Poderia ser só mais um dia, só mais uma manhã de sol que tinha uma leve brisa entrando pela janela, fazendo com que os cabelos soltos da menina se debatessem lentamente em seu rosto, era uma manhã linda, nunca se vera um sol com um brilho patão intenso, um céu tão azul, mas nem toda beleza era o suficiente para fazer com que as lagrimas não tomassem conta seu seu rosto, era um olhar profundo e fixo em uma xícara de café, estava sentada em uma enorme sacada de onde tinha uma das mais belas vistas da cidade, lá poderia ver boa parte do oceano a sua frente, seus pensamentos estava presos em outra visão, seus ouvidos atentos em outro som que não era vindo do mar, que estava com a água mais azul do que nunca, seu coração tinha batidas descompassadas, suas mãos eram tremulas, a vontade que tinha era de correr de implorar, para que tudo fosse apenas um pesadelo, mas ela se deu conta que a realidade era dura e totalmente cruel , ao ouvir o som do cheiro cessar, e som de uma porta de abrir, se sentia como uma criança, tinha medo, tinha dor queria poder voltar no tempo e se calar, apenas ouvir e chorar.

Ela queria poder olhar novamente aqueles olhos azuis, tocar aquela pele, se sentir envolvida novamente por aqueles braços, que por tantos anos a fez se sentir segura, mas sequer poderia se aproximar, sem que algum som fosse feito, se levantou entrou no quarto que um dia foi o único lugar do mundo em que ela queria estar, o único lugar que se sentia segura, e que poderia te-lo, encostou seu corpo no vidro frio da porta, e ficou apenas fitando cada detalhe, cada móvel, cada objeto, estava fotografando tudo em sua mente, antes que o fim realmente se tornasse mais real em sua mente, a cama que um dia tanto se entregou a ele, estava coberta por roupas e malas, observar o homem, trajando apenas uma bermuda escura, andando de um lado para o outro, carregando seus pertences, deixando o espaço do quarto cada vez mais vazio, era como sentir facas sendo enfiadas em seu peito, uma dor tão forte e aguda, que a cada passo dado era como se sua vida estivesse sendo levada, talvez esse não fosse o momento de falar algo, de se ajoelhar em seus pés e lhe pedir perdão, de dizer o quanto errou e o quanto quer uma chance para voltar a ser feliz, esse era apenas o momento dar o tempo que fosse necessário.

Os passos eram firmes, seu olhar jamais fora desviado, estava tão concentrado em seus movimentos, que mal pudera notar ela ali, mesmo que muda implorando por sua atenção, implorando por seu perdão, ele sabia que o amor não tinha acabado e nem acabaria tão fácil e rápido quanto ele queria, sabia que iria sofrer sem ter sua pequena em seus braços, sem poder sentir seu perfume doce todas as noites, sem ter o toque de suas mãos após uma luta, lhe acariciando e dizendo o quanto estava orgulhosa dele, estava sendo cruel tomar essa decisão, mas seus sentimentos estavam destruídos, seu orgulho estava ferido, e seu coração se fez em pedaços, coração que um dia amou tanto essa mulher, que um dia fora tão feliz com aqueles sorrisos, e hoje apenas dói intensamente. Suas malas estavam prontas, as deixou próximo a porta, ainda não tinha coragem de encarar aqueles olhos que ele tanto amava ver, que poderia jurar serem verdes pela manhã, se sentou pela última vez naquela cama, acariciou timidamente os lençóis, ouvindo soluços, e mesmo de cabeça baixa, era possível notar aquele corpo pequeno se contraindo contra o vidro, os pequenos braços, envolviam seu corpo, em uma tentativa de se proteger de si mesma, e após tanto relutar finalmente a encarou.

