Life Changing escrita por Cecí


Capítulo 5
Capítulo 4 - Boys Like Girls


Notas iniciais do capítulo

Tradução: Garotos gostam de garotas.
OBS.:
1) TODAS as expressões em inglês possuem tradução. É só passar o mouse EM CIMA de cada uma.
2) Para ver as fotos das personagens, só é clicar em cima dos nomes delas.



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Quarta-feira, 27 de julho. Dois dias antes de Nina ter chegado a St. Petersburg.


Dylan Warminster e Duke Marshall estavam jogando videogame no salão de jogos da mansão dos Marshall, Mansfield Park¹.

Hey, have you ever heard about the new student is coming from Brazil? - perguntou Duke sem retirar os olhos da tela da TV.

– Já sim. Christian me contou - Respondeu Dylan, jogando o carrinho de Duke para fora da pista. Duke se recuperou e estava "cheirando" o carro de Dylan.

Lexi contou para ele? - Lexi era a irmã de Christian.

– Acho que foi.

– Será que ela é gostosa? – perguntou Duke, já imaginando como a novata seria de calcinha e sutiã.

– Sei lá cara - respondeu Dylan automaticamente, sem prestar atenção ao que dizia; tentava de toda forma jogar Duke para fora da pista.

– Dizem que as brasileiras têm uns bundões...

– Uiiiiiii, devem ter uns bons atributos também!

– O que você faria com uma delas? - Falou Duke distraído do jogo.

– Nada. Tenho namorada, esqueceu? - Respondeu fazendo o carro de Duke capotar pela pista.

– Gosh! Ninguém merece - fez uma careta. - E aí, você e sua namorada? - dramatizou a última palavra.

– Urrrrgh. Ela não me deixa em paz. Esses dias, ela tem me enchido o saco para ir com ela à festa da Alison, aquela chata do segundo ano que tá tentando se "enturmar".

– Cara, como você namora alguém como Debby? - Duke deu pausa no jogo e olhou para Dylan; ele continuou olhando para a tela. - Vamos enumerar as qualidades dela por porcentagem: 100% chata, 100% implicante, 100% metida, 100% mimada, 100% arrogante...

– Não eram qualidades? - Perguntou Dylan, sarcasticamente.

– Você não percebe? Não existem qualidades! Oh, espere... - Deu uma pausa significativa; fingiu pensar. - Ah, ela é gentil. Oh, não! Essa é a Rachel Wiseman. Ela é... legal. Não, essa é Elise McAllister. - Foi irônico.

– Não é assim, Duke!

– Então me explique, por que não consigo entender!

– Ela... Ela tem qualidades - falou, finalmente olhando para Duke que o encarava descaradamente.

– Ah é? Quais são? - Levantou as sobrancelhas. - Dom para escolher maquiagem? Ah, pelo amor! Essa garota sabe todos os tons da cor rosa! - Dylan não sabia o que dizer. - Confessa que você só tá com ela por que não tem ninguém mais para dar uns amassos, vai. Se bem que, eu a pegaria fácil, fácil. Só por uma noite. E no outro dia, fingiria amnésia! - Duke despausou o jogo. Dylan não jogou mais; ficou pensativo. - Ganhei babaca. - Duke deu uma tapa na cabeça de Dylan, e foi para cozinha comer.

A verdade é que nem Dylan sabia o porquê de estar namorando Debby Sutherland. A única coisa que sabia é que tudo o que Duke tinha dito era verdade: ela não era alguém fácil, muito menos gentil.

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Dylan e Debby se conheceram na quinta série. Quando Debby chegou ao colégio, conseguiu arrancar alguns olhares furtivos quando passava pelos corredores. Dylan era meio badboyzinho, bestinha quando se tratava de garotas, mas era simpático e inteligente e todos gostavam dele.

