Cronicas De Amores Imperfeitos escrita por Curtinha


Capítulo 2
Bella II




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E desde então as palavras de Mike me assombram. Eu sei, eu sei: Eu sou a pessoa mais idiota desse planeta; ainda não é oficial, mas quando houver uma eleição tenho certeza que estarei muito bem cotada e com grandes probabilidades de vencer. Não por namorar um homossexual, eu consideraria este um erro honesto, afinal hoje em dia não tem como se saber nada ao certo, mas eu sou a maior idiota do mundo por deixar as palavras de Mike se infiltrarem na minha cabeça. Há dias o choque daquelas palavras me assombram e não consigo mais ficar do lado de Edward sem me perguntar "será que é verdade?"

Simplesmente aquelas palavras me abriram os olhos para uma nova perspectiva. Eu sempre soube que Edward era... bem? Vamos dizer apenas "diferente"; isto era tão obvio que ate eu podia ver.

Comparado aos caipiras de Forks o meu Edward era um príncipe, um deus grego... Ele é educado, inteligente, culto, refinado, se veste bem (principalmente se compararmos aos garotos de Forks), e é lindo de uma maneira surreal que você só encontra em filmes Hollywoodianos. O seu sorriso meio torto, os olhos verdes como esmeraldas emoldurados por cílios indecentemente longos, o cabelo cor de cobre milimetricamente despenteado. O porte altivo, não era alto demais, nem baixo demais, simplesmente perfeito nos seus 1.75m de altura.

Isto era bom, era perfeito, ou pelo menos assim eu pensava até as malditas palavras de Mike. Agora toda vez que o vejo eu penso: Nossa, os cílios dele são tão longos e femininos; e a pele dele é tão perfeita, nem uma sarda ousa marcar aquela tez. Ou ao invés de pensar como ele era inteligente e culto toda vez que ele recitava sonetos Shakesperianos de cabeça... bom, eu só penso: Caramba que garoto decora Shakespeare?

Eu sei que eu to pirando, e pior, sei que Edward percebe que eu to pirando.

Eu ainda não tive coragem de perguntar qualquer coisa, quero dizer quem é que tem coragem de perguntar ao namorado se ele é gay? Sério, essa não é uma conversa no meu top 10 conversas preferidas... Sabe como é? Existem conversas bem constrangedoras pelas quais eu passei, mas esta em questão eu não tinha a menor coragem.

E se ele confirmasse? O que eu ia fazer? Puta que pariu, eu ia ser a garota que namora um gay. O que não parece ser tão ruim se eu não morasse nesse protótipo de cidade que é Forks (realmente não seria nada demais). Mas moramos em Forks, uma micro-cidade que ninguém tem nada melhor a se fazer do que fofocar sobre a vida do vizinho. Eu sei porque eu até hoje sou conhecida por alguns como a filha da hippie louca que fugiu de casa e abandonou o chefe de policia. É um titulo grande, imagina adicionar algo mais?

O.M.G! Pensando bem... Coitadinho do Edward! Ele é gay, está preso à uma garota irritante e egocêntrica que só pensa no que os vizinhos vão dizer sobre ela por namorar um garoto gay e não para dois segundos para pensar no que ele deve estar passando. Quero dizer, o garoto gosta de outros garotos, mas se sente tão mal por isso que tem que se esconder namorando uma garota só pra que não falem (e o pior, ainda assim falam dele). Eu tinha que falar com ele; tinha que mostrar que ele tem o meu apoio; que eu o aceito e o amo independente de qualquer coisa.

– Caramba você parece bem pensativa para um trabalho tão simples! - A voz inigualável pronunciou-se atras de mim e eu me virei pra ver a figura de Edward emergir da minha janela.

– Que susto - eu pulei no mesmo lugar com os olhos arregalados.

– Sim... Você parecia bem concentrada para quem está dobrando roupa. Em que estava pensando? - ele perguntou já sentando na cadeira de balanço no canto do meu quarto e me observando atentamente.

–N-nada - não pude evitar corar. Ai de mim se ele soubesse o que se passava pela minha mente naquele momento - Eu só não te ouvi por causa do som... Só isso.

Estranhamente Edward ficou quieto olhando pro meu aparelho de som como se conseguisse ver o Dave Grohl cantando as palavras para nós dois:

And I wonder when I sing along with you,

If everything could ever feel this real forever,

If anything could ever be this good again.

The only thing I'll ever ask of you,

You gotta promise not to stop when I say when

Me munindo de uma coragem totalmente estrangeira a mim, eu respirei fundo e atravessei o quarto em poucos passos até parar em frente ao meu namorado e me ajoelhar em frente a ele nivelando nossos olhos. Seus olhos mostravam uma certa confusão então tentei expressar toda a minha sinceridade naquelas três próximas palavras:

– Eu te amo! - e, não conseguindo resistir à beleza dele, juntei nossos lábios superficialmente por um instante - Não importa o que aconteça. Você entende não é!?