A dor para ambos não poderia ser a mesma, mas a intensidade da troca de olhares, o som ofegante das respirações, o baixo soluço que fazia com que o peito da pequena se movimentasse, a força com que ela segurava a cortina sentindo o olhar dele queimar seu corpo, ele seria capaz de lhe causar as melhores sensações de lhe proporcionar uma felicidade inexplicável, e ao mesmo tempo era capaz de lhe tirar a vida, como estava fazendo apenas com esse olhar que continha, ,magoa muita magoa, dor raiva era um misto de sentimentos frustrados. Depois de alguns minutos seus olhares se cruzaram, ele se levantou vindo em direção a ela, já vestira uma camiseta branca sem nenhum tipo de desenho, o que lhe deixava ainda mais lindo, ela se soltou da cortina, suas mãos estavam tremulas, e frias, com a aproximação dele seu corpo todo se arrepiou, a proximidade era tanto, que sentir aquele perfume tão perto fez com que ela fechasse os olhos aspirando aquela fragrância que tanto amava, e um leve sorriso em meio a lagrimas marcou seu rosto, por vez ele não hesitou em sorrir o ver aquele rosto sorrindo, levou suas mãos ao mesmo, limpando as lagrimas que ainda insistiam em cair, se aproximou lentamente, havendo uma pequena troca de respirações, tocou sua pele fria com os lábios, depositando um beijo suave e terno em sua face, quando sentiu as pequenas e frias mãos tocando seus braços, por mais que ele relutasse e estivesse tentando fazer com que fosse menos doloroso, sentir o toque da pequena, deixava sua mente perturbada e confusa, ele tinha que ser forte, tinha que ser mais forte do que esse amor.

Antes mesmo que ela pudesse encarar os olhos azuis de tão perto, ele quebrou totalmente o contato, indo em direção a porta e levando todas as suas malas,ela não precisava abrir os olhos para saber que eles não estava lá, que o quarto estava vazio e seu coração havia se quebrado totalmente,logo seus olhos encontraram o chaveiro, nele havia muitas chaves, mas apenas uma lhe chamava a atenção apenas uma ela conhecia bem, o que a fez sorrir, o tal chaveiro continha as inicias A & B graças em uma pequena chapa de aço, do outro lado duas datas 11/12 e 30/01 datas que ela jamais seria capaz de esquecer, prensou o chaveiro contra seu peito como se pudesse sentir ele em seus braços novamente, saiu do quarto e andou vagarosamente pela casa, observando os oveis e sentindo o vazio que tomava conta da mesma, caminhou até o imenso jardim da frente, e observou ele arrumando suas coisas no carro, ao lado dele haviam duas bolinhas de pelo observando tudo atentamente. Assim que terminou de arrumar suas coisas, ele as pegou no colo afagando carinhosamente seus pelos, sentindo sua pele receber lambidas como se fossem provas de amor, mesmo ali parado de costas podia sentir um olhar culpado, um olhar que implorava por perdão o mesmo olhar que ele um dia amara ver todas as manhãs.

Colocou as duas no chão que saíram correndo pelo jardim, pode ouvir barulhos de chaves, caminhou até ela respirou fundo sentiu seu coração bater cada vez mais forte, quando finalmente ficou perto o bastante para sentir seu perfume, olhar em seus olhos, tocou sua face com uma das mãos, e observou os olhos dela se fecharem, toca-la fez seu coração acalmar, em um único impulso, a puxou delicadamente para seus braços, colocando seu rosto em seu peito, deixando-a a ouvir e sentir seu coração bater, seus braços envolveram o pequeno corpo, deixando-o mais seguro, para ela não havia nenhum lugar no mundo mais seguro que nos braços dele ela fechou os olhos se deixou sentir o toque de sua pele, o seu coração bater, era ali que ela queria estar, era ali seu lugar, mas sabia que no fundo não tinha o direito e nem merecia estar nos braços do homem da sua vida.