Na época em que conheceu Debby, Dylan tinha uma queda por Elise McAllister, e sempre estava a rodeando para que pudesse ter a chance de roubar-lhe uma beijoquinha, mas Elise não era a fim dele, nem sentia nenhuma atração - o máximo que ela dizia para ele era que ele era legal e "bonitinho". A verdade era que Elise nunca esteve realmente apaixonada por algum garoto; namorou alguns em espaços curtíssimos de tempo, como Duke Marshall que namorou duas semanas e só fazia dar selinhos nele. 

Debby queria sempre estar no centro das atenções - sempre foi assim, desde pequenina. Então, para isso, a melhor forma que arranjou foi virar amiga de quem era popular, e conquistar os melhores lugares nas atividades que aconteciam ao seu redor - mesmo de formas ilícitas. Primeiro, conquistou a confiança de Elise, sendo legal, participativa das aulas - nas quais Elise sempre respondia alguma coisa para os professores -, comentando as proposições de Elise. Elise logo se interessou em ser amiga de Debby, por que sempre agiu assim desde que se conhece como gente: queria ter muitos amigos. E Debby, mais esperta, tirou proveito da situação: teria que conquistar as pessoas, e não seria tão difícil, já que já tinha a amizade de Elise; depois, tinha que conquistar a amizade dos garotos, aos poucos, até chegar ao seu desejo final: ser a mais popular do colégio. E ela só tinha 12 anos.

Certo dia, Debby estava no pátio do colégio, conversando com Elise antes da aula. Ela já sabia que Dylan viria cumprimentar Elise com um "oi" e com uma margarida que colhia todas as manhãs ao fazer o caminho para escola. Debby não perdeu tempo:

- Aquele garoto que vem te cumprimentar todos os dias é seu namorado? - Perguntou demonstrando interesse. 

- Nãaaao, claro que não! - arregalou os olhos. - Dylan Warminster? Meu namorado? Nem rola. -  revirou os olhos numa careta. - Ele é um chato de galochas. E insuportável. Eu não gosto dele, em todos os sentidos! Argh. Ele me dá nos nervos! - Falou sacudindo-se irritada.

- Já que ele não é nada seu, que tal me apresentá-lo? - perguntou na cara dura. - Parece que ele é bastante popular.

- É sim. Ele é popular. - Respondeu distraída a Debby e praguejando Dylan que vinha secando-a com os olhos. - Filho da puta do inferno. - Resmungou para si mesma. 

- Oi, Lise! - Chegou perto para dar-lhe um beijo na bochecha; Elise desviou. 

- Não me chame assim, Dylan. Só quem me chama assim é a minha família. 

- Mas eu sou da família! - Falou como se fosse algo óbvio e normal. Sim, ele era inconveniente e chato. 

Debby encarava tudo aquilo com desdém. Queria-o de todo jeito. Queria que ele rastejasse aos seus pés, como ele fazia com sua amiga. Ela queria ser Elise. Queria a popularidade dela, o sorriso dela, o cabelo dela, a vida dela. Queria ser desejada por todos os garotos e temida por todas as garotas. Queria poder ter todos aos seus pés, para ser esnobe como Elise.. Tinha que fazer alguma coisa a respeito de Dylan idolatrá-la e não Elise. A partir daquele momento era sua obsessão. Queria aquele garoto que lhe interessara e que era popular: dois em um. Agora sentia raiva de Elise por ser mais popular que ela. Ia tirar tudo de Elise, a começar pelos garotos. E Dylan.

- Você não é nem vai ser da família Dylan. E se veio me pedir em namoro novamente, suma! - Ela fechou a cara. Debby tentou fazer um sinal para que Elise o apresentasse, mas Elise estava tão aborrecida que não percebeu nem se lembrou de lhe apresentá-la. Debby agiu por conta própria:

- Sou Debby Sutherland. - Estendeu-lhe a mão e dando o melhor sorriso

- Ah, eu sei quem é você! - Os olhos de Dylan brilharam ao olhar nos dela. Ele ficou feliz em conhecer a novata que já havia chamado sua atenção. O que Dylan sentia por Elise não era paixão, era algo como perseguição, vontade de possuir, dizer que a tinha para si. Claro que ele não deixava de olhar nem desejar outras garotas. Com Debby não seriaa diferente - sim, ele foi um dos meninos que derramaram baba dor Debby.

