Blood On My Hands escrita por Adrenaline Earthquake


Capítulo 1
Unic


Notas iniciais do capítulo

Wazzup.
Fazia um tempinho que eu não postava one e tals... -q
A fic foi baseada na letra e no vídeo da música Blood On My Hands, do The Used. A música é foda, falow? -qq
Enjoy!



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Mais uma noite e preciso efetuar mais um assassinato.

Não é fácil ser um assassino em massa, mas, oras, não é por escolha minha. Meu psicológico necessita disso. Além do mais, é divertido ver as notícias e manchetes nos jornais impressos e televisivos. “Kaleidoscope Killer ataca novamente”. “Desconhece-se o motivo para tantas matanças”. “Pessoas da cidade lamentam vestidas de preto”. Entre várias outras manchetes ridículas, mas que caracterizavam bem o meu... Ofício.

Se é que pode se chamar isso de ofício.

Liguei a TV velha e pequena que havia no meu quarto. Após alguns minutos em que eu observei a estática, a imagem começou a se formar, mostrando um homem vestido de terno, segurando alguns papéis. Ele olhava fixamente para a câmera e falava:

-Mais três mortos por KK”.

Gargalhei sadicamente ao ouvir as palavras saindo da boca do jornalista. Era ridículo como as pessoas eram tão cegas a ponto de não ver o que eu fazia, ou melhor, não ver que era eu que fazia. Com o tempo, descobri que o jeito mais fácil de fazer o que faço era cometendo assassinatos estranhos. Porque ninguém acreditaria. Hoje em dia, ninguém acredita no que a TV fala, todos ficam repetindo a mesma ladainha de que “a mídia só mente sobre tudo”.

Bom, tenho uma coisa a dizer a essas pessoas: desenvolvam senso e comecem a acreditar em algumas coisas.

Acho que é por isso que sou considerando o assassino em massa mais perigoso do mundo: porque faço coisas “inesperadas”, mas esperadas ao mesmo tempo.

Assisti rapidamente ao jornal. Dizia as mesmas coisas de sempre. Sei lá quantos mortos pelo Kaleidoscope Killer. Perícia investigando. Sangue nos espelhos. Nada novo. Logo depois, inflação em sei lá que país, terroristas no Iraque, doença ultra rara espalhada pelos países subdesenvolvidos, blablabla. Desliguei a TV e apoiei-me na mesinha, encarando o espelho que tinha um pedaço de uma notícia de jornal colada.

“Kaleidoscope Killer ataca novamente. Quando ele irá parar?”

Mais uma vez, ri sadicamente.

Quando irei parar?

Nunca!

Matar me causa um prazer indescritível, mais do que qualquer coisa. Por que pararia? Além do mais, nunca fui pego até agora. O mais perto que já cheguei foi de cogitarem meu nome. Ainda me lembro da manchete no jornal. “Será Gerard Way o Kaleidoscope Killer?”. Logo descartaram a hipótese e pude voltar à minha rotina sanguinária.

Falando em rotina sanguinária, está na hora de eu procurar minha próxima vítima.

Pus meu casaco, escondi minha faca dentro dele e saí de casa, com as mãos nos bolsos, tentando me proteger contra o frio de New Jersey. As pessoas me olhavam torto, deve ser por causa de minha palidez incomum, que contrastava com o preto de meu casaco. Simplesmente ignorei-as.

Aí está mais um motivo de meu surto psicopata: exclusão social. Meus problemas sociais influenciaram muito na minha decisão de me tornar um assassino em massa.

Entrei em um shopping e comecei a observar as pessoas. Nenhuma delas me impressionou ou chamou minha atenção, por isso, continuei andando até entrar no cinema. Sentei-me em uma das poltronas e fingi que observava meu celular, enquanto, na verdade, analisava o rosto de cada indivíduo. De repente, um casal chamou minha atenção. Bom, na verdade, não só a minha atenção como a dos outros. Afinal, a garota praticamente gritava em um canto do cinema, olhando furiosamente para o garoto à sua frente.

-... PENSA QUE NÃO VI COMO VOCÊ ESTAVA OLHANDO PARA AQUELA VADIA NO MEIO DO FILME?!

-Jamia, pelo amor de deus. – suplicou o garoto – Você está chamando a atenção de todo mundo no cinema...

-FODA-SE QUE ELES ESTÃO OLHANDO! SEU... SEU... ARGH!

Os dois pareciam não ter mais do que dezoito ou dezenove anos. A menina estava vermelha de raiva, e o menino se encolhia o máximo que podia, olhando em volta para ter certeza de que não havia nenhum instrumento que poderia ser usado como uma arma mortal contra ele.

