Life Hates Me. escrita por dreamr


Capítulo 39
rosemary's quote


Notas iniciais do capítulo

demorei, eu sei, mas compensei com um maiorzinho



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– Ok... Ok... Mas nesse tempo todo na clínica, você não fez questão de tentar se entender e tratar a ‘sua questão’... Ou fez? Olha... Você só afasta, cada vez mais, as pessoas que se importam com você.
Soltou um último suspiro, balançou levemente a cabeça e saiu. Só então eu reparei que junto de nós havia uma enfermeira. Gordinha e baixinha, toda meiga e tímida no canto da sala.
– Ér... Desculpe senhorita, eu estava cuidando de seus medicamentos, mas já estou de saída.
– Ah não, tudo bem, não se preocupe.
– Ah, não se esqueça de tomar esses aqui quando der meio-dia, tudo bem? – chegou perto da minha cama e os deixou na minha mesa.
– Pode deixar, chefe!
Riu e eu me senti acolhida naquela manhã nada boa. Eu já não tive o melhor dos dias ontem e tive uma manhã também nada calorosa com a Sarah.
– Ér senhorita, não quero me intrometer... Mas a dona Sarah é uma pessoa legal. Juntou-se a nossa equipe em março, mas é uma amiga de longa data e por isso posso dizer que a conheço bem e sei que disse tudo isso de boas intenções.
– De longa data?
– Bom, digamos que ela passou um bom tempo aqui na clínica antes de trabalhar oficialmente conosco!
– Passou um tempo aqui fazendo o que?
– Tratamento, uns anos atrás...
– Uns anos? Tipo quantos?
– Deixe-me ver... Ela entrou com uns... Quatorze? É, e saiu com mais ou menos vinte se não me engano.
– O que?! – deixei um grito escapar.
– Sim, ela é muito querida por todos nós. Não fique brava com ela, ela diz que odeia ver vocês sem liberdade, sem vida e amor próprio. Não afaste ela de você neste momento...
Comecei a calcular, recalcular e a pensar em... Tudo. Como assim, ela entrou aqui com catorze? O que uma criança faria numa clínica de reabilitação? São tantas perguntas, que não poderão ser respondidas, pelo menos agora.
Você só afasta, cada vez mais, as pessoas que se importam com você.” e “Não afaste ela de você neste momento...” dominavam os meus pensamentos. Se eu parar para pensar agora, meus pais, madrasta e irmã não estão comigo há tempos. A Nicole, a Claire e o Joshua também não vêm com muita frequência, até a minha psicóloga consegui afastar... Só havia me restado uma única pessoa que me apoiou muito de um tempo para cá e que eu consegui magoar.
– Com licença, você conhece o Justin? Justin Bieber?
– Mas é claro! Que garoto lindo! – deu uma risada.
Ri de leve.
–Você não teria, sei lá... Por acaso, o número dele, teria?
É óbvio que não! Mas que pergunta estúpida! Porque a enfermeira... Rosemary, segundo seu crachá, teria o número do Justin, digo... Porque ela...
– Mas é claro!
Encerrei meus pensamentos e fiquei surpresa. Comecei a rir descontroladamente, só o Bieber mesmo para trocar telefone com até as coitadinhas das enfermeiras.
– Jura? – tentava dizer algo enquanto ria. – Então... Você... Poderia me passar? Ah... Esquece, não adiantaria já que meu celular foi aparentemente confiscado!
– Sei que não deveria fazer isto, mas... – pegou algo de seu bolso. – Não conte para ninguém! Procure na lsita de contatos.
E eram muitos, quando achei estava como “Justin, me liga que estou te esperando ;)”. Sim, esse era apenas o nome dele na agenda de contatos da Rosemary. Ri mais, ela me perguntou o que era e quando mostrei ficou roxa e começou a rir junto comigo. Ela não tinha percebido o que o retardado havia feito na agenda dela.
Apertei o botão de 'chamar' e esperei na linha.
~ JUSTIN POV ON.
– Olha só... Não é que o muleque veio mesmo?
Encontrei Cory na porta da casa dele que estava lotada.
– Não disse que vinha, otário?
Travis riu do meu lado.
– Só veio porque levou um pé na bunda final da ex-namorada!
Os dois começaram a rir. Filhos da mãe.
– Isso é que é poder hein? Levar um pé na bunda ainda depois do namoro terminar. Porque você ainda corre atrás, cara?
– Dá pra os viados calarem a boca e me darem licença?
– Ui! Desculpa! - Cory desviou deixando o caminho livre e eu entrei.
Quando o Travis falou dessa festa pensei profundamente em nem vir. Mas aí rolou tudo aquilo com a Lisa que me fez repensar e eu percebi. É, eu fiquei muito tempo feito um cachorro correndo atrás dela e só levei patada. Sei ainda da minha culpa, mas se ela não quer mais, o que eu posso fazer? Quero curtir a minha vida.
