Sol E Sal. escrita por TeTe_Kaulitz


Capítulo 1
único.


Notas iniciais do capítulo

boa leitura~



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Um sopro. Um suspiro. Um corpo caindo contra o chão e o vento frio entoando uma tímida canção fúnebre ao passar pelos galhos secos. Não havia mais vida ali, e se por algum acaso ainda houvesse, KyungSoo rapidamente faria com que fosse extinguida. Seus dedos que outrora foram macios e suaves, eram agora ásperos e pesados, sugando a vida de tudo o que tocassem. Seus lábios que antigamente entoavam canções calmas e belas, agora só se partiam para proferir blasfêmias e maldições, praguejando cada mortal que cruzasse seu caminho e por sorte conseguisse sair vivo.

Não haviam mais árvores, nem flores, nem pássaros para cantar. O Sol parecia queimar eternamente e quando a noite caía, não havia Lua para acalentar os sonhos. Porém, também não haviam mais sonhos, pois naquela floresta, agora o único ser vivo era KyungSoo, e sonhar já não tinha mais propósito algum. Como Deus da Vida, vivia há milênios dentro de sua gruta no meio da mais bela floresta, no mais belo e escondido paraíso em uma ilha isolada, rodeado pela imensidão azul do oceano e pelo esverdeado da vida naquele lugar. Era feliz e fazia feliz qualquer animal que cruzasse seu caminho, vivendo da felicidade e plenitude de seu lugar.

Mas seu paraíso não fora eterno, um dia o homem veio. Um barco tombara, um único sobrevivente. JongIn era a perfeição que os olhos de KyungSoo sempre sonharam em ver, e a cada sorriso e gesto atrapalhado, KyungSoo sabia que iria se perder. Cuidou, alimentou, contando desde a história da criação da humanidade até os dias de hoje, segredou a ele mistérios da vida que nenhum mortal um dia sonhara em saber, e caiu em seus braços sem ter medo do que viria depois, embalado na pele feita de Sol e sal de JongIn.

Amaram-se dia após dia, os corpos tão acostumados um ao outro e ainda assim tão desejosos que não poderiam se separar. Mas o tempo passa, e quando muitos e muitos anos se passaram, mesmo o Deus da Vida não teria como o parar sozinho. JongIn definhava ali, sem forças para continuar a se manter jovial. KyungSoo assistia seu amado cair fraco a cada dia, a agonia tomando seu peito em proporções inimagináveis.

Subiu aos céus como não fazia há mais de mil anos e implorou para que o Deus do Tempo tirasse a correia do tempo do pescoço de JongIn para que este vivesse para sempre, podendo ver de cima como ela já o apertava e sabendo que não teria muito tempo até que seu aperto levasse JongIn de si. Tendo seu pedido negado, chorou lágrimas de sangue e nunca na Terra caíra uma tempestade igual. Sem desistir, nadou para as profundezas do mar, até onde nenhum mortal seria um dia capaz de chegar, até a escuridão total e sem vida, implorando para que o Deus da Morte deixasse seu JongIn fora de seu reino, e mais uma vez seu pedido fora negado. Não deveria se apaixonar por um humano, era um deus. Fora punido e banido, sem mais poder subir aos céus ou descer para a escuridão ou ir para qualquer um dos outros Deuses, trancafiado em seu próprio paraíso de uma forma que não poderia evitar. Dia após dia, deitava ao lado do corpo débil de JongIn, passando energia e vitalidade para seu interior, mas de nada adiantava, KyungSoo sabia que Os Outros eram mais fortes quando unidos, e não havia nada que pudesse fazer.

Um último abraço, uma última noite, um último beijo, um suspiro e os olhos que um dia brilharam tão fortes como as estrelas do firmamento agora se apagavam e sumiam por trás das pálpebras para então nunca mais voltarem. KyungSoo viu quando a sombra de JongIn deslizou para o mar, indo para o reino de onde nunca poderia sair. KyungSoo não podia fazer nada a não ser assistir. Sentou em sua gruta e ali assistiu as ondas levarem o corpo frio embora, levarem para onde KyungSoo não poderia mais alcançar.

Foi então que KyungSoo viu que não havia mais razão para existir. Mas o Deus da Vida não morria, e já que estava destinado a viver, sugaria dos outros cada segundo de vida até nada mais existir. Seu paraíso tornara-se uma zona de guerra, animais corriam apenas de sentir seu cheiro, mas no final, um por um, todos caíam. As árvores há muito já haviam ido embora e até mesmo a Lua KyungSoo espantou. Sua única Lua era JongIn, e se não havia JongIn, não havia propósito outra Lua existir. O Sol queimava e machucava quem ousasse passar em seu caminho, e nas raras vezes em que o vento corria, era apenas para levar a poeira quente de um lado para o outro. Não havia mais paraíso, não havia mais JongIn, o próprio KyungSoo duvidava se ainda havia algum KyungSoo dentro de si, mas de qualquer maneira continuava a viver, era seu fardo, tirando a vida dos outros para matar por segundos sua dor.


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Notas finais do capítulo

eu gosto, dificil gostar do que escrevo, mas gosto dessa. ;;
reviews?