Antique Bakery escrita por Reichan


Capítulo 4
III. Pesadelos vêm e vão.


Notas iniciais do capítulo

Depois de uma semana tentando, saiu essa merdinha :{
Mas têm coisas importantes para a história nesse capítulo. Na verdade, bem importantes mesmo.
Obrigada a vocês, lindinhas, pelos reviews. E um obrigada enorme para a Arashi San que vem deixando reviews em todos os capítulos. Beijo pra você.
É.. desculpe pelo capítulo ruim TT_TT
E, para aqueles mais lentinhos: O trecho em negrito é o sonho, sim? ehe corre/
Boa leitura e nos vemos nas notas finais~



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- Boa Tarde! – Disse sorridente repetindo o que tenho feito há quinze dias – O de sempre? – Perguntei à senhora simpática que vinha todos os dias no mesmo horário comprar o mesmo bolo desde dois dias depois que abri a doceria. Ela sorriu e assentiu, como sempre. Peguei a caixinha com alguns desenhos infantis e coloquei, delicadamente, o bolo lá dentro, com cuidado para não estragar sua cobertura branca e fofa. Finalizei dando um laço com uma fita rosa e uma um pouco mais fina, prateada. – Senhora, posso perguntar para quem compra esses doces todos os dias? – Perguntei de forma educada entregando a caixinha em suas mãos trêmulas.

- Ahn... claro. – respondeu com certa dificuldade – Meu marido gostou muito desse bolo, então eu compro todos os dias e levo, já que ele tem certa dificuldade para andar. – Explicou. Sorri e, acenando, ela se foi lentamente.  Estranhei o fato de ela pedir para colocar o doce em uma caixinha tão infantil, uma vez que seu marido obviamente já tinha certa idade.  Mas quem sou eu para julgar, não é?

Nesses quinze dias, descobri que esse tipo de ocupação me fazia bem. Tenho dormido melhor e diminuí os cigarros porque, segundo Kouyou, eu morreria de enfisema pulmonar em um mês se continuasse nesse ritmo. Não que eu o ouça, mas sempre soube que é verdade e, por orgulho, não admitiria morrer agora que estou a um passo de resolver meus problemas. 

Com o tempo se passando, Kouyou decidiu que queria comemorar o aniversário de um mês da Antique. Como ninguém consegue mudar os pensamentos do loiro, fechamos as portas por uma noite para comemorarmos nós três, minha mãe e minha avó. Achei estranho que os outros dois não tivessem sua família por perto, mas eles tinham seus motivos. Kouyou era do interior e morava em Tóquio com uma tia que morreu há alguns anos e Yutaka era órfão. “Sem família não teria como ele crescer como uma pessoa normal, por isso é tão idiota.” Pensei quando ouvia sua história.

Não digo que a comemoração foi normal, porque não foi mesmo. Uke tentava, a todo custo, beijar Kouyou e eu, claro, querendo matá-lo por tal desrespeito à minha família que estava presente. Mas o mais estranho foi que, incrivelmente, eu me dei bem com Kouyou. Aparentemente ele estava muito menos irritante. Talvez querendo causar boa impressão às duas senhoras presentes, afinal é do bolso delas que saía o dinheiro para as primeiras despesas. Mas talvez, só talvez, eu pudesse ficar um dia ou dois sem querer voar no pescoço dele.

Por algum motivo, quem sabe o álcool do vinho que bebíamos, minha noite foi tudo, menos calma. Pela primeira vez em anos, tive um sonho que costumava me acompanhar todos os dias e isso realmente me preocupava.

“Quer um pedaço?” Ouvia a voz de um homem, porém não podia ver seu rosto. Tudo o que enxergava era uma mesa e um pedaço de bolo. Via mãos grandes segurarem um talher com um pedaço do bolo em minha direção, oferecendo-o. “Coma! É o seu preferido, não é?”

Não entendia absolutamente nada, mas algo fazia com que eu comesse. O bolo era realmente gostoso e dava vontade de comer sempre mais e mais. Percebi que era tarde e eu devia voltar para casa ou minha mãe me poria de castigo, porém o homem segurou meu braço assim que fiz a menção de levantar. “Fique mais um pouco... olhe, tem mais bolo aqui.” Insistiu mostrando uma caixinha onde havia um bolo pela metade.


Eu não queria ficar. Eu apenas queria minha casa e meus pais.

Acordei suando e com a respiração descompassada, meu coração poderia sair pela minha boca a qualquer momento. Desgrudei os fios de cabelo que caíam sobre minha testa molhados de suor e fechei os olhos, esperando que o ritmo do meu coração se acalmasse. Tomei um banho, intrigado com o fato de não lembrar-me do resto do que havia sonhado, assustando-me quando ouvi o toque do meu celular que vibrava sobre o balcão do lavabo. Enrolado na toalha, atendi e suspirei ao ouvir a voz de Takashima dizendo que eu estava atrasado, e de fato estava, tamanha a distração provocada pela noite mal dormida. 

