El Beso Del Final escrita por Ms Holloway


Capítulo 18
Preparativos




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- Café?- Bryan perguntou à Mônica estendendo um copo grande de cappucino para ela. A policial franziu o cenho e bocejou. Seus olhos protegidos por enormes óculos escuros de grife. Com um resmungo, ela pegou o copo das mãos dele e deu um longo gole. Café mentolado, o seu preferido, pelo menos Bryan ainda se lembrava disso.

Naquela manhã o chefe os tinha acordado bem cedo. A delegacia recebeu uma denúncia anônima de que algum tipo de chacina tinha acontecido no Today`s durante a madrugada. Duas gangues rivais se enfrentaram após um racha e durante a briga incendiaram parte do lugar. Como Maria Teresa Muñoz, a principal testemunha do caso no momento, porque Letty não contava já que o FBI ainda não sabia oficialmente do paradeiro dela, trabalhara no local e afirmara que seu filho se encontrava lá com uma amiga dela, o chefe deles resolvera mandar Bryan e Mônica para investigar e trazer o menino para junto da mãe onde estaria mais seguro.

- Você está horrível!- Bryan provocou Mônica observando-a tomar o café bem depressa.

- Culpa sua!- ela retrucou. – Você me envolveu nesse caso e agora sou obrigada a acordar antes das seis da manhã.

Bryan esboçou um sorriso e ajeitou a jaqueta do FBI em volta do corpo, mas dois policiais os acompanhavam e o grupo seguiu em duplas diferentes até o píer de Santa Mônica.

- Espero que resolvamos isso logo.- Bryan comentou com sua parceira durante o caminho. – Tive que mandar o Leon levar o carro que arrumei para o Dom correr esta noite porque o chefe nos chamou tão cedo.

- Quem é Leon?- ela indagou.

- Ele é da gangue!- Bryan respondeu.

Mônica voltou-se para ele e falou com certo divertimento na voz:

- Nossa Bryan! Você é tão mafioso quanto seus amiguinhos. Mas me diz, quando é que eu vou fazer parte dessa gangue?

- Pode esquecer!- Bryan respondeu com deboche. – Modelos não são permitidas. Você não ia gostar de ficar com graxa debaixo das unhas mesmo.

Mônica sorriu e deu-lhe um tapinha no ombro. Alguns minutos depois eles chegavam ao local da denúncia. Havia uma multidão de curiosos em volta do lugar e uma equipe dos bombeiros tinha controlado o fogo. Bryan se aproximou e falou com um deles, tirando seu distintivo do bolso da jaqueta e o mostrando:

- Detetive Bryan O`Conner.

O bombeiro assentiu. Era um homem alto e musculoso, de cabelos negros e bigode. Mônica sorriu toda simpática e Bryan quase revirou os olhos.

- Todos foram retirados do local?- ele indagou ao bombeiro.

- Sim.- o bombeiro respondeu positivamente. – Havia cerca de trinta pessoas lá dentro, clientes, além de mais umas cinco garçonetes e dois cozinheiros, e alguns dos responsáveis que iniciaram o incêndio. A polícia civil já veio e levou-os para interrogatório na delegacia mais próxima.

- Mortos e feridos?- Mônica perguntou, também exibindo seu distintivo assim como Bryan havia feito.

- Ninguém se feriu gravemente na lanchonete, mas foi tudo muito rápido, o fogo se alastrou depressa e quase queimou tudo. Fez um grande estrago no apartamento de cima porque o fogo foi iniciado de lá.

- Do apartamento de cima?- Bryan perguntou.

O bombeiro balançou a cabeça positivamente e acrescentou:

- Foi a única baixa que tivemos. A moradora do andar de cima, que também era uma funcionária da lanchonete não teve tempo de fugir e acabou morrendo lá dentro.

- Encontraram o corpo de uma criança com ela?- perguntou Mônica, sentindo-se aflita. Era sempre muito triste em tragédias como aquela quando uma criança também fazia parte das baixas, justamente uma a quem a mãe tentara desesperadamente proteger.

- Não, não havia nenhuma criança com ela. A mulher estava sozinha.

Bryan e Mônica trocaram olhares.

- Nós podemos dar uma olhada?- ele perguntou ao bombeiro. – É seguro?

- Sim, o fogo já foi completamente controlado. Se vocês pretendem ir lá em cima tenham cuidado com os destroços soltos. Eu posso acompanhá-los para garantir a segurança de vocês se quiserem.

- Não precisa... – Bryan começou a dizer, mas Mônica o interrompeu dizendo ao bombeiro:

- Eu acho uma ótima ideia!

Bryan conteve um sorriso e cutucou Mônica pouco antes deles entrarem no prédio, enquanto o bombeiro ia buscar máscaras de segurança contra os odores de fumaça para eles:

- Você não perde tempo, hein?

- Quem disse que você é o único que sabe misturar negócios e prazer?

Dessa vez o policial sorriu, mas logo em seguida ficou sério quando disse:

- Acha que o garoto ainda pode estar lá?

- Talvez.- Mônica respondeu. – Mas não acho que ele esteja morto, penso que Braga está tentando assustar a Teresa para que ela não conte nada à polícia. É óbvio que ele já sabe que ela está sob custódia, portanto ele não mataria o garoto por enquanto, não perderia seu único trunfo.

O bombeiro os conduziu por uma entrada alternativa aberta por eles na lanchonete. A porta principal se encontrava entre os destroços. Parte da escada para o andar de cima estava destruída e os bombeiros tinham construído uma escada de madeira por cima da outra para poderem ter acesso interno ao andar de cima.

