Antique Bakery escrita por Reichan


Capítulo 2
I. Contrata-se confeiteiro.


Notas iniciais do capítulo

Olá ~
234567ª tentativa de postar isso hoje, então desculpe a demora. Culpem minha internet que morreu domingo e só voltou agora :c
Obrigada pelos reviews, mesmo ♥ não esperava nenhum no prólogo, hehe.
É isso, continuem assim e boa leitura!



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Bebi mais um gole de chá, repousando a peça de cerâmica sobre a pequena mesa de madeira no jardim.  Suspirei pela milésima vez no mesmo dia.

- Mas você nem gosta de doces, Yuu. – Insistiu. – Não entendo essa vontade repentina de abrir uma confeitaria! - Passei a mão pelos cabelos contando até dez.

- Melhor eu não gostar, mãe. Assim eu não roubo nenhum bolo. – Ri da minha própria piada sem graça. A olhei sério, pegando uma de suas mãos acariciando lentamente com polegar em seguida. – Eu acho que está na hora de viver por mim mesmo, de criar responsabilidades. Estou próximo aos trinta anos e nem mesmo tenho meu próprio dinheiro.  – Vi um pequeno sorriso brincar no canto de seus lábios. – E também... Mulheres adoram doces. – Pisquei ouvindo sua gargalhada e, naquele riso, vi que teria sua ajuda.

.:♥:.

- Suas habilidades parecem ser invejáveis, Kouyou. – Disse analisando o currículo do loiro à minha frente. – Passou pelas melhores confeitarias de Tóquio, eu vejo...  – O olhei, observando seus traços andrógenos e expressão indiferente.  – Mas foi demitido depois de, no máximo, uma semana em cada estabelecimento. – O encarei esperando por uma explicação.

-Sim. – Concordou ainda indiferente. – Eles não resistiram aos meus... Encantos. – Forçou um curto sorriso no canto dos lábios.

- Encantos? – Perguntei rindo – O que, é um mago ou algo assim?

- Não. – Disse se ajeitando na cadeira, brincando com as pontas brilhantes do cachecol que envolvia seu pescoço – Dizem que tenho um poder demoníaco. – Me olhou de forma misteriosa – Um gay com poder demoníaco de sedução.

Não aguentei e gargalhei como nunca havia feito antes. Gargalhei tanto que caí da cadeira, rindo ainda mais. Após algum tempo, consegui me reerguer e encarei a figura na minha frente. Tinha certeza de que ele era louco.

- Gay com poder demoníaco de sedução? – Indaguei ainda rindo um pouco – E por que eu não sinto nada? – Apoiei minha cabeça sobre minhas mãos, com os cotovelos sobre a pequena mesa entre nós dois.

- Não sente nada? – Cerrou os olhos fazendo o mesmo que eu chegando, assim, mais perto – Nada mesmo? – Perguntou com sua melhor voz rouca ou sei lá o que.

- Não, não sinto nada. – Respondi sério – Será que eu tenho um tipo de proteção “Anti Sedução Demoníaca”? – Ri demonstrando toda minha descrença naquela história.

- Pode ser... – Apoiou-se em apenas uma mão, batucando as unhas pintadas de preto sobre a mesa de madeira escura. - Mas então, estou contratado ou não? Já é tarde e eu tenho um compromisso.

Ponderei. Ele era bom, certamente tinha habilidades, mas não poderia contratar um louco. Ou “gay com poder demoníaco de sedução”, como quiser. Decidi pensar mais um pouco, anotei seu contato e disse que lhe ligaria mais tarde.

Já fazia um mês desde que minha mãe havia dado o dinheiro que eu precisava e estava tudo pronto, exceto pelos empregados. Nunca pensei que seria tão difícil contratar um confeiteiro realmente bom. Kouyou era, de longe, o melhor da cidade. Entrei em contato com todos os locais que constavam em seu currículo e ele era realmente bom, não teria sido demitido de nenhum se não tivesse provocado confusão. Eles chamavam de “poder demoníaco de sedução” e eu chamava de falta de vergonha. Mas eu não daria espaço para que ele fizesse o mesmo enquanto eu fosse seu patrão.

O liguei querendo combinar tudo de uma vez para que pudesse finalmente dormir, e, após atender na quinta tentativa, tudo o que eu consegui foi um endereço. “Me encontre pessoalmente para que possamos combinar tudo sem erros. Só não demore, preciso voltar aos meus afazeres.” Foi o que ele disse e desligou sem ao menos esperar minha resposta. Irritado e me perguntando o porquê de eu ainda dar ouvidos a um cara assim, segui até o endereço que havia anotado a pouco e me deparei com uma porta de ferro antiga. Bati uma, duas, cinco vezes e ninguém pareceu me ouvir. “Quem, pelos céus, não tem campainha?” Pensei forçando a maçaneta e a porta se abriu facilmente. Segui pelo pequeno corredor escuro e quase caí em uma escada no fim do mesmo. Estranhei o fato de a escada seguir para baixo e não para cima. Em sua outra extremidade havia outra porta aberta. Dela, saía algumas luzes coloridas e era possível ouvir uma música cujo volume aumentava conforme eu descia os degraus.

Odiando o fato de que a curiosidade é natural do ser humano, segui por essa porta quando vi que se tratava de uma festa. “Dar uma festa são seus afazeres, Takashima?” Disse para mim mesmo, perplexo.  Perplexidade que aumentou quando eu percebi que não era uma festa, mas uma boate. Uma boate gay. Senti vontade de sair correndo quando percebi que o mais próximo de uma mulher que eu encontraria ali seria um travesti qualquer. Andei até um balcão cheio de garrafas coloridas de alguma coisa, onde um baixinho lavava algum copo enquanto dançava. Me apoiei e percebi que precisava sair logo dali quando um alguém me cantou. “Carne nova?” Ouvi alguém dizer enquanto o cheiro de álcool tomava conta dos meus sentidos, me dando calafrios. “Qualquer coisa estou ali, lindinho” Disse mais perto enquanto apertou minha bunda e saiu rebolando. Oh Deus, por quê?

