- O que aconteceu naquela noite Axel? – perguntou Lindsay com certa cautela, não sabia se devia continuar naquele assunto, mas ela queria saber o que houve, o porquê dele se culpar tanto. Mas afinal, por que ela se preocupava tanto com isso? Por que era tão ruim vê-lo daquela forma? – Por favor, me conte? – pediu delicadamente depois de alguns segundos de silencio.

- Lindsay, eu realmente não quero falar disso – disse em um tom triste.

- Mas Axel...

- Não Lindsay – Falou em um tom mais alto interrompendo a garota.

Aquilo não era justo. Era frustrante. Todos sabiam exatamente o que estava acontecendo e ela tinha que ficar atrás de migalhas de respostas para tentar entender alguma coisa. Clarissa já havia avisado na noite anterior que demoraria para aparecer novamente, então enquanto isso ela teria que arrumar outro meio de obter respostas.

Lindsay estava presa em um quarto esquecido e abandonado pelo tempo com dois imortais que ela tinha certeza que poderiam explicar tudo o que ela queria saber, mas também sabia que o único que realmente tinha todas as respostas era Axel, e sabia mais ainda que tirar respostas dele não é nada fácil. É tudo pela metade, tudo muito omitido.

Sem contar que aquele fato a deixou meio desnorteada. Por que ele se sentia culpado? O que teria acontecido de tão ruim entre eles para que Axel acreditasse como acredita que a culpa da morte de Clarissa é dele? Mas fora isso por que ela queria saber tanto dele? Por que ela não se concentrava simplesmente em descobrir coisas sobre o próprio passado? Descobrir mais sobre Flames. Ela tinha certeza de que Axel havia lhe contado só o básico para ela sobre Flames. Por que ela não tentava aprender a controlar mais o seu poder, ou pelo menos tentar senti-lo e entende-lo um pouco? Por que sua atenção estava concentrada em Axel e em seu passado no palácio?

Mas afinal, que droga estava acontecendo com ela? Ela estava começando a gostar dele? Ao pensar nisso riu de si mesma mentalmente. Está acontecendo uma guerra que dura há três milênios, ela descobre ser imortal e que tem poderes de uma entidade presos ao seu corpo, está em um mundo novo, uma outra dimensão, que ele nem fazia ideia que seria possível existir, e ela conseguiu um tempo para pensar na besteira de estar se apaixonando.

Ótimo! Ela precisava de alguma coisa alcóolica para se acalmar. Devia ter trazido um pouco do Chopp que eles tinham. Não era tão forte como o da Terra, mas pelo menos tinha o mesmo gosto e era feito do mesmo jeito, quer dizer, tinha menos álcool, mas quebrava um galho. Ou ao menos poderia ter trago um pouco daquela saliva de Bizu.

Aquele silencio todo estava começando a incomoda-la. E muito. Estava um clima pesado no ambiente. Sam e Gates continuavam dormindo, mas Axel nem sequer olhava para Lindsay, e muito menos parecia que iria quebrar aquele silencio.

Lindsay suspirou fundo. Estava cansada. Talvez ela estivesse querendo saber de tudo muito rápido, mas ela não sabia se aguentaria essa bomba de uma vez só. Depois de uma semana naquele mundo já estava aceitando as coisas com mais facilidade, mas ainda sim se questionava se algumas dessas coisas não eram apenas peças de sua imaginação. Talvez ela estivesse presa em um sonho, um sonho estranho e completamente bizarro onde tudo e todos conspiravam contra ela para que não descobrisse as coisas com facilidade.

E agora tinha mais essa duvida que surgira em sua mente na pior hora. Será que ela estaria mesmo se apaixonando por Axel? Esse não era o maior problema. Seu maior problema era estar se preocupando com isso no momento em que sua vida e de seu irmão estava em risco.

Convencida de que não conseguiria arrancar mais nenhuma resposta de Axel e decidida a espantar esses pensamentos, ela se levantou e começou a caminhar pelo cômodo, parou em frente a uma estante, havia um livro que lhe chamava muito a atenção, de capa verde musgo e escrita dourada. Por algum motivo ela achava que aquele livro não deveria estar ali, e mais estranho, ela achava que já tinha visto aquele livro em algum lugar antes. Curiosa resolveu pegar o livro.

Ao tocar no livro, a imagem de um homem veio em sua cabeça, um homem cheio de feridas e sangrando muito sendo carregado por dois outros homens que levaram-no até uma mulher, Clarissa, quando conseguiu ver o rosto do homem soltou um grito, que acordou Sam e Gates e chamou a atenção de Axel.

Ela tremia compulsivamente e olhava para o livro que havia ido parar no chão, lágrimas tomaram conta do rosto de Lindsay e uma expressão de pavor se espalhou por sua face. Axel perguntava o que havia acontecido, mas Lindsay estava em um estado de choque tão grande que não conseguia responder.

- Lindsay fala alguma coisa pelo amor da Criadora – berrava Axel segurando os ombros da garota entrando em desespero por a mesma continuar imóvel e chorando.

- Meu pai – murmurou baixo.

- O que? – perguntou Axel confuso.

- Eu vi meu pai – dizia ainda em tom baixo, olhava para Axel com os olhos assustados e depois para o livro. – Meu pai está vivo.

- O que? – Axel achava que ela estava delirando. Como assim o pai dela estava vivo? – Lindsay, me explica isso direito.

- MEU PAI ESTÁ VIVO! – Berrou ainda chorando – ESTOU TE DIZENDO QUE ELE ESTÁ VIVO, É TÃO DIFICIL DE ENTENDER?

- Lindsay, se acalma – começou Sam – ninguém está entendo. O que foi que aconteceu? Por que você gritou e por que você acha que seu pai está vivo?

- Eu vi – afirmou.

- Viu a onde?

- No livro – disse apontando para o livro no chão.

Sam se aproximou do livro, o pegou e leu o titulo. Seus olhos mostravam espanto, embora sua expressão não tenha mudado. Ele se virou para a garota e a encarou, voltou a encarar o livro lendo o titulo mais um vez.

- Que livro é Sam? – perguntou Axel que já estava se irritando pelo amigo não falar nada. – Dá pra falar ou tá difícil?

- O Diário do Sombra.