- Se o fogo começou no andar de cima por que os responsáveis pelo incêndio estariam no andar de baixo?- Bryan perguntou ao bombeiro, divagando sobre o que realmente acontecera ali naquele lugar. Ele concordava com Mônica, não achava que o incêndio tivesse sido causado acidentalmente pela briga entre duas gangues rivais, aquilo provavelmente estava servindo como desculpa para algo maior.

- Bem, alguém pode ter estado no andar de cima primeiro e causado o incêndio.- avaliou o bombeiro. Vasculhamos tudo, não foram velas acesas ou escapamento de gás o causador do fogo.

- Mas se alguém teve o trabalho de subir para provocar o incêndio, por que essa pessoa teria permanecido na lanchonete ao invés de sair?- observou Mônica.

Bryan olhou para ela e disse:

- E quem disse que a pessoa que provocou o incêndio continuou na lanchonete? Eu penso que não. Por isso eu acredito que o enfrentamento das gangues aqui está sendo apenas uma desculpa para ocultar o que realmente aconteceu aqui.

Depois de subirem as escadas, o bombeiro mostrou a eles em que condições se encontrava o andar de cima. Na maior parte buracos e destroços. Não havia mais nada lá e o corpo da amiga de Teresa já havia sido removido.

Mônica respirou fundo, sentindo-se arrasada por não terem encontrado o garoto, mas ainda não acreditava que ele pudesse estar morto. Por isso caminhou entre os destroços e checou cada canto do apartamento, usando máscara e luvas assim como Bryan. O bombeiro ficou aguardando que eles fizessem sua investigação.

Bryan caminhou até o que antes fora um quarto e avistou um carrinho de brinquedo, metade queimado no chão. Caminhou até o objeto e o tomou nas mãos. Foi quando ouviu alguém tossir debaixo de seus pés. Apurou os ouvidos e agachou-se, afastando alguns destroços do caminho. Ouviu a tosse de novo, dessa vez mais clara. Parecia uma criança.

- Mônica!- chamou sem erguer demais a voz para não provocar o desabamento de mais destroços.

Ela veio até ele, olhando-o com uma expressão indagadora.

- Acho que encontrei o garoto!- disse Bryan.

- Onde?- Mônica indagou com exasperação e ele apontou o chão.

Mônica chamou o bombeiro que veio imediatamente. Por se tratar do teto da lanchonete, o piso era de concreto. O chão encerado de madeira que o revestia por cima estava quase todo destruído.

- Eu ouvi uma criança tossir!- afirmou Bryan.

- Mas isso é impossível!- o bombeiro exclamou. – Nós vasculhamos tudo. Isso é piso de concreto. Como uma criança poderia ter ido parar aí?

- Ele pode ter entrado por algum alçapão que foi destruído durante o incêndio e agora está preso!- disse Mônica.

- Como sabem que pode haver uma criança aí?- o bombeiro quis saber.

- Porque estamos procurando um garoto de três anos que estava vivendo com a moradora deste apartamento.

Nesse momento, os três ouviram um choro infantil seguido de um gemido desconsolado. Mônica ficou aflita.

- Sim, ele está aqui bem debaixo de nossos pés! Precisamos fazer alguma coisa!

O bombeiro chamou reforço através do walk-talk que trazia preso à cintura. Três homens subiram com uma britadeira e picaretas. Eles precisavam ser muito cuidadosos para não machucar o menino, por isso começaram a abrir um buraco no chão quase arruinado a alguns metros de onde eles tinham ouvido o garoto.

Quando a equipe começou a trabalhar o choro do menino tornou-se mais audível. Ele começou a gritar desesperado sem entender o que estava acontecendo. Assim que um buraco de tamanho considerável foi aberto, Mônica ofereceu-se para entrar no túnel e trazer o menino. Como o buraco não podia ser muito grande, caso contrário o andar inteiro poderia ruir de vez , os bombeiros concordaram que ela entrasse pois ela era menor do que qualquer um dos homens ali.

- Tenha cuidado!- pediu Bryan e usou uma lanterna potente para iluminar o caminho para ela. Mônica esgueirou-se para dentro do buraco com uma corda de segurança presa à cintura. Lá dentro estava escuro e poeirento. O túnel era estreito e ela teve de andar de gatinhas. Ela segurava uma lanterna pequena diante de si e quando avistou a figura da criança muito encolhida em um cantinho, chamou o garoto:

- Hola, Roberto. Yo soy amiga de tu mamá. Venga. Todo irá bien. Ven conmigo, cariño! (Oi, Roberto. Eu sou amiga da sua mamãe. Venha. Tudo irá ficar bem. Vem comigo, querido!)

O menino deu um soluço, mas estendeu sua mãozinha para Mônica que com dificuldade o trouxe para junto de si. Ela se esgueirou de volta pelo túnel para fora do buraco e com a ajuda de Bryan e um dos bombeiros, o menino foi retirado. Uma ambulância já esperava do lado de fora para levá-lo ao hospital. Ele estava pálido e tinha alguns pequenos cortes pelo corpo em virtude de ter se arrastado dentro dos túneis, mas nada realmente grave.

- Eu vou com o garoto para o hospital.- Mônica comunicou à Bryan. – Preciso me assegurar de que ele ficará bem e que logo será devolvido para a mãe. Vejo você mais tarde no FBI.

Bryan concordou e disse:

- Eu vou até a casa do Vince saber como está a Mia. Vejo você depois.

Mas antes que Mônica entrasse na ambulância enquanto Roberto Muñoz era colocado em uma maca com uma máscara de oxigênio, Bryan ainda disse:

- Isso está se tornando maior do que poderíamos ter imaginado.

