Algumas pessoas fazem de tudo pra nos marcar, outras não precisam nem de metade do esforço. Porque as coisas tem que ser tão difíceis,porque o coração não pode escolher o fácil ou invés do difícil?

Estava passando por coisas tão difíceis nesse momento, tantas coisas se passavam por minha cabeça, cada idéia absurda que chegava a dar medo. Pensar em suicídio foi uma das minhas primeiras opções, mais eu não podia, minha vida não era só minha, alguém mais dependia de mim. E justamente esse alguém foi que me deu forças pra seguir em frente.

Ainda podia sentir sua presença... Aquela que sempre me fora tão especial, que me trazia paz. Eu sabia que de alguma forma ele estava comigo,afinal, havíamos prometido que mesmo com todos os obstáculos impostos a nós,passaríamos por tudo e seguiríamos com nosso amor. Ainda podia o ouvir sussurrando aquelas belas palavras que continuavam a me dar forças,mesmo eu sabendo que ele não estaria mais lá para repeti-las.

- Precisa de mais alguma coisa? – TaeMin perguntou enquanto me encarava com aquele olhar cheio de sentimento, me transmitindo amor, carinho,consolo, o que quer que eu precisasse.

- Não... Obrigado. – Tentei sorrir,mas foi totalmente impossível, o máximo que aconteceu foi aparecer um sorriso falso em meu rosto.

- Então nós já vamos. – MinHo falou enquanto aproximava-se de TaeMin o abraçando por trás.

Observar aquela cena fazia meu coração doer, sentia como se estivesse totalmente quebrado. Amava meus amigos, mas os observar sendo felizes, tendo suas próprias vidas com a pessoa amada do lado era tão difícil. No fundo, eu sabia que sentia inveja. Sentia total inveja por eles terem aquilo que não me era mais permitido.

Aquele amor puro, sem malicia, sem dor... Mas agora não era assim, a única coisa que sobrava era esse ultimo.

A dor.

A dor de não senti-lo.

A dor de não ver aquele sorriso.             

A dor de não ter ele aqui comigo.

 Só... a dor. Que me consumia mais e mais a cada momento. Sorri forçadamente para meus amigos, os únicos que estavam me apoiando nesse momento, afinal, família eu não tinha mais, havia sido expulso pelos pais homofóbicos, por causa dele. E agora me via sozinho... Não totalmente,mas ainda assim, sozinho.

- Qualquer coisa nos ligue, viremos correndo até aqui – TaeMin sorriu afetuosamente para mim, e me abraçou carinhosamente.

Me segurei fortemente para não chorar naquele momento, as lagrimas estavam em meus olhos, queriam sair a qualquer custo, mais eu jurei a mim mesmo ser forte e era o que eu iria fazer a partir de agora. Iria ser forte, eu precisava ser forte.

- Tudo bem, agora vá. – Me afastei do abraço, dando um leve aceno com a cabeça para MinHo que retribuiu com um abraço apertado.

- Cuide bem do meu afilhado,huh? – Falou sorrindo, enquanto passava a mão por minha barriga. Concordei brevemente com a cabeça, enquanto eles saiam da casa e iam embora.

Enfim sozinho, só eu, minha dor e meu fruto com a pessoa que tanto amei.

Ouvi um toque um tanto irritante, andei calmamente até a mesinha de centro da sala, pegando meu celular. Era JongHyun, não queria atende-lo nesse momento, então só voltei a depositar o celular na mesa,indo para o quarto,ignorá-lo-ia o quanto pudesse.

Deitei na cama, sem senti-la realmente. Fazia um tempo que não sentia nada,desde que ele se fora... Ainda me lembrava dos detalhes.

Quando tudo aconteceu, estava em casa, sentado no sofá vendo TV, quando parei num canal em que passava um acidente que havia ocorrido, pelo o que havia percebido o canal era ao vivo. A curiosidade havia aflorado naquele momento, e eu não sabia o porque de sentir um aperto estranho no meu coração. Observei melhor o local e então vi um carro e um caminhão chocados, quando percebi qual carro era, prendi a respiração. Não poderia ser possível, não, não poderia. Aquilo era ilusão.

“Pelo o que foi dito pelos legistas, o homem do carro, agora identificado como Lee JinKi morreu na hora.”

Após essas palavras, havia perdido o chão. Meu coração parecia sangrar, como se nada mais importasse, como se o meu tudo tivesse ido embora assim.

Sabia que ainda tinha que continuar, pelo menos por mais alguns meses aturar a dor de não ter o amado por perto.

