With A Little Help From My Friends escrita por Shorty Kate


Capítulo 5
O preço das boas amizades


Notas iniciais do capítulo

Fico contente por saber que tenho pessoas que estão a adorar esta fic. Eu a princípio achei que ninguém fosse gostar dela. Enfim, fica um agradecimento mais focada às seguintes maravilhosas pessoas:
aliciabanja
MaggotManiaca
Neste capítulo John e Ringo têm treze anos, Paul tem onze e George dez anos.



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26 de Novembro de 1953

John, Paul, George e Richard eram conhecidos no orfanato como os Fab Four. A verdade é que ninguém os conseguia mesmo separar. E ao longo do tempo os quatro desenvolveram uma brincadeirinha nova. Desde que Sally disse que tinha um violão aquilo despertado interesse em todos eles pela música, principalmente no pequeno George que sonhava em aprender a tocar, mas ainda não tinha surgido o momento. Richard gostava de fazer do corpo objeto de percussão, batendo palmas, batendo nas pernas, batendo com os pés no chão, quer houvesse música ou não. Até ao dia em que teve a brilhante ideia de pegar nos tachos e panelas, fazendo delas a sua bateria e das colheres de pau as suas baquetas. John e Paul simplesmente alinhavam, cantando, e quem ouvia ficava espantado com a forma como as vozes deles se misturavam tão angelicamente.

Agora passaram-se já três anos desde que Richard entrara para Strawberry Field e até à data ele tina sofrido com imensas gripes e constipações. Ele estava avisado que o seu sistema respiratório seria mais sensível após a pleurite. E então com o rigoroso inverno não foi de estranhar que o Dr. Robert estivesse a visitá-lo de novo. Paul, George e John passavam a maior parte do tempo com ele lá no quarto, até porque era raro nevar em Novembro e estava um frio acrescido. Apesar disso, havia muitos a brincar lá fora naquela tarde. Agora eles esperavam do lado de fora do quarto, ficando ele apenas com Sally e o médico.

-Deita a língua de fora. – O médico disse. Richard esticou a língua esbranquiçada para fora da boca e o médico meteu-lhe o abaixador de língua na boca, examinando-lhe a garganta. – Estás com a garganta inflamada e tens umas belas de umas amígdalas por tirar.

-Está a constatar o óbvio, doutor! – O rapaz gozou em voz rouca. – Passo o tempo todo a tossir e dói-me imenso a garganta.

-Queres fazer o meu trabalho agora? – Robert falou, apalpando o pescoço de Richard.

-Au! – Ele disse num tom de voz nasalizado e quase mudo.

-Tens uns gânglios e isto esta a afetar-te as cordas vocais. É bom que tentes não falar muito nos próximos dias.

-O senhor só está a dizer isso porque eu gozei consigo!

Ele pegou no termómetro e colocou o estetoscópio em volta do pescoço. – Vamos lá ver se tens febre e ouvir essa rouquidão. - Richard tirou a camisola, colocando o termómetro debaixo do braço enquanto o Dr. Robert o auscultava. – Estás com febre. – Ele disse vendo que o mercúrio tinha atingido os 38,9º.

-Eu também sei ler um termómetro!

Robert respirou fundo e olhou o rapaz nos olhos, dizendo com calma e serenidade. – Cala-te um bocadinho ou ficas afónico!

-Eu já conheço a sua laia! Os médicos são todos iguais!

O homem ignorou o comentário dele e perguntou a Sally que até agora tinha estado rindo baixinho no canto do quarto. – Ele tem tido perda de apetite?

-Sim, doutor. Ele tem comido muito menos.

-Também aqui quase passo fome mesmo! – Ele resmungou.

-Como é isso, Richard? – Ela perguntou preocupada, sentando-se na beira da cama.

-Eu sou alérgico a uma data de coisas então quando não posso comer essa comida, eu não como mais nada.

-Não admira que fiques doente tantas vezes. – Sally deu um beijo nos cabelos do rapaz e ajudou-o a vestir a camisa do pijama porque ele parecia esgotado.

-Custa-te a engolir quando comes? Ou tens vómitos? – Robert perguntou, procurando um frasco com uns comprimidos.

Ele acenou com a cabeça e acrescentou. – Mas a dor no peito é que é pior.

-Aqui o nosso amigo Richard tem uma amigdalite e uma gripe. – Ele deu o frasco a Sally, dizendo. – Aqui tem uns antibióticos. Dê-lhe um a cada doze horas e ele vai ficar bom outra vez. – Ele fechou a maleta e gracejou. – Ele fica bem até a minha próxima visita.

O médico saiu e os rapazes entraram enquanto Richard engolia o grande comprimido com dificuldade. Nos últimos dias eles tinham ficado a jogar cartas com ele que apreciava a companhia, mas a cada dia que passava, Richard parecia igual ou até mesmo pior. Enquanto jogavam, a tosse do rapaz aumentava, cada vez mais rouca e seca. A respiração dele estava mais curta e ele queixa-se cada vez mais de dores no peito.

As mãos dele tremiam enquanto ele segurava as cartas e ele cobria-se com mais e mais roupa, mesmo tendo suor escorrendo pela cara abaixo. Ele estava com calafrios e suores frios, já que a febre continuava a escalar, já quase atingindo os 41º. A partir de um certo momento, John, Paul e George começaram a ficar preocupados. Richard tinha-se deitado na cama, tremendo e tossindo. Ele dizia que estava apenas cansado, mas a verdade é que ele já nem conseguia abrir os olhos por causa da febre e ele começava a não dizer coisa com coisa e ficava aluado por momentos, perdendo a consciência.