Mônica balançou a cabeça afirmativamente e falou:

- Tenha cuidado. Te vejo mais tarde.

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Assim que recebeu o telefonema de Bryan O`Conner logo cedo, Leon encontrou-se com o policial e pegou o carro que Dominic dirigiria na corrida naquela noite e o levou para a casa de Roman Pierce que ficava em uma pequena vila perto de Hemet, a alguns quilômetros de Los Angeles. Leon levou cerca de uma hora e meia para chegar lá dirigindo o mais depressa que podia e como sempre burlando as leis de trânsito. Mas tudo era por uma boa causa. Dominic precisava vencer a corrida naquela noite e garantir uma vaga na equipe de Braga. Era a única maneira de colocar o chefão do crime organizado atrás das grades e vingar o que acontecera com Letty. Portanto, nada podia dar errado.

Quando ele avistou a casa descrita por Bryan, estacionou cantando pneus à porta. Um sujeito alto e forte usando um macacão sujo de graxa veio recebê-lo com um olhar desconfiado, mas Leon já tinha sido advertido por Bryan sobre Roman e tratou de se apresentar.

- E, aí, cara? Eu sou amigo do Dom e da Letty. Vim trazer o carro que o Bryan prometeu pro Dom.

Ao ouvir a voz de Leon, Dominic apareceu e sorriu ao ver o carro que ele tinha trazido. Era um Vectra GT 2.0 de 4 cilindros flexpower, de cor prateada. Um carro brasileiro. Dom nunca tinha dirigido um daqueles. Seria divertido turbiná-lo para a corrida. Roman tinha prometido mostrar a ele sua garagem assim que o carro chegasse. Seria bom poder se distrair trabalhando naquela máquina depois da noite terrível que ele tivera, pensando em Letty o tempo todo e ansiando por fazer amor com ela e sabendo que ela estava tão perto e ele não podia tocá-la porque ainda estava zangada com ele.

- Que máquina impressionante, Leon!- exclamou Dom se aproximando do carro.

- Eu ia dizer a mesma coisa.- disse Roman mais simpático com Leon agora que sabia que ele não era uma ameaça.

- Espere só até ver o motor.- Leon disse. – O Bryan te arrumou uma máquina e tanto. Essa corrida já é sua, Dom!

- Falando nele, onde ele está?- Roman perguntou.

- Foi resolver uns assuntos da polícia!- contou Leon.

- Você sabe do que se tratava?- Dom perguntou, preocupado se o tal assunto significava algum risco para ele e Letty.

- Ele não me contou.- respondeu Leon. – Ele apenas me disse que eu deveria trazer o carro para você e que não era para se preocupar.

Dominic colocou sua mão sobre o capô do carro e disse a Roman:

- Acho que tá na hora de você me mostrar a sua garagem, meu amigo.

Roman sorriu e concordou. Eles levaram então o carro para a garagem dele que ficava adjacente à casa. Por fora, o lugar parecia um barraco velho sem a menor utilidade, mas por dentro Dom poderia dizer que era a garagem mais equipada que ele já vira. Peças e ferramentas novas. Tudo muito moderno.

- Você tem um lugar bastante interessante aqui, Roman.- comentou Dom.

- Ah, dá pro gasto.- disse Roman com falsa modéstia. Ele sabia que sua garagem era excelente e que qualquer carro de velho e usado poderia ser reinventado ali de acordo com a criatividade do dono.

- Onde foi que conseguiu todas essas coisas?- Dom perguntou, curioso.

- Foi uma mina que eu conheci um tempo atrás antes de eu vir morar na casa da mamãe. Ela restaura carros e nós construímos essa garagem juntos. Ela é muito fera em computadores e também entende muito de carros. Mas só da parte da montagem. A Pitty não é muito fã de velocidade não.

Letty surgiu na garagem alguns minutos depois com Nina enquanto eles conversavam.

- Ei, Letty!- Leon a saudou com entusiasmo. Letty sorriu para ele:

- E aí, Leon? Que máquina é essa, cara? Muito irada! E esse lugar? Essa garagem é demais, Roman.

Ele sorriu para ela, satisfeito com o que seus novos amigos estavam achando de sua garagem.

- A Pitty e eu decidimos manter o lado de fora da garagem assim...rústico...como ela diz, sabe como é né? Ela falou que se todo mundo olhasse e visse essa porcaria velha do lado de fora não iria acreditar que tem tudo isso aqui dentro. Mas acho que nem precisava. Ninguém vem pra Rock Ville mesmo. O povo para lá em Hemet!

- Quem é Pitty?- Letty perguntou.

- A gata dele que o ajudou a construir esse lugar.- Leon explicou.

Dom tinha acabado de abrir o capô do carro e seus olhos brilharam de satisfação ao ver o que tinha lá dentro. Peças novinhas de titânio, injeção eletrônica da mais alta qualidade, motor turbo pronto para ser conectado a um terminal de NOS interno entre outras maravilhas tecnológicas do mundo da velocidade.

- Caramba!- Dom exclamou. – O`Conner mandou ver nesse carro!

- Como você pode ver, o carro tá bem maneiro.- comentou Leon. – Só precisa de uma turbinada ao nosso estilo.

Dominic se abaixou para olhar dentro do capô do carro novamente e sorriu, concordando com Leon. Letty caminhou até eles e observou a parte interna do carro com curiosidade. Já fazia muitos meses que ela não colocava as mãos na massa e sentia falta disso. Ela queria sujar suas mãos de graxa e preparar o carro de Dominic para a corrida, assegurar a si mesma que ele teria o melhor para vencer.

Então ela virou-se para Leon e perguntou:

- Hey, León, você me disse que gostava de crianças.

