Notas Suicidas escrita por Pu_din


Capítulo 6
Anotação n°5




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- Pai?
Eu abri a porta de casa e olhei em volta. Joseph ainda não havia chegado do escritório. Convidei Frank a entrar, e corremos em direção ao meu quarto.
- Entra aí, cara...
Joguei minha jaqueta em cima da cama, e Frank sentou-se na poltrona, um pouco tímido.
Enquanto eu pegava os materiais para o trabalho, percebi que o outro passava o olhar por todas as minhas bagunças com uma curiosidade que nem ele poderia guardar. É que minhas paredes são forradas com pôsteres de tudo o que você pode imaginar. Até eu fico meio curioso comigo mesmo. E enquanto ele olhava meu pôster do Wolverine, pude perceber uma marca roxa debaixo do seu queixo. Parecia uma pancada violenta.
- O que é isso no seu queixo? –perguntei sem intimidá-lo. Tive a impressão que aquilo seria a chave para todas as minhas perguntas sobre ele.
- O quê? Isso aqui? Não foi nada... – ele deslizava suavemente seus dedos sobre o hematoma, mas pude perceber em sua voz um tom de mentira, então o pressionei, mas de uma forma suave:
- Pode falar, cara. Eu não conto pra ninguém...
E ele me encarou do modo mais sincero possível, na tentativa de dar mais ênfase à sua farsa:
- Não foi nada. É sério mesmo.
Eu sabia que não era verdade, mas deixei quieto.

Enfim começamos a redação. Frank tinha uma imaginação e tanto, e terminamos o trabalho em menos de quinze minutos. Eu estava faminto, e tive a idéia de fazer algo pra comer, pegar uma bolacha... algo que me satisfizesse. Fomos à cozinha, e Frank disse, como se se despedisse:
 - Daqui a pouco sua mãe já vai chegar, não é? Eu já vou indo...
Quando as pessoas falam da minha mãe eu mudo. Mesmo falando mal, ou falando bem, ela ainda mexe muito comigo. Mexe de um jeito lastimável, vergonhoso.
Só sei que eu ri de uma maneira melancólica, e soltei um pensamento em alto:
- Ela nunca vai voltar...
Iero me olha de uma forma confusa.
- E por que ela não voltaria? Ela trabalha de madrugada ou coisa assim?...
Eu o mirei como se fosse desmaiar a qualquer momento. Acho que em meus olhos lacrimejaram, mas eu aprendi com o tempo engolir qualquer fluído que me envergonhasse na frente dos outros, ou envergonhasse a mim mesmo. Ninguém precisa saber das minhas dores.
- Gerard? – ele aproximou-se de mim e apoiou suas mãos em meus ombros – O que foi??
- Ela morreu, Frank. Ela não vai mais voltar... – abaixei o olhar. Eu não agüentava o peso daqueles olhos verdes sobre os meus. Acho que eu o fiz perceber qual era o meu ponto fraco.
- Poxa, eu... eu não sabia...
- Esquece.
Tentei me reerguer. Esfreguei meus olhos e suspirei, geralmente isso sempre funciona. Ou funcionava. Agora eu ficava cada vez pior. Chegava a ser ridículo.
- Deve ser terrível não ter mãe...
Eu não respondi. A cada palavra que Frank falava eu ia ficando pior, e ele percebeu isso. Sentiu-se culpado.
Não me lembro muito bem desse momento, só sei que me sentei na cadeira da cozinha, e Frank apoiou seus cotovelos na mesa, ao meu lado. Coçava insistentemente a nuca, como se pensasse. Olhava-me sem parar, mas eu não atrevia a fitar novamente aqueles olhos. Eles liam as mentes, eu sabia disso.
- Tá bom, eu desisto – ele disse, levantando as mãos em sinal de rendição.
- O quê?? – e eu não entendi nada.
- Você quer a verdade, não é? Pois eu vou te contar a verdade.


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Notas finais do capítulo

WOOOOOOOOOOOOOOOOW , qual é a verdade? 8D HAHA, no próximo post ;*

[E OBRIGADA POR LEREM *--*]