Capitulo Um.

       Eu podia jurar que minha cabeça nunca havia doído tanto em toda minha vida. Abri meus olhos bem devagar e eles arderam quando viram a claridade que entrava pela janela. Fechei os olhos de novo. Sentia como se minha cabeça fosse explodir a qualquer momento. Inclinei meu corpo para frente apoiei meus cotovelos em meus joelhos e coloquei minhas mãos no rosto. Forcei-me a abrir os olhos. Eu me encontrava sentado no sofá rodeado por latinhas de cerveja e maços de cigarro. Joguei minha cabeça para trás. Estava me sentindo um completo inútil. Sentia-me como uma peça quebrada de um jogo que estava pronta para ser jogada no lixo. Nada parecia fazer mais sentido naquele merda que eu constantemente chamava de vida.

       Levantei do sofá e fui chutando as latinhas de cerveja que iam aparecendo a minha frente. Subi para o meu quarto e tomei um banho gelado. Havia acabado de sair do banheiro quando a campainha da casa começou a tocar. Verifiquei as horas no relógio que se encontrava em meu criado mudo.

- Ok! Com certeza não é nenhum daqueles viados me fazendo uma visita surpresa. Não a essa hora – falei comigo mesmo.

       Ainda era sete horas da manha e eles só acordavam depois de meio-dia. Rapidamente troquei de roupa, pois estava de toalha e desci para atender a porta. Assim que eu o fiz dei de cara com uma mulher muito linda. Ela era baixinha, tinha os olhos castanhos claros, cabelo longo que passava de sua cintura e um belo corpo.

- Bom dia – falei um tanto quanto confuso com a visita de uma desconhecida.

- Bom dia Brian – ela falou seriamente. Como ela sabe meu nome? Perguntei a mim mesmo – você não se lembra de mim estou certa? – seu olhar era penetrante e estava me dando medo.

       Fiquei vasculhando na minha mente alguma lembrança daquela pessoa que me fuzilava com o olhar, mas nada.

- Erm... Não – respondi meio sem graça.

- Vou clarear um pouco sua mente Brian. Meu nome é Mary... Há quatorze anos nós nos conhecemos em uma festa aqui mesmo em Santa Barbara e você passou a noite inteira correndo atrás de mim até que eu finalmente realizei seu sonho e deixei que me levasse pra cama. Só que naquele mesmo dia também quando acordei numa parte deserta da praia e você simplesmente havia desaparecido! – seu olhar para mim agora era praticamente assassino.

       Algumas cenas de um verão muito passado começaram a surgir na minha mente e ai...

- OMG! Mary! Nossa... Quanto tempo? E ai como vai à vida? – perguntei tentando descontrair a situação tensa.

- Você é mesmo um cretino! Não mudou nada! – ela gritou.

- É... Você veio a minha casa às sete horas da manha pra ficar me insultando é isso mesmo? Podia ter esperado pelo menos até meio dia né? – ironizei.

       Ela colocou seu dedo indicador na minha cara.

- Eu vim aqui seu babaca para te avisar que naquela nossa noite juntos aconteceu uma coisa que criou uma ligação eterna entre a gente! – Mary praticamente gritava.

- Ligação eterna? Do que exatamente você está falando? – perguntei confuso.

- EU ENGRAVIDEI SEU BABACA! – dessa vez ela gritou.

       Senti meus olhos se arregalarem. Meu coração foi a mil e minhas pernas tremeram.

- Você? Engravidou? Como?

- COMO? Engravidei quando você enfiou o seu... – e nesse momento fui obrigado a tampar sua boca antes que algo nada agradável saísse ali de dentro.

       Mary respirou fundo e fechou os olhos. Tirei minha mão de sua boca. Ela passou a mão nos cabelos.

- Se você quiser fazer teste de DNA pra ter certeza de que ela é sua... Sem problemas. Não me importo. E antes que você pergunte o porquê de só agora eu vir contar isso pra você... Eu vou te explicar – disse ela.

- Tudo bem... Porque nós não entramos e você fala lá dentro?

- Não quero entrar! É rápido falarei aqui mesmo.

- Como quiser – cruzei meus braços e fiquei olhando para ela.

- Durante esses quatorze anos eu não precisei de você. Nem eu e nem minha filha. Mas agora... Estou com alguns problemas e terei de me afastar. Você é a única pessoa que pode ficar com ela! A ÚNICA – eu podia ver nos olhos de Mary um pontinha de desespero.

- Meu deus – passei minhas mãos pelo rosto – não consigo acreditar que tenho uma filha de treze anos.

- É, mas você tem! E ela precisa de você agora – Mary encarava o chão.

       Respirei fundo também.

- Qual o nome dela? – perguntei curioso.

- Lea – falou Mary.

- É um belo nome.

- Homenagem a minha mãe, mas enfim... Você vai poder ficar com ela ou não?

       No exato momento daquela pergunta eu fiquei pensando em como seria EU cuidando de uma menina de treze anos de idade. Fácil não ia ser, mas ultimamente eu andava me sentindo tão sozinho, tão inútil... Talvez fosse bom pra mim.

- Tudo bem. Eu fico – respondi.