Leon olhou desconfiado para ela que sorriu para ele colocando o bebê nos braços do amigo antes que ele pudesse dizer qualquer coisa.

- Ela gosta muito de passear logo cedo, já está limpinha e alimentada e adoraria que o tio Leon a levasse para dar uma volta no jardim do tio Roman enquanto a mamãe ajuda o papai a turbinar o carro.

- Jardim? Que jardim?- questionou Roman. – São só algumas flores da mamãe que ela gostava muito de ir embora, por isso eu continuo cuidando delas.- ele continuou falando. Letty notou naquele momento que Roman adorava mesmo falar.

- Mas... – Leon disse segurando Nina com cuidado. A criança olhou para ele e seu pequeno nariz assumiu um tom avermelhado, denunciando que ela estava prestes a chorar. – Letty, eu acho que ela não está muito interessada na companhia do tio Leon agora...

- Bobagem!- exclamou Letty. – Você só tem que conquistá-la e com isso ganhará muitos sorrisos toda vez que ela te ver. Roman, eu preciso de umas ferramentas específicas, será que pode me ajudar?- ela perguntou, dando as costas a Leon e já prendendo os cabelos para começar a trabalhar.

- Eu vou te mostrar.- disse Roman se afastando com Letty.

Nina choramingou e Leon a balançou junto ao peito.

- E agora, Dom?

Dominic apenas sorriu e passou a mão levemente pelos cabelos da filha.

- Agora é com você, tio Leon. Letty e eu temos um carro para envenenar!

Sem ter escolha, León deixou a garagem e foi dar uma volta com Nina antes que ela resolvesse chorar de verdade. Dom ficou observando Roman mostrar suas ferramentas a Letty e viu quando ela prendeu os cabelos naquele rabo de cavalo bagunçado que ele tanto adorava e amarrou a blusa azul de botões que vestia em um nó na cintura, deixando o umbigo à mostra na calça jeans de cós baixo. De repente, ele sentiu-se na garagem de sua casa outra vez, trabalhando com Letty que usava aquelas roupas somente para provocá-lo. Não havia nada que o deixasse mais ligado do que vê-la suada, se sujando de graxa e com um sorriso no rosto, debruçada sobre o capô de um carro.

- E aí? Vamos trabalhar?- Letty indagou com uma chave mestra nas mãos batendo levemente com ela em sua coxa esquerda. – Temos muito que fazer Dom.

Ele piscou, voltando a si e procurou afastar seus pensamentos inoportunos para se concentrar no que tinham realmente de fazer naquela ele ansiava muito pelo momento em que ficariam livres de tudo aquilo para poderem recomeçar de novo agora com Nina. Era o que Dom mais queria.

- Se queremos vencer... – começou Letty observando o interior do carro com atenção e se debruçando sobre o capô, empinando seu traseiro moldado pelo jeans apertado propositadamente na direção de Dom que sentiu uma vontade quase incontrolável de beliscá-lo, mas ele conteve-se. Roman estava lá. Se ele pensava que ia conseguir relaxar e esquecer Letty enquanto trabalhava no carro estava enganado. Pelo jeito ia ser mais difícil do que ele pensava.

- Ei, o que é que tá pegando com vocês dois?- Roman indagou sem esconder o sorriso notando a atmosfera de tensão sexual que reinava no ambiente. Dom e Letty nada disseram e ele balançou a cabeça quando disse: - Vou buscar umas coisas atrás da garagem. Já volto!

Letty voltou-se para Dom e disse:

- É melhor você começar a me ajudar, Dominic porque hoje eu não estou para brincadeiras.

- E nem eu!- disse ele sorrindo de lado e se aproximando para ajudá-la. Inevitavelmente, mais lembranças de bons momentos vividos pelos dois juntos lhe vieram à tona.

Los Angeles, 5 anos antes

- Vamos subir e você vai me fazer uma massagem!- Letty demandou autoritária. Dom deu um meio sorriso. Ele tinha acabado de ter uma noite de cão. Quase fora pego pela polícia depois da corrida. Se não tivesse sido por aquele garoto, Bryan Spilner, ele estaria atrás das grades agora. Não importava o quanto Vince estivesse zangado com ele por ter trazido Bryan até sua casa. O cara o tinha livrado da cana. Agora tudo o que ele precisava fazer para relaxar, esquecer a polícia e o encontro desastroso com Johnny Tran e sua gangue seria uma noite inteira com sua morena fogosa. Mas ainda assim, Dom a provocou:

- Mas e os nossos convidados?

- Você vai subir comigo e me fazer uma massagem!- Letty enfatizou sem se importar com o que ele dizia, puxando-o pelo braço e olhando feio para Leon que tinha acabado de sugerir que Dom subisse com a garota que ele estava paquerando na festa pós-corrida; evento esse que se tornara tradição na residência dos Toretto depois que Dom retornou de Lompoc.

Ele colocou seu braço ao redor do pescoço de Letty e caminhou com ela até as escadas. Bryan passou por eles vindo do banheiro e Dom disse a ele após subir alguns degraus:

- Ei, você tá me devendo um carro de dez segundos.

Letty riu e exclamou:

- Que merda! Eu não queria ser você!

Bryan apenas sorriu, assentindo. Letty perguntou depois que eles se afastaram em direção ao quarto deles no andar de cima.

- O que aconteceu com o carro que você ganhou?

- Hum, é uma longa história.- disse Dom. – Mas eu não tô a fim de falar sobre isso agora.

- Ah, vamos lá, Toretto!- disse ela com um sorriso sensual nos lábios, passando o dedo indicador de leve pelos músculos do peito dele desenhados pela camisa escura embaixo do casaco. – Me diz! O que aconteceu depois da corrida?

