Notas Suicidas escrita por Pu_din


Capítulo 9
Anotação n°8




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Os dias passaram rápido. Frank, com o tempo, se tornou mais um membro dos excluídos da nossa sala, onde antes só eu e a Hayley faziam parte. Ele era muito divertido, mesmo mantendo seus segredos (aqueles mesmos segredos) em sigilo. Depois daquele dia em casa, ele não falou nada a respeito, mas eu não ficava perguntando, se quisesse contar, contava, mas sem pressão.
Sua companhia era algo extremamente agradável, e sem sombra de dúvidas se tornara meu maior vício. Frank era inteiramente receptivo e risonho, sempre me sondando de maneira sobrenatural. Ele era afável, sigiloso. Algo fora do padrão de normalidade de um ser humano qualquer.
Eu não sabia explicar como, mas éramos ligados de maneira imperceptível e real. Era alucinante o modo como nos relacionávamos em sintonia. Hayley também percebia isso, era como se Iero fosse seu segundo irmão – eu sempre fui o primeiro, preciso lembrar. Era hilariante ficar perto dos dois.
Outro dia a gente combinou de sair. Dar umas voltas à noite. Foi engraçado. Hayley ficava recebendo cantadas de um sujeito muito esquisito, que andava de gorro, todo afetado. Ele lembrava o Billy Corgan, do Smashing Pumpkins, só que com olhos cor de esmeralda. O cara a engolia com o olhar, e chegava a ser obsceno. Ele desejava-a ao seu lado, como sua menina, e é claro que não mediu esforços para que isso se tornasse real. O mais tosco disso tudo é que ele a paquerava via guardanapo. Isso mesmo: ele escrevia todas as coisas mais bregas existentes no mundo pra Hayley, e mandava outro sujeito entregar. Ele falava que ela era o broto mais lindo do mundo. “Essas suas madeixas cor de fogo me seduziram, pequena” foi o que mais marcou. Eu e Frank quase caímos da cadeira de tanto rir da cara dela. E o indivíduo insistiu tanto que chegou ir à mesa onde estávamos, convidando-a pra sabe Deus o quê – ele falava tão rápido que nenhum de nós conseguiu entender – mas Hayley abraçou Frank de modo apaixonado, e disse que estava acompanhada. Chegou a doer, pois o cara quase chorou. E a gente também, de tanto rir.
- Coitado dele, Hay! Ele se encantou pelas suas belíssimas “madeixas cor de fogo”- eu caçoava.
- Mas esse broto está “acompanhado” – Frank brincava, abraçando-a.
- Seus idiotas... – ela ria.
O cara se afastou de maneira derrotada, com um olhar magoado e vingativo para Iero. E não seria uma surpresa se ele chegasse com uma serra elétrica para atravessar Frank pelo estômago, de um lado a outro. O cara deve ter mesmo pensado que os dois estavam juntos. Coitado...
Depois desse dia, Frank não parou de chamá-la de broto, e ria como uma hiena. Ela batia nele por isso, mas era inevitável não rir.


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