– Então – começou Dumbledore quando todos os cinco já haviam sentado nas cadeiras que o professor conjurara em frente a sua mesa – Quem me explicará o que aconteceu? – ninguém fez questão de responder o professor, então ele se voltou para mim – A Srta. Granger, talvez?

Olhei para os outros, Draco e Krum estavam com a cabeça erguida encarando Dumbledore, Harry e Cedrico me olhavam, assim como o professor. Cedrico apertou minha mão, como que me encorajando a falar, e sorriu para mim, o sorriso que eu mais amava no mundo e não havia percebido quanta falta aquilo me fazia.

– Como você deve saber professor... – comecei, virando para Dumbledore ainda com um sorriso no rosto, e, então, rapidamente relatei ao professor o que ocorrera em Hogsmeade, as matérias de Rita Skeeter e, por fim, como descobri que tudo não passara de uma aposta entre Draco e Victor – ... e, eu pelo menos, só descobri que tudo era uma armação hoje.

– Isso é verdade, garotos? – Dumbledore disse, se voltando para Draco e Krum, mas Harry e Cedrico assentiram, esperando os outros dois fazerem o mesmo, mas Draco fez completamente o oposto.

– Não exatamente professor... – começou o loiro.

Krum encarava Draco com um enorme ponto de interrogação no rosto, assim como todos os outros da sala.

– Nem tudo aconteceu assim... – Draco continuou, olhando fixamente para Dumbledore.

– MAS QUE DROGA DRACO – Krum se descontrolou, levantando de sua cadeira e apontando o dedo para o loiro – Acabou caramba, descobriram-nos, então PARA DE MENTIR!

– O que você ta falando Victor, ta ficando malu... – Draco estava destinado a continuar com sua atuação.

– CALA A BOCA LOIRO OXIGÊNADO DO INFERNO, VOCÊ NÃO CANSA DE MENTIR NÃO? – Cedrico gritou, se levantando e ficando ao lado de Krum, ele abriu a boca para falar mais alguma coisa, mas foi impedido por Dumbledore.

– SILÊNCIO!! – O grito que o professor deu ficou ressoando pela sala por um longo tempo até parar completamente – Diggory e Krum, por favor, se sentem... E Sr Malfoy, peço para que pare de mentir, acredito em cada palavra que a Srta Granger disse e...

Dumbledore foi interrompido por Karkaroff, que adentrou o escritório já gritando com o professor, seguido por Moddy que tentava, sem sucesso, fazer com que o diretor da Durmstrang saísse do aposento.

– Posso saber por que o senhor está mantendo meu campeão aqui no seu escritório enquanto uma grande festa ocorre lá embaixo, professor? – Ele perguntou, se apoiando na mesa entre Cedrico e eu.

Moddyse posicionou atrás de mim, e quando o fez um cheiro estranho penetrou no meu nariz. Era uma mistura de xarope com sangue. Estranho, eu sei, mas o mais estranho ainda era que eu reconheci aquele cheiro de algum lugar, só não conseguia lembrar de onde...

– Por que Victor se envolveu em uma briga e estamos tentando resolver as coisas aqui.

– Bom, se ele entrou em uma briga foi por que a pessoa mereceu, agora se me der licença, levarei meu aluno de volta para o barco, a segunda tarefa acontece depois de amanha, não é mesmo?

Merlim, eu havia esquecido completamente da segunda tarefa do torneio tribruxo! Olhei para o lado e vi Cedrico me olhando também, enquanto Karkaroff saía do escritório com Victor.

Cedrico sorriu para mim e segurou novamente minha mão. Sorri de volta e apertei de leve sua mão.

– Moddy, poderia, por favor, se certificar que os dois vão diretamente para o barco?

Olho tonto fez uma reverencia de pirata, colocando a mão na testa e depois a levantando, o que fez todos nós sorrirmos.

– Bom, senhores, não tomarei mais o tempo de vocês no dia de hoje, acho que tudo está muito claro para todos... Sr Malfoy e Sr Potter terão detenção com o professor Snape na sexta, enquanto a Srta Granger e o Sr Diggory com a professora Minerva, no mesmo dia – Dumbledore piscou para mim e não pude evitar um sorriso – Estão dispensados – quando estávamos quase passando pela porta do escritório, Dumbledore acrescentou – Ah, Potter, Diggory: se preparem para a segunda tarefa, será bem mais... intensa, que a primeira.

– Sim professor, obrigado – Harry murmurou enquanto Cedrico assentia com a cabeça.

Quando descemos a escada em espiral Draco praticamente correu para longe de Cedrico, indo em direção a seu dormitório, supuz.

Harry segurou os meus ombros.

– Ta tudo bem Mione?

Sorri, me soltando de suas mãos e abraçando meu amigo.

– Tudo ótimo, graças a você – larguei Harry e, ainda com um braço em seus ombros me virei para Cedrico sorrindo – a vocês na verdade.

Ao perceber nossos sorrisos, Harry se soltou de meu braço e caminhou para longe de nós.

– Não vou ficar segurando vela não, nem pensar, boa conversa para vocês, qualquer coisa estarei no baile – Harry se virou, piscou para nós e voltou a andar até o salão principal.

