“Você irá perder aquilo que mais estima, então aproveite enquanto pode.”

                Eu estava no refeitório da escola, as mesas haviam sido retiradas para a festa. Usava um vestido preto de cetim, sem alças, que ia pouco acima do joelho. O tecido colava na minha pele, destacando minhas curvas avantajadas de dampira. Meu cabelo escuro estava preso em um coque, e a franja caia na lateral do meu rosto. As tatuagens em meu pescoço estavam amostra, do jeito que eu gostava.

                Olhei em volta, havia Morois e dampiros dançando por todos os lados. Guardiões silenciosos estavam parados perto das paredes. Procurei pelo único guardião que eu realmente queria ver. Nossos olhos se encontraram e eu sorri, virando de costas, pronta para sair andando. Mas alguém segurou meu braço, minha pele formigou e eu já sabia quem era.

                -Roza.- ele sussurrou, o rosto a centímetros do meu.- Sinto tanta saudade de você.

                Havia algo nos olhos dele, algo errado. Um anel vermelho sangue circulava suas pupilas.

                Eu sorri, ele escorregou a mão pela minha cintura e um arrepio percorreu minha coluna.

                -Também estou com saudade, Dimitri.- murmurei, ele se aproximou mais e colou nossos lábios.

                O beijo era quente e gentil, estávamos nos estudando, relembrando os velhos tempos.

                Rose, saia daí., ignorei a voz na minha cabeça, eu só conseguia pensar nas mãos de Dimitri escorregando pelo meu corpo, nos lábios dele colados aos meus, na saudade que eu ia matando aos poucos.

                Rose, saia já daí, isso não é real., Cale a boca e vá se foder, rebati a voz.

                Ele pegou minha coxa e a puxou para cima, enganchando-a na sua cintura.

                ROSEMARIE SAIA DAÍ AGORA!

                Pisquei duas vezes e a escuridão me engoliu. Senti uma mão, que não era minha, fazer uma caricia leve no meu rosto, desde a testa, escorregando pela bochecha e terminando com um toque leve em meus lábios. Então ouve um estalo e uma leve brisa morna, como se alguém me soprasse um beijo.

                Sorri, Dimitri devia... Estaquei. Eu estava em um quarto, muito longe de Dimitri. Dimitri. Meu coração doeu terrivelmente, eu havia abandonado Lissa para vir atrás dele. E o matar.

                Estiquei o braço e rapidamente liguei a luz, me sentei na cama, um leve tontura me fez vacilar, mas me recuperei em menos de dois segundos. Vasculhei o quarto com os olhos, não havia ninguém e tudo estava em seu devido lugar.

                Menos...

                Havia um pequeno bilhete dobrado sobre o criado-mudo ao meu lado. Peguei-o com os dedos trêmulos e li seu conteúdo.

“Eu ainda amo você, Roza.”

                Não havia remetente. Evitei derramar as lágrimas que se formaram em meus olhos; era a caligrafia de Dimitri.

                Não podia ser, Dimitri estava morto. Ele havia virado um Strigoi, e eu o estava caçando. Ele havia me encontrado primeiro.

                “Você vai destruir aquilo que está morto vivo.”