A garota de cabelos azuis havia ido dormir relativamente tarde na noite passada, o que fez com que acabasse perdendo o café da manhã.

- Alguém sabe se a Mari ainda está dormindo? – indagou Lire.

- Ainda não a vi hoje, então acho que sim. – disse Arme – Vou dar uma olhada.

Sieg segurou Arme pelo braço.

- Posso dar eu uma olhada? – perguntou ele.

- Ahn, para que você quer ir? – Elesis perguntou um tanto confusa.

- E-eu... quer dizer, tanto faz para mim, só queria ajudar, vocês estão aí fazendo o almoço, e eu não estou fazendo nada, é só para... ajudar mesmo, sabe, nada de mais para mim, e eu não estou interessado nela, que é isso, eu...

- Tá, tá, tá, tudo bem Sieg, não precisa se desesperar. Não tem ninguém aqui julgando, é claro que você pode ir. – disse Arme, começando a rir da reação do garoto.

- Credo, para de ser estranho, só fiz uma perguntinha inocente, vai logo. – Elesis disse

- Tem certeza que eu posso ir, Arme? – o menino, que estava de costas para a cozinha começou a vira-las para o corredor que dava para a escada.

- Pode sim.

- Mesmo?

- Á vontade.

Sieg andava devagar de costas olhando para as três meninas, fazendo com que elas também olhassem para ele, Arme ainda rindo. Ele subiu a escada e seguiu para o quarto de Mari. Bateu na porta de leve algumas vezes e sem resposta, pensou ser melhor entrar de qualquer jeito. Ele levou a mão á maçaneta e abriu a porta com um pequeno rangido.

Mari dormia com uma expressão angelical, talvez até feliz, se prestássemos mais atenção. Nem de longe parecia aquela garota introvertida e fria de quando se conheceram pela primeira vez, não estava tão diferente a ponto de ter o mesmo jeitinho inocente de, por exemplo, Arme, mas ainda assim estava muito diferente.

Sieghart passou um tempo de pé ao lado da cama de Mari apenas a observando. Ele tinha pena de acordá-la. Era tão linda, e estava num sono tão profundo. Parecia um pecado só pensar em fazê-la despertar.

Ele deu sorrisinho malicioso quase imperceptível, se sentou com cuidado na cama, evitando fazer qualquer barulho. A garota virou-se derrepente, mas continuou a dormir.

Sieg se curvou e deu um selinho em Mari, esperando que ela não acordasse.

Ele se levantou e já estava pronto para sair do quarto quando ouviu um movimento de onde a cama estava, ao se virar percebeu Mari, agora sentada na cama, seus pés tocando o chão, o cabelo ligeiramente desarrumado, e o rosto mais corado do que nunca. Ela o fitava com uma expressão confusa no rosto.

- Sieg?

- Me desculpe, só vim checar se você ainda estava dormindo.

- Por que você não me acordou?

- Não tive coragem, você parecia perfeitamente feliz, não quis estragar.

- Feliz?

- É, eu não sei, parecia. De qualquer maneira, me desculpe por ter entrado.

Mari levantou e se olhou no espelho rapidamente.

- Está tudo bem. Pelo menos você não me pegou em uma de minhas piores manhãs, se tivesse ficaria com medo de minha aparência.

- Duvido que isso seja possível, você é...linda. – disse Sieg, arrancando um sorriso doce e tímido de Mari – Vou descer então, para lhe deixar a vontade.

- Não, espere, me arrumo rápido e já desço com você.

Enquanto dizia isso, ela já procurava alguma roupa para colocar. A garota olhou para Sieg.

- Talvez seja melhor se você...olhar para o outro lado, fechar a porta, sabe?

- Ah, sim, desculpe. – disse ele, saindo e fechando a porta em seguida.

Mari se vestiu realmente rápido.

Ela abriu a porta e viu Sieg encostado de braços cruzados na parede logo ao lado. Ele levantou uma das sobrancelhas e sorriu para Mari ao vê-la mais linda do que antes, a menina retribuiu com um sorriso praticamente imperceptível.

- Vamos então, quatro-olhos? – disse ele, fitando-a, uma expressão brincalhona.

A garota virou o rosto, seus olhos aparentemente frios, estes agora não deixavam transparecer nenhuma emoção. De certo modo parecia até confusa, mas não, ela só não sabia como reagir àquela provocação. Porque ele me chamou de quatro-olhos? Nenhum garoto nunca havia me provocado por brincadeira antes.

A garota de olhos heterocromáticos, sem saber o que fazer, apenas olhou para o chão e assentiu com a cabeça.

O moreno já esperava por isso, então ignorou o fato de que ela não teve uma reação aparente à sua provocação, e começou a andar.

Os dois desceram a escada, ao chegarem ao primeiro andar, chamaram novamente a atenção, como havia acontecido no outro dia. Mas desta vez, Amy não se encontrava para que pudesse jogar seus comentários maliciosos contra eles.

Sieg seguiu para fora da casa e começou a caminhar por lá. Ele sorria para si mesmo. Sentia-se tão feliz, por quase nada, pela menor interação possível entre os dois. Ele imaginou como seria se acontecessem outras coisas, como ele se sentiria.

- Você disse para ele ir até lá? – perguntou Mari dirigindo-se a Arme.

- Só disse por que ele pediu, eu mesma teria ido, mas ele me segurou e disse que iria.

- E-ele pediu? – Mari sorriu fitando seus próprios pés – Por quê?

- A Elesis perguntou isso, mas ele se enrolou todo, ficou falando de coisas que a gente nem tinha mencionado. – disse Lire.

- Ah é, Sieghart fica mais idiota a cada dia, é incrível. – Elesis riu – Mas então, o que aconteceu lá em cima?

- N-nada, ele só...não sei dizer direito, eu ainda estava dormindo, mas me lembro de ter sentido algo em meus lábios antes de acordar. Eu devia ainda estar sonhando... Eu... vocês ainda vão demorar muito aí?

- Em seus lábios? – a ruiva riu – Já era de se esperar. É, pelo jeito sim, a Arme resolveu queimar a parte principal – disse Elesis.

- Ei, não resolvi nada, foi sem querer tá? – defendeu-se Arme.

- Você tem que parar de dormir acordada Arme.

- Mas eu não...ahh.