The Ruler And The Killer escrita por Marbells


Capítulo 11
Goodbyes


Notas iniciais do capítulo

Oi! Este capítulo é dedicado à GiSindeaux, que ontem recomendou esta fic. Fiquei mesmo muito contente e por causa disso vou tentar postar ainda mais depressa. Muito obrigada pelos comentários e pela recomendação - e espero que venham mais ao longo da fic.
Espero que gostem do capítulo, ele não foi fácil de escrever e fiquei indecisa se o devia postar, mas não consegui fazer melhor. Tenho um bocado receio que a fic esteja a ficar muito repetitiva, mas quem tem de me dizer isso são vocês.



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Dali a dez minutos íamos ser levados para o aerodeslizador que nos levaria para uma sala de preparação antes de entrarmos na arena. Não vou mentir, eu estava nervosa, muito nervosa. Não conseguia deixar de olhar para Cato que, ao contrário de mim, aparentava estar calmo e sereno. Quem me dera poder estar assim também.

—Hey, Clove! – olhei para Cato, que sorriu e pegou na minha mão – Vemo-nos na arena, pequena.

—Se eu não morrer na bloodbath. – disse brincando e arrependi-me no instante asseguir, pois Cato ficou vermelho de repente e parecia quase desesperado.

—Nem pense nisso! – Cato abraçou-me com tanta força que eu já estava preparada para ouvir o som de algum dos meus ossos se partindo, mas eu não me importava, era o meu último momento com Cato antes de entrarmos naquela maldita arena – Não, você não vai morrer. – os seus olhos buscaram desesperadamente os meus e Cato tinha uma expressão tão determinada quanto séria – Eu não te vou deixar morrer, eu prometo. – “você já quebrou uma promessa antes” pensei, mas decidi não dizer nada, não tinhamos tempo para disussões e, mesmo que tivéssmos, elas de nada nos valeriam.

—Tudo bem, - coloquei um sorriso encorajador no rosto e acariciei o seu rosto, Cato suspirou quando os meus dedos tiveram contato com a sua pele e sorriu um pouco.

—Prometa-me que não vai sair de perto de mim, Clove. – Cato pediu seriamente – E prometa-me que não vai deixar ninguém magoar você.

—Achei que era essa a sua tarefa? – gracejei, tentando amenizar o clima, mas isso pareceu não surtir nenhum efeito.

—Prometa, Clove. – os olhos de Cato queimavam sobre os meus, o receio de que eu me deixasse ser um alvo fácil era visível nos seus olhos azuis, que brilhavam com as pequenas lágrimas que se acumulavam neles. Sorri, não queria ver Cato chorar. Cato chorava ainda menos que eu, na verdade, eu nunca o tinha visto a chorar e não seria agora que isso aconteceria.

—Eu prometo. – menti e senti-me mal por isso, eu não gostava de fazer isso. Raramente havia mentiras entre nós e era ainda pior mentir para ele quando a dor estampada nos seus olhos me diziam que ele sabia que eu estava a mentir.

—Eu vou proteger você de todo o perigo, pequena. Você é intocável para os outros tributos. – Cato beijou a minha testa e puxou-me ainda mais contra o seu corpo – Eu prometo que vou fazer o meu melhor para deixar em segurança.

—Eu sei quem sim, Cato. – acariciei o seu cabelo - Vemo-nos na arena, garoto da espada. – pus-me em bicos de pés e beijei-o de uma forma um tanto desesperada. Eu não queria ir, ou, pelo menos, eu não queria que ele fosse para a arena. Enrosquei os meus braços á volta do seu pescoço e Cato beijou o meu rosto, com os braços a envolverem a minha cintura.

—Até lá, pequena. – ele disse e separou-se de mim no mesmo instante que ouvimos Brutos a chamar-nos para descermos. “É agora”.