Ele abriu a porta do quarto e eles entraram. Letty foi sentar-se na cama e começou a tirar as botas enquanto Dom tirava seu casaco e o jogava de lado.

- A polícia quase me levou em cana, mami e você sabe que eu não volto pra lá nem morto.- ele disse com a voz mais branda agora que estavam sozinhos. Letty deu a ele um olhar de compreensão e o abraçou quando Dom se ajoelhou em frente a ela na cama e o acolheu em seus braços. Dom roçou o rosto pelos seios macios dela e deixou a cabeça encostada lá por alguns minutos.

- Eu devia tê-lo ajudado... – ela disse com culpa na voz.

Dom se afastou balançando a cabeça negativamente.

- Nada disso. Você conhece as regras! Sabe que deve ficar a um milhão de quilômetros longe de mim se a polícia me pegar. Eles te pegariam também!

- Não importa!- disse ela. – Vou aonde você for!

Ele ergueu o rosto e se empurrou um pouco para cima para alcançar os lábios dela e beijá-los. Letty sorriu no beijo e falou:

- Mas você ainda não me disse o que aconteceu com o carro.

Dom se levantou e tirou a camisa. Letty tirou sua blusa e admirou os músculos do peito dele. Ele então se sentou na cama ao lado dela e tirou os sapatos. Ela beijou um dos ombros dele.

- Johnny Tran explodiu o meu carro novo.- ele disse por fim.

- Johnny Tran?- Letty perguntou sem entender.

- Fomos parar no bairro dele, Bryan e eu. Aí você já pode imaginar o resto.

- Ela estava lá?- Letty perguntou com ar desconfiado e Dominic suspirou. Ele sabia muito bem que ela se referia à irmã de Tran com quem ele tinha dormido uma vez.

- Ora, Letty... – ele resmungou.

- Estava ou não estava?- ela insistiu.

- Não estava!- ele respondeu.

- Ok, melhor pra você!- disse Letty se levantando e despindo a sair curtíssima que usava antes de desabotoar as costas do sutiã preto, tirá-lo e deitar na cama, de costas para ele.

Dom foi até o armário da cômoda no quarto e pegou o óleo de massagem preferido de Letty, colocando um pouco nas mãos e esfregando a ambas, umedecendo e as aquecendo. Em seguida, ele subiu na cama. Afastou os cabelos de Letty e começou a massagear-lhe a nuca e as costas em movimentos delicados.

Ela gemeu suavemente. Mesmo com aquelas mão grandes e poderosas, capazes de apertá-la com força quando ambos se encontravam no ápice da paixão, Dom também sabia tocá-la delicadamente nos momentos em que ela precisava de ternura.

Ele massageou todo o corpo dela com calma até chegar aos tornozelos e pés, onde se demorou bastante, tocando pontos estratégicos onde sabia que a deixaria relaxada, porém acordada o bastante para o que estava por vir. Dom sabia muito bem onde aquela sessão de massagem os levaria. Seria inevitável.

Quando ele sentiu que o corpo de Letty estava ficando todo entregue, ele passou a acariciá-la com o rosto, o queixo e os lábios. Passou a língua bem devagar pelo lóbulo da orelha dela e sentiu que ela se arrepiava e se movia impaciente na cama. Dom riu baixinho e continuou a exploração com os lábios até o final da linha da coluna dela. Ouviu Letty gemer mais profundamente e soube que era hora de tocá-la mais forte. Com ambas as mãos no bumbum dela, ele o massageou, apertou e, beliscou, enviando ondas de prazer pelo corpo inteiro de Letty.

Então ele se abaixou e beijou-lhe a cintura, usando o dente para remover a tanguinha preta que ela usava. Assim que se livrou da minúscula peça, ele a virou de frente e a beijou nos lábios com todo o ardor possível.

Letty gemeu e se esfregou no peito dele, buscando o calor do corpo de seu homem. Dom colocou suas mãos grandes nela, agarrou-lhe os pequenos seios e juntou-os, beijando-os. Sentiu a mão dela em seu tórax e em seguida abrindo o zíper de sua calça e se enveredando para dentro da boxer. Dedos macios tocaram-lhe o sexo e Dom gemeu baixinho ao ouvido dela.

Dom agarrou-a pela cintura e uma de suas mãos deslizou pela barriga dela e coxas. Letty o empurrou na cama e subiu nele. Ele acariciou-lhe os quadris e colocou sua mão entre as pernas dela, tocando-a lentamente, fazendo Letty arquear o corpo e se posicionar de forma que ele pudesse deslizar um dedo nela.

Ela se moveu contra ele, aproveitando a prazerosa carícia que não durou muito porque de repente Dom sentia muita pressa em fazer amor com Letty. Ela não se importou quando ele a agarrou de súbito e a colocou sobre seus joelhos. Um contraste com a suavidade da massagem que ele tinha feito há pouco. Mas Letty gostava de momentos intensos como aqueles e naquele instante soube que seria muito intenso. Dom parecia estar de muito bom humor para quem tinha acabado de ser perseguido pela polícia e quase pego.

- Ahhh...papi!- ela gritou ao sentir que ele lhe puxava os cabelos com firmeza, porém sem machucá-la quando ele se posicionou e a tomou lentamente.

Letty mexeu seus quadris contra os dele e apoiou-se nas próprias mãos. Dom descansou seu rosto contra as costas dela e pronunciou-lhe o nome apaixonadamente:

- Letícia...ah... minha Letícia...

- Oh, Dom!

- Dom!- Letty chamou parecendo aborrecida.

