu psicológico estava preparado, mas o meu físico não conseguia entender que ele já deveria estar preparado e pronto também.

 -Não! Desça agora! – gritou ele, fazendo gestou exagerados.

 -Arg! – eu ficava realmente enaltecida quando ele me mandava parar de treinar e eu não poderia contrariá-lo. Ele era mais velho e mais sábio.

 Dei um pulo de onde estava e senti o vento em meus cabelos, enquanto eu dava uma pirueta no ar, para mostrar à Hélio que eu estava disposta a continuar. Pisei no chão agachada e me levantei.

 -Viu? – falei com os braços esticados, mostrando que eu estava bem. – Estou ótima! – ri para ele, me aproximando e o acompanhando até a densa floresta.

 -Não está não. – falou ele, andando e não me olhando.

 Às vezes eu tinha a sensação que eu não estava lá para ele. Era irritante!

 -Como, não?! – disse, indo para sua frente e dando várias piruetas e acrobacias e falando com minha serpente em Nirhaquiano. Mas, Hélio não se pareceu convencido.

 Ele abriu os olhos e apenas soprou e eu caí no chão, completamente desconcertada.

 Ele passou por mim, rindo.

 -Eu disse... – esse velho é sacana! – falei para mim mesma, ao levantar e tentar acompanhar os seus passos rápidos.

 Passamos pela floresta, o deixei em casa e continuei a andar, até a casa de Beth.

 Já estava escuro e os planetas Óctuplos e Hibério já estavam cintilando. Quando chegara em Alídea, achei que fossem dois Sois e duas Luas, mas na verdade eram dois planetas que brilhavam durante dize horas e cintilavam as outras doze horas, assim tendo o tempo em Alídea.

 Olhei para aquele céu azulado e pensei em tudo que já havia acontecido comigo. Minha vida não era fácil, era verdade, mas eu ficava feliz de ter conhecido pessoas tão boas e com as quais eu sabia que poderia contar sempre que precisasse.

 Eu andava pela floresta densa, mas conseguia ver tudo que havia acima dos galhos mais altos das árvores cheias de vida e formosas. Ouvia o barulho gracioso das folhas secas no chão e dos galhos frágeis que eu quebrava com o peso do meu corpo, a brisa fria, porém acolhedora da floresta, o piar de corujas. Eu me sentia bem ali.

 Já conseguia avistar a casa de Beth de onde eu estava. Parecia uma casa de bonecas de tão pequenininha que ficava.

 Apertei meu passo, quando senti uma gota de água cair em meu ombro. Pelo que já havia notado, as chuvas são raras e quando vem, são fortes e violentas, apesar de não causar nenhum dano à população.

 Corri até a casa de Beth e finalmente me vi batendo na porta, completamente ensopada, com os all stares surrados completamente encharcados e com as roupas molhas. Minha preocupação maior não era as roupas, ou o meu cabelo, ou qualquer coisa assim... Minha preocupação era em ficar doente e não me deixarem treinar, era isso que eu tinha medo e por isso corri tão desesperadamente para pegar o mínimo de chuva possível, o que ficou claro, que não adiantou de nada.

 -Mel! Você está... – disse Lara abrindo a porta com o seu grande pirulito em formato de coração vermelho que cobria seu rosto, quase que completamente.

 -Terrível, eu sei. – falei, entrando e tirando meu casaco molhado e jogando-o no chão. Eu não era mal educada, eu iria pegar. Só que depois de tomar um banho, trocar de roupa, aí sim, eu o pegaria.

 Olhei para ela novamente, indo até o sofá e pegando o chiclete que ela mas gostava, da loja de doce mais famosa da cidade de Huntra. Depois fiquei sabendo que Alídea era o nome da dimensão, ou planeta e estávamos em Huntra, a capital.

 -Lara! Já não disse para parar de comer esses doces!? – reclamei, indo de encontro a Beth, que estava na cozinha preparando nosso jantar.

 Depois que Catherine se foi, Lara meio que me pegou para ser sua “mãe”. Ela era extremamente carente e precisava que alguém tomasse conta dela, então eu fui “obrigada” a ser encarregada disso, mas eu até que me amarrava nela!

 -Desculpa... – ouvi sua voz se abaixar e provavelmente sua cabeça também.