-Você sabe que eu não estava olhando, Jam, eu te amo... – ele sorriu fracamente, mas a namorada não lhe deu ouvidos.

-AH, ENTÃO PODE PASSAR TODO O SEU “AMOR” PARA A TAL KATHERINE! SEU IMPRESTÁVEL! – disse ela, chorando e saindo do cinema, enfezada. O namorado suspirou fundo, como se aquilo já fosse uma rotina maçante e idiota que ele era obrigado a viver. Sorri de lado. Era a oportunidade perfeita. Um abalo sentimental deixa as pessoas mais vulneráveis. Além do mais, aquela criatura era baixinha e levemente afeminada, não parecia ser a pessoa mais... “Forte” do mundo. Parecia ser bem inocente, principalmente com seus traços infantis e doces, mesmo apesar das tatuagens espalhadas pelo corpo. Aproximei-me discretamente, tentando não parecer muito perigoso. Sorri descontraidamente e comecei uma conversa.

-Problemas com a namorada, huh?

-Não é o primeiro. Ela faz isso praticamente toda semana. – ele riu amargamente – Mas vem chorando para mim dois dias depois, dizendo que pede desculpas e que foi idiota. – ele balançou a cabeça. Ri baixinho.

-Não se preocupe, sei como é... – e sei mesmo. Minha ex-mulher Lindsey quase me levou à loucura. Mas tudo bem, porque meus problemas sociais terminaram o trabalho que ela começou – Qual o seu nome?

-Frank... – disse ele, um pouco desconfiado. Sorri docemente, ou pelo menos tentei.

-Frank. É um nome bonito.

Ele corou.

-Meu nome é Gerard Way.

-Ah, te acusaram de ser o Kaleidoscope Killer há um tempo, não é? – disse ele, rindo abertamente. Ri junto com ele, tentando não parecer nervoso.

-Foi sim. Mas não se preocupe, a pior coisa que farei pra você é pisar no seu pé sem querer.

Ele riu abertamente e assentiu.

-Tudo bem. Você não pode ser o Kaleidoscope Killer. Você é gentil demais para isso.

Ah, se você soubesse, Frank... Se você soubesse...

-Obrigado, eu acho. – dei de ombros – Bonitas tatuagens.

-Ahn, obrigado. As pessoas geralmente acham que eu sou delinquente por causa delas. – ele suspirou tristemente.

-Não acho. Você fica bonito com elas.

Ele corou fortemente.

Como já haviam dito antes nos jornais, tatuagens coloridas chamavam a atenção do assassino.

-Obrigado. – sorri de um jeito sedutor.

Sim, essa era minha tática. Seduzir minha vítima.

-Você está com uma cara arrasada. – comentei – Vem, eu vou te pagar um refrigerante.

-Ah, não, Gerard. Não precisa, eu estou bem, juro.

-Aham. – revirei os olhos – Não me convenceu. Anda, vamos, não vou te fazer mal. Só acho que você está meio abalado por causa da briga e... Bom, essa expressão abatida não combina com você.

-Por quê? – indagou ele.

-Porque você é fofo. Aposto que, com um sorriso estampado no rosto, você ficará ainda mais fofo.

Mais uma vez, ele corou, e sorriu.

E realmente, ele tinha ficado lindo com o sorriso sincero.

-Viu? Bem melhor. – sorri de volta e peguei seu pulso, puxando-o comigo para o McDonald’s mais próximo do cinema. Pedi qualquer coisa para nós dois e fomos nos sentar em uma mesa. Sentei-me de frente para ele e empurrei-lhe um refrigerante e um hambúrguer.

-Gerard, é sério, não precisava... – insistiu ele.

-Cala a boca e come. – ri divertidamente. Ele sorriu, sem jeito, e começou a comer. Enquanto comíamos, conversamos sobre coisas bobas. Descobri que ele gostava de música, mas que trabalhava em uma loja de doces. Estava fazendo faculdade. Morava sozinho. Enfim, entre várias outras coisas que, mais tarde, não seriam úteis para o que eu estava prestes a fazer.

-Sabe, Frank... Você é um garoto bem legal. – comentei – Não entendo por que sua namorada faz tanto drama com você.

-Ela é assim mesmo, já me acostumei. – ele fez uma careta.

-Mesmo assim, você não merecia passar por isso. – aproximei-me dele discretamente – Você é maravilhoso, Frank, merecia coisa melhor. – apoiei meus cotovelos na mesa fria.

-G-Gerard... – murmurou ele – Eu não...

Ri baixinho e suspirei antes de beijá-lo rapidamente.