Então os três entraram em pânico e Paul saiu disparado do quarto para chamar Sally quando o rapaz começou a respirar que nem um asmático, a tremer sem parar com suor a cobrir-lhe a cara e já sem abrir os olhos. Ele estava até a ficar azulado com falta de oxigénio. Ela entrou a correr no quarto e começou a abaná-lo.

-Richard? Richard, abre os olhos! – Mas em vez de insistir em abaná-lo, ela começou a tirar todos os cobertores que ele tinha sobre ele e abriu-lhe a camisa do pijama, expondo o peito dele ao ar. – Amigdalite uma ova! Ele tem uma pneumonia! Rapazes, ajudem-me aqui.

John ajoelhou-se no chão ao lado da cama e começou a abanar o chapéu, para ver se refrescava o amigo. Paul pegou então no chapéu e ficou a fazer o mesmo que John fazia enquanto este punha fora do quarto os outros rapazes que entravam e que sem a menor das preocupações aproveitavam para ficar com os cobertores que estavam no chão.

George ia aproximar-se para ajudar Richard quando o corpo dele fê-lo ter uma convulsão. O garoto ficou completamente estarrecido, ainda no mesmo sítio, especado a olhar. Sally viu-o pelo canto do olho e disse-lhe. – George, ele vai ficar bem. Não te preocupes. Se não puderes ajudar, vai para fora do quarto.

Após um tempo, a convulsão parou. Mesmo assim ele continuava ofegante, com suores e tremores, ainda sem abrir os olhos e com um tom de pele azulado. Sally rodeou a cintura de George com o braço dela e trouxe-o para mais perto de si, tentando sossegá-lo. – Vais chamar o diretor South, por favor?

Sally pôs os rapazes fora do quarto e continuava completamente focada em Richard enquanto falava com South. Do lado de fora Paul, John e George estavam de ouvidos colados na porta, tentando ouvir a conversa. De repente South abriu a porta e saiu sem dizer uma palavra aos rapazes que só lhe queriam bater naquele momento.

-Porque é que ele não vai levá-lo para o hospital? – Paul disse em altos berros parra Sally.

-Não há dinheiro para isso. – Ela respondeu cabisbaixa.

John deu meia volta, dizendo enquanto saía. – Ele vai para o hospital. Esperem um pouco.

-John! – Sally gritou, tentando pará-lo. – John, não vás fazer nenhuma asneira!

“There are places I remember 
All my life, though some have changed 
Some forever not for better 
Some have gone and some remain 
All these places have their moments 
With lovers and friends I still can recall 
Some are dead and some are living 
In my life I've loved them all”

John saiu sem dizer nada a ninguém, caminhando por entre a pequena camada de neve que se estava a acumular. A noite estava ainda mais medonha e o John já tinha medo o suficiente pelo amigo. Mas ele manteve-se forte, apressando o passo e aconchegando a roupa ao corpo. Caminhou até Penny Lane, apenas a dois quarteirões de distância do orfanato, e bateu de punho fechado na porta de uma casa.

-Pois não? Que posso fazer por si, menino? – A empregada da casa perguntou.

John não respondeu, entrando pela casa adentro e dirigindo-se ao homem sentado no cadeirão à lareira. -Sr. Fruehauf, adote-me.

-O que te fez mudar de ideias passados sete anos? – O banqueiro perguntou de volta pousando o livro que lia.

-O meu amigo Richard está com pneumonia e precisa de ir para o hospital agora. Só precisa de o ajudar e eu deixo que me adote.

O homem levantou-se e disse. – Jasmine chame o Gordon. Diga-lhe que é urgente. - O motorista de Fruehauf apareceu e ele disse-lhe. – Gordon traga as chaves do carro. Vamos ao orfanato e ao hospital.

-Com certeza senhor.

“But of all these friends and lovers 
There is no one compares with you 
And these memories lose their meaning 
When I think of love as something new 
Though I know I'll never lose affection 
For people and things that went before 
I know I'll often stop and think about them 
In my life I love you more”

Richard foi imediatamente internado no hospital. Sally ficou responsável por ficar com ele. Os rapazes ficaram até à manhã seguinte, quando receberam notícias de que Richard tinha estabilizado. Apenas umas duas semanas no hospital e ficaria bem. Eventualmente Sally teve que mandar Paul e George de volta ao orfanato. E foi isso que causou em Paul estranheza quando John tomava um caminho diferente à saída do hospital.

-John, porque não vens connosco?

Fruehauf esperava-o no carro, pronto para levá-lo já para casa dele. John tirou o chapéu e colocou-o na cabeça de Paul. – Fica bem maninho. – Ele disse, puxando-o para um forte abraço.

-Vais com o Fruehauf? – George perguntou.

John não lhe respondeu diretamente, mas abraçou-o também dizendo.- Um pequeno preço a pagar pelos meus amigos. – Após a despedida o rapaz deixou os amigos para trás, caminhando para o carro.

 Eles ficaram a vê-lo partir e em vez de ir para o orfanato, Paul levou George e os dois voltaram a entrar no hospital. Agora mais do que nunca Paul sentia-se responsável por George e assim que Richard recuperasse os três trariam John de volta. Qualquer que fosse o custo.

“Though I know I'll never lose affection 
For people and things that went before 
I know I'll often stop and think about them 
In my life I love you more 
In my life I love you more”


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Notas finais do capítulo

Por favor não me maltratem pelo que eu fiz ao Ringo; eu também fiquei com pena!
Bem, deixei aqui um pouco de suspense. No próximo capítulo vão perceber porque é que Fruehauf adotou John.