Ele piscou os olhos para ela. Letty estava tão linda. Ele a devorou com o olhar dos pés à cabeça antes de dizer:

- Você disse alguma coisa, baby?

Letty balançou a cabeça negativamente e entregou uma ferramenta a ele, dizendo:

- Ok, Dom, você verifica as válvulas principais, eu vou dar uma olhada na embreagem. Vamos trabalhar, homem!

Dom se recompôs e assentiu. Roman voltou logo depois e ele não fantasiou mais sobre Letty depois que conseguiu se concentrar no trabalho. Por isso mesmo foi que ele não percebeu quando ela sorriu de triunfo ao constatar que Dominic Toretto estava em suas mãos.

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- Você nunca se cansa de lavar pratos?- Bryan brincou com Mia à porta da cozinha na casa de Vince. A porta da frente da casa estava aberta e ele entrara sem bater, indo direto para a cozinha onde tinha certeza que a encontraria.

De costas para ele, Mia sorriu e disse:

- E existe melhor maneira de passar o tempo? Além do mais o trabalho nunca termina, especialmente na casa do Vince.

Bryan caminhou até ela.

- E por falar nele...

- Está dormindo.- falou Mia. – Os dois últimos dias foram bastante cansativos para os neurônios dele.- ela brincou.

- Não deviam deixar a porta aberta.- Bryan lembrou.

- Eu esqueci de fechar.- desculpou-se Mia. – Fui levar o lixo lá para fora logo depois que o Leon saiu e...

Bryan se aproximou ainda mais dela. Os rostos ficando bem perto quando ele disse:

- Eu me preocupo com você, Mia. Nunca deixei de me preocupar.

Ela suspirou e afastou-se um pouco.

- Já tomou café?- indagou.

- Muito pouco.- Bryan respondeu. – Eu e Mônica tivemos um chamado muito cedo.

- Mônica.- Mia murmurou servindo uma xícara de café quente e fresco para Bryan. – Acho que eu me lembraria dela.

Ele aceitou o café e puxou um banco junto à mesa da cozinha.

- Eu a conheci bem depois de você.- Bryan contou.

- Do jeito que você fala, parece que você e ela... – Mia começou a dizer, mas Bryan tocou a mão dela suavemente fazendo-a parar de falar. Ela ergueu o rosto para ele e piscou os longos cílios.

Bryan retribuiu o olhar e disse:

- Eu nunca deixei de pensar em você.

Mia afastou sua mão da dele.

- Então por que foi embora?

- Porque você não me queria por perto.- ele respondeu simplesmente. – E me desculpa te dizer isso, Mia, mas eu estava ferrado naquela época com a polícia porque tinha ajudado o seu irmão a fugir.

- É isso que eu não consigo entender.- disse ela.

- O quê?- Bryan retorquiu.

- O motivo pelo qual você ajudou o meu irmão a fugir.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos antes de responder:

- Eu o deixei fugir porque naquele dia eu o respeitei mais do que a mim mesmo. E quanto a você... – Bryan voltou a segurar a mão dela. - ...eu devia ter insistido mais. Devia ter deixado você socar a minha cara se fosse preciso por ter separado a sua família.

- Não ia adiantar.- disse ela com um meio sorriso. – Porque depois que eu socasse você iria querer te beijar.

Bryan devolveu o sorriso dela e entrelaçou seus dedos das mãos com os de Mia.

- Eu quero fazer diferente agora, Mia. Não existem mais segredos. Dom agora sabe que eu sou do FBI.

- E você também agora tem certeza de que ele é um fora da lei.

- Eu só tenho certeza de que somos amigos e eu quero ajudá-lo. A ele, Letty e a filhinha deles. Quero que eles fiquem bem e quero ficar bem com você. Será que o meu plano vai funcionar?- ele acrescentou baixinho, seu rosto voltando a se aproximar do dela. Dessa vez Mia não se afastou.

- Acho que está funcionando... – ela sussurrou de volta deixando os lábios de Bryan tocarem os dela. O beijo começou delicado, os lábios apenas se roçando e se reconhecendo novamente. Já fazia tanto tempo desde o último beijo que tinham trocado.

Inevitavelmente, os corpos de ambos foram se aproximando à medida que o beijo crescia e se tornava mais urgente e de repente, como se esquecessem de tudo ao seu redor, Dom e Letty, a corrida, o FBI, Braga; Bryan e Mia foram acometidos por uma vontade enorme de ficarem juntos.

Beijavam-se intensamente enquanto Bryan a erguia do banco e derrubava as xícaras de café que caíram de cima da mesa e se partiram em pedacinhos num estrondoso barulho. Ele então a sentou sobre a bancada perto da pia e as pernas de Mia instintivamente o enlaçaram pelos quadris, colando seus corpos.

Bryan adorou ouvir o pequeno gemido de satisfação que escapou dos lábios de Mia quando ele passou seus lábios vagarosamente pelo pescoço dela. Ele se lembrava daquela particularidade sobre ela. Lembrava-se de tudo o que Mia gostava e estava ansioso para tê-la outra vez, ouvi-la sussurrar docemente seu nome. Mas suas aspirações foram duramente apagadas quando ambos ouviram a voz zangada de Vince atrás deles, resmungando em alto e bom som:

- Mas o que você está fazendo, filho da puta?

No instante seguinte Vince investia um soco contra Bryan que revidou empurrando-o contra o armário da cozinha e quebrando algumas louças.

- Parem!- Mia gritou descendo da bancada.

- Você achou que eu ia deixar você fazer o que bem entende com a Mia?- Vince bradou. – Só porque agora você está dizendo que vai ajudar o Dom?