– Bieber! - Travis gritou e me alcançou. - Não fica nervosinho com o que eu disse não!
– Cala a boca idiota, vou pegar algua coisa para beber!
– Então tá, traz para mim também... - virou para uma garota. - Ei gata, que que é isso?!
Encostei no bar que tinha no meio da casa e tinha um cara servindo. Não apenas 'um cara', mas o cara!
– Chaz!
– Bieber, quanto tempo muleque! - fizemos um toque.
– O que tá fazendo de barman?
– Eu faços uns bicos por aí enquanto não rola um emprego fixo. É o jeito! E você? E a Lisa?
– Tô na faculdade né, minha mãe meio que já tem meu futuro preparado... E a Lisa... - tossi, limpando a garganta - A Lisa tá... Bem?! Bom, você sabe... Depois daquilo lá nunca mais foi a mesma!
– Cara eu me arrependo até hoje sabia? Nem lembro direito o motivo daquela aposta, mas não era pra estragar a vida da garota...
– Não e ainda escolhemos a pessoa mais frágil de todas! - disse à parte: - Tinha que ser ela...
– Mas acho que o Nicholas escolheu ela por isso mesmo!
– Por isso mesmo o que?
– Você não lembra? Depois de você pegar a garota que ele estava a fim que rolou a aposta...
– A Brooke... Tá e o que isso tem a ver?
– Ele pegou a Lisa porque ela era toda esquisitinha, quieta e na dela. Segundo ele, era a "idiota perfeita"... Cara, o Nicholas é escroto!
– Hum... - comecei a pensar em tudo o que aconteceu e lembrar do dia da aposta.
Até que senti algo vibrar atrás de mim, provavelmente meu celular, mas quando virei tinha uma garota.
– Ah... Olá senhor perfeição...
Era uma vadia, daquelas fáceis de pegar, mas era gata e isso eu não posso negar. O pior é que essas são meio dificéis de resistir, ela começou a percorrer minhas costas com o dedo.
~ LISA POV ON.
– Ele não atendeu...
– Tenta de novo! - insistiu.
– Acho melhor não Rosemary... É seu celular e... - me interrompeu.
– Nada disso, vai em frente! Tente outra vez!
Na dúvida, tentei outra vez. Novamente tocou muito e a voz da 'caixa eletrônica' agraciou meus ouvidos. Desliguei com raiva, eu queria muito poder falar com ele e me desculpar. O ressentimento e a dor de todo o nosso passado ainda me ocupava, mas talvez seja só isso... O passado. Nós amadurecemos com o tempo e aquilo foi uma brincadeira -muito cruel, mas uma brincadeira- de colegial. Acho que eu comecei a perdoa-lo de um tempo para cá e tudo o que eu queria era.... Conversar direito com ele, coisa que não consegui desde que nos reencontramos.
– Talvez seja melhor... Sabe eu não ter que falar com ele, ele não ter que falar comigo... Melhor assim...
– Se você acha... Mas na sua situação só consigo lembrar da frase de Léon Tolstoi, "O amor começa quando uma pessoa se sente só e termina quando uma pessoa deseja estar só". Você deseja estar só? Sem ele?
– Não... - sussurrei automaticamente. - Ah, eu fiquei um bom tempo e... E nem... Nem senti falta.
– Jura? Bom, senhorita Lisa, quem sou para me intrometer? Só quero sua felicidade e que esteja cem por cento na saúde novamente.
Por fim, fez uma cara reflexiva e saiu do quarto levando uma bandeja com toalhas de banho e seu celular.
Depois que a porta bateu, comecei a pensar em tudo que venho sentindo e a passei a me entender melhor. Levantei da cama e cambaleei, era uma sensação estranha, mas bem familiar para mim. Era daquele querido sedativo que os médicos adoram usar em mim, ao invés de tentar me acalmar com a simples e boa conversa. Quando finalmente recuperei minhas forças, sentei à janela (http://data.whicdn.com/images/19397320/tumblr_ltuwdxEV7D1qfphuao1_1280_large.jpg). A mesma em que fiz minha inesperada fuga com o Justin para uma prévia da minha liberdade.
Quando sentei, a frase de Rosemary não parou de ecoar em minha mente e fazendo um verdadeiro estrago em toda a minha percepção da vida. "O amor começa quando uma pessoa se sente só e termina quando uma pessoa deseja estar só", é... Quero dizer, não... O nosso amor não começou agora, apesar de eu me sentir só, principalmente em relação a ele que sempre esteve aqui. Eu já o amava antes, então não faz sentido.
