Espelho escrita por Nathy Cullen
-A humana veio até nosso mundo! - Exclamou uma voz profunda.
A não! Fui raptada por alienígenas.
-O momento chegou - afirmou outra voz profunda ecoando nos meus ouvidos.
Eu não tinha aberto os olhos. Estava aterrorizada e eu preferia não ver quem estava falando pela preservação da minha noite de sono.
-Abra os olhos - ordenou a primeira voz. Seu timbre era feminino.
-Eu não vou abrir - eu rebati.
Eu notei que não estava respirando, não ouvia as batidas do meu coração nem sentia a minha pele transpirando. A resposta estava na ponta da língua. Eu morri.
A curiosidade ordenava para eu abrir os olhos e ver quem estava falando comigo. Eu fui forte.
Por 3 segundos.
A luz não os cegou. Eu podia ver claramente uma mulher. Os olhos verdes sem a pupila contrastavam com seu cabelo negro brilhante caindo em cascata pela cintura. Seu rosto se assemelhava as pinturas renascentistas. Delicado e sutil. Ela vestia uma túnica branca com reflexos brilhantes. Eu olhei pra o pulso onde uma pulseira de várias tiras de ouro se entrelaçavam formando um desenho de coração.
-Não tenha medo - Ela disse suavemente.
Eu me levantei olhando a meu redor. Eu estava num quarto grande pintado de bege claro. As cortinas estavam fechadas não impedindo de que ele fosse iluminado. Uma escrivaninha e um armário de madeira eram os móveis que via. Neles estavam desenhados em relevo uma floresta. Eu toquei no lençol que estava ao meu lado. Eu estava numa cama.
-Onde estou? - Eu perguntei a mulher.
-Você está em uma outra realidade.
-Como assim?
-Você não está mais em sua casa.
Eu gelei.
-Porque eu vim pra cá?Não espera só pode ser sonho mesmo.É um sonho!-Eu conclui.
-Receio que não seja sonho querida.Você veio a este mundo com um propósito grandioso.Você veio nos salvar
-Uou!Não sou a pessoa indicada para ´´tal``proeza.-eu argumentei.-Nossa você é um elfo.Estou certa?
Ela sorriu.
-Sim sou.Mas antes de tudo tenho que te explicar as razões,os motivos para você estar aqui.Tenho certeza que vai aceitar porque vejo que sua essência é azul claro.
-Hum.-eu fingi entender.
Eu estava sinceramente interessada no que a senhora dona elfo poderia me falar.Afinal não era meu sonho ir pra outro mundo?Além do que eu poderia despertar a qualquer hora do sonho maluco ao qual me encontrava.
-Há muito tempo um humano chegou a nosso mundo.Ele se apaixonou pela harpia real,os dois viveram um amor secreto.Desse amor nasceram quatro crianças,com asas nas costas.Amélia escondeu-as na nossa cidade...
-Quem é Amélia?-eu interrompi antes que ela esclarece-se.
-A mãe das crianças.-ela suspirou e continuou – O pai morreu nas mãos do Rei.Ele escravizou as criaturas deste mundo até que um filho de Amélia se pronunciou denunciando seus irmãos.Em troca ele recebeu o cargo de general de exércitos do Rei.Neste momento o reino está dividido dois,os que se opõem ao Rei e os que ficam ao seu lado.Tem sido assim há muito tempo.
-Aonde é que entro?
-A único jeito de a paz voltar a reinar é você matar o Rei.
Eu estava me divertindo com aquilo. Se pelo menos o sonho fosse real...
-Qual é seu nome?
-Alesys.
-Nome bonito. Meu nome é Milla.
Eu sai da cama e ela se afastou dando-me caminho.A vista da janela era magnífica.O céu brilhava como purpurina azul ,não se viam nuvens apenas o brilho se movendo em sentido horário.No chão árvores e casas pequenas e bem-feitas.De um estilo próprio e original.
-Uau -eu sussurrei.
-Por décadas e décadas a minha cidade tem se mantido em constante equilíbrio graças a nossa mágica.-ela disse se pondo atrás de mim.
-Ela é mágica.-eu disse admirada.
Eu destranquei a fechadura de folha da janela.O vento percorreu o aposento.
Alesys agiu rapidamente trancando a janela de volta .
Eu me virei pra ela.
-O que foi?
-Eles estão chegando.-ela disse com a voz tremula.
-Eles quem?
-Não tenho tempo pra explicar.
-Milla você tem que ler esse pergaminho.Nele está a chave para matar o Rei.-uma voz de homem declarou.
-Alguém está aí?-eu disse girando os olhos pelo quarto.
Será que o sonho ia se transformar num pesadelo?
