Blood Rose escrita por sakaki


Capítulo 2
Capítulo 1 - A garota da Rosa




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Capítulo 1 – A garota da rosa

 

   Estava tudo escuro, um mar de escuridão encobria a minha frente, tentei olhar para meu corpo durante um instante, e apenas conseguia ver um longo vestido tingido de vermelho envolto sobre ele, enquanto gotas caiam sobre minha cabeça, eu olhava para todos os lados tentando enxergar algo, mas conseguia apenas ver aquele enorme vazio. Um profundo calafrio começou a percorrer o meu corpo e aos poucos, o medo começava a me dominar, minhas pernas começaram a tremer e como se elas tivessem combinado, desabaram ao chão deixando-me de joelhos naquele mar de escuridão, aquela  sensação de que tudo estava perdido, que não havia escapatória, eu a conhecia bem, muito bem.

   “Rose”, foi essa sua única palavra, mas foi o bastante para que todo o medo que eu sentia desaparecesse no mesmo momento, enquanto levantava o meu rosto com uma de suas mãos, tentei olhar para frente e ver seu rosto, mas só consegui ver a mão que agora acariciava meu rosto.

  “Não tenha medo, Rose” , essas foram suas últimas palavras, e com elas uma chuva de pétalas começava a tomar conta daquela escuridão, fechei os meus olhos enquanto sentia as rosas caírem sobre meu corpo.

  Abri os olhos e olhei a minha volta, lá estava  a realidade a minha frente, não sei bem o porque, mas era sempre aquele mesmo sonho que se repetia, minha mãe sempre me disse para não ligar muito para essas coisas, mas aquele sonho me intrigava, havia algo nele que era especial, eu só não sabia bem o que, mas algo dentro de mim me dizia que ele não era um sonho qualquer.

  Fiquei ali deitada durante alguns minutos olhando para o teto, pensando em algo que pudesse explicar, mas talvez fosse melhor deixar para trás, era apenas um sonho, e sem nem perceber, aquele pensamento veio a minha cabeça.

 

“É sua última chance, não a estrague.”

 

 A porta se abriu.

  - Rose! Você vai se atrasar, rápido! –  Disse enquanto acendia as luzes rapidamente e jogava uma calça jeans meio velha e uma camiseta branca com o símbolo de uma cruz envolta aos dizeres: Colégio Três Marias, ao meu colo – Rápido!

  - Sim.

  Apenas afirmei e comecei a me vestir o mais rápido que consegui, correr contra o tempo para tentar chegar na escola na hora não era lá um dos meus passatempos prediletos, mas ás vezes um pouco de adrenalina era bom para dar uma acordada, vendo pelo lado positivo, pelo menos eu não dormiria no ônibus, não com um relógio por perto.

  - Tchau mãe.

  - Vai com Deus minha filha. E tome cuidado para atravessar a rua!

  - Pode deixar.

  E sai correndo como uma louca, eu precisava pegar aquele ônibus, eu não podia chegar atrasada, não no meu primeiro dia, corri mais e mais e ao olhar para o ponto, ele já estava partindo, eu o havia perdido, não pude fazer muito além de olhá-lo sumindo no horizonte enquanto tentava controlar a minha respiração.

“ Esse ano precisa ser diferente, por favor.”

  Era somente nisso no que eu conseguia pensar naquela hora. Foi então que parei para ver o que estava a minha volta,  já era Outono, as folhas encobriam o chão em uma espécie de tapete marrom, o vento soprava como se estivesse sussurrando nos ouvidos de alguém, e faziam meus cabelos voarem ao mesmo ritmo em que soprava. Como eu não havia percebido tudo aquilo antes? Como eu fui deixar passar tanto tempo, todas aquelas coisas, todos aqueles momentos não vividos, o que eu estava fazendo todo esse tempo? O que eu estava fazendo comigo?

“ Esqueça, apenas esqueça”

  Eu tentava negar a mim mesma o que eu estava fazendo, mas não podia, no fundo eu sabia que aquilo tudo era apenas  passado, eu não podia deixar que lembranças me atolassem mais e mais, não daquele jeito. Foi então que senti um calafrio percorrer meu corpo, ao ouvir uma voz leve e aveludada.

 - Olá, Rose.

 - Como você...

E como por reflexo, voltei-me para trás, e através de algumas mechas de cabelo que tampavam meus olhos, a imagem de um garoto de cabelos castanhos bem claros, e pele branca como a neve, vestido com um jeans e uma camiseta branca  meio tampada por um moletom preto , sorria gentilmente para mim.

- Perdeu seu ônibus?

- Meu Nome...

- Desculpe?

- Como você...meu nome...Você...- minha voz caia alguns decibéis enquanto a expressão de espanto tomava conta de meu rosto, ele parecia tão relaxado ao ter falado aquilo, como se me conhecesse, mas de onde? De onde ele me conhecia?

- Como eu sei? Bom, eu não sei.

- Então como?

- Então eu acertei?

- Mas, eu te conheço de algum lugar? - falei enquanto olhava ainda meio pasma para ele, aqueles olhos verdes, eu não me lembrava de quase nenhum garoto de olhos verdes, não, eu não teria esquecido se tivesse conhecido um cara como ele.

- Que eu saiba, não. Eu apenas chutei. – e fixou seu olhar para meu rosto, que agora estava abaixado, esperando talvez uma reação minha, mas minutos depois continuou - Seu broche, ele é uma rosa, então resolvi te chamar de Rose, não me leve a mau, eu sempre faço isso com as pessoas, então...

- Costume, certo?

- Bem, é por aí. Eu tenho alguns costumes estranhos, mas nada muito assustador, fique tranqüila.

- Não, tudo bem. Eu só fiquei um pouco assustada.

  Ficamos em silêncio durante alguns instantes, eu olhava desesperada para o relógio esperando que chegasse logo, onde todos os ônibus vão parar quando você mais precisa deles? Comecei a olhar para os lados, e nada, nem sinal.

 - Por favor, hoje não.

- Você, seu nome é Rose, certo?

 Eu parei por um momento enquanto olhava para aquela presença que caminhava para se colocar ao meu lado,  ele estava bem calmo para alguém que estava para chegar atrasado na escola ou onde quer que fosse.

 - Posso te pedir um favor, Rose?

 - Hm...depende. O que seria?

- Posso dar uma olhada no seu broche, ele é muito lindo, me parece ser um trabalho feito a mão – ele falava cada palavra calmamente, enquanto estendia sua mão para mim – Posso?

 - Claro.

 Tirei imediatamente o broche de minha bolsa e coloquei sobre sua mão, a qual pegou-o com delicadeza e analisava o pequeno broche de cima a baixo, e passava seus dedos delicadamente sobre as pétalas da pequena rosa de cobre.

- Interessante. – falou em um sorriso que misturava alegria e satisfação – Espero que não tenha a incomodado, muito obrigado.

 - De nada.

 Logo após ele agachou-se e prendeu levemente o pequeno broche na bolsa novamente. Que estranho, ele ter reparado no broche, quer dizer, quase ninguém reparava nele, e se via, olhava meio torto e ignorava, ele devia gostar de coisas artesanais ou algo assim, mas quem era eu para julgá-lo?

  Então ele ergueu seu braço em um gesto como um sinal para parar o ônibus que estava chegando, e subindo as escadas, parou durante um tempo e começou a olhar para mim. E com um olhar confiante, apenas sorriu e me disse:

- Nos veremos em breve, Rose.

E ele se foi.


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