Destinos Entrelaçados escrita por Meizo


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! õ/



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Destinos entrelaçados – Por: Meilyn

Lucy alinhava alguns livros desajeitados nas prateleiras com bastante seriedade. Para ela os livros eram muito importantes e ficava realmente irritada quando as pessoas não os tratavam bem.

- As pessoas que tiraram vocês dos seus devidos lugares, deviam aprender a colocá-los de volta corretamente! Hunf. – A garota bufou irritada.

- Lucy-san! Você não precisa fazer isso. Afinal, é meu trabalho cuidar deles. – Uma garota baixinha e de cabelos azulados sorria amável para ela.

- Não precisa se preocupar! Eu faço por que gosto.

A loira realmente amava estar naquela biblioteca. Aquele silêncio duradouro, juntamente com o cheirinho de livros, a reconfortava de uma maneira inimaginável.

- Mas você precisa ter tempo para as pessoas reais! – Levy a repreendeu – Passar todo o seu tempo aqui só vai torná-la solitária!

Lucy deixou seu rosto inexpressivo e olhou através da janela para o dia ensolarado. Ela sabia que aquilo era a mais pura verdade. E embora ás vezes tivesse vontade de se relacionar com outras pessoas, o medo da dor que poderia vir a sentir nesses relacionamentos se sobressaía.

- Sabe que estou falando a verdade... Agora saia e vá aproveitar o dia! Nesse sábado tão bonito, pense em algo e divirta-se. – Ela falava enquanto empurrava Lucy porta afora – Pode deixar que eu cuido direitinho desses livros velhos!

Como não via alternativa, acenou para Levy e começou a caminhar em direção ao seu apartamento. Lucy morava só a três quarteirões da pequena biblioteca, portanto não demorou a avistar o prédio cinza-escuro.

Ao atravessar a porta de vidro, cumprimentou o senhor de expressão bondosa que trabalhava na recepção e passou direto para o elevador. Coincidentemente assim que ela apertou o botão para o sexto andar, um certo rapaz de cabelos rosados adentrou o elevador. Ele estava ofegante, parecia ter corrido muito e só depois de alguns segundos o garoto percebeu a presença de Lucy.

- Lucy-chan! – Sorriu animado – Fazia tempo que eu não te via, mesmo nós sendo vizinhos!

Lucy ignorou-o mas ele nem pareceu perceber. Natsu continuou tagarelando por mais algum tempo, mas ao não ouvir resposta alguma da garota, parou e aproximou-se desta. Encarou-a bem de perto e olhou curioso para o rosto dela. Ao vê-lo tão próximo de si, Lucy deu um passo automático para trás.

- Por que você sempre me deixa falando sozinho?

A loira revirou os olhos.

- Você fala o suficiente para duas pessoas. – Ela respondeu seca.

Aquele garoto parecia querer testar-lhe a paciência. Era sempre assim. Desde que se tornara seu vizinho, sempre que a encontrava pelo corredor ou em qualquer outro lugar, ele tentava puxar assunto com ela.

- Haha! É que às vezes eu me empolgo e acabo falando demais. – Ele falou sorrindo e com uma das mãos atrás da cabeça.

Lucy odiava admitir isso, mas às vezes aquele garoto podia ser bem fofo. E também tinha que admitir que Natsu era persistente até demais. Afinal, mesmo depois de ter recebido inúmeras patadas na cara, ele sempre que a via abria um sorriso imenso e começava a conversar.

- Finalmente... – A loira murmurou ao perceber que o elevador chegara no sexto andar.

Assim que as portas se abriram, Lucy andou a passos rápidos em direção ao seu apartamento. Infelizmente Natsu continuou a segui-la tagarelando. Quando chegou perto o suficiente da sua porta, murmurou um “Tchau” para o garoto e adentrou em seu espaço particular.

- Ai, ai... Natsu Dragneel... Você é muito esquisito... – Pensava em voz alta enquanto jogava a bolsa em cima do sofá.

Seu apartamento estava do mesmo jeitinho de quando saíra naquela manhã. Era só ali onde ela se sentia verdadeiramente confortável. – Aqui é meu lar. – Lucy sorriu ao pensar nisso.

Em cada cômodo havia uma estante repleta de livros. Seus móveis era demasiadamente simples para aparentar algum luxo, mas eram aconchegantes.

- Bem, acho que vou continuar a escrever aquela história...

Primeiro passou na cozinha para pegar algo para comer e em seguida foi para o seu pequeno escritório.