Virei-me para Cedrico e o encontrei a apenas poucos centímetros de mim.

– Então, estamos juntos de novo? – Cedrico perguntou, envolvendo minha cintura com seus braços.

– Anh, não sei se posso namorar alguém que já tenha beijado Draco também... – disse rindo e fazendo com que Cedrico se segurasse para não rir.

– Ei, isso não é justo, tecnicamente eu não beijei Malfoy, foi na verdade... – colei meus lábios nos dele, impedindo-o de continuar a falar.

– Sim Ced, estamos juntos de novo – murmurei, quando nos separamos.

Cedrico sorriu. Sorri também. Beijamo-nos novamente, joguei meus braços em seu pescoço enquanto os seus continuavam em minha cintura.

Ah, como eu sentira falta disso. Do contato com sua pele, de seus braços em mim, de poder afagar seus cabelos durante o beijo, de seus lábios nos meus e, mais que tudo, de sua companhia.

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No dia seguinte toda a escola comentava sobre a briga, sobre nós.

Não liguei para os olhares que as pessoas me lançavam quando me viam com Cedrico novamente, eu fora enganada, amava Cedrico, ninguém mais.

A primeira coisa que eu precisava fazer era me desculpar com Fleur. Encontramos-la na mesa da Corvinal, e após explicar tudo o que ocorrera, ela se levantou e deu um abraço em cada um.

– Fico feliz que vocês voltaram, são perfeitos um para o outro! – ela exclamou enquanto nos abraçava.

Sorrimos sem jeito e fomos até a mesa da Grifinória almoçar. Cedrico almoçaria lá hoje, como amanha é a segunda tarefa todas as minhas preocupações voltaram rapidamente e ainda piores após Dumbledore dizer que será ‘mais intensa’. Acho que ninguém iria se importar com isso.

Como antes da primeira tarefa, passei o dia todo com Cedrico. Cedrico e eu fizemos um piquenique e ficamos conversando e rindo a tarde inteira. Falamos o que havia acontecido conosco no tempo em que estávamos separados.

Eu comecei, claro.

– Eu meio que... Anh, namorei o Malfoy – disse sem jeito, encarando-o para ver qual seria sua reação

Cedrico quase engasgou com seu suco de abóbora, e comecei a rir dele.

– Bom – disse ele entre risos quando finalmente recuperou o fôlego – Ainda bem que já dei uns socos naquele imbecil

Sorri e me aproximei para dar-lhe mais um beijo, mas quando os nossos lábios estavam quase juntos, Moddy chegou e ficou parado na nossa frente.

– Srta Granger, o professor Dumbledore pede para que a senhorita vá encontra-lo em seu escritório imediatamente – ele disse, e quando Cedrico se levantou para me acompanhar, ele impediu-o, colocando a mão em seu peito – Sozinha.

Olhei para Cedrico e lhe dei um sorriso, me aproximei dele e dei um selinho.

– Nos encontramos no jantar? – ele perguntou enquanto me abraçava.

– Claro – respondi, me soltei de seus braços, dei-lhe mais um selinho e me dirigi ao escritório de Dumbledore.

Moddy me acompanhou, mas não disse nada durante o caminho, então eu também permaneci calada.

Ao chegar ao escritório encontrei Minerva do lado de Dumbledore, e Snape de outro, Moddy se posicionou ao seu lado. Em pé, encostados na parede oposta estavam Ron, uma menina da Beauxbatons que eu sempre vira ao lado de Fleur e um garoto da Durmstrang.

– Ah, Srta Granger, que bom que chegou, poderia se encostar-se à parede com os outros? – Dumbledores disse, entusiasmado, enquanto eu caminhava até a parede e ficava ao lado de Ron – Ótimo, ótimo, agora que todos estão aqui, vou explicar-lhes o motivo de ter lhes chamado... Como todos sabem, vocês são especiais para nossos campeões, são seu tesouros – Dumbledore e os outros andavam para mais perto de nós enquanto continuava a falar – E amanha é a segunda tarefa, nós queremos usá-los para podermos realizá-la, vocês permitem isso?

Dumbledore estava parado a minha frente, Snape na do garoto da Durmstrang, Olho Tonto na de Ron e Minerva na da outra menina.

Olhei para o lado e vi todos assentirem com a cabeça, Dumbledore me encarava ansioso. Engoli em seco e assenti também.

– Ótimo! Maravilha! Vamos fazer de tudo para que seja o mais confortável possível... Se preparem

Dumbledore, assim como todos os outros professores, ergueu a varinha e apontou para a minha cabeça. Murmurou algum feitiço desconhecido e um pequeno fio prateado saiu de sua varinha, fiquei olhando-o fascinada, até que ele me atingiu.

Depois disso não me lembro de mais nada.

Claro, lembro-me de alguns sonhos (pelo menos eu acho que eram) onde eu estava com Cedrico, e sentia uma paz muito grande, alegria, e sentia que nada no mundo poderia ser melhor que aquilo. Mas ai, repentinamente, tudo acabou, ficou preto.

Foi ai que acordei na superfície do gelado Lago Negro, nos braços de Ced, vendo toda a escola aplaudindo-nos em arquibancadas.