Julie e os Fantasmas - Segunda Temporada escrita por Alice e Cecília


Capítulo 5
Não é o que parece


Notas iniciais do capítulo

Escrito por Alice e Cecília.



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.– Papai saiu... – Julie falou entrando na edícula. – Vamos fazer um som? – disse para Daniel que estava sentado no sofá.

– Na verdade, eu tinha outros planos. – levantou a mão, onde se encontravam duas entradas para um filme que Julie estava louca para ir. – AAAAAAH!!! – gritou. – Muito obrigada!!! – falou pulando freneticamente, o abraçando . – Quando?

– Hoje, nove horas.

Julie mal podia para de pular.

– Mas, peraí.... Você é um fantasma, não precisa ter entrada para entrar no cinema.

– É por quê eu não vou – sorriu. Julie o fitou com cara de desentendimento. – Comprei pra você e o Nicolas.

– Ai Daniel! Não precisava. – abraçou-o novamente. -Você não roubou, roubou?

– Não! Eu usei a minha parte do resto do salário daquele trabalho. – riu.

– Ah que fofo! – exclamou o abraçando novamente sorrindo. – Muito obrigada mesmo!!

– De...

– Pedrinho.! – Patrick abriu a porta e encontrou Julie abraçando o ar. – Oi Julie.

– Não é o pensa! Eu tô... Treinando para uma peça. Que eu abraço alguém. – disse envergonhada.

– Você viu o Pedrinho? – falou meio entre os dentes.

– Não.

– Então tchau. – saiu.

– Nossa. Essa foi por pouco! Melhor se apressar ou vai perder o filme.

– Vou ligar pro Nicolas! Beijo. – beijou seu rosto sorrindo e Daniel retribuiu o sorriso.

Julie saiu da edícula saltitando, feliz da vida com os ingressos comprados pelo amigo.

– Oi Nicolas.

– Que é?. – disse atendendo o telefone.

– Você não acredita! – exclamou.

– O quê? – Nicolas não parecia muito animado.

– O Daniel comprou dois ingressos para aquele filme que a gente estava doido pra ir. – falou animada. – Hoje, às 21:00. Você vai comigo né? – perguntou manhosa.

– Peraí, o Daniel? – desconfiou.

– É, porquê?

– O que ele quer dizer com isso?

– Como assim?

– Ele está querendo alguma coisa. Não podemos ir. – afirmou.

– O quê? – perguntou indignada. – Mas...

– Sem mas, Julie! Além disso eu tenho outros planos. Tenho que desligar, tchau.

– Nicolas! Porquê você está falando assim? – tarde demais, ele já havia desligado.

Julie não havia entendido por que Nicolas estava sendo grosseiro, mas aceitou o Não, e voltou para a edícula. Quase começou a chorar, mas não queria parecer fraca na frente de Daniel.

– Daniel, eu preciso da sua ajuda! – falou meio chorosa.

– Que foi que o panaca fez agora? – ele a abraçou.

Julie não conseguiu segurar, e algumas lágrimas escorreram por seu rosto, molhando o paletó de Daniel.

– Ele... Ele... – soluçou baixinho. – Ele não gosta mais de mim.

– Calma. Vem, senta aqui e me conta com mais calma. – falou se sentando no sofá.

– Vê se você consegue entender isso. – falou, tomando fôlego. Deitou-se em seu colo – Quando ele atendeu, falou “Que é?” todo agressivo. Depois, me tratou muito mal e... – Julie contou a história inteira para ele.

– Sabe o que a gente tem que fazer?

– O quê? – disse se levantando e sentando.

– Vingança à moda antiga.

– Vingança à moda antiga? – perguntou confusa.

– Eu vou seguí-lo. E descobrir o que ele tem. – falou sorrindo.

– Não. – resmungou . – Não vai adiantar nada eu descobrir que ele está me traindo com a Larissa. Só vai me deixar mais triste.

– Julie, deixa de ser paranóica. Ele provavelmente só está meio desanimado hoje. Já sei! Vem, eu vou te mostrar outro jeito de esquecer isso tudo.

– Dardo não!

– Não é dardo. – disse esticando a mão.

– Da última vez que você disse isso, nós quase nos beijamos.

– É. – sorriu meio sem jeito. – Eu não vou tentar te beijar.

Daniel pegou os ingressos do bolso da jaqueta de Julie.

Saíram pela porta rindo, e Daniel começou a contar para ela algumas piadas de quando era vivo. Julie quase caia de rir, e ele amava isso. De vez em quando caia sobre Daniel. Então ele começou a contar alguns casos engraçados de sua vida, e aí sim, Julie dava boas risadas e chorava de rir. Os casos de Félix e meninas eram os mais engraçados.

