Antique Bakery escrita por Reichan


Capítulo 3
II. Aberto!


Notas iniciais do capítulo

Demorei, eu sei. Desculpem;;
Capítulo bem filler, mas toda história tem um começo chato, eh.
É.. sei lá, aproveitem ^^



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– Pensei que tinha dito sete horas, Takashima. Já são quase oito! – Disse alto soltando a fumaça e pisando no que restou do meu terceiro cigarro.

– São sete e vinte, estressadinho. – Disse largando a bolsa no balcão e andando lentamente pelo local com um olhar crítico. Sorriu de deboche. – E não é como se fossemos ter algum cliente hoje.

Kouyou disse precisar arrumar o estabelecimento e, se “arrumar” significa tirar tudo o que eu já havia arrumado do lugar, ele estava fazendo isso muito bem. Permaneci sentado ouvindo suas reclamações até que o loiro teve a brilhante ideia de “animar” o local colocando alguma droga de música coreana.

Quando não aguentava mais ouvir as vozes finas daquelas meninas raquíticas, uma mulher baixinha, loira e com um sotaque estranho passou pela porta. Seu nome era Jessica e estava interessada na vaga de assistente do confeiteiro. Era bem simpática e aparentava ser bem competente também, porém por algum motivo, Takashima não gostou.

– Tudo bem, querida. Entramos em contado depois, sim? – Kouyou disse a empurrando pela porta após uma curta entrevista, com o sorriso mais falso que eu já vi – Não vou ligar nunca, mocréia. – Resmungou assim que a mulher passou pela porta.

– O que...? – Perguntei em confusão – Por quê? Ela trabalhou na França, viveu em Londres e, por pura sorte quer trabalhar conosco. Espero que tenha um bom motivo para expulsá-la desse jeito, Takashima. – Chamei sua atenção – Que eu me lembre, eu sou o chefe.

– Acontece, sir, que é um assistente para o confeiteiro que estamos procurando. – Disse se jogando em uma cadeira aleatória – E por acaso, esse confeiteiro sou eu. Você não vai achar alguém bom como eu e, como todo ótimo profissional, tenho minhas regras. A primeira delas é que eu não trabalho em ambientes que tenham mulheres.

– E por que você não trabalha com mulheres? – Perguntei indignado – Você tem medo que elas ofusquem seu brilho de gay demoníaco sei lá das quantas? – Ri me levantando e seguindo até a porta para fumar um cigarro em paz.

– Não, engraçadinho. Mas tem a ver com meu poder, sim. – Disse fazendo careta quando me viu sacar um cigarro da caixinha, se virando para o lado oposto – Tudo tem uma consequência, Yuu. A consequência de seduzir tantos homens, é que é insuportável ficar perto de uma mulher. – Disse sério, mesmo que a situação não me fizesse enxergá-lo dessa maneira.

– Juro que não vou tentar entender. E tanto faz, vendendo bolos você pode colocar até um chimpanzé para trabalhar com você. – Joguei o que restou do cigarro na lixeira na calçada e fui procurar um restaurante para almoçar em paz. Sem Takashima, sem gay demoníaco e sem bolos.

.:♥:.

– Eu não quero saber. Não aguento mais entrevistar pessoas e ter que dispensá-las porque não são boas o suficiente para a Vossa Senhoria, Takashima. – Bati com a mão na mesa cheia de papeis com informações sobre candidatos. – Vou contratar a próxima pessoa que entrar por essa porta, quer você queira ou não. – Me levantei me dirigindo à porta ignorando suas reclamações de velha. Acendi um cigarro e quando ia colocá-lo na boca, alguém o tirou dali.

– Você não pode fumar praticamente dentro de uma confeitaria, senhor! – Disse um menino baixinho com cara de nada, me empurrando e entrando sem nem se apresentar. – Sou Uke Yutaka, mestre. – Disse se curvando a Kouyou simplesmente ignorando minha presença – Mas me chame de Kai. Quero lhe servir enquanto puder! - Disse animado enquanto o loiro apenas ria.

– Ei, ei. Eu sou o patrão, então se apresente a mim, baixinho. –Chamei sua atenção sendo ignorado mais uma vez – Yah! Olhe para mim quando eu falo com você! – Gritei.

– Certo, que seja. – Apertou minha mão de forma rápida e fraca – Sou Uke Yutaka e vou trabalhar aqui... – Disse se virando na metade da frase perdendo o foco do que dizia e mirando Takashima mais uma vez - ...fazendo o melhor que posso para te servir.

– Gostei de você, Kai. – Sorriu Kouyou também me ignorando – Está contratado.

– NANI? – Gritei me sentindo um fantasma – Eu sou quem contrata as pessoas aqui, Takashima. Qual é o seu problema? – Dei um passo à frente em direção ao loiro enquanto o mesmo andava até a porta que dava acesso ao vestiário dos empregados, parando antes de passar pela mesma sem se virar para mim.

– Você disse que contrataria a primeira pessoa que passasse pela porta, Yuu. – Disse de forma simples enquanto entrava no cômodo pegando um avental no armário destinado ao ajudante – De qualquer forma ele seria contratado.

Suspirei, contei até dez e decidi entrar na dança já me arrependendo dessa ideia de abrir uma doceria.