Eu estava calma durante a viagem no aerodeslizador, tal como Cato e, sendo assim, eramos os únicos. Todos os outros tributos, incuindo a Glimmer e o Marvel, mostravam o quanto estavam, no mínimo, nervosos. Eu, por minha vez, não podia estar mais calma, já sabia o que tinha de fazer na arena, já sabia o que ia contecer e, sobretudo, já sabia quem ia ganhar. Dediquei vários anos da minha vida a treinar para aquele exato momento, porém, agora o meu objetivo já não seria sobreviver, seria bem mais do que isso. O meu objetivo principal, imprescíndivel e aquele em que eu não poderia jamais falhar era tão simples quanto complicado: manter Cato vivo até ao final dos Jogos. Era isso mesmo que eu faria, não havia outra hipótese e eu jamais permitiria que houvesse. Olhei mais uma vez para Cato, que tinha o olhar focado em algo, ele estava concentrado nos seus próprios pensamentos, com uma postura e expressão tão implacáveis como ouvia dizer. Podia dizer que Cato também estava preparado para a arena, o rosto sério e os olhos impiedosos, mesmo quando distraidos.

Contive um sorriso ao admirar a figura do meu namorado. Ele era realmente o homem de sonho de qualquer garota. Correção, o homem dos meus sonhos, porque nem todas as garotas gostavam da forma impiedosa e insensível como Cato agia – o que me deixava muito feliz. Mas no Distrito 2 era assim mesmo que os homens deviam ser. Deviam estar preparados para eliminar qualquer fraqueza e inimigo. E fora assim que Cato fora ensinado a agir, a ser. Todas aquelas regras machistas e ridículas – pelo menos na minha opinião – tinham se infiltrado no cérebro de Cato. Quase todas. Pois no Distrito 2 poucos eram os que chegavam a veraddeiramente conhecer o amor.

Eu queria poder despedir-me mais uma vez de Cato, dizer que tudo iria ficar bem e que mataríamos mais tributos do que todos os outros, mas, agora que estava ali, não podia. Teria de parecer insensível perante as camaras mas isso jamais faria com que eu me afastasse de Cato. Não, jamais eu perderia os meus últimos momentos de vida sem Cato, eu não permitiria que isso acontecesse. Se eu queria dar a minha vida em troca da dele, então eu teria de, pelo menos, assegurar-me de que Cato sabia o que eu sentia, ou que, pelo menos, fazia uma pequena ideia disso.

Depois que o aerodeslizador aterrou fui levada para um quarto onde ficaria com Colan, o meu estilista, durante 10 minutos antes de entrar, finalmente, na arena.

Colan já estava á minha espera no quarto e sorriu tristemente quando me viu. Estranhei esse gesto, as pessoas da Capital estavam sempre alegres e divertidas, era muito raro ver alguns deles triste, pois, ainda mais que eu, eles eram muito bons atores. Ou eram mesmo tão mentalmente limitados quanto pareciam.

—Não me vai desejar boa sorte? – gracejei enquanto ele se certificava que as minhas roupas, além de estarem em boas condições, estavam o máximo possível limpas e apresentáveis.

—Não, eu sei que você não precisa de sorte. – franzi o sobrolho. Do que ele estava falando? Colan, por sua vez, olhou-me compreensivamente e sorriu um pouco – Eu sei o que tem em mente, Clove, e espero que consiga realizar o seu objetivo. – não, não, ele não podia estar a falar a sério! Colan fechou o zíper do meu casaco e apenas disse – Não importa o que eu diga, querida, você não vai mudar de ideias, mas, deixe-me ser claro, o garoto tambem não vai. Apenas a aviso porque sei que fará de tudo para obter aquilo que quer e, por isso, não lhe desejo sorte, desejo-lhe coragem e, acima de tudo, muita força para superar os desafios que a esperam na arena. – Colan afastou-se e, com uma gargalhada musical, sentou-se num banco – E, como eu disse antes, você não precisa de sorte, Clove, mas tenho a certeza de que quem se colocar no seu caminho irá precisar. – agora fui eu que, mesmo que minima e sadicamente, sorri.

—Oh, sim, eles vão precisar, mas nem toda a sorte do Mundo os poderá salvar quando chegar o momento. – torci uma madeixa de cabelo entre os dedos e sentei-me também.