-Vamos? – falei, como se nada tivesse acontecido. Ele estava confuso e visivelmente perturbado, demorou uns vinte segundos para responder:

-Ahn? Ah, sim, claro... Claro, vamos.

Descemos as escadas do shopping em silêncio. Quando chegamos do lado de fora, ele disse:

-Bom, minha casa é para lá... – ele apontou para a direção oposta de onde ficava a minha casa.

-Ah, que coincidência, a minha também! – exclamei, sorridente. Ele pareceu querer sorrir, mas não demonstrou nenhuma expressão e simplesmente assentiu.

-Então vamos?

Assenti e fomos andando, novamente em silêncio. Dentro da minha mente, eu planejava cuidadosamente o assassinato, de modo a não deixar pistas do que eu ia fazer. Era um trabalho longo, mas que eu apreciava.

Quando chegamos na casa do indivíduo, ele se virou para mim.

-Então... Minha casa é aqui. – disse ele, timidamente.

-Oh, ok. – tentei fazer minha voz soar o mais triste possível, como se eu fosse sentir muita falta dele.

Ele olhou para mim, como se me avaliasse profundamente.

-Quer... Quer entrar? – convidou ele, por fim.

-Adoraria! – sorri agradavelmente. Ele abriu a porta com a chave e deu espaço para eu entrar.

Era uma casa agradável. Bem maior e bem mais organizada do que a minha. O que chamou mais minha atenção foi a foto de uma criancinha fofa e sorridente, com os olhinhos brilhando de felicidade.

-Sou eu. – comentou ele – Com cinco anos. Minha mãe me obrigou a pôr isso aí.

Ri com a confissão de Frank e passei a olhar os móveis, tentando procurar alguma câmera que pudesse me incriminar. Pode parecer paranoia, mas não é. Isso é simplesmente cuidado profissional. Como nada chamou minha atenção em particular, portanto, voltei a fitar Frank, que parecia meio acanhado em ter uma visita.

Ele não precisa se preocupar. Será a última visita que ele vai ter o prazer de ver.

-Eu vou... – ele ia dizer algo, mas absteve-se – Já volto.

Assenti e continuei a observar a sala. Passaram-se uns dez minutos e ele ainda não tinha voltado. Resolvi ver onde Frank estava e encontrei-o no banheiro, com a porta aberta. Ele estava apoiado na pia de mármore, visivelmente cansado e confuso, parecia não saber o que fazer.

-Frank? – chamei – Está tudo bem?

-Oi? Aham! – disse ele, sorrindo de forma cansada.

-Não minta pra mim. – ri baixinho – O que houve?

-Eu só estou... Confuso.

-Confuso por quê?

-Eu... Achei que gostava de Jamia, a minha namorada. – explicou ele – Mas... Pode parecer idiotice, já que nos conhecemos fazem poucas horas, mas... Acho que eu sinto algo por você. – admitiu ele – Algo mais forte do que eu sentia por Jamia. Eu acho que... Acho que te amo. Apesar de, como eu já disse, parecer idiotice.

-Ah, é? – falei, tentando parecer curioso. Mas eu estava mesmo era nervoso. Isso nunca havia acontecido antes. Normalmente, as pessoas se sentem tentadas comigo por perto, mas nunca haviam chegado ao ponto de se apaixonarem por mim – Bom, eu... Eu não sei o que dizer...

Ele não respondeu, simplesmente me fitou intensamente.

-Mas acho que... – passei a mão levemente pelo mármore da pia – Você sentiu a frieza de meus olhos da primeira vez que o vi, e sentiu algo mais que não vou revelar.

-Senti. Mas acho que você é frio porque é sozinho. – explicou ele – E esse “algo a mais”, não sei o que é, mas quero descobrir. Por favor, deixe-me ficar com você. – suplicou ele.

-Não posso. Apesar de você ter se acostumado com meu disfarce, você não pode acabar com esse sentimento horrível de que existe algo escondido dentro de mim.

-Mas eu posso viver com isso. – implorou Frank, aproximando-se de mim, com aqueles olhos cor de avelã já cheios d’água, ele estava em desespero puro – Por favor, por favor, Gerard!

-Frank... – levantei seu queixo e selei nossos lábios – Você não sabe quem eu sou. Esse que você conhece sou o “eu” que eu deixo você conhecer, porque eu nunca vou mostrar quem eu sou de verdade, tenho minhas razões.

-Não me importo, Gee. – o uso de meu apelido me fez estremecer. Ele acariciou minha face delicadamente. Seu toque era macio e angelical, já fazia anos que ninguém me tocava desse jeito.

-Frank, afaste-se, vou acabar fazendo coisas que não quero... – falei, tentando me controlar. Pela primeira vez na vida, hesitei em cometer um assassinato.