Um homem de aparência jovem veio do nada na minha direção.O cabelo preto espetado pra cima dava a impressão dele ser mais branco do que ele aparentava.Os seus olhos vermelhos chamuscavam labaredas.Era como fixar o olho no fogo por 2 minutos.
-De onde você veio?
-Eu estava lá o tempo todo.-ele disse sorrindo sarcasticamente.
Ele parou na minha frente estendendo um papel azul claro pra mim.Eu peguei o papel com cuidado deslizando a faixa cima pra cima.
-Não tem sentido.Não há um lugar onde bem e o mal descansem juntos.-eu argumentou movendo a cabeça de um lado para outro.
-Foi escrito por Wilhelmine I.
-Pra que serve esse papel afinal?-eu perguntei.
-Ele te dá a pista do paradeiro da adaga que você tem que encontrar.-respondeu o homem ao meu lado.
Logo que enrolei o papel a porta foi quebrada bruscamente e dela surgiram quatro seres negros com os olhos brancos.Eles encaravam-me de um modo feroz.Definitivamente o sonho virara pesadelo.
-Milla corra pra cama,deite-se e deseje voltar pra casa.-Gritou Alesys erguendo as mãos pra cima.
Dos dedos fluía uma força dourada,ela contornou o corpo dela.Alesys virou uma escultura dourada.Ela ficou parada perto da janela.
Eu corri pra cama como ela mandara. Surpreendi-me com um dos seres negros a minha frente,seus olhos brancos fixaram nos meus.Como num filme de terror.Numa fração de segundos eu vi o que seria o vulto do homem agarrando o ser das trevas e os dois sumindo da minha vista.
-Corra.-Alesys ordenou.Sua voz mudara de um tom suave para um tom grave.Ela estava prendendo três inimigos em uma rede!
Eu deitei na cama,me enrolei toda dos pés a cabeça e gritei na minha mente:´´Quero voltar``.
Respirar de novo era difícil. Faltava ar e eu forçava meus pulmões a trabalhar.
Meu coração batia acelerado. Era como se eu tivesse acabado de nascer de novo.Os olhos estavam secos e doíam.
O relógio marcava 2:45.
´´Ué.O sonho durou 1 minuto?``
Limpei o suor com as mãos e resolvi dormir no sofá.Talvez o sonho voltasse e ele não teria um final feliz.
Dizem que primeiro dia de aula não é fácil.Acordei no horário certo,tirei do armário minha camiseta favorita e andei rumo a escola com a cara e a coragem.
A escola era basicamente formada por dois prédios.O do ensino médio e o do fundamental.O pátio era gigante.Meu coração palpitou.Tanta gente nova me encarando.Me senti como um ET recém chegado a Terra.Virei a esquerda para ver os números das salas.A minha era a 5.
-Bem vinda.-uma voz familiar disse assim que sentei na carteira perto da mesa da professora.
Era o filho lindo do dono do brechó.
-Ah oi.
-Então,que sorte nos cairmos na mesma sala não é?
-Sim é sorte.
-Já que a gente vai ser colega de sala o que acha de a gente se conhecer?
-Legal.Você faz a primeira pergunta.
-O que você gosta de fazer nas horas vagas?
-Eu acho que é olhar as estrelas. E você?
-Desenhar.
-Desenha bem?
Ele puxou da mochila um papel.Eu observei o desenho com as mãos tremendo.
-Sou eu?-eu perguntei incrédula.
-Sim.
-Escuta porque você me desenhou?E você desenha bem demais.-eu gritei a ultima frase sem querer.
-Eu gosto de você sorrindo.Exatamente como fez agora.
-Obrigada...
Ah!Tinha que ser mentira. Ele estava me paquerando...
-Eu...-a voz dele parou.
-Você...-eu sorri.
-Deixa pra lá.
-Conta vai.-eu supliquei juntando as mãos.
-Tá.
-Então...
Ele se inclinou pra mim.Eu fechei os olhos esperando o impacto profundo.Mas eu não estava acreditando.O menino lindo super-modelo ia me beijar e tinha feito um desenho a lápis estilo daqueles pintores de rua sobre mim?Era Ultra-Uau-Nossa-Demais pra ser verdade.Seus lábios quentes massagearam o meus.
Ah merda!Como se beija?
Resolvi fazer o que via nas novelas,mexendo a cabeça de um lado para outro.Lentamente ele pousou as mãos no meu rosto.O beijo aumentou a intensidade.
-Felipe a aula vai acabar e você vai estar beijando a aluna nova.-a professora anunciou.
Ele largou meu rosto delicadamente.Eu sem fôlego suspirei olhando o sorriso malicioso da professora.
-Hoje estudaremos...
Ele estava estonteantemente lindo com sua camiseta meio social meio esportiva azul.Ele estava escrevendo um papel.Ele amassou e acertou minha carteira.
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