 -Mel! Você está toda molhada! – falou Beth, vindo em minha direção com a expressão de preocupação no rosto, apesar de não ter de se preocupar com nada!

 Revirei os olhos dramaticamente, quando ela tirou minha blusa de manga cumprida e falou que ia por para secar e que eu fosse tomar um banho quente e me aquecer que ela prepararia algo especial para eu comer.

 Eu tinha para mim, que ela sabia que eu não poderia ficar gripada de modo algum! Então, ela meio que me ajudava, apesar de ninguém querer me ajudar.

 Diziam que eu tinha que me alimentar melhor e que eu não poderia ficar tão obcecada em derrotar Charlie. Como se eles estivessem sentindo a raiva que eu sentia!

 -Lara! – avisei, olhando ainda para Beth, mas eu sabia que Lara inda estava se empanturrando de doces.

 -O que? – sua voz saiu rasgada e abafada, ou seja, aquela menina estava comendo doces de novo.

 -Para de comer esses doces, Lara! – virei-me para ela, enquanto caminhava até o banheiro. – Eu não vou deixar você dormir comigo porque teve pesadelos! Estou avisando! Pare de comer doces. – avisei pela última vez, indo até o banheiro.

 Eu a adorava! Mas, às vezes, me irritava de mais!

 Eu sabia que não tinha com o que me preocupar.

 Peter e Matthew havia ido até a ilha dos proêmios, conversar sobre a defesa de Alídea. Eles estavam tentando falar com os vampiros do lado sul, mas eles estavam sento inflexíveis com a idéia de ajudar ao lado de Nirhakianos. Eles eram uns idiotas! Eles não queriam ajudar o planeta então! Eram ridículos sugadores de almas! – pensei.

 Ri do meu próprio comentário interno. Há alguns meses, jamais pensei em falar isso... As coisas realmente mudam, querendo ou não e quando a mudança vem, nós não podemos evitá-la, podemos apenas nos juntar a ela.

 Ouvi o barulho da porta se abrindo, do banheiro. Ouvia também a voz de Peter e Matthew conversando sobre os vampiros. Estava doida para vê-los! Não os via fazia quase dois dias, por que eu saia antes deles acordarem e voltava quando eles já estavam dormindo e eu não queria atrapalhá-los. Ao contrário de Beth que era difícil dormir e de Lara comendo doces compulsivamente.

 Tomei um banho rápido e fui até a sala vê-los, quase saí correndo pelo corredor, enquanto eu “corria”, me lembrei que havia tido uma discussão não muito animadora com Matthew fazia alguns dias e eu e ele não estávamos nos falando normalmente e eu ainda estava com raiva por ele dizer que eu deveria me preocupar com outras coisas, como a proteção de Alídea do que com minha vingança ridícula! Mas, foi porque ele não perdeu a família toda, literalmente e teve de encarar tudo sozinha! Ele foi ridículo! E eu não falaria com ele até ouvir a palavra “desculpa” sair de sua boca. Sabia que era infantil, mas eu estava pouco de importando com aquilo.

 Cheguei à sala e os dois se viraram com animação e depois de alguns segundos, vi a animação de Matthew sumir um pouco de seu olhar e com tom de total reprovação e intimidação, fui abraçar Peter primeiro, com um grande sorriso e com um abraço apertado, ele também havia retribuído.

 -Mel! Que saudade! – dizia ele em minha orelha.

 Nós nos separamos.

 -É estranho viver na mesma casa e quase não nos ver, não é? – falei rindo e olhando-o nos olhos.

 Não havia notado, mas ele havia mudado. Estava mais forte e musculoso, aparentava ter mais que a sua idade e estava com rosto de homem e não daquele menino. Ele estava bonito, mas não mais que Matthew, como sempre lindo! Com seu cabelo castanho, seus olhos brilhantes e penetrantes, corpo musculoso, roupas despojadas e estilosas.

 -É sim! – sorri para ele e todos na sala ficaram em silêncio, quando olhei para Matthew e ele me olhou.

 -Eu vou subir para ouvir música. – falou Lara subindo as escadas apressadamente e deixando os doces para trás.

 -Eu vou preparar sua comida Mel. – falou Beth, entrando na cozinha e fechando a porta.

 -Eu vou... Procurar algo para fazer. – falou Peter pensativo e saindo da sala rapidamente, deixando apenas Matthew e eu. Sozinhos. Depois de quase quatro semanas.