- Eu não quero brigar com você, Vince!- disse Bryan. – Isso é ridículo!

Vince deu uma risada de escárnio e provocou Bryan:

- Ah, então agora você está com medo de mim, ô bichinha?

- Eu tô com cara de quem tá com medo?- Bryan provocou de volta dando mais um empurrão em Vince que tentou passar-lhe uma rasteira.

Bryan pulou a tempo, evitando ser derrubado, mas Vince investiu contra ele de novo, dessa vez com um gancho que ia direto ao queixo de Bryan, porém Mia empurrou-o de lado com toda a força que pôde e se colocou entre os dois, gritando:

- Chega! Não quero mais saber de brigas entre vocês dois! Isso tem que acabar!

O policial ergueu as mãos para cima num gesto de rendição, mas Vince continuou querendo atacá-lo como se fosse um galo de briga.

- Vince!- Mia berrou e ele finalmente prestou atenção a ela. – Já falei para você parar com isso!

Vince balançou a cabeça negativamente.

- Então é isso?- retrucou. – Eu vou ter mesmo que agüentar esse tipo de coisa dentro da minha própria casa? Mia, esse sujeito estava te faltando com o respeito e...

Mia respirou fundo e disse, resignada:

- Vince nada disso é da sua conta, mas se você se sente tão incomodado, eu posso procurar outro lugar pra ficar até essa confusão acabar.

- O quê?- Vince e Bryan exclamaram em uníssono.

- É isso mesmo o que vocês ouviram!- frisou Mia. – Chega dessas demonstrações ridículas de testosterona.

Bryan e Vince se entreolharam com animosidade. Vince falou:

- Olha, Mia, tudo bem que eu não suporto esse carinha, mas você não pode sair por aí, não depois que tentaram te matar. Nós precisamos te proteger!

- Detesto dizer isso, Mia.- disse Bryan. – Mas eu concordo com ele.

- Ótimo!- exclamou ela. – Que belos protetores eu tenho!

- Mia, você tem que ficar aqui. É muito mais seguro.- insistiu Bryan.

Ela cruzou os braços diante do peito e olhou de um para o outro com uma expressão muito séria nos olhos escuros.

- Eu fico, mas só se vocês dois me prometerem que não vão mais ficar se atacando.

Bryan olhou para Vince e disse:

- Por mim tudo bem, desde que ele fique fora do meu caminho.

- Ah, por mim tudo bem também.- disse Vince. – Desde que ele mantenha as mãos dele longe de você.

- Vince!- Mia exclamou. – Já disse que isso não é da sua conta!

- Tá ok, então!- disse ele uma última vez, deixando a cozinha com os ombros caídos.

Assim que ele saiu, Mia se aproximou de Bryan e tocou seu rosto procurando por sinais de machucados.

- Eu estou bem.- disse ele. – Mas você devia ir dar uma olhada no Vince.

- Bryan!- ela exclamou.

- Tudo bem, tudo bem.- falou ele com um meio sorriso. – Parece que eu nunca vou cair nas boas graças do Vince.

- Eu vou conversar com ele depois.- prometeu ela. – O Vince tem esse jeito, mas ele é um bom amigo, sempre foi.

- Eu sei.- concordou Bryan. – Por isso ainda confio nele para cuidar de você.

Ele olhou a bagunça que a estupidez dos dois tinha causado na cozinha e ofereceu:

- Eu posso limpar isso.

- Tá, tudo bem.- Mia assentiu e foi buscar uma vassoura enquanto Bryan recolhia os cacos de vidro maiores com cuidado. O momento romântico tinha passado graças à intervenção inoportuna de Vince, mas agora Bryan sabia que as coisas entre ele e Mia ainda não estavam perdidas. Ele a beijara e ela o correspondera. Quem sabe o que mais poderia ter acontecido se Vince não tivesse entrado na cozinha?

Mia logo voltou com a vassoura e eles trabalharam em silêncio por alguns minutos antes que ela dissesse:

- Bryan, eu estou tão preocupada com essa corrida de hoje à noite.

- Eu sei disso.- falou ele. – Mas o Dom irá vencer. Vai ficar tudo bem.

- Eu sei que ele vai vencer.- disse ela com um sorriso. – Jamais duvidei da capacidade do meu irmão em uma corrida, mas o que me preocupa é o que vai acontecer depois disso.

- Bem, depois da corrida o Dom vai estar apto a reunir todas as provas de que precisamos para prender o Braga e acabar com o cartel dele. Seu irmão vai ficar bem. Ele estará coberto o tempo todo.

- Você fez a mesma promessa à Letty.- Mia o lembrou. – E ela quase perdeu a vida por causa disso.

- Mas nós não sabíamos com o que estávamos lidando. Agora nós sabemos!

Mia abaixou a cabeça, o rosto muito preocupado. Bryan tocou uma mecha de seus longos cabelos lisos e teve o impulso de beijá-la mais uma vez, porém seu celular tocou no bolso do paletó. Mia lançou-lhe um olhar tenso imaginando que pudesse ser alguma notícia ruim sobre Dom e Letty, mas ele a tranqüilizou ao visualizar a tela do celular e sussurrar para ela de que se tratava de Mônica.

- O`Conner falando.

- Hey, Bryan!- disse Mônica do outro lado da linha.

- Como estão as coisas?- ele perguntou. – Descobriam algo novo sobre a explosão na lanchonete? E o garotinho? Vai ficar bem?