Balancei a cabeça e parei de pensar naquilo, já estava ficando dolorido. Sai do quarto e fui andar pela clínica, no meio da minha caminhada ouvi um grito que se referia a palavra "Oh muda!" e já sabia do que se tratava na hora. Era a Jessica, a ruivinha. Virei.
– Jessica!
– E aí, tá tudo bem? Ficamos sabendo do seu... Incidente... - percebi que ela tentava ser gentil com as palavras.
– O que você quer dizer é que ficaram sabendo do meu ataque descontrolado de garota mimada?
– Lisa você não é mimada!
– Mas o que fiz ontem foi uma atitude de menininha que não conseguiu o que queria! Fiquei louca só por não achar uma... Enfim, que vergonha de vocês terem que ficar sabendo disso!
– Lisa, estamos aqui pelos mesmos motivos que você, talvez não exatamente iguais, mas te entendemos. - colocou a mão em meu ombro. - Esquece isso!
– É só que eu... Estou exausta, entende? Eu tenho vivido a base de sedativos e nem é por opção minha, teve uns dias atrás em que eu já estava confusa sobre o que era real e o que era sonho, pois as minhas horas acordadas eram raras...
Continuamos andando e eu desabafando na orelha da menina que mal conheço, mas era muito bom, ela parecia me entender e não me julgava. Era como se fôssemos velhas amigas.
– Foi assim comigo. E o que mais te cansou?
– Tudo?! - dei de ombros.- Perdi meus amigos, uma pessoa que eu... Ér, e minha família que nem vem me ver? Eu sinto falta da minha irmãzinha, ela é tudo para mim e não faço ideia de onde esteja neste minuto! - senti lágrimas rolarem.
– Tudo bem... - passou a mão nas minhas costas tentando acalmar meu soluço. - Vamos ocupar essa cabeça... O que quer fazer?
– Hum... - tentei me acalmar. - Na verdade eu me senti muito bem naquela aula de artes, foi meio que uma escapatória indolor dos meus problemas, sabe?
– Claro! - sorriu. - Vamos lá! Não deve estar tendo aula, mas entramos mesmo assim.
E assim fomos até a sala e passei a desenhar. Era minha nova droga. Era uma forma de me sentir bem e viva outra vez, sem ter que perder sangue e me tornar uma aberração para o que a sociedade chama de "pessoas problemáticas". Eu me sentia livre e de bem comigo mesmo enquanto traçava linhas e mais linhas sem sentido nos papéis, aos poucos elas formavam uma forma abstrata, de algum jeito, bonita. Fui mudando as cores e as combinações e prossegui, acabei preenchendo umas dez folhas com a minha 'arte'.
A Jessica fazia esculturas lindas na argila, algo que eu nem poderia sonhar, porque o máximo que eu faria seria uma cobra ou uma bola de futebol, se é que dá pra entender.
NO DIA SEGUINTE...
Ri.
– Jessica! Que horror!
– Desculpa, tenho vinte anos e também tenho necessidades! Se tivesse algum cara bonito por aqui...
– Hum... Você faria o que? - ri.
– Ah você sabe! - sorriu maliciosa. - Mas não enquanto eu não tiver alta, o que não está muito longe...
– O que? - me assutei. - Ahn, isso é... Legal! - sorri forçado.
Claro que desejo o bom para ela, mas o que será dessa clínica sem ela? Me apeguei muito à ela para ter que perder nossa amizade agora. Pensamento egoísta o meu.
– Calma neném, - riu. - Só tenho alta mês que vem!
– Como você recebe alta? Quando eu vou ter a minha?
Ela começou a rir e eu também, percebi que a minha reação foi bem daquelas garotinhas que invejam o que a amiguinha ganhou.
– Com os exames que eles fazem e nas suas sessões de terapia, eles sabem se você está preparada!
– Vish, vai demorar um século então...
– Mas você não voltou com as sessões?
– Sim, conversei com a Sarah ontem e tá tudo bem, mas exames e tudo mais... Não sei se consigo voltar ao normal com meus níveis sanguíneos e de vitaminas, muito rápido.
– Consegue sim!
– Hum... Ok, mas e aí? O Mitch não te faz suspirar nem um pouco?
– Ele é louco!
– O que você esperava de um paciente daqui? Não somos muito normais infelizmente...
– Os loucos são os melhores! - sorriu.
– Então...?
– Não, o Mitch não... - riu.
Estávamos rindo e conversando quando a enfermeira chegou dizendo que eu tinha visita. Olhei de lado para Jessica e ela sabia o que eu estava pensando. Tudo o que eu esperava era que fosse minha irmãzinha ou o... Bom, é difícil de admitir, mas... Ér, o Justin. Sai meio animada com quem pudesse ser e fui até o meu quarto, quando cheguei dei de cara com ele.


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Notas finais do capítulo

tá no fimmmmmm



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