 Ele me encarou e continuou de pé, me fitando com aqueles lindos olhos, em que eu sempre conseguia me ver, refletida. Respirei fundo e me sentei no sofá, colocando as pernas para cima, e apoiando meu queixo nos joelhos, enquanto ligava a TV.

 -Nada a declarar? – perguntou ele, se aproximando do sofá, onde eu estava sentada.

 -Eu não tenho que falar nada. – disse com a boca entre meus joelhos e com os olhos pregados na TV. Eu tinha medo que se eu olhasse para ele, não resistisse à tentação e fosse beijá-lo e perdoá-lo pelo que disse e isso eu não iria fazer!

 Ele se sentou na mesinha de centro de madeira a minha frente, me impedindo de ver meu filme preferido, Harry Potter e o Cálice de Fogo.

 -O que foi? – disse apertando o Butão do pause no controle e o observando com os braços cruzados.

 -Sei que errei. – falou ele com os olhos concentrados nos meus.

 Calma! Não esqueça que está com raiva! – disse a mim mesma, respirando fundo, deixando-o pensar que era de frustração e não de atração.

 -Hm... – disse para que ele continuasse.

 -Estou aqui para pedir desculpas. – falou ele com passando a língua por seu piercing.

 Não era possível! Ele com certeza leu minha mente quando eu disse que me derretia por aquilo! – pensei indignada. – Cara! Que merda!.

 -Mais o que? – insisti, me fazendo de durona.

 -E que... – ele olhou para os lados, pensativo. – E que fica linda quando está zangada. – sorriu ele, mostrando aqueles dentes tão perfeitos.

 Dei um leve sorriso, mas mesmo assim, me mantive forte.

 -Pode continuar! – disse, ainda zangada, ou pelo menos, queria que ele pensasse que eu estava assim.

 Ele passou a língua novamente em seu piercing e me olhou de baixo para cima, até chegar nos meus olhos e deu um leve sorriso.

 -Está lendo minha mente?! – perguntei fula. Infelizmente eu deixei escapar um detalhe intimo. Eu era uma idiota!

 -Sua Nirhak tem se alimentado bem, Mel. – disse ele. Quando eu permito que minha serpente beba sangue, ele não conseguia ler minha mente, o que era uma vantagem.

 -Espera aí! – falei, percebendo o que ele quis dizer com aquilo. – Então, tentou ler? – perguntei, largando minhas pernas e olhando-o de mais perto, podia sentir seu hálito quente acariciar minha pele, mas não me deixei envolver.

 -Todo o tempo que estou longe de você tento ler, para ouvir sua doce voz e seus pensamentos engraçados que me fazem rir. – disse ele, em tom de poeta, mas dava para perceber que ele não falou só para me agradar, era a verdade.

 -Fico contente que te faço sorrir. – disse me encostando novamente no sofá e sentindo o cheiro da chuva.

 -Sim, faz. – falou ele, agora se sentando ao meu lado.

 Silêncio.

 -Mel, eu te amo, e sabe disso... Não sabe? – falou ele subitamente.

 Meu coração congelou, meu sangue parou de pulsar, meus olhos se arregalaram, tudo ao meu redor parou, meu pensamento se embolou, meu estômago se enrolou e meu rosto ficou completamente sem expressão.

 -O que?! – cuspi.

 Ele nunca havia dito que me amava. Havia dito que era apaixonado e aquela coisa toda, mas que me amava, ele nunca havia dito. E Matthew era um homem sério, ele não brincaria com os meus sentimentos, de jeito algum! Ele estava falando sério! O que me fez parar para pensar se eu o amava. Sim, eu gostava demais dele, mas eu nunca senti o amor, não pelo menos como mulher e homem e sim como filha, amiga, irmã... Eu estava confusa.

 -Eu te amo, Melany Black. – falou ele olhando nos meus olhos com um simples sorriso no canto de sua boca.

 Fiquei calada olhando-o e tentando descobrir se o que eu sentia por ele, era amor.

 -Eu... – vi seus olhos esperançosos e naquele momento eu soube! Eu tinha certeza! – Eu também te amo Matthew. – disse sorrindo.

 A raiva já havia passado e eu estava completamente feliz de saber que ele me amava de verdade.     


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Notas finais do capítulo

Reviews? Mp's? =DD