Ficámos em silêncio alguns minutos, dali a nada eu teria de entrar no tubo cilindrico que me levaria até á arena. Ao pensar nisso lembrei-me de algo. Olhei para Colan, que parecia estar tão distraído quanto eu há uns segundos atrás, e perguntei:

—Você sabe como vai ser a arena? – Colan virou o rosto na minha direção, agora totalmente sério. Dessa forma, séria e com traços de tristeza, Colan não se assemelhava nada às pessoas da Capital e, por isso, me fazia apenas lembrar um palhaço triste e deslocado que fingia estar bem na hora do espetáculo. Quem sabe, talvez ele fosse assim mesmo.

—Não, os idealizadores se certificaram que os tributos não saberiam, logo, eu também não sei. – aceitei a resposta e, já começando a ficar incomodada com o seu comportamento, perguntei:

—Porque você se importa? – um pequeno sorriso se formou nos lábios de Colan e ele olhou para o relógio, fiz o mesmo – no relógio dele - , faltavam dois minutos – Vá, antes de eu ir para um lugar onde muitissímo provavelmente morrerei, responda-me! – exclamei um pouco alterada. Eu não gostava nada de esperar. A espera era lenta e tortuosa, como uma caixa de surpresas que demora demais a abrir e nos deixa tão irritados que nem apreciamos a surpresa como devíamos.

—Calma, querida, eu respondo! – Colan estava um pouco mais animado, isso já era mais normal. Fiz sinal com a mão para que ele continuasse. Colan assentiu e suspirou, depois olhou bem fixamente nos meus olhos – Você deve achar que as pessoas da Capital são todas fúteis e insensíveis, - estava prestes a abrir a boca para fazer algum comentário sarcástico, mas Colan adiantou-se e fez sinal para que eu não falasse – mas não é bem assim. Nós temos sim sentimentos, pelo menos, eu tenho. E eu gosto de você, garota. E é por saber o que vai acontecer naquela arena que eu estou triste. Eu realmente gostaria de ver você usando o meu vestido de coroação. – a voz de Colan estava baixa e o seu rosto triste. Era bom saber que alguém, com a excepção de Cato, se importava comigo, a sádica, sarcástica e louca garota das facas.

—Obrigada por isso. – Colan pareceu confuso e eu esclareci, sorrindo – Por se preocupar comigo, ninguém faz isso.

—Aposto que o garoto do seu Distrito faz. – olhei para baixo e resmunguei:

—É assim tão óbvio o que eu tenho com Cato?

—Não, apenas para os bons observadores. – balançei a cabeça, desejando metalmente que as pessoas da Capital fossem tão más observadoras como eram idiotas, e levantei-me. Estava na hora – Vai correr tudo bem, Clove.

—Ambos sabemos que o que vai acontecer vai ser tudo menos bem. – respondi friamente, decidindo encarar logo a realidade: eu ia morrer. Colan levantou-se e veio na minha direção.

—Não diga isso, querida.

—O que quer que eu diga, então? – Colan olhou para mim carinhosamente, enquanto verificava o meu penteado. Uma voz avisou, através do altifalante, que faltava um minuto para os tributos entrarem nos tubos.

—Quero que me prometa que irá fazer a sua missão valer a pena. – fechei os olhos e suspirei, eu sabia bem aquilo a que Colan se referia e detestava lembrar-me disso. Mas tinha de ser.

—Eu vou, pode ter a certeza disso. – abri os olhos a tempo de ver Colan colocar mais um gancho a prender a minha longa franja.

—Eu sei que sim, querida, eu sei. – sorri confiantemente para Colan, que retirbuiu o sorriso.

—Obrigada por isso.

—Não tem o que agradecer, querida, eu sou apenas o estilista. – rimos os dois, mas uma voz nos interrompeu:

—Vinte segundos para os tributos entrarem na arena. – enchi de ar os pulmões e caminhei para o tubo – Dez segundos… - Colan acenou para mim com um sorriso triste, sussurrando “Foi bom conhecer você, querida” – Cinco segundos… - a base do tubo começou a subir, elevando-me ao mesmo tempo. Colan ainda acenava quando a sua figura foi tapada pelas paredes que rodeavam o tubo e, consequentemente, a mim também.