– E você? – Julie disse enxugando as lágrimas do rosto.

– Hã? – disse rindo ainda.

– Me conta um caso de amor SEU. Não precisa ser de amor, pode ser paquerinha.

– Eu conto. Tinha uma menina chamada Juliana... – brincou chorando de rir apesar de já não produzir mais lágrimas.

– É sério! Me conta! – falou batendo em seu braço.

– Está bem! Calma! – levantou as mãos. – Sabe a Mariana? – Julie assentiu. – Você não imagina o tanto de coisa que eu tive que passar para ficar com ela! Apanhei do namorado dela, que era três vezes menor que eu. – acrescentou fazendo-a rir. – E você nem acredita, ela era afim do Félix! Um dia ela tentou beijar ele. Aí, ele ficou com medo, e saiu correndo. – riam sem parar. – Eu tive que “desapaixoná-la”. – já conseguiam se controlar. – E você? Me conta algo!

– Você lembra quando o Valtinho fingiu ser meu namorado, para eu poder fazer o show? – Daniel assentiu. – Então... ele me deu um selinho na frente do meu pai. – Daniel começou a rir de novo.

– Tadinha! – dispararam a rir. – Sério, se eu pudesse, eu estaria chorando de rir agora.

Julie riu.

– Mas, você não pode chorar mesmo? – perguntou olhando para seus olhos.

– Não. E ainda bem. Se não ia borrar o meu delineador. – disse com uma voz afeminada. – E nunca ia mudar de novo. Se tivesse alguma coisa que eu pudesse mudar da minha morte seria isto. Por que eu tinha que morrer maquiado? Agora vou parecer um viadinho por toda a eternidade.

– Que isso! Você não parece um viadinho. – tentou limpar o delineador de seus olhos, mas não conseguiu.

– Quer dizer. – acrescentou . – Os fantasmas podem chorar apenas quando estão realmente tristes. Quando, fariam qualquer coisa, sem questionar. Tipo, se eu chorasse, poderia até me entregar a Demétrius.

– E você ... – pausou a fala. – já chorou?

– Na verdade,já. Quando a deixei. Não que eu seja do tipo chorão, mas foi difícil fazer a decisão. Quer dizer, tipo você decidir deixar o Nicolas pra sempre.

– Ah, Nicolas. – reclamou choramingando. – Seria fácil.

– Fácil? – perguntou confuso.

– É. Parece que a chama amorosa que sentíamos já se apagou.

– Ui que drama! – exclamou Daniel brincando. – Sò porque ele foi grosseiro com você?

– Não, é só que parece que o nosso namoro, não era o que eu esperava. Além de tudo, todo namoro fica pior quando um desconfia do outro. Eu tenho ciúmes da Larissa, e o Nicolas de você. Então... Você me entende?

– Claro. Mas eu já sabia né... – brincou.

Foram rindo até chegar ao cinema.

– Vou ficar visível. – afirmou.

– O quê?!

– Que foi? Só os dois podem ficar visíveis na frente dos outros?

Julie riu e os dois entraram a sala. Daniel entrou como um pálido maquiado normal, como outro qualquer

Era divertido sair com Daniel. Até mais do que com Nicolas. Julie se divertiu tanto que até se nem se lembrou dele, nem de como a havia tratado mal.

O filme era muito bom. Daniel estava amando tudo, assim como Julie. Fazia um bom tempo que ele não via um filme no cinema. A verdade, mais de 30 anos.

Era ótimo poder vivenciar aquela experiência de novo. Ainda mais junto de uma garota perfeita diante de si.

Julie colocou as mão para baixo, junto de Daniel. Ao se encostarem, hesitaram rapidamente. Ela olhou para ele, que estava com um sorriso no rosto.

– Não se limite a diversão.

Daniel segurou sua mão, e Julie se encostou nele, deitando sobre seu peito. Com a outra mão, Daniel alisava os cabelos de Julie. E ficaram assim até que o filme acabasse.

Quando as luzes se acenderam, eles nem perceberam, e continuaram assim. Um olhando para outro, a mesma posição. Até que o “lanterninha” os parou, dizendo para saírem pois a outra sessão

já ia começar.

Saíram em silêncio, e voltaram para casa rindo.

Chegaram e foram direto para a edícula.

– Vamos fazer um som? – disse Julie, segurando o microfone. Félix fez a contagem e eles começaram a tocar. Mas logo eles foram interrompidos por Pedrinho...

