Julie e os Fantasmas - Segunda Temporada escrita por Alice e Cecília


Capítulo 7
A ligação


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora.
Escrito por Cecília



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Julie abriu a porta. Era Nicolas.

– Oi. Quer entrar? – falou ela, ao vê-lo.

– Não, só queria falar com você. – respondeu ele.

– Falar o quê?

Nicolas sorriu.

– Então, Julie, me desculpa aquele dia que eu não fui no cinema com você.

– Não tem problema. – respondeu ela. – Eu assisti ao filme mesmo assim.

– Sozinha?

Ela sorriu. Queria fazê-lo sofrer só mais um pouquinho por ter sido grosseiro com ela no telefone outro dia.

– Com o Daniel.

Sua expressão era um misto de ciúmes e raiva, porém Julie não se importou.

– Era só isso que queria me dizer? – perguntou ela.

– Quer ir no cinema? A gente não tem nada pra fazer hoje e eu tenho dinheiro, e estou afim de gastá-lo. Que tal? Só eu e você, e um grande balde de pipoca?

– E duas latinhas de refrigerante? – falou ela, rindo. – Sim, vamos. Agora?

Ele assentiu.

– Deixa só eu me arrumar. Fica esperando na sala.

Nicolas entrou e sentou-se no sofá.

Julie foi para seu quarto, trocou de roupa e perfumou-se. Prendeu só um pouco de seu cabelo, no topo da cabeça, como gostava de fazer. Daniel apareceu.

– Quer dizer que você e o Nicolas vão sair? E aquela história de “ele não gosta mais de mim”? – disse ele.

– Parece que eu estava enganada. – respondeu ela, espalhando base pelo rosto. – Mas eu acho que todos os namoros têm essas coisas. – ela fez uma pausa. Começou a passar o pó compacto. – Apesar que outro dia eu estava pensando no que a Bia falou: provavelmente uma hora ou outra nós vamos terminar. – Julie passou o corretivo nas imperfeições de seu rosto. – Duvido que o meu marido vai ser o Nicolas. Na realidade, acho que não vai ter marido nenhum. Não dá pra me imaginar entrando numa igreja!

Daniel riu.

– É bom que as coisas entre você e o panaca estejam indo bem. Não gosto de vê-la triste. – disse ele.

– Ninguém gosta de ver ninguém triste, Daniel. – disse ela, agora passando lápis em seus olhos.

Daniel pôs-se a observá-la, maquiando-se.

– Como se chamava aquele cara que a Bia estava saindo? Theo? – Julie assentiu. – Ele achava sem noção mulher que passava batom, não é?

Julie passou o rímel. E decidiu passar só um pouquinho de pó iluminador.

– Ele achava tudo sem noção. As roupas da Bia, as coisas que ela gostava; Daniel, ele achava o Kiss sem noção! O Kiss!

Ele riu.

– Por que você falou disso, agora, de repente? – perguntou Julie, colocando um pouco de sombra em seu olhos.

– É só porque eu te vi se maquiando, aí eu me lembrei. – respondeu ele, sentando-se na cama. – Por quê você se arrumando tanto só pra ir no cinema? – ela não respondeu. – Não me diga que está tentando reconquistá-lo. – disse Daniel.

– Não estou. Mas toda mulher tem que se arrumar, é de lei. – respondeu ela, sorrindo para espalhar corretamente o blush em seu rosto.

– Que lei, Julie?

– A lei da natureza. – retrucou ela, passando batom.

Ela virou-se para ele.

– Como estou? – perguntou ela.

– Diferente. – respondeu.

– Diferente bom ou ruim? – questionou, com a voz preocupada.

– Mais linda do que o habitual. – resmungou ele. – Agora, desce logo, que o panaca está impaciente.

Julie sorriu e desceu.

Nicolas olhou-a com admiração.

– Nossa, Julie, você está linda! – exclamou ele.

– Maquiagem faz milagres. – respondeu ela, sorrindo. – Vamos? – perguntou, estendendo-lhe a mão. Nicolas levantou-se e eles saíram e foram andando até o cinema, de mãos dadas. Nicolas notou o olhar de alguns garotos sob Julie durante o caminho.

Compraram os ingressos, a pipoca e o refrigerante. Entraram na sala e escolheram duas poltronas do fundo. Julie encostou-se no ombro de Nicolas e ele abraçou-a. O filme começou.

Julie estava saindo com seu namorado, então, tecnicamente, devia estar se divertindo mais do que a vez que saiu com Daniel. Mas não era isso que estava acontecendo.

De repente o celular do Nicolas tocou. Ele atendeu, mesmo sabendo que era chato atender telefones no cinema. Julie começou a prestar atenção na conversa. Até conseguia ouvir a pessoa do outro lado da linha. Era um garoto de voz fina ou... uma garota?

– Oi. – disse Nicolas, atendendo o celular. Julie não entendia nada do que a outra pessoa dizia, só conseguia ouvir seu tom de voz. – O que eu tô fazendo? Nada de importante, só estou no cinema. Hum. – ele pareceu estar pensando. – Agora não dá, né. Tô com a Julie. Ela? – Nicolas riu. – Sair? Quando? Amanhã de noite? Ótimo, tá marcado então. – ele riu. – Por quê que você tá com saudades? Aham, tá bom. Aqui, tenho que desligar. Até. Beijo.

– Quem era? – perguntou Julie, curiosa.

– Ninguém. Uma amiga.

