- Mel… - disse Niall interrompendo o beijo, e saindo de perto de mim.

                - O que houve Nini? Foi algo que fiz?

                Ele não me respondeu. Foi para seu quarto e fechou a porta. Levantei-me do sofá, fui em direção ao quarto, que ele aparentemente parecia estar, e percebi algo bem familiar em sua porta. Havia um bilhete, igual àqueles que eu encontrei espalhados por onde passava. Peguei-o e li: “Finalmente! Abra a porta e descubra a surpresa!”. Quando a abri, não havia ninguém no quarto, e vi mais um bilhete em cima da cama que dizia: “Sente-se.”. Sentei-me e de repente, Niall aparece com um violão cantando para mim, uma música bastante conhecida, “I’m Yours”, do cantor Jason Mraz. Foi o momento mais perfeito que já tive em minha vida, fiquei muito emocionada. Quando a música acabou, ele veio em minha direção, segurou uma de minhas mãos, e indicou que deveria levantar-me.

                - Para existir um príncipe, tem de haver uma princesa... Mel, você aceita ser minha princesa? – disse Niall.

                Uma lágrima escorreu de meu rosto, estava muito surpresa e emocionada com tudo aquilo. Isso havia sido a coisa mais romântica que já fizeram para mim. Niall era doce, e delicado, sabia como tratar uma garota, assim como ela desejava.

                - Aceito! – disse chorando.

                - Então, pare de chorar, minha princesa! – disse ele, limpando minhas lágrimas. E no final, selou o momento perfeito com um beijo.

                Não acreditei que aquilo estava realmente acontecendo comigo. Acho que mereço, porque nunca tive um namorado que me tratasse como eu realmente precisasse. Para Henrique, eu havia sido apenas mais um passatempo em sua vida, pois ele era conhecido como o que “ficava com todas” na escola. Confesso que me senti perdidamente apaixonada por ele, por isso, que não resisti aos seus “encantos”. Mas, fui tola. Não sabia que meninos iguais contos de fadas, assim como Niall existiam.

                - Me apaixonei por você desde a primeira vez que te vi. – disse Niall.

                O abracei bem forte e disse:

                - Sabia desde o começo que você seria a pessoa certa para mim. – disse, ainda limpando as lágrimas de meu rosto.

                De pensar que um dia, falei para mim mesma que nunca mais iria me apaixonar, porque todas as vezes que me apaixonei, sofria diariamente por não ter segurança e coragem para falar o que realmente sinto. Não gosto de me abrir com as pessoas, posso já ter falado isto. Sou muito calada, gosto de ficar em meu canto. Na escola, tinha poucas amigas, e mesmo assim, elas não sabiam exatamente tudo sobre minha vida.

                Prometi não amar mais, quando minha irmã faleceu em um acidente de carro. Seu nome era Charlotte, ela era oito anos mais velha que eu. Em uma tarde de domingo, ela saiu com seu esposo para fazer uma viagem até o Rio de Janeiro. Eles estavam bastante empolgados com a viagem, mas no meio do percurso, um caminhão se chocou contra seu carro. Pedro, seu marido, conseguiu sobreviver por algumas horas. Suas últimas palavras foram: “O BEBÊ!”. Depois, fomos descobrir que Charlotte estava grávida, mas especula-se, que ela queria nos contar apenas quando voltasse de viagem, para não ficarmos preocupados. Meus pais ficaram arrasados com tudo isso. Foi então, que meu pai começou a trabalhar com empresas, e minha mãe entrou na área de negócios com ele.

                - Mel, você está com sono? – perguntou Niall quase dormindo sentado.

                - Não, Nini. Mas, deite-se aqui, porque irei ficar acordada por mais algum tempo... – gesticulei, indicando que era para ele deitar em meu colo.

                Fiquei fazendo carinho em sua cabeça, até que ele dormiu, parecia um... Anjo! Pensei em ligar para minha mãe, mas já estava muito tarde. Então, lhe enviei uma mensagem: “Oi, mãe! Tenho muitas coisas para lhe contar, mas tem de ser pessoalmente. Como estão as coisas por aí? Papai está bem? Beijos, boa noite.” Não chegou a passar nem cinco minutos, quando... “Filha, você chegou em casa agora? Isso são horas para chegar em casa? Minha filha, você tem quinze anos, e sabe muito bem como se cuidar, não vou falar mais nada, porque você não me escuta. Eu e seu pai estávamos a sua espera, achamos que você ligaria pelo menos. Estamos bem! Boa noite, e se cuide Melanie Morgan, não quero surpresas!”. Ah, novamente os exageros de minha mãe. Não sei se é apenas ela que tem este tipo de reação. Será que todas as mães são assim? Resolvi ignorar esta mensagem, afinal, não queria me preocupar com absolutamente nada aquele dia. Estava sendo muito perfeito, para acabar com uma simples mensagem demonstrando o exagero de minha mãe.

                Já estava de madrugada, Niall estava com frio, e ainda estávamos na sala. Levantei sua cabeça de meu colo, delicadamente, fui para o quarto arrumar a cama, para podermos nos deitar. Quando o acabei, procurei acorda-lo para sairmos do sofá.

                - Nini... – bastou apenas uma chamada e ele acordou. – Arrumei a cama, vamos para lá.

                Ele levantou-se, deu um beijo em minha testa, e levou-me em seu colo até o quarto.

                - Boa noite, minha princesa... – disse dando-me um beijo.

                - Boa noite, Nini... – quando terminei de falar, ele abraçou-me e dormimos abraçados aquela noite.

                Quando acordei pela manhã, vi que Niall ainda estava dormindo, e continuei a dormir. Acordei pela segunda vez, Niall já não estava mais no quarto. Senti um cheiro de algo queimando, levantei-me correndo para ver o que era. Ele estava na cozinha, tentando fazer almoço:

                - Bom dia, Mel! É... É... Eu estava tentando fazer o almoço, mas não sei cozinhar.

                Sorri e disse:

                - Não tem problema... Deixa que eu cuide disso! – ele olhou para mim, me admirando. – O que houve?

                - Nada, gosto de olhar para você. – tive um sorriso pouco bobo no momento.

                - Então, explique-me o que você estava tentando fazer? – perguntei.

                - Macarrão... – ele sorriu.

                - Vamos lá! – disse concertando o que ele havia feito.

                Minha mãe havia me ensinado quando eu era pequena, a cozinhar algumas receitas básicas, já que eu ficava sozinha em casa constantemente.

                - Estava uma delícia! – disse Niall quando acabou de comer.

                - Obrigada...

                - Pensei de ficarmos em casa vendo alguns filmes, hoje... O que acha? – adoro fazer isso, mesmo estando sozinha. Mas agora seria diferente, estaria com Niall.

                - Acho uma ótima ideia!

                Quando acabamos de almoçar, Niall levantou-se, estendeu o braço indicando que deveria segurar em sua mão, para me ajudar a levantar. Ele entrou em seu quarto, pegou as cobertas e fomos para irmos nos deitar no sofá da sala de estar.

                Ele pediu para eu escolher o filme, e disse:

                - Você pode escolher os que quiser... Sei que não vamos prestar atenção.

                - Bem pensado! Então, pode ser este aqui. – disse, mostrando-me um filme.

                Deitei-me nos braços de Niall. Ele encostou sua cabeça na minha. Como havia dito, não iríamos prestar atenção no filme, então, conversamos um pouco. Niall parecia se interessar no que eu dizia. E quando ele falava, me perdia, porque quando ele falava, estava sempre com um sorriso estampado em seu rosto...