Era lá onde vários manuscritos de livros estavam devidamente organizados em várias prateleiras. Esse era seu passatempo e seu jeito de conseguir um dinheirinho a mais para comprar mais livros e se manter. Lucy além de trabalhar numa livraria e ás vezes como secretária, também era escritora. Ela já havia escrito várias novelas e peças que tiveram um sucesso considerável, mas sua verdadeira paixão era escrever livros de ficção.

Até agora ela só havia escrito dois livros que foram publicados e estes lhe renderam uma boa grana. Agora estava empenhada em escrever o próximo volume: Maga Celestial.

- Hm... Onde foi que eu parei? – Lucy começou a reler o último parágrafo que escrevera – Ah. É nessa parte que o sensei irá morrer...

Estava tão concentrada em escrever que nem percebeu o passar das horas. Quando se deu conta, já era noite. Através da janela da pequena sala, pôde ver o céu repleto de nuvens.

- Oh, droga. – Choramingou – Vai chover... Tomara que não tenha raios desta vez...

Sim. Ela tinha medo de raios. Era algo que não conseguia controlar. Apenas sentia um medo mórbido de raios, trovões e relâmpagos. Decidindo encerrar o momento escritora por ali mesmo, partiu para o banheiro.

Depois que estava completamente banhada e alimentada, deitou-se em sua cama e fechou os olhos. Infelizmente antes que conseguisse dormir um trovão retumbou ao longe. Ela estremeceu e pôs a cabeça embaixo do travesseiro. Logo outro trovão ecoou, mas desta vez parecia ter sido próximo ao prédio.

Sobressaltou-se e inconscientemente fez algo que jamais havia feito: correu para a porta do seu vizinho. Perdeu as contas de quantas vezes bateu na porta até ser atendida, só se sabe que foram muitas.

- O que danado é isso? – Natsu resmungou, com os olhos semicerrados, ao abrir a porta.

Ficou chocado ao constatar que era Lucy usando apenas um pijama curto. E ficou ainda mais surpreso ao ser subitamente abraçado por ela.

- O que aconteceu? – Ele murmurou com os olhos arregalados.

- R-raio!

A garota falou tão baixo que ele só conseguiu ouvir por ter uma ótima audição. Ela tinha medo de raios? Foi nesse exato momento que ele teve a resposta, pois um outro trovão reverberou pelo prédio e ela abraçou ainda mais forte.

- Não lembrava desse seu lado... – Ele comentou enquanto puxava-a para dentro.

- D-do que está falando?!

- Ah. Nada não. Quer assistir um filme? – Ela apenas assentiu ainda abraçada ao tórax dele.

Andaram até a sala e depois de deixá-la no sofá, colocou um filme qualquer sobre etês no DVD. Em seguida foi sentou-se ao lado dela e tentou não prestar atenção nas roupas mínimas que ela trajava. O que se tornou uma tarefa bem difícil quando ela grudou em seu braço. Dois trovões soaram consecutivos, fazendo-a apertá-lo cada vez mais forte. A chuva caia torrencialmente lá fora e parecia que ainda ia durar por muito mais tempo.

- Como eu vou agüentar isso? – Ele murmurou para si mesmo.

- Falou algo? – Lucy olhou-o curiosa.

- Ah, nada não.

A loira bufou e voltou a se concentrar no filme. Cerca de trinta minutos depois nenhum outro raio parecia ter caído. Somente a chuva continuava a cair forte. Natsu olhou a garota de soslaio e viu-a dormindo tranquilamente. Retirou uma mecha de cabelo que estava em sua testa e encarou-a nostalgicamente.

- Por que você não lembra de mim? – Sua voz soou demasiada triste.

Lucy podia até parecer que estava dormindo, mas na verdade só havia fechado os olhos. Quando começou a sentir carícias no seu cabelo, não moveu um músculo sequer com medo que acabasse interrompendo aquele ato. Por isso, sem que Natsu soubesse, ela acabara ouvindo aquelas palavras. – Lembrar dele? Eu o conheço de algum lugar? Que estranho... – Foi com essas coisas em mente que ela adormeceu.

#-#-#-#

Raios de sol estavam batendo diretamente em seu rosto. – Droga. Deixei a janela aberta... – Pensou e nem se dignou a abrir os olhos. Virou os rosto para o outro lado, a fim de evitar aquela intensa iluminação e abraçou seu cobertor que parecia estar embaixo dela. – Tão quentinho... – Ela se remexeu um pouco e percebeu que a cama parecia um pouco dura – Parece até que estou dormindo em cima de... – Abriu os olhos assustada.

- AAAAHHHH!! – Lucy saltou de cima do corpo de Natsu – O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO NO MEU APARTAMENTO?!

Natsu, que acordou devido ao grito estrondoso, falou esfregando os olhos.