– Bella? O-o qu-ee? - Eu peguei as suas mãos nas minhas e beijei cada uma delas.

– Eu só quero que você seja feliz.

– Aonde esta conversa vai Bella? - sua voz me perguntou adquirindo a cada fonema um tom maior de desespero.

– Edwa... - Ele me interrompeu com um beijo, mas não um qualquer.

Nossos lábios se sugavam intercaladamente sua língua contornando a minha boca até que elas finalmente se encontraram. Ele estava avido por mim tanto quanto eu estava por ele. Com um braço ele envolveu minha cintura levantando-me e puxando-me para o seu colo. Minhas mãos agarravam sua nuca trazendo-o para mais perto de mim.

Eu estava tão feliz que já não me lembrava de mais nada que qualquer pessoa no mundo pudesse ter dito. Nada mais importava; Edward era meu, ele me queria.

Ou pelo menos ele me fez acreditar que sim. Seus braços apertavam-me com força contra ele e sua boca devorava a minha, mas em seu rosto havia uma expressão de dor, de esforço. Como se estivesse fazendo um sacrifício. Meus olhos se encheram de água, maldita a hora que abri os olhos interrompendo a ilusão. Parei de corresponder seu beijo e desviar meu rosto do dele, mas ele persistiu beijando minhas bochechas, pescoço, minha clavícula... Droga aquilo era muito bom. Tão bom que acabei deixando escapar um gemido, mas eu tinha que ser forte. Por mim e por Edward. Eu apoiei minhas mãos no seu tórax pra me afastar, mas ele puxou com mais força, então eu empurrei ainda mais forte o que resultou em me fazer rolar da cadeira e bater a cabeça na quina da cama.

– BELLA! Você tá bem?

– Incrível! - eu disse totalmente irônica enquanto me sentava e procurava algum galo na minha cabeça. Edward estava me sufocando tentando mexer também na minha cabeça pra ver se estava mesmo tudo bem - Edward Edward... Eu to bem... Me larga! - eu disse afastando suas mãos afobadas de mim

Ele deixou seus braços caídos desanimadamente ao lado do seu corpo e seu rosto encarando o chão só então me fazendo perceber o quão rude eu havia sido. Quando ele me encarou de novo seus olhos estavam marejados. Era pecado fazer um gay chorar? Eu me sentia uma total bitch!

– Edward... Desculpa

– Não termina comigo - ele sussurrou voltando a encarar o chão

– O que?

– NÃO termina comigo! - ele repetiu mais alto e desta vez olhando para mim ainda com os olhos marejados.

Então por isso ele havia me beijado, para tentar me convencer a não terminar com ele? Então mais do que nunca as palavras de Mike me atingiram. Edward precisava de mim, e eu não iria abandona-lo.

– Não vou - eu sussurrei me aconchegando em seus braços. Ele me abraçou afundando o rosto em meu pescoço. - Não iria... Nunca! - ele suspirou aliviado. - Era justamente isso que eu estava tentando te dizer Edward. Eu te amo, independente de qualquer coisa. Vou ficar com você por quanto tempo você me queira ao seu lado... Não importa para o que!

– Eu te amo Bella, e é pra sempre.

– Eu também.

Um nó se formava em minha garganta enquanto ficávamos ali abraçados ouvindo o meu cd que já chegava ao final.

– Estranho! - ele se pronunciou me tirando do transe que Jim Morrison havia me envolvido enquanto me cd tocava  Light my fire

– O que é estranho? - perguntei.

– Seu pai...

– O que tem? - não entendendo muito bem aonde ele queria chegar.

– Você fez o maior barulhaço quando caiu e ele não veio ver.

– Acho que o barulho não foi tão alto para que ele ouvisse de La Push - Edward me encarou de forma engraçada e não pude evitar sorrir enquanto explicava - Ele foi pescar em alto-mar pelo fim-de-semana.

-  Ele vai ficar fora o fim-de-semana inteiro? - ele perguntou engolindo em seco e o corpo ficando tenso... o que é totalmente estranho, mas a essa altura do campeonato eu já não ligava mais.

– Sim

– Sem ninguém pra... te vigiar.. nem nada!

– Ora Edward eu não tenho 7 anos!

– Eu sei eu sei... por isso mesmo.

– Charlie confia em mim.

– Eu sei, mas pode ser perigoso... você ficar aqui... sozinha! - Ele concluiu dando uma enfase desnecessária a ultima parte.

– Eu já estou acostumada ... e alem do mais eu disse que ia dormir na Alice... Amanha bem cedo vamos à Seattle e eu vou dormir por lá mesmo!

– Han! Entendo. - ele olhou seu pulso, que nem sequer tinha relógio e disse - Olha a hora, tenho que ir.

– Mas... - ele nem me deixou terminar e ja foi se levantando e saindo pela janela gritando um "te vejo mais tarde" e me deixando com cara de tacho pela velocidade com que tudo aconteceu.

Quando consegui me levantar e ir até a janela tudo o que vi foi o carro de Edward já virando a esquina ao final da rua. Maravilha.


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