POV Blair:

Estava quase a chegar, virava na segunda à esquerda e chegava ao destino, mas um foco de luz apareceu À direita e vinha rápido, e eu não consigo recuar nem avançar, e fui projetada para a esquerda, e tudo ficou escuro, por uma fração de segundos senti-me morta, pelo menos senti o que as pessoas descrevem como morrer. Depois tudo deixou de ser tão escuro, olho e vejo-o com sangue na testa, no peito, nos braços, por todo ele. Chamei-o, ou melhor tentei, a voz não saiu, seria eu a imaginar, seria real? Tentei tocar-lhe mas senti-me a ser puxada, a ser afastada dele, e ninguém parecia nota-lo. Deitaram-me numa maca, e afastaram-me ainda mais dele. Tentei gritar, gritar por ele, mas nada saiu novamente. Senti lágrimas caírem pelo rosto, desespero, culpa, tristeza, aflição, medo; tudo se transformou em lágrimas, até que deixei de sentir alguma emoção que fosse. Foi como dentro de mim não houvesse nada para além de sangue e ossos e órgão, não havia alma, o cérebro deixou de pensar em alguma coisa que fosse, simplesmente mandava o meu coração bombear sangue, pois este, eu sentia-o acelerado.

E ele como estaria ele, sentiria aquilo que eu sinto, estaria vivo ou estaria morto.  Um senhor falou comigo e por segundos pensei que fosse bom sinal eu ouvi-lo, perceber o que ele dizia, mas logo a seguir preferia que isto não tivesse acontecido. Ele morrera, ele em vez de mim, eu quis sair ele não, eu não ele! Porquê que tudo muda rapidamente, porque não fica tudo sempre igual? Seria aborrecido, mas provavelmente não seriamos confrontados com o peso da morte de alguém. Voltei a olhar em meu redor na espectativa de que nada disto tivesse acontecido, mas era verdade, tudo estava destruído, ele estava morto e consequentemente, eu também tinha morrido, pelo menos por dentro. Eu vi-o e emiti o primeiro som desde que aquilo tudo acontecera: Desculpa.

POV Harry:

Blair tinha adormecido a ver o filme então quando este acabou, levei-a para o meu quarto e deitei-a na minha cama onde me deitei a seu lado. Estava a observá-la, ela tinha um aspeto delicado, rosto branco, os seus lábios bem vermelhos e o cabelo muito negro, fez com que eu me tornasse naquelas pessoas que quando estão a observar ficam horas e horas a observar a peça de arte, o mesmo aconteceu comigo fiquei tempos e tempos a observá-la e ela era perfeita. A certa altura vejo lágrimas a escorrerem-lhe pelo rosto e ela gritava desculpa, tentei acordá-la, mas nada parecia resultar até que eu resolvi dizer:

- Eu perdoo-te

Ela abriu os olhos rapidamente enquanto dizia:

-Maninho – quando ela os abriu por completo notei deceção nos olhos dela. Mas isso não a impediu de me abraçar, abracei-a de volta. Algo nela me dava vontade de a propteger

- Posso-te contar uma coisa?

- Podes, claro eu estou e sempre estarei aqui para ti, prometo

- Não podes prometer uma coisa dessas

- Como assim- perguntei confuso

- Não podes prometer que vais ficar sempre aqui, porque tu não o sabes, não controlas isso

- Mas por enquanto estou aqui

- Não me julgues, para isso já chego eu

- Não vou julgar-te

-Então aqui vai…