Chegando à doceria, entrei apressado logo colocando o avental e me dirigi à cozinha onde Takashima preparava alguma massa instruindo Yutaka, que enfeitava um bolo pequeno.

- Desculpe o atraso, eu... – Fui cortado por um “Shh! Quero ouvir a TV!” do loiro que agora olhava atento para o pequeno aparelho apoiado sobre o balcão do armário na parede que ficava no outro lado da mesa em que estava. Segui seu olhar e vi um homem loiro, de aparência bem estranha, terminando algum doce realmente caro.  “Pratos como esse são a mais pura arte.” Dizia enquanto colocava raspinhas de limão no prato, enfeitando-o. “Doces são arte feita para que se sinta alegre. Se prestar atenção, verá que ele agrada todos os seus sentidos.” Sorriu adicionando algumas coisas mais ao topo do doce. “Preste bastante atenção enquanto o prepara. Veja como se sente feliz ao tocar seus ingredientes e os misturar com todo o sentimento que isso te proporciona. Como seu coração se aquece ao sentir o cheiro da massa saída do forno. Repare como seus olhos se alegram ao ver sua obra-prima pronta, linda como uma peça única que se vê em um museu. Reconheça a paz que sente quando os diversos sabores dançam em seu paladar uma valsa única.” Apoiou as mãos na mesa, olhando diretamente para a câmera. Era engraçado como falava em inglês perfeitamente, mas por seus olhos percebia-se que tinha origens asiáticas. “E, por fim, sinta orgulho quando elogiam algo que você fez com tanto amor. Ouça as críticas e os elogios para que, em sua próxima obra, se saia ainda melhor e, assim, alcançará a perfeição.” Sorriu mais ainda fazendo um “ok” com os dedos.  Takashima suspirou.

-... Certo, quem é ele? – Perguntei observando suas feições passarem de admiração a incredulidade em um segundo.

- Como “Quem é ele”? Como, pelos céus, alguém abre uma doceria e vem me perguntar “quem é ele” com essa cara deslavada? – Dizia rápido franzindo o cenho à medida que as palavras saíam – Ele é Suzuki Akira, Yuu. O maior, o melhor e o mais... perfeito cozinheiro que meus olhos já tiveram a honra de ver. – Parou de mexer na massa em que trabalhava desde que eu havia chegado – Ele é tudo aquilo o que eu sempre sonhei em ser... no entanto, estou aqui explicando para um idiota quem é Suzuki Akira dentro de sua própria doceria.

Retiro o que eu disse. Em hipótese alguma eu seria capaz de ficar um único dia sem querer voar em seu pescoço.  

.:♥:.

 - Boa noite e voltem bem para casa! – Desejei ao último casal que saíam dividindo um enorme guarda-chuva sob a chuva demasiadamente forte. Puxei a porta e respirei fundo, desfazendo o nó do avental me livrando deste. Passei a mão pelos cabelos me sentindo realmente cansado ao lembrar que ainda precisava organizar certa papelada no escritório.  Subi as escadas de forma extremamente lenta sentindo meus olhos se tornarem mais pesados a cada degrau que eu pisava sonhando com uma bela noite de sono, o contrário da que havia passado.

A voz da âncora do jornal que passava na TV era, depois do barulho das folhas sendo viradas, o único som que quebrava o silêncio que se encontrava no pequeno escritório. Lia algum contrato quando algo chamou minha atenção. Levantei meu olhar e pude ver a imagem de homens levando um corpo envolto em um tipo de plástico escuro sobre uma maca até um carro tão escuro quanto.  O repórter presente no local explicava que aquela era mais uma criança morta por intoxicação. Aparentemente várias crianças têm sido internadas pelo mesmo problema e morriam logo após pelo menos uma vez ao mês. Assustei-me quando anunciou que tudo acontecia em apenas uma região e, incrivelmente, todas as crianças moravam realmente próximas a mim.

Por algum motivo, aquilo tudo não saía da minha cabeça fazendo-me dar mais importância que o necessário. Cansado e com os olhos se fechando quase sozinhos, fui embora assim que os outros dois deixaram a loja. Tomei um banho, fumei um último cigarro e dormi.

Meu sonho foi o mesmo que me assustara na última noite, me fazendo lembrar de anos sombrios de minha vida. Anos esses que eu não esperava lembrar tão cedo. 


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Notas finais do capítulo

Então....? e ;_;
Para os mais lentinhos que eu disse lá em cima, "âncora" é a pessoa que apresenta o jornal. Tipo William Bonner, sabe? q
Não me batam, vai que alguém não sabe;;
Enfim, eai? A partir daqui, a história realmente começa. Quero ouvir um aleluia~~ n
É..... me visitem nos reviews.
Obrigada por ler, até o próximo capítulo~