...e seu amigo Patrick. E eles estavam sem as fantasias.

Ele olhou assustado para os instrumentos tocando. Julie correu e trancou a porta.

– Me deixa sair! – gritou Patrick.

– Não! – falou Julie, bloqueando a porta.

Pedrinho forçou-o a sentar-se no sofá.

– Pedrinho, porque você veio para a edícula? – perguntou Julie, irritada.

– Desculpa, eu achei que eles estavam fantasiados. – respondeu o menino.

Julie virou-se para Patrick.

– Eu vou deixar você sair quando eu explicar tudo. Ou melhor, Pedrinho, pode falar tudo a ele.

– Mas...

– Sem mas. Anda, você colocou ele no meio disso, você resolve.

Pedrinho começou contando da vez em que ele batera no Mauro, o garoto forte. Depois, mencionou a vez em que ele saíra com a garota que ele gostava. Contou várias histórias em que os fantasmas o ajudaram. E depois disse a verdade a ele. Julie esperava qualquer reação de Patrick, exceto a que ele teve:

– Eu tenho que contar ao seu pai.

– O quê?! – Julie e Pedrinho exclamaram juntos. Dessa vez, só Julie falou: – Você não pode fazer isso. Você vai arruinar tudo! Por favor!

– Julie, isso é perigoso! E se você ou o Pedrinho se ferirem? Fantasmas são maus. – disse ele.

– Não, Patrick, você não entendeu? – replicou Pedrinho. – Eles sempre me ajudaram, eles são meus amigos! Nunca feriram ninguém!

– Pedrinho, eu já vi isso na TV. Uma hora ou outra eles vão se tornar espíritos vingativos.

– Isso é a maior bobagem que eu já ouvi na minha vida. – falou Julie.

– Eu não me importo. Vou contar para o seu pai e nada vai me impedir. Agora abre a porta.

Julie fez o que Patrick pediu; não adiantava ficar retendo o garoto ali.

– O que vamos fazer? – perguntou Pedrinho, aflito.

– Está na hora de tomarmos medidas mais drásticas. – disse Julie, sorrindo.

Patrick deitou-se em sua cama e começou a assistir um filme de terror. De repente, o clima ficou frio. A televisão desligou. As luzes começaram a piscar. Uns gibis caíram da estante.

Um fantasma apareceu.

– Oi. Meu nome é Daniel. Prazer em conhecê-lo. – disse ele, sorrindo, como se nada estivesse acontecendo.

Patrick estava em choque, mas conseguiu falar após um longo tempo:

– Você é um dos fantasmas da banda da Julie?

– Sou. – falou Daniel, sentando-se na cama.

O menino não disse mais nada. Daniel disse, sorrindo:

– Fiquei sabendo que você quer contar ao pai de Julie sobre a minha existência. Estou errado?

– Não. – respondeu Patrick, em voz baixa.

– Também ouvi você dizendo que os fantasmas são maus. Eu sou mau? – o menino não respondeu. Daniel parou de sorrir, e seu rosto tornou-se sombrio.- Porque eu posso ser. Posso ser assustador. Posso tornar da sua vida um inferno. Posso fazer você desejar nunca ter nascido. Ou – ele voltou a sorrir. – posso ser bonzinho. Ser seu amigo. É uma escolha sua. Fique calado e não diga nada a ninguém, e você nunca voltará a me ver. Preciso dizer quais são as consequencias de contar ao pai da Julie?

Patrick estava branco de medo. Ele balançou a cabeça, negando.

– Então você vai ficar quieto?

Ele assentiu, com medo.

– Ótimo. – Daniel sorriu e desapareceu. Um segundo depois apareceu de novo. – Mais uma coisa. Pedrinho não tem culpa de nada disso. Eu e os outros dois fantasmas pertencemos a banda da Julie. Você vai continuar sendo amigo do Pedrinho normalmente, não é?

Patrick murmurou um “sim”. Daniel disse “adeus” e sumiu.

– E então? – perguntou Julie. – Resolveu o problema?

– Sim. – respondeu Daniel. – O menino não vai falar com seu pai, com certeza.

– Você não o assustou muito, assustou? – falou Julie.

– Não tanto quanto eu assustei o panaca aquele dia.

– Nós fizemos errado em assustá-lo?

– Julie, o menino ia falar. E além do mais, fui eu quem o assustei. – Daniel pegou sua guitarra, e começou a tocar uma música antiga que Julie não conhecia. 


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Notas finais do capítulo

No próximo episódio...
Daniel revela algo importante a Julie.