Estava nervoso, andando de um lado para o outro, e se ele não aceitasse? E se ele não gostasse da idéia? O que iria fazer? Em meio a tantos pensamentos não sentiu uma pessoa aproximando-se, só foi perceber sua presença, quando o mesmo o abraçou pela cintura.

- Oi – Sussurrou doce.

- Oi Onew...

- O que você tem,huh? – Perguntou virando o outro para si – Estava estranho no telefone.

- É que,hm... – Sabia que não conseguiria falar,então estendeu o papel que segurava nas mãos para o marido.

- O que é iss... – Perdeu a fala conforme abria o papel e o lia.

Ficou paralisado por uns instantes, enquanto isso a aflição de Key só aumentava, e se ele não quisesse? O que faria? Seria expulso de novo,assim como fora expulso da casa dos pais? Não,não, não poderia,ainda mais agora.

Esperava qualquer reação do outro, menos o que veio a seguir. Sentiu braços fortes o envolvendo em um abraço que tirou-o do chão. Em seguida foi colado no chão novamente, olhando para o rosto sorridente do companheiro.

- Você... Não está bravo comigo? – Perguntou com receio.

- E porque estaria? – Perguntou sorrindo bobamente – Finalmente vamos conseguir a família que tanto queríamos.

Não agüentou de tanta emoção com tais palavras, e começou a chorar, ali,na frente do marido que o encarou confuso. Não entendendo a reação do menor.

- Porque está chorando? – Onew Perguntou ainda com o semblante confuso.

- Pensei que você me expulsaria de casa por não querer – Confessou enquanto abraçava o outro fortemente,escondendo o rosto na curva do pescoço do mesmo – Achei que não fosse me querer mais,achei que não fosse nos querer – Deu ênfase no “nos”

E então a seguir veio outra reação estranha, Onew começou a rir descontroladamente, gargalhar como um louco. Parecendo um retardado ao olhar de Key.

- Porque está rindo? – O semblante choroso de Key havia ido embora, e uma expressão brava e um pouco chateada tomava conta de seu rosto.

- Você é tão bobo – Onew falou parando de rir e encarando o menor. – O que eu sempre quis foi ter uma família completa com você, e aqui está a nossa chance. Acha mesmo que eu seria tão idiota?

Aquelas lembranças aqueciam seu coração de tal forma que era impossível explicar... Só de lembrar de seu riso, ou como ele havia ficado feliz ao saber que seria pai, era inexplicável a sensação.

Abraçou a barriga não tão grande de 4 meses,suspirando pesadamente. Sabia que emoções tristes eram ruins para o bebê, mas era impossível evitar se sentir triste.

Há um mês havia perdido a pessoa mais importante de sua vida e aquilo era impossível de superar, só estava tentando agüentar por aquela pequena alma, que agora dependia de si para sobreviver.

5 meses depois.

E assim foi até o dia do nascimento da criança, suportou toda a dor de não ter o amado consigo naquele momento, mesmo não o tendo,tinha amigos importantes ao seu lado.

TaeMin e MinHo haviam entrado na sala de cirurgia junto com Key, estavam preocupados porque havia tido uma complicação, e agora estavam todos esperando que as crianças – Sim, as crianças, eram gêmeos. – sobrevivessem, assim como Key.

O casal permanecia ao lado de Key,tentando acalma-lo, o que não estava sendo fácil, já que o mesmo queria ver os filhos.

Um choro agudo foi ouvido, o primeiro havia nascido, em seguida outro choro. Ali estavam os dois,salvos.

Mais o mesmo não poderia ser dito para Key. O barulho das maquinas que acompanhavam o coração de Key começaram a apitar.

- Pressão caindo,rápido,tirem as crianças daqui. – Ouviu-se a voz da médica.

- Não... – Key disse fraco, virou a cabeça levemente para MinHo e TaeMin – Vocês, prometam cuidar deles.

- Mas Key... – TaeMin começara a falar mais foi cortado.

- Prometemos Key, cuidaremos deles como você e Onew teriam cuidado. – E após essas palavras foram praticamente expulsos da sala.

Key sabia que todos a sua volta estavam fazendo de tudo para salva-lo,mas isso não o importava, tinha a confirmação de seus melhores amigos, sabia que eles cuidariam bem de Yoogeon e Young.

E finalmente depois de tanto tempo, Key estava em paz consigo mesmo. Havia cumprido sua missão, seus filhos estavam em mãos seguras, agora estaria enfim junto com aquele que tanto amava e da onde quer que estivessem, estariam olhando pelos filhos.

E assim, no seu ultimo suspiro de vida, uma única frase saiu por sua boca:

“Eu te amo... Para todo o sempre.”