Like A Firework escrita por ladyofcamellias


Capítulo 1
Like A Firework


Notas iniciais do capítulo

Sim, essa foi uma dessas ideias que te invadem a cabeça no meio da madrugada. Espero que não pareça TÃO sem noção assim.



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_ Não sei que graça você vê nesse lugar.

Katie olhou para cima, assustada ao ouvir a voz de quem menos queria no mundo. Por um breve momento pensou estar emersa num desses pesadelos em que você corre e corre do bicho-papão e nunca sai do lugar. Poderia ter começado a beliscar toda a extensão de seu braço, numa tola tentativa de acordar, mas preferiu continuar sentada ali, em plena paz de espírito, numa noite fresca de quatro de julho e olhar para Travis Stoll com o cenho franzido, indicando certa irritação.

_ E eu não sei no que isso te interessaria _ ralhou de volta, enquanto o garoto sentava-se ao seu lado no pequeno espaço existente entre uma fileira de morangos e outra, o joelho dele encostando-se ao seu. Ela viu os pelos de seu braço arrepiar e tornou a puxar o cardigã, outrora arregaçado. Ele ignorou tal gesto.

_ Quer dizer, está exatamente o acampamento inteiro na praia, cantando e dançando e pulando ondas e sabe-se-lá-mais-o-que. Todo mundo lá, querendo vê os fogos estourarem daqui a pouco... E você aqui... Sozinha.

_ Algum problema?

Travis estremeceu com o tom frio usado pela garota. Não poderia deixar de se sentir frustrado. Quer dizer, ele se preocupara com ela. Poderia estar pregando qualquer tipo de peça em qualquer tipo de campista, mas preferiu vir procurá-la. Preocupara-se ao não lhe ver no meio de seus irmãos. E era assim que Katie Gardner o tratava.

_ Não _ ele deu de ombros _ só é...

_ Estranho _ completou ela, usando ainda um tom mais frio, seguido de uma risada... Bem, gélida. Se pudesse, Travis usaria um desses casacos de esquimó para se proteger de suas palavras.

_ Não ia dizer isso...

_ Sim, Travis, você ia. Eu te conheço, Stoll _ ela deu uma esbarradinha leve no seu ombro, brincalhona.

Novamente seus pelos se arrepiaram. Travis a olhava de um jeito esquisito, enquanto encolhia-se dentro do casaco fino. Tentou continuar, ignorando a corrente elétrica que aquele simples olhar fizera passar por seu corpo:

_ Mas... O quanto “estranho” é?

_ Como assim?

_ Eu aqui e todo mundo lá... Entende?

Ele pareceu aliviado coma pergunta. Apesar do vento frio, suas mãos suavam. Tinha medo que Katie perguntasse o quão estranho era ele estar ali com ela. E por mais que Travis em momento algum de sua vida tivesse sido um aluno estudioso, sentiria como no meio de uma prova oral de uma matéria que nunca viu na vida.

_ Eu não sei Katie. Quer dizer, eu não seu melhor amigo ou qualquer coisa assim. Como eu vou saber?

Ela riu novamente gélida, novamente fria. Toda enigmática assim, no meio da noite, Katie Gardner não parecia à filha estressadinha de Deméter que quase castrara Travis quando viu mil e um coelhinhos de chocolate no telhado de seu chalé.

_ Eu esperava uma resposta diferente. Algo bem típico de você.

_ E o que seria algo “típico” de mim?

_ Algo do tipo “é estranho porque você é estranha, imbecil”.

Os dois riram com a tola tentativa da garota de imitar o tom dele. Katie ria pelo nariz, de um jeito engraçado, e depois de fria à brincalhona, de brincalhona à fria, Travis começara a se acostumar com a maneira que ela o surpreendia.

_ Eu não te acho estranha...

_ Não? _ perguntou surpresa.

_ Não _ ele riu novamente, dessa vez sozinho. _ Irritada, estressada e bipolar, talvez. Mas não estranha.

_ Nossa, preciso acrescentar esses adjetivos à minha lista de qualidades. _

Ambos riram novamente, embora de leve. O vento que corria pela plantação parecia mais forte agora. Daqui a pouco soltariam os fogos, e logo os campistas teriam de voltar para seus chalés e as harpias estariam à solta. Mas, tanto Travis quando Katie queriam poder parar o tempo e ter a possibilidade de eternizar aquele momento.

_ Por que te acharia estranha, Gardner?

Por um milésimo de segundo, Katie sentiu-se um pouco chocada com a pergunta e achou que, como durante toda sua vida no Acampamento Meio-Sangue, Travis estivesse caçoando dela. Mas a dúvida era bem clara nos olhos azuis claros dele, brilhantes no meio da calada da noite.

_ Todos acham isso _ respondeu, soando irônica e dando uma leve fungada. _ Quer dizer, olha pra mim...

_ Não tem nada de errado com você.

_ ... Quem sou eu, Travis Stoll? A líder estressadinha do chalé de Deméter? A garota que não gosta muito de conversar nem com os próprios irmãos? Que prefere se esforçar para ler um livro, algo que vai completamente contra sua dislexia, do que guerrear com algum campista, algo que deveria ser natural nela? A filha abandonada pelo pai, ainda bebê, numa colina que talvez fosse a entrada para o acampamento de semideuses?

Eu falo demais, pensou Katie, passando a mão pelos olhos meio molhados, no momento em que os fogos começavam a tomar conta do céu meio estrelado. A imensidão de cores brilhantes era chocante no meio da escuridão, e os dois, ali, sozinha, prestavam plena atenção no espetáculo de brilho e luz.