Eles terminaram de ver o filme. Depois, foram lanchar. Julie comeu pouco. Ela lembrou-se da vez em que seguira Larissa e de como ela estava rindo. Nicolas não era tão engraçado assim. Julie rira apenas algumas vezes durante todo o encontro. Já Daniel havia feito ela rir até chorar...

Julie avistou Bia e Valtinho. Ela pediu licença um segundo a Nicolas e foi até eles.

– Oi. – disse ela, sorrindo.

– Julie, quer falar pra ele que eu não posso contar quem são os caras da banda? – falou Bia, irritada.

– Oi? – respondeu Julie, sem entender nada. – Me explica.

– É que eu sou o namorado da Beatriz, Julie. – disse Valtinho. – Segredos entre namorados? – ele bufou. – E eu tenho o direito de conhecer os caras dos Insólitos.

– Bem, o direito, assim, você não... – começou Julie, sorrindo, porém foi interrompida por Valtinho.

– E a Beatriz não quer me deixar conhecê-los! Sabe o que é o pior? Descobri que até aquele amigo do seu irmão, o tal de Patrici...

– Patrick. – corrigiu Bia.

– Patrick, que seja, conhece os caras da banda! Julie, deixa eu conhecê-los, por favor?

– Se nem o Nicolas viu o rosto deles, por que vou deixar você ver? – retrucou Julie. – É segredo, se tirar a máscara perde o mistério.

– Beatriz. – falou Valtinho, virando-se para Bia e ignorando o comentário de Julie. – Estou falando sério. Me mostra quem são eles, ou a gente termina o namoro agora.

– De novo isso? – disse Bia. – Quer saber, vamos terminar.

Valtinho pareceu estar repensando.

– É melhor não, por que você não me diz quem são eles e a gente não termina?

– Você está falando exatamente o que você falou há um tempo atrás. – respondeu Bia. – E, sério, Valtinho, vamos terminar. Não sei nem porque eu estava saindo com você.

– O quê? – falou ele, surpreso.

– A gente não tem nada a ver. Eu detesto filme de terror, antes da gente se beijar eu te achava chato e intrometido. Na realidade eu só fiquei com você porque era uma festa, e é isso o que as pessoas fazem nas festas, e porque você me ajudou com meu primo. – Bia fez uma pausa e depois disse: – Até mais, Valtinho.

– Você me dispensou? – perguntou ele, quando viu Bia saindo. Julie sorriu e disse:

– Parece que sim. Isso que “vamos terminar” quer dizer.

Julie seguiu sua amiga.

– Fazia algum tempo que você queria terminar com ele, não é?

Bia concordou com a cabeça.

– Não quero mais saber de garotos. Só servem para roubar o seu tempo que você poderia gastar com suas amigas. O amor é só uma reação química.

– Você já disse isso. Lembra, naquela vez com o Theo...

– Outro sem noção, esse. – ela riu. – E o que você está fazendo aqui, Julie? Só passeando? Deixa eu adivinhar, com o Daniel?

Julie negou, sorrindo.

– Com o Nicolas.

– Nicolas? Achei que as coisas entre vocês estavam indo de mal a pior.

– Parece que era só maluquice da minha cabeça. – ela fez uma pausa. – Tenho que ir. O Nicolas está me esperando.

– Vai lá.

Julie foi até ele.

– A Bia e o Valtinho terminaram. – disse Julie, ao sentar-se.

– Legal. – falou ele, sem animação nenhuma. – Vamos embora? Está ficando tarde.

Eles foram para casa, mas dessa vez não caminharam de mãos dadas.

– Por favor, Daniel. – implorou Julie.

– Eu não vou seguir o panaca do Nicolas. Sabe quantas vezes você me pediu isso?

– Essa é a última. Eu fico te devendo umas vinte. Por favor.

Daniel suspirou.

– Eu só vou seguir o imbecil e te dizer com quem ele saiu?

– Só isso. Você vai fazer isso por mim? – perguntou ela, ansiosa.

– Está bem. Eu faço. Mas essa é a última vez. – Julie sorriu e o abraçou.

– Obrigada.

Daniel sentou-se e voltou a tocar sua guitarra. Julie aproximou-se dele.

– Mas dessa vez, me conta o que realmente aconteceu? – disse ela, em voz baixa. Daniel não respondeu, apenas ergueu os olhos. Martim apareceu, sorridente.

– Oi. Aconteceu alguma coisa? – perguntou ele.

– A Bia e o Valtinho terminaram. – respondeu Julie.

Martim sorriu.

– Mais alguma coisa?

– Não. – disse Julie. – E onde está o Félix? Não o tenho visto ultimamente.

– Ele acha que está morrendo. Só porque ele tocou num pó, que ele acha que é venenoso. Ele está invisível, mas está deitado no sofá.

Daniel olhou para o sofá e falou:

– Só agora que eu te vi aí, Félix. Para de ser bobo, você não pode morrer, você já está morto.

Julie riu da situação. Um fantasma achando que estava morrendo? Era cômico demais.

– Existe alguma coisa que o Félix não tem medo, Martim? – perguntou Julie, sorrindo.

– Bem, ele não tem medo de ter medo. – respondeu Martim. Julie riu com a resposta, cumprimentou Félix e resolveu ir dormir. Que o Félix morresse. Iria vê-lo de manhã de qualquer maneira.

O que importava é que ela havia convencido Daniel a seguir o Nicolas. Mesmo duvidando que ele iria dizer a verdade a ela.


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Notas finais do capítulo

No próximo episódio:
Julie descobrirá a verdade sobre Nicolas.