Chamei a atenção do barman e perguntei por Takashima, o baixinho apenas apontou para algum ponto atrás de mim. Olhei e, tenho certeza, meus olhos ficaram do tamanho de dois pratos.  Takashima usava um shorts de couro com uma cinta-liga e, então, uma espécie de calça de couro e seus pés, descalços. Sua camiseta era roxa e tinha alguns botões abertos, fazendo com que um lado caísse por seu ombro. Ele rebolava, pulava e, quando eu menos esperava, se jogou nas pessoas para que elas o segurassem. Após alguns minutos vendo tal cena e a um passo de desistir de contratá-lo, me esquecendo de qualquer recomendação que ele tivera recebido, me virei e pedi uma cerveja. Sem o álcool eu nunca me recuperaria da cena que havia visto, nunca mais. Após um ou dois copos, ouvi alguém fazer barulho se sentando ao meu lado e reconheci ser o confeiteiro que há pouco dançava como uma mulher da vida em um palco no meio de uma boate gay no centro do nada. 

- Quando você disse que tinha que voltar para seus afazeres, pensei que falava sério. – Disse um pouco alto para que me ouvisse, dando mais um gole em minha bebida.

Riu, pegando o copo da minha mão. Irritado, me virei para a pessoa ao meu lado e o vi beber um gole da minha cerveja e fazer uma careta logo após. “Quente, ugh!” Reclamou. Desaforo!

- E estava, Yuu. Tenho um compromisso com meus fãs. – Respondeu pedindo uma bebida cujo nome não foi possível entender. O homenzinho atrás do balcão deixou tudo o que fazia e foi preparar o pedido. Não precisa ser expert no assunto para saber que ele caprichou muito mais do que devia no drink e o entregou ao loiro, sorrindo como uma garota apaixonada. “É por minha conta, como sempre, Uruha.” Disse se apoiando em uma das mãos e suspirando profundamente. Balancei a cabeça deixando de tentar entender o que havia presenciado e voltei meu olhar a Takashima, que fazia careta devido à quantidade de álcool contida no copo após o “capricho” do barman.

- Fãs? Uruha? – Perguntei de uma vez, batendo com uma mão no balcão – Vai me explicar o que você é ou está difícil? – Ouvi sua gargalhada e notei que ele já tinha passado da sobriedade há algum tempo.

-Uruha é o apelido que meus fãs me deram. – Deu outro gole na bebida - Fãs são todos aqueles que foram laçados pelo meu poder, se lembra? – Sorriu – Ou seja, toda essa boate. Se eu não vir até eles, eles vão até mim. – Balançou os ombros de forma convencida.

- Olha... Que seja. Pegue suas coisas porque eu preciso conversar com você e não aguento mais o olhar daquilo ali... – Disse me referindo ao homem que havia me cantado quando eu cheguei, o qual me olhava como um leão olha a presa. - ... Nem o olhar do resto da boate sobre você.  – Me levantei entregando algumas notas ao barman (que ainda olhava para o loiro como uma garotinha olha para seu ídolo) e dei as costas. – Você tem dois minutos.

.:♥:.

- Pensei que tinha sido preso pelos seus fãs. – Ri pelo nariz, acendendo um cigarro.

- Não fume perto de mim. – Resmungou o loiro retirando o cigarro de minha mão e atirando-o pela janela. – E diga logo o que você quer.

- Qual o seu problema? Não pedi para vir até aqui. – Reclamei encostando minha cabeça no encosto do banco do carro. Após alguns minutos em silêncio, enquanto eu pensava em como dizer o que eu queria sem inflar seu ego, senti meu banco cair e um peso surgir sobre mim. – O que você...

Fui obrigado a me calar quando senti seus lábios nos meus. Demorei alguns segundos para entender o que estava acontecendo e então o empurrei para longe.

- O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO, TAKASHIMA? – Gritei limpando a boca com o braço de forma compulsiva – EU NÃO SOU GAY E NEM QUERO...

- “Nem quero virar essa droga de lixo como você”?  - perguntou de forma calma – É isso o que você ia dizer, Shiroyama-san?

Não acreditava no que estava ouvindo. Não era possível, simplesmente não era. 

- C-omo? – Gaguejei em pleno estado de choque – Você é aquele Takashima Kouyou? – Perguntei tropeçando nas palavras – Como você sabia que eu era..eu?

Gargalhou, talvez zombando da minha falta de ação, talvez de minha surpresa.

- Nunca esqueceria qualquer traço em você. – Disse agora sério – Passei quatro anos te observando todos os dias na escola, se lembra? – Riu de forma amarga – Demorei alguns anos para deixar meus sentimentos por você, também.  Mas te agradeço, porque desde aquele dia eu simplesmente não precisei mais de você ou do seu amor. Obrigado, Shiroyama-san. – disse abrindo a porta do carro e saindo, sem olhar para trás.

Ainda surpreso, me estiquei pelos bancos e, pela janela aberta, chamei sua atenção.

- Te vejo às sete da manhã, Takashima. – Gritei, voltando ao meu banco, colocando o cinto de segurança e acelerando o carro. Antes de sair, pude ver um mínimo sorriso brotar em seu rosto.


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Notas finais do capítulo

E então..?
Gostaram do Kou se jogando na night? ehe.
Me contem nos reviews!
Obrigada por ler ♥