- Eu passei um bom tempo com ele no hospital. Ele vai ficar bem.- ela assegurou. – Eu ainda nem contei à mãe dele o que aconteceu, mas farei isso assim que possível. Quanto aos responsáveis pela explosão, Bryan, isso está ficando cada vez maior como pensamos. As pessoas que foram presas na madrugada de ontem ainda estão sendo interrogadas, e o número de pessoas envolvidas só está aumentando. Quer saber a minha opinião? Tem mais de um cartel envolvido nisso, não apenas o do Braga, e sinceramente acho que a vingança contra Letty é apenas uma desculpa para iniciar uma guerra contra o FBI.

- De quantos cartéis está falando?- ele questionou, seriamente.

- Pelo andamento do interrogatório, cinco ou talvez mais. Não sabemos ao certo ainda. Mas com certeza o Braga é o líder maior de todas essas facções criminosas. Interrogamos o Park outra vez, ele disse não saber nada sobre a explosão que provavelmente ocorreu para assustar a Maria Teresa Muñoz e mantê-la calada.

- Quais são os planos do FBI agora? Eu ainda pretendo convencer o diretor-assistente de que o Dom pode se infiltrar na organização do Braga e descobrir tudo o que precisamos. Em troca o FBI só precisa conceder anistia a ele para viver em paz com sua família.

- É justamente sobre os planos do FBI que eu quero falar com você. Bryan, você acha mesmo que eles vão conceder algum tipo de perdão ao Toretto se ele ajudar? Olha, eu acho bom você ter um plano B para isso depois de ouvir o que o diretor-assistente tem a dizer a você. Acho bom você vir para cá.

- Eu tô indo!- disse Bryan.

- O que houve?- Mia indagou.

- Burocracia federal.- Bryan respondeu. – Eu te vejo depois.

Mia assentiu, mas se surpreendeu quando sentiu os lábios de Bryan contra os seus novamente. Ele tinha que fazer aquilo, não podia ir embora mais uma vez sem beijá-la.

Quando ele a soltou, Mia sorriu e disse:

- Se cuida, Bryan!

- Você também. Eu volto assim que puder. Mantenha a porta fechada e fique com o Vince! – disse ele deixando a casa de Vince depressa.

Bryan fazia uma ideia de qual seria a mudança de planos do FBI e já podia adivinhar que Dom não gostaria nada daquilo quando soubesse.

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A cor havia sido modificada e agora se tratava de um verde-oliva brilhante com faixas brancas enfeitando ambas as laterais do carro. Os pneus tinham travas especiais. O ajuste do banco do motorista estava em perfeita consonância com a central dupla de NOS instalada embaixo dos bancos da frente. O motor era de última geração, com ajustes especiais feitos por Dom e Letty para evitar o desgaste. Tudo estava pronto.

O sol ameaçava se pôr no horizonte e algumas poucas nuvens bloqueavam o restante de sua luz trazendo uma brisa fresca do sul para amainar um pouco o calor do dia. Letty passou seus dedos sobre a superfície recém-pintada do Vectra GT, no qual ela e Dom tinham passado o dia inteiro trabalhando, com apenas alguns intervalos para comer e no caso dela, para cuidar de Nina. Agora que estava tudo pronto, ela sentia uma certa aflição no peito. Mas não era por medo de que Dom perdesse a corrida. Ela tinha medo, assim como Mia, do que aconteceria depois disso. Não tinha boas lembranças da última vez em que estivera envolvida com o cartel de Braga.

Dom caminhou até ela, postando-se ao lado do carro. Ela ainda estava suja e suada, mas ele tinha acabado de tomar um longo banho, e Letty aspirou com prazer o cheiro gostoso de sabonete e limpeza que ele emanava. Ele usava uma calça e camisa de botão pretas, a roupa adequando-se perfeitamente ao corpo viril e desenhando seus músculos poderosos.

Ele segurou a mão dela que estava suja de graxa e limpou-a com um flanela limpa, delicadamente, antes de levá-la aos lábios e beijar dedo por dedo. Letty fechou os olhos e falou:

- Eu gostaria de ouvir esse motor roncar antes de você sair daqui.

Dom sorriu.

- Imaginei que fosse me pedir isso. Creio que fizemos um bom trabalho.

Ela abriu os olhos e o encarou com um olhar sensual e cúmplice que Dom conhecia muito bem. Roman e Leon estavam lá fora na casa com Nina, portanto os dois estavam completamente sozinhos na garagem.

- Escute aqui, Toretto.- ela disse enquanto ele a media dos pés à cabeça, devorando-a com o olhar. Letty estava do jeito que ele gostava. Não precisava de absolutamente mais nada para ficar mais atraente. Ela pegou a mão dele que ainda segurava a sua e pousou em seu quadril. Os olhos de Dom nublaram-se de desejo e ele a colou ao corpo dele em questão de segundos, sua mão grande descendo do quadril dela para o bumbum e apertando um dos lados, fazendo o corpo dela esquentar. – Se você fizer as coisas direito...talvez tenha lugar pra você na minha cama quando voltar...

Ele a puxou com mais força contra o corpo dele, fazendo com que ela sentisse que ele tinha entendido o recado. O rosto dele se aproximou do dela e ele se inclinou para dar-lhe um beijo quente e profundo, mas Letty o empurrou para longe dela e disse com olhar maroto:

- Quando você voltar, Dominic!

Dom sorriu. Não precisava de mais nenhum incentivo para ganhar aquela corrida. Ele entrou no carro e ligou o motor que roncou com vontade, límpido, potente e preciso. Letty fechou os olhos de prazer ao ouvir aquele som. Com uma única arrancada ele deixou a garagem de Roman, parando apenas para acenar brevemente para Roman e Leon que trazia Nina em seu colo enquanto caminhavam para fora da casa ao encontro de Letty.

 

Continua...


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