- Do que está falando? – Sua voz saiu um pouco rouca – Este é o meu apartamento...

Ele simplesmente virou para o lado e voltou a dormir. Lucy ficou estática. Olhou ao redor e subitamente lembrou na noite anterior. Ficou totalmente rubra. Como havia sido tão fraca a ponto de ir pedir ajuda ao seu vizinho perturbador da paz?

- Vou embora! – Ela virou para ir embora quando ouviu o grito dele.

- MEU DEUS! VÃO ME MATAR! – Natsu encarava o relógio acima da televisão – DORMI DEMAIS!!

Ele levantou-se em uma rapidez incrível e começou a correr pelo apartamento. E enquanto procurava por algo em todos os lugares possíveis, ele murmurava “Dessa vez vão me demitir! Vão mesmo!”. Aproveitando esse momento de loucura, Lucy saiu dali.

- No que eu estava pensando quando fui até lá?! – Ela brigava consigo mesma – E ainda acabei ouvindo aquela frase estranha...

Procurou não pensar mais no assunto e voltou a sua rotina diária. A tarde chegou bem rápida e ela ainda se encontrava pensando sobre aquela frase. Enquanto não entendesse isso, não conseguiria voltar a se concentrar no se livro, por isso resolveu investigar.

- Ele disse algo sobre lembrar dele... Então devo conhecê-lo que algum lugar... – Retirou todos os seus álbuns de fotos do seu guarda-roupa e espalhou-os pelo chão do quarto – É impossível ele ter sido meu vizinho, pois eu passei toda a minha infância na mesma casa e a vizinhança inteira era de idosos...

Olhou todas as fotos de sua adolescência, mas não ninguém ao menos parecido com ele. Já estava começando a desistir, quando viu um último álbum que não havia aberto. Parecia ser de sua infância, mas decidiu abri-lo mesmo assim. Dentro havia fotos de várias crianças da creche que ela freqüentou quando os pais estavam trabalhando. Folheou mais algumas vezes e encontrou o que procurava.

- Mas o que...? – Encarou a foto de uma garotinha loira de mãos dadas a um garoto de cabelo rosa.

Ao ver aquilo, ela lembrou-se automaticamente dele. Ele também se sentia solitário naquela época, pois seu pai havia desaparecido e sua mãe estava tendo de trabalhar para poder criá-lo. Compartilharam suas dores e acabaram se tornando amigos. Natsu era um garoto extremamente enérgico e adorável. Fora seu primeiro amigo, primeiro confidente e seu primeiro amor. Como ela pôde ter se esquecido dele? Foi com ele que fez uma promessa... A promessa de nunca se separarem, ou se no caso isso acabasse acontecendo, no futuro se encontrariam e se casariam.

Antes que percebesse lágrimas rolavam pelo seu rosto. Faziam quase mais de um ano desde que ele se mudara para aquele prédio. E só agora entendia o por que de quando Natsu a viu pela primeira vez, sorriu feliz e correu para abraçá-la. Abraço que ela rejeitou, por considerá-lo um completo estranho. E foi esse gesto que fez ele ficar com aquela expressão em seu rosto... Uma expressão de mágoa e dor.

- O que foi que eu fiz...?

Porém mesmo depois de ter sido rejeitado, ele fez inúmeras tentativas de se aproximar dela e tentar conversar com ela. Provavelmente estava tentando fazê-la lembrar dele. Natsu esperou e teve esperanças que ela se lembrasse com o passar do tempo. E provavelmente ainda esperava...

Seus pensamentos foram subitamente interrompidos pela sua campainha que ecoou alegre pelo apartamento. Correu para a porta e ao abri-la, viu ele completamente encharcado.

- Será que você poderia me emprestar seu celular e... Você está chorando?! O que aconteceu? – Ele examinou-a preocupado.

Mesmo depois desse tempo todo, ele nunca esqueceu dela.

- Precisa de algo? Talvez um méd... – Foi calado por um beijo súbito vindo da loira.

Natsu não sabia o que estava acontecendo, mas acabou retribuindo o beijo. Um beijo terno e íntimo aconteceu entre eles. Depois de algum tempo se separaram. Ele estava claramente confuso.

- Por que você não falou antes? – Lucy ainda chorava e abraçou-o ternamente – Eu teria lembrado se você tivesse me falado diretamente!

O garoto de cabelo rosa sorriu afetuoso e retribuiu o abraço. Não precisava ela explicar mais nada, ele havia entendido tudo.

- Eu sabia que você lembraria... De qualquer maneira, eu não deixaria mais você fugir...

Ambos sorriram e se beijaram novamente. Depois daquele dia Lucy não iria mais evitar relacionamentos com outras pessoas.

The end.


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