– Tudo bem, tudo bem. – Disse voltando ao meu tom normal – Kai, preste atenção no que eu vou dizer, certo? – Recebendo nada mais que um “Uke, pra você” do baixinho. Respira Yuu. Respira. - Existem algumas regras aqui: não peça aumento, não traga pessoas para comer de graça, não roube doces, não chegue atrasado e não tente me agradar me dando bolo porque eu não suporto doces, sim? – Disse como um adulto que explica algo para uma criança e, de certa forma, me sentia assim.

– O que, não gosta de doces? – Disse finalmente se virando para mim – Você tem uma doceria e não gosta de doces? Qual é o seu problema?

– Não falte com educação assim, menino. – Disse como um pai chamando atenção do filho – E não tenho que dar satisfações. Não importa o motivo pelo qual eu abri isso aqui. Assim como abri, posso fechar e assim como te contratei, posso te demitir.

– Mas foi ele quem me contratou e... – Respondeu apontando para o loiro que apenas observava tudo rindo baixinho às vezes.

– Basta, Yutaka. Vou para o escritório e preparem as coisas porque amanhã daremos inicio às atividades. – Disse enquanto subia as escadas que davam acesso ao escritório no andar de cima. - ... Preciso de um cigarro.

.:♥:.

Após passar o resto do dia anterior aguentando as reclamações de Kouyou e seu fiel cachorrinho, precisei tomar um calmante quando cheguei em casa e, não sei se pelo medicamento ou pelo cansaço, dormi bem como não fazia há muito tempo. Chegando à loja, conferi se estava tudo certo para, finalmente, iniciar funcionamento.

Observei a fachada, onde uma placa de madeira com “Antique Bakery” escrito em vermelho e o desenho de um jogo de xícaras delicadas logo embaixo pendia sobre a parede com textura de lasquinhas de alguma pedra de cor grafite, logo acima da porta de correr com quadros de vidro fosco. Abri a porta e segui até o pequeno balcão de madeira envernizada, ascendendo as luzes fracas, pegando meu avental. Olhei em volta, procurando qualquer defeito nas paredes com painéis de madeira onde alguns quadros com imagens de doces como muffins ou pedaços de torta deixavam o local agradável. Como eu esperava, as mesas também estavam perfeitas. Algumas apresentavam, junto à parede, assentos almofadados vermelhos onde poderiam se sentar até três pessoas, e no outro lado, duas cadeiras que, assim como as mesas e o balcão, eram de madeira maciça. Outras mesas, mais ao centro, apresentavam apenas quatro cadeiras. No segundo andar, dispunham-se mesas com quatro lugares, com assentos almofadados ou com dois lugares, que por sua vez, encontravam-se próximas à grade que dava visão ampla ao salão. Todas as mesas possuíam uma toalha branca com bordados de cores claras feitos à mão, cujas pontas caíam delicadamente pela ponta das mesas por sua vez, redondas.

Ouvi vozes altas e, quando olhei para sua origem, vi Kouyou passar falando ao telefone e, sem nem mesmo olhar para mim, foi direto para o vestiário dos empregados. Revirei os olhos e fui até a parede onde tinha um tipo de janela que, quando aberta, dava acesso a uma “vitrine” onde também tinham bolos e doces que Kouyou havia feito no dia anterior, então aqueles que fossem comprar para levar não precisariam entrar ou esperar.

–Até que não ficou tão mal, Yuu. – Elogiou Kouyou que agora havia prendido parde de seu cabelo para trás, usava óculos com armação preta e seu uniforme de chef de cor branca*. Sorri agradecido e observei seus trajes. O olhando assim, nunca diria que ele é aquele cara que dançava com as coxas de fora em uma boate cheia de homens.

– Chefe! – Ouvi alguém gritar, identificando-o logo após. Yutaka entrava afobado indo em direção ao loiro que agora ajeitava as coisas na cozinha, visível através de um painel de acrílico atrás do balcão – Desculpe a demora, mas minha moto estava sem combustível e... – Só agora eu percebi que segurava um capacete preto. Conformado com a forma que era ignorado, parei de ouvir o que o ser de covinhas dizia.

Após alguns minutos, alguns clientes chegavam. Tudo estava relativamente mais calmo do que o esperado, algumas senhoras tomando seu chá com suas amigas, senhores lendo algum livro ou o jornal e mães comprando doces para seus filhos. Até mesmo algumas colegiais dando gritinhos afetados quando era Kouyou quem as atendia de forma desajeitada. Yutaka servia de forma alegre, andando para todo lado com uma roupa parecida com a de Kouyou, porém, toda preta*.

Sentia-me feliz por estar dando certo, mas não escondo certa mágoa por não entender a felicidade das pessoas ao comer tantos doces. Haviam me tirado essa alegria há muito, muito tempo atrás e, se tudo der certo, farei o possível para recuperar esse sentimento.



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Notas finais do capítulo

* - http://4.bp.blogspot.com/-1j--PIEDBwc/TecmJMR1FOI/AAAAAAAAAIk/gC46OgXI8b8/s1600/03005348.jpg As roupas do Kai e Kou são iguais as dos dois do meio, respectivamente :3
Outra coisa: Se alguém se sentir ofendido pelo lance do kpop, não se sinta ;_; eu gosto e zoei porque...porque sim, sei lá.
E... gostaram?
Até o próximo ♥