Delicadamente, ele segurou seu queixo erguendo seu rosto, deixando-o mais próximo do seu, aos poucos a distancia foi diminuindo até que seus narizes se tocaram, ambos sentiam as respirações quentes tocando suas peles, calmamente os lábios dele tocaram os dela, era um contato tímido, por mais que seus corações estivessem partidos e sofrendo com uma dor imensa, esse beijo que se iniciava de forma calma, transpassava todo amor que havia entre eles, sua língua pediu passagem que logo foi concebida por ela, não demorou para que ele envolvesse seus braços no corpo dela, o barulho do chaveiro caindo no chão eras sinal dos braços dela envolvendo o pescoço dele, ele sabia que por mais que seu coração estivesse machucado e a dor fosse tão forte capaz de lhe faltar o ar, ela era a única que tinha a cura para isso, mesmo que fosse a causadora desse sofrimento.

Ele a queria mais do que nunca, ele a tinha mais do que ninguém sabia que nunca nenhum homem poderia tocar ela, pelo simples fato de ser seu dono, de ser o único homem que conhecia cada pedaço do seu corpo, nada simplesmente nada teria o poder de separar os dois, havia algo que prendia um ao outro, algo totalmente inexplicavel , sabia que recuar em sua decisão era aceitar novas brigas, era continuar com seu ciumes e sua possessividade, mas o mais importante era ter a sua pequena, o seu amor em sua vida em seus braços, ela nunca teria coragem de negar a ele isso, estava totalmente entregue, estava disposta a viver uma vida diferente, a deixar seu orgulho de lado, e finalmente ser feliz por completo com o grande amor de sua vida. A essa altura ele estava apoiado no carro com ela em seus braços, o ar já faltava em seus pulmões, quando com muita relutância o beijo teve fim, permaneceram da mesma forma, com uma troca de olhares o que já era mais do que o suficiente,afagava carinhosamente os cabelos longos, enquanto ela repousava seu rosto no peito dele sentindo seus batimentos, e um leve sorriso se formou em seus rostos, quando depois de tanto silencio,uma voz meiga, fina e baixa tomou contado imenso jardim.

- Boo diiiia, mamaii , boo diiiia papaiii - dizia uma pequena de lindos olhinhos azuis, pele branca, com um sorriso que mal cabia em seu pequeno rosto, seu cabelo ainda estava bagunçado, ainda trajava um pijama branco com pequenas flores roxas, não hesitou em correr na direção dos pais, sendo abraçada por ele, em seu colo, a pequena sorria, sem nem ao menos saber do que havia ocorrido, ele trazia calma e paz, tudo que era necessário nesse momento, se aconchegou nos braços do pai, olhando atentamente para a mãe, que sorria com os olhos marejados.

-Somos uma família, eu só posso ser feliz com vocês do meu lado - disse ele beijando a testa da pequena em seus braços, e logo selando seu lábio com o da mulher, que prontamente, o abraçou colocando seu rosto no peito dele, próximo ao da menina, que sorria, mostrando toda felicidade que sentia em ter seus pais juntos a ela.

-Te amo, minha princesinha - disse acariciando a pele macia, as bochechas rosadas fazendo os pequenos olhos azuis brilharem como nunca - Te amo,minha vida - falou, depositando um beijo terno no rosto do homem, que permanecia de olhos fechados, mas com enorme sorriso nos lábios.

" Você poderia cometer inúmeros erros, pode deixar seu orgulho falar mais alto, poderia tentar fugir dos problemas, negar dizendo que não é capaz de resolve-los, poderia ir embora passar o tempo que for, se o amor for verdadeiro, ele vai estar no mesmo lugar te esperando, e com a mesma intensidade como da primeira vez. Não importa o tempo que passe, não importa quantas brigas acontecerem, ou quanto tempo ficamos sem nos falar, não importa simplesmente nada, o meu amor, ainda vai estar aqui, ainda vai ser o mesmo, mesmo que eu não te sinta ao meu lado, o seu amor ainda estará em meu peito, ele me manterá segura e viva, te esperando para finalmente seguir até o fim da eternidade ao seu lado."

Para sempre sua, para sempre meu!!