Debby já havia começado o jogo há muito tempo, mas só agora tinha clareza do que queria com a amizade de Elise. Ia se vingar. Mas, se vingar do quê? Não sabia. Mas sentia raiva. Muita raiva, por que Elise tinha o que ela não tinha: todos e tudo. E Debborah sempre foi alguém mimada e gananciosa. Sempre queria tudo, e tudo para si. Com o tempo, aprendeu a persuadir as pessoas para conseguir o que queria. Para isso, passou a se fazer de amiga para obter vantagem; se fazer de legal, para ser adorada por todos; caridosa, para que pudesse ser vista como alguém boa; e se mostrava ser confiável, para que as pessoas confiassem nela o bastante, para que seguissem seus conselhos e por fim, fizessem suas vontades - e para serem pisadas depois. A inveja cegou-lhe totalmente. Ela acabaria com a vida popular de Elise.

- Oi, linda - Dylan segurou a mão de Debby, beijando-a e sorriu-lhe em retribuição. - Eu já estava querendo lhe conhecer a algum tempo, mas não tive coragem de me apresentar. Fiquei com medo de que se chegasse perto de você, eu pudesse sujar seu brilho encantador... - Cantou-a sorrindo e olhando de relance para Elise. Se não podia ter a loiraça, teria a loirinha. - Sou Dylan Warminster.  

- Eu sei quem você é. Também já estava querendo lhe conhecer, mas fiquei com medo de que se chegasse perto de você, eu pudesse ofuscar o seu brilho - riu presunçosa. Sabia que essa tática renderia assunto para que pudesse se aproximar dele. Ele também riu.

- Você é muito metidinha, sabia? - falou rindo. - Gostei de você. 

- Eu sei que sou. Eu também gostei de você. - Deu seu melhor sorriso. Só o que Dylan não sabia que aquele não era um sorriso de bondade, nem de encantamento, era de triunfo, de arrogância. 

- Quer ir comigo tomar um refrigerante antes de começar a aula? - olhou para Elise. - Não acho que sua amiga irá se importar, -  virou para Elise ao seu lado, encarando-o incrédula -  vai Elise? - Foi irônico, enfatizando a última palavra. 

- Não, querido - respondeu rindo. - É um favor que Debby me faz, levar você para longe de mim. - Foi sarcastissíssima. 

- Ótimo. - Respondeu azedo. Esperava que ela manifestasse um olhar de ressentimento, ou ciúmes, mas nada. - Vamos, Debby. - Segurou na sua mão, e ela a envolveu com a sua gentilmente. 

Dylan a conduzia diante de todos da escola, para mostrar quem mandava no território. Debby já sabia o que ele queria quando segurou na sua mão. Ela também queria ser vista pelo colégio com Dylan Warminster, o garoto de 12 anos que era o mais popular e mais desejado pelas garotas bobinhas - aquelas que Debby considerava as suas futuras empregadas domésticas, apaixonadas pelo locutor de rádio e sonhando com o príncipe no cavalo alado. 

- Então, Dylan, você tem namorada?

- Hmmm, não. Por quê? 

- Por que jamais andaria com homens comprometidos - mentiu. - Deu um sorriso deslumbrante. 

- Eu sei. Você é uma moça fina e delicada. Como esta margarida. - Percebeu que não havia entregado à Elise. - Tome. – entregou-a a Debby

- Oh, Dylan, como você é gentil! - Seus olhos brilharam e ela beijou-o no canto da boca. Dylan ficou paralisado. Ainda era bv, e nunca tinha dado um selinho na vida. Aquela era sua chance de mostrar pra todos que já havia beijado e tirar a sua fama de "garanhão fake" do colégio. Mas Debby já havia verificado a fama de Dylan, e sabia que ele era boca-virgem, então o beijo já foi intencionado.