Num piscar de olhos o tubo já tinha subido o máximo possível e eu já estava dentro da arena, que, por sua vez, era tal e qual como eu tinha imaginado. A única cor que via á minha volta era verde, verde, verde e mais verde, com a pequena exceção da cornucópia, com a sua forma estranha e a cor metálica que refletia sobre ela o céu. Aquele até podia ser um lugar calmo e bonito, porém, a tensão ali era tão espessa que eu própria a poderia cortar em fatias com uma das minhas facas.

Mas eu não tinha facas comigo. Elas estavam lá, na cornucópia, estendidas no chão, cuidadosamente colocadas dentro de um estojo próprio para esse tipo de armas. A cornucópia tinha vários obejtos, bolsas com alimentos, tendas e todo o tipo de armas. Isso era bom. Um som trouxe-me de volta á relidade: Trinta segundos. Trinta míseros segundos antes de nos soltarem como animais numa aposta para ver qual era o mais selvagem e que conseguia matar os todos os outros. Sim, aquilo podia ser um simples Jogo para todos os que nos estavam a ver. E o pior era saber que eles se riam e até choravam por causa dos tributos, era nojento o que as pessoas da Capital faziam, embora alguns como Nolan fossem a exceção. Aliás, a única razão pela qual não perdi tempo a negar o que Colan disse foi porque eu sabia que tinha pouco tempo antes de entrar na arena e, principalmente por isso, porque não tinha nenhuma arma comigo que pudesse usar para o calar ou acusar de estar a inventar tudo.

Foquei o meu olhar nas facas que reluziam dentro estojo de plástico, mas, antes disso, dei uma vista de olhos ao local onde, em quinze segundos, eu iria matar alguns daqueles tributos, adolescentes como eu, porém, com muito azar por me encontrarem no caminho.

Cato tinha o olhar focado em uma longa e afiada espada, tal e qual como ele gostava. Sorri ao pensar nisso, pois, quando Cato ganhasse, ele poderia ter todos os tipos de espadas com que sonhara. Sempre que Cato recebia uma nova espada eu era a primeira pessoa a quem ela a mostrava, mas eu não estaria mais ali para isso. Ignorei esses pensamentos e voltei a focar-me nas facas. Já tinha em mente quem seriam as minhas primeiras vítimas. Dei um sorriso de antecipação e pus-me em posição de ataque.

Era proíbido sair da plataforma em que nos encontrávamos antes dos sessenta segundos obrigatórios e, caso o fizéssemos, uma mina explosiva seria ativada e as nossas pernas seriam arrancadas do nosso próprio corpo. E essa era a única regra, o resto que tinhamos de fazer ara agradar a Capital era matar-nos uns aos outros.

Cinco segundos.

“É agora” pensei. Tudo aquilo porque tinha trabalhado seria posto á prova. Eu seria posta á prova. Os meus sentimentos por Cato seriam postos á prova.

Quatro segundos.

Fechei os punhos e inalei o aroma da floresta. O puro aroma da floresta. Aí estava uma questão: seria aquele odor verdadeiro?

Três segundos.

Isso não importava, pois quer o aroma fosse verdadeiro ou não, aquele Jogo era bem verdadeiro e mortal. E a prova disso era que eu estava, naquele momento, a olhar novamente para o ser que, mesmo sem saber, causaria a minha morte.

Dois segundos.

Olhei mais uma vez para as facas e fleti as minhas pernas. Tentei esvaziar a minha mente e colocar-me em modo de ataque.

Um segundo.

“Você consegue, Clove” repeti mentalmente “O Cato vale a pena, tudo o que vocês dois viveram vale a pena. Lute por ele e por o que sente por ele”. E era isso mesmo que eu ia fazer, impiedosa e determinadamente.

O canhão soou.


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Notas finais do capítulo

Comentem! Bjs