Eu olhava para ele, agora que eu tinha reparado que ele correu até aqui sem camisa, olhava seu abdômen definido, meu deus, aquilo estava me pirando... Não aguentei e tomei seus lábios nos meus, ele resistiu, eu rolei pra cima dele o impedindo de se levantar... pedi passagem com a língua, ele relutou... eu insisti... ele cedeu.

Eu enroscava minha língua na dele, sentia seu perfume, que era maravilhoso, ele parecia ter se entregado àquele beijo...

- Fica comigo Daniel... – sussurrei em seu ouvido – eu quero ficar com vc...

Aquela frase pareceu como um estalo na mente de Daniel, ele me empurrou para o lado, se levantando rapidamente

- Julie? – ele olhava para mim tentando entender o que estava acontecendo – então deu certo, eu estou vivo O.O

- Daniel, vc se lembrou *-* - sorri e corri para abraçá-lo, mas ele impediu.

POV Daniel

Aquele beijo, aquelas palavras ecoaram na minha cabeça, eu tinha me lembrado de tudo que eu era, fui um fantasma e tinha conseguido viver novamente, por um momento tinha ficado feliz mas... me lembrei de que Julie tinha me usado... para continuar com a maldita banda... ela nunca sentiu nada por mim, e agora está aqui, querendo me usar de novo para sabe-se lá  o que e me despedaçar novamente.

- É Julie, eu lembrei. Lembrei de tudo. – ela sorria abobada – até de quando vc me usou, me enganou para eu não ir embora e acabar com a banda. – o sorriso dela morreu.

- Daniel, não fala assim, não é verdade... você não sabe  o quanto eu sofri o tempo que vc passou fora... eu senti tanto sua falta – ela tentou me abraçar e novamente eu a afastei.

- Desculpa Julie. Não acredito em nenhuma palavra sua. – me virei e fui andando até minha casa – E NUNCA MAIS MEXA NA MINHA GUITARRA!

- Daniel, volta! Por favor... acredita em mim – vi ela se jogar de joelhos na grama, e começar a chorar.

Era incrível a dor no peito que eu sentia, a vontade de ir até lá, beijá-la e esquecer tudo aquilo. Mas eu não fui, meu orgulho falou mais alto, continuei andando até em casa. Pelo caminho ouvi alguns assovios de algumas adolescentes desocupadas, já que estava sem camisa. Mas nem dei bola, eu realmente estava furioso.

Cheguei em casa e comecei a lustrar minha maravilhosa guitarra. É sério gente, mais perfeita que ela só eu *-* Passei o resto do dia lustrando e tocando minha guitarra. Vez ou outra tocava um acorde DAQUELA MUSICA (o que o mundo escolheu).

O tempo passou rápido e fui dormir, afinal, agora como um ~adolescente vivo~ eu precisaria ir para a escola.

Acordei cedo, me vesti sem vontade e fui para a escola. Cheguei na sala, me sentei na cadeira  e fiquei lá olhando os mosquitos dançando em volta da lâmpada. Foi quando Julie chegou.

POV Julie

Não acredito que o Daniel pudesse me tratar daquele jeito, eu fiquei arrasada. Cheguei em casa chorando e adormeci. Acordei quase atrasada para a escola, mas tive tempo de correr para a edícula e gritar com Martim e Felix que o Daniel tinha recuperado sua memória.

- MARTIM, FELIX, ELE LEMBROU! – gritei

Os dois apareceram com a cara amassada, e parecia que o raciocínio de Martim estava mais lento que o normal.

- Quem lembrou do que Julie, seu pai lembrou de colocar o lixo para fora dessa vez? – perguntou Martim

- Não, o Daniel, o Daniel se lembrou – gritei de novo

- Que? Cadê, cadê? – os olhos de Martim brilhavam, e Felix parecia estar alheio a conversa – DANIEL, CADÊ. CADÊ VC? – Martim continuou

- Martim, ELE NÃO MORA MAIS AQUI NÉ? Depois conto a história, vou pra aula.

Os dois me olharam esperançosos, eu sei que eles tinham perguntas a me fazer, mas eu não poderia responder agora. Corri para a escola desesperada, tropeçando pela calçada, afinal já estava atrasada.

Cheguei na porta da sala e a professora tinha acabado de entrar, me encostei na beirada da porta tentando respirar, não estava me sentindo bem,  ela me mandou entrar e eu não consegui mover um músculo sequer. Senti tudo girar e a única coisa de que me lembro foi de ouvir a voz de Daniel me chamar.

Acordei num quarto branco e conforme fui abrindo os olhos as lembranças foram voltando e reconheci o lugar – estava na enfermaria da escola – e quando olhei pro lado, lá estava Daniel concentrado em um pedaço de papel.

- Dan... Daniel... – disse com esforço

- O que é? – grosso, só ergueu a cabeça por cima da folha.

- O que houve? Eu... eu desmaiei?

- É, deve ter corrido igual a uma louca pela rua e desmaiou de cansaço. Bem, eu vou indo – disse, já se retirando

- Daniel... porque... porque vc ficou aqui comigo? – perguntei, ainda fraca

- Por que apesar de todas as coisas que vc fez comigo, não consegui te tirar da cabeça, vc sabe o quanto eu amo vc. Ainda. – abriu a porta e saiu, sem me dar tempo de dizer nada.