Pela primeira vez Travis olhou para o lado em que a garota estava sentada. E, pela primeira vez, ele observou como era bonito o perfil da filha de Deméter. Da garota que preferia ler em vez de puxar conversa com algum de seus irmãos. Da garota que fora abandonada cedo demais e que amadurecera cedo demais, enquanto o filho de Hermes, apesar de ter a mesma idade que ela, sentia-se ainda um crianção.

Algumas vezes, ele admitia, notara como ela era bonita. O cabelo castanho, meio arruivado às vezes no sol. Os olhos verde oliva e as sardas cobrindo o pequeno nariz. Como alguém, aparentemente tão frágil, poderia ser tão forte por dentro?

_ Nunca gostei disso... Fogos de artifício.

_ São bonitos.

_ São assustadores _ ralhou novamente repreendedora. _ Quer dizer, do nada, eles aparecem brilhando no céu e todos olham e pensam “nossa, que bonito”. Aí você pisca os olhos e eles já não estão mais lá. Sumiram. E aquelas pessoas que, por um breve momento, olhavam-nos admiradas já pararam para prestar atenção nos outros que foram lançados logo em seguida.

Travis não conseguia acompanhar o raciocínio da garota ao seu lado. Se ainda acreditasse na história da cegonha, poderia dizer que ela era filha de Deméter e Atena. Mas preferiu ficar em silêncio, imaginando que assim, ela pudesse se explicar melhor. E ele realmente desejava poder compreender e entender melhor quem era Katie Gardner, afinal.

_ Às vezes eu me sinto assim. Como um fogo de artifício. Lembra-se dos coelhinhos de chocolate ou qualquer outra peça idiota que você tenha pregado em mim? Eu sempre fiz maior barraco pro acampamento inteiro escutar. Todos prestavam atenção em mim e falavam de mim e, embora de um jeito negativo, eu me sentia importante. Mas logo depois me tornava algo em que ninguém reparava. Algo que não fazia diferença alguma.

Um pequeno esforço foi necessário para ouvir o sussurro de Katie através do barulho dos fogos de artifício, de maneira que Travis aproximou-se e abraçou-a de lado, meio sem jeito. Seu corpo pequeno estava frio apesar de o rosto queimar rubro. Constrangido, ele imaginava que estivesse colorido pelo mesmo tom de vermelho.

_ Mas a vida é assim mesmo _ sussurrou em seu ouvido, depois de um breve silêncio. _ Uma hora todo mundo olha pra gente e nós nos sentimos importantes, parece que se importam, sabe? E depois todos são indiferentes a nossa existência. Já pensou a merda que seria se todos nós andássemos brilhando por aí, enrolados num pisca-pisca de Natal?

Katie riu com tal ideia e realmente imaginou todos aqueles nova yorkinos estressados desfilando pela Quinta Avenida parecendo árvores de Natal. Esperava a mesma reação de Travis, mas ao olhar seu rosto, viu-o sério, com cenho franzido. Realmente próximo dela.

_ Acho que todo mundo ficaria cego...

_ Exatamente. Todo mundo, em algum momento da vida, precisa de atenção, de carinho, de um ombro amigo ou qualquer coisa assim. E se todos andarem deprimidos por aí, sentindo-se sozinhos, quem vai consolar quem? No momento certo as pessoas certas aparecem.

_ Me deixa adivinhar: você se acha a pessoa certa no momento certo?

Talvez a pergunta não devesse ter sido feita e talvez a resposta de Travis não devesse ter sido encostar os lábios dele nos dela. Mas Katie bem que gostou da sensação e puxou-o para si, passando a mão em seus cabelos bagunçados enquanto ele agarrava a sua cintura. Aprofundava o beijo cada vez mais, esquecendo-se das luzes dos fogos, do barulho e do frio. Esquecendo-se até que precisava respirar.

_ E essa é a resposta certa?

_ Se a resposta certa que você se refere é a explicação para você ser tão convencido... Então, sim, é a resposta certa.

Travis estava prestes a dar-lhe uma resposta tão irônica quanto, quando ouviu o ralhar ao longe das harpias. As três gordas mulheres galinhas corriam na direção deles, loucas para atacarem a geladeira no meio da noite.

Logo os dois estavam correndo, rindo e de mãos dadas, para trás duma árvore próxima, conseguindo se manter escondidos ali atrás.

_ Isso foi... Estranho.

_ Então, você realmente me acha estranha?

Embora o tom de Katie fosse brincalhão, seus olhos pareciam tristes.

_ Se estranha tiver o mesmo significado de única... Você é a pessoa mais estranha que eu conheço Katie Gardner.

Ele a beijou novamente, pressionando seu corpo na árvore, enquanto ela passa as pernas ao redor de sua cintura. Nenhum dos dois ali, naquele momento certo estranho e único, precisavam da atenção ou da admiração de ninguém para se sentirem como fogos de artifício.


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Notas finais do capítulo

E eeeeeeeeeeentão? Quero muitos reviews de vocês, viram? E, caso tenham gostado, ficaria MUITO feliz se vocês dessem uma olhada na minha long Don't Look Back In Anger (https://www.fanfiction.com.br/historia/200366/Dont_Look_Back_In_Anger) e também passassem por lá e dissessem o que acham. É isso. Não se esqueçam da linda caixinha super sexy ali embaixo. Beijão.



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