-Não me importo. – repetiu ele, antes de me abraçar.

Aquilo havia sido a gota d’água.

-Odeio dizer que lhe avisei... – falei, acariciando o cabo da faca escondida em meu casaco – Mas eu lhe avisei... – tirei-a completamente, o que deixou Frank assustado.

-Gee... ? O que vai fazer?

Não respondi, simplesmente aproximei-me ameaçadoramente.

-Gee... Você... – ele arregalou os olhos – Você é o Kaleidoscope Killer!

-Gênio. – retruquei ironicamente, me aproximando ainda mais – Agora cale a boca, você soltou o monstro, e terá que lidar com ele.

Após isso, foi uma matança terrível, imagino eu. Na hora do assassinato, é como se alguém dentro de mim tomasse o controle, portanto, apenas no fim de toda a violência é que eu realmente me dou conta do que fiz. Não que eu fique com remorso ou coisa parecida.

A não ser dessa vez.

Ver o rostinho angelical de Frank mortalmente pálido embrulhou meu estômago. Arregalei os olhos. O que eu havia feito?

Olhei para as minhas mãos todas ensanguentadas.

-Há sangue em minhas mãos como o sangue em você... – sussurrei.

Solucei e senti lágrimas correndo por minha face. Encarei minha figura no espelho. Eu estava todo manchado de sangue. Era uma visão horrível. Voltei a olhar para a figura de Frank, tão pálido, tão inocente...

Aproximei-me dele, ainda soluçando, e beijei seus lábios já frios pela falta de vida.

-Algumas coisas não podem ser tratadas... Mas eu lhe avisei para se afastar... E não me fazer ser eu mesmo perto de você. – comecei a chorar ainda mais, sentindo uma dor horrível em meu peito – Diretamente de seus olhos, quase não sou eu. Seu rosto... Seu rosto tão maravilhosamente desfigurado... – afastei a franja de seus olhos – Eu não queria fazer isso, Frankie, eu sinto muito... Esse outro lado que você não pode enxergar... Foi ele quem fez isso, não eu!

Apenas rezando para que você não se lembre da dor. Sinta a dor que eu nunca mostrei, espero que você saiba que nunca vai sarar.

-Eu odeio dizer que te avisei, mas eu te avisei... – sussurrei, acariciando seu rosto, manchando-o com o próprio sangue.

Tentei afastar as lágrimas de meu rosto, mas elas já não importavam mais. Eu havia maculado aquela criatura tão perfeita, e só agora notava o que havia feito. Eu era um idiota.

Mas o estrago já estava feito. Eu tinha que sair dali.

Apoiei-me na pia para me levantar e peguei minha faca. Limpei o sangue em mim, mas, mesmo assim, parecia que ele não saía. Dei um último beijo em Frank, murmurando “desculpe-me” mais uma vez e saí da casa rapidamente, voltando para o meu próprio apartamento. Mas Frank continuou em meus pensamentos, atormentando-me, me levando à loucura. Somente duas horas depois foi que me lembrei de uma coisa:

Minha digital estava espalhada pela casa.

Sorri sadicamente. Enfim eu seria pego. Enfim eu teria o que merecia. Meu castigo.

-X-

-Suas últimas palavras?

-Há sangue na minha mão como o sangue em você...

Sorri tristemente. Os policiais se entreolharam e murmuraram “louco”, mas não dirigiram comentários a mim.

Então era esse meu triste fim. Morrer enforcado. O triste fim de Kaleidoscope Killer.

Não posso reclamar. Nada melhor do que uma vida por outra.

Um dos policiais se aproximou de mim e colocou um pano preto sobre minha cabeça. Desliguei-me de tudo, apenas esperando a hora de morrer. Não prestei atenção no que falavam lá fora, simplesmente fiquei me lembrando do sorriso doce de Frank, e de quando ele implorou para ficar comigo.

Será que ele ficará comigo?

Não, é obvio que não. Ele deve ter ido para o céu. Um monstro como eu certamente irá para o inferno.

Sorri tristemente ao sentir uma corda sendo colocada me volta de meu pescoço. Segundos depois, senti um compartimento se abrindo debaixo dos meus pés e...

Não consegui respirar.

Uma morte doce e dolorosa ao mesmo tempo. Era tudo o que eu precisava. De um adeus.

Adeus ao monstro dentro de mim.

Adeus Kaleidoscope Killer.

-Perdoe-me, Frank... – sussurrei fracamente antes de sentir a vida indo embora de mim.


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Notas finais do capítulo

Ui, ficou sombria -q Mas whatever -q
Welp. Acho que é isso '-'
Beijo o/