- Sabe, Debby, você... - parou; será que se falasse era iria recusá-lo? E se ela fosse tão puritana assim? Impossível, concluiu. O beijo no canto dos lábios não poderia ter sido por acaso. - Eu tou com medo de falar e você correr de mim... - Hesitou novamente. - Fale, Dylan, querido. Não vou fugir de você. Gosto de você, até. - Sorriu carinhosamente, enquanto ainda segurava sua mão. Parou  e ficou na sua frente; segurou-lhe a outra mão. Olhando nos seus olhos e chegando mais perto da sua boca, ela falou novamente -: Diga. Sou toda ouvidos. - Sabia que ele não resistiria ao seu hálito. Ele inalou e revirou os olhos como se fosse uma droga. Como ela poderia ser tão sedutora assim? 

- Eu... Eu... - Abriu os olhos que se fecharam há pouco atrás. - Eu tava pensando... Se você... Gostaria... é... você sabe... 

- Sair com você? - adiantou a pergunta. Não era bem isso que ele tava pensando, mas no fim, concordou que pedir ela em namoro seria muito precipitado e arriscaria perder alguém que pudesse lhe dar um beijo de língua. 

- Sim. Sim, é-é-é isso - gaguejou. 

- Mas é claro que sim! - Disse sorrindo. Ela sabia o que fazer naquele momento. Seus olhos se encontraram e seus sorrisos começaram a crescer nos seus rostos novamente, enquanto o desejo e a excitação do primeiro beijo estava no ar. Dylan ficou quieto. Ela foi se aproximando e rapidamente deu-lhe um selinho demorado. Ele deixou os olhos abertos e ficou perplexo. Ela soltou suas mãos e o empurrou para o tronco de uma árvore logo atrás dele. Não houve hesitação da parte dela; enroscou-lhe os dedos no cabelo da nuca dele, e apertou seus lábios com força. Lentamente, foi mordiscando seus lábios, e passando a língua neles. Dylan foi relaxando a rigidez dos músculos, e foi entreabrindo os lábios, ao tempo que segurava ela pela cintura. Ela não hesitou mais uma vez, e foi enfiando sua língua por entre os lábios pouco abertos dele. Dylan sentiu sua língua tocar na dela instintivamente, e depois que ele acostumou-se com aquela sensação, Debby girou o rosto de lado e começou a dar um beijão. Fazia excursões por toda a sua boca, seus lábios, sua gengiva e segurava com força os cabelos de Dylan. Suas línguas se entrelaçaram e Dylan pode sentir uma excitação crescendo dentro de si, e então puxou Debby contra seu corpo. Ela pode sentir a excitação dele no momento que se encostou ao seu corpo. E então, lembrou-lhe que estavam no pátio do colégio, soltando-se do abraço apertado de Dylan. 

Todos estavam parados e olhavam perplexos para a árvore onde estavam encostados. Odele olhava com um choque no rosto para toda a cena que acompanhara desde o início, junto com seu mp3, e seu livro, do outro lado do pátio; solitária - Elise já havia se afastado muito dela nessa época, para ficar junto a Debby. Elise olhava com perplexidade também, mas não se importou muito, afinal "ele não era nada meu mesmo", pensou. Só que esse pensamento foi seguido de ressentimento pelo que viu. Não gostava da insistência de Dylan, mas gostava de ser desejada por ele, e por esnobá-lo. Ignorou. A amiga tinha direito de ser feliz. Debby sorriu triunfante. Conseguiu ficar na atenção de todos durante semanas. E o pobre do Dylan, foi ficando cada vez mais enfeitiçado pela aquela garotinha inocente que estava "caidinha" por ele, dizia aos amigos, e diziam todos que os viam. 

Mas no fundo, Debby sabia da verdade. E Odele também.




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Notas finais do capítulo

¹Mansfield Park, nome de um romance de Jane Austen.



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