A Culpa escrita por Mara S


Capítulo 6
Capítulo V




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Não estava sendo nada fácil a nova etapa de minha vida, me afastei de Jeff, saí do emprego e morava do outro lado da cidade. Na minha primeira semana tentando ser uma nova pessoa treinei minha força demoníaca e descobri algumas das minhas capacidades, que pareciam aparecer cada vez mais fortes, depois que as admiti. Nunca me imaginei naquela situação, mas lá estava eu, treinando muito e aprendendo a me aceitar, como meu pai disse que aconteceria, cedo ou tarde. Era impossível ser uma humana.

Enquanto tentava entender o motivo do assassinato de meu pai e quem era minha mãe, não descansei um dia sequer de treinamentos tanto para preparar-me físico como mentalmente para essa mudança.

Depois de uma semana de autoconhecimento decidi ligar para Dante em busca de notícias, se ele não tivesse tido sorte eu começaria a minha própria busca.

- Dante, aqui é Taria, talvez você me conheça como Julia.

- Uma mudança positiva. – falou com uma voz feliz.

- Alguma novidade? Já se passou tempo demais...

- Não – suspirou. – Está difícil. Quando encontro alguém que pode estar relacionado a tudo descubro que estou frio. Quem fez isso sabia o que estava fazendo. É trabalho de alto nível.

- Isso é impossível. Eu pensei que você fosse me ajudar.

Desliguei o telefone assim que disse as últimas palavras, não queria ninguém dizendo o que deveria fazer ou não.

Caminhei pelas ruas em qualquer direção, estava perdida, sem saber bem o que deveria fazer. As responsabilidades que tinha haviam complicado sua existência. Ser humano era muito mais confortável.

Notei, espantada, que minha caminhada havia me levado perto do local em que morava. Perto do meu passado.

- Será que Jeff ainda vive aqui?

Após longos minutos cheguei ao prédio em que morei. Senti-me mal e percebi que aquilo tinha a ver com Jeff. Corri para o andar correto, já desesperada. Meus sentidos não me enganavam: algo errado estava acontecendo.

Abri a porta com violência e o vi caído no chão. Não se mexia.

- Jeff? O que aconteceu?

- Você? Que bom que a última coisa... que vou ver vai ser... você.

- O que aconteceu?

- Demônios... Invadiram... – cuspiu sangue.

- Pra quê?

- Eles não me deixaram... perguntar. – forçou um sorriso.

- Não morra! – o sacudi.

- Você sumiu... Ei... Gostei do seu cabelo assim. Parece tão natural.

- Ele é assim.

Jeff me encarou demoradamente sem dizer uma palavra antes de morrer.

Eles queriam me aterrorizar. Quem quer que fosse, era isso que queriam: medo. Ainda não sabia porque, mas sabia que eles iriam perseguir todos ao meu redor para chegarem até eu. Enxuguei as poucas lágrimas que brotavam de meus olhos e sai. Não era medo que me atormentava, era o ódio.

- Não vá fazer nenhuma estupidez. – uma voz disse ao longe.

- Estupidez? Eu acabei de encontrar meu amigo morto! MORTO! Adivinhe o que o matou? Demônios!!!

- Acalme-se! – Dante me puxou para uma praça vazia. – Essa reação não vai te levar para lugar algum.

- O que você sabe sobre perder pessoas próximas? Eu já perdi DUAS em menos de um mês!

- E eu perdi minha família toda. – disse irritado.

- Então você deveria saber o que estou sentindo... – me afastei e sem muito remorso completei – Você, supostamente, deveria estar resolvendo problemas e não fazendo com que pessoas inocentes morressem.

- Não sou eu quem está sendo caçado por demônios, querida. Quem falou que iria fazer as coisas do seu próprio jeito?

- Você não está ajudando. Era isso que estava precisando: ajuda. Eu vou fazer as coisas do meu jeito. Não parece que você esteja preocupando-se com tudo isso. Acha que é só uma aventura, algo que você pretende receber no final. Vou te dizer uma coisa: não preciso mais de você e de sua ajuda.

            - Para sua informação, geralmente, as pessoas que se relacionam com demônios não têm muita sorte. A maioria não acaba bem. Isso é um fato. Pelo menos, se você tivesse escutado seu pai não estaria nessa situação, você não está forte o suficiente para sair defendendo as pessoas que gosta.

            Senti algo incontrolável tomar conta de meu corpo e uma dor nunca antes sentida. Vozes gritavam em meu ouvido e senti o ódio crescer. Sem pensar duas vezes parti para cima de Dante, que parecia chocado ao me ver tão agressiva, mas eu não estava armada para golpeá-lo, como as vozes diziam que deveria fazer, então, antes que ele tivesse tempo bati com força sua cabeça no chão e o soquei.

Senti as vozes se silenciarem quando fui jogada para o lado oposto da praça vandalizada.

- Calma aí boneca! Não me obrigue a te machucar! – Dante falou enquanto apontava sua espada em minha direção.

            Levantei-me rapidamente, mas a vontade de destruí-lo já havia passado.

            - Controle-se ou senão você será tomada pelo seu lado demoníaco. Não vai querer que isso aconteça, já que em toda sua vida quis ser mais humana!

            - Eu preciso encontrar quem fez isso. – disse me afastando de Dante.

            - Olhe, eu posso te ajudar a controlar seu poder, mas só faço isso se você me garantir que não vai pular em cima de mim de novo! Eu sei que sou irresistível, mas esse não é o modo de iniciar um relacionamento.

            - Eu aceito. – disse ignorando a sua piadinha - Quanto mais rápido for isso melhor. Sozinha vai demorar meses...

            - Eu nunca fiz isso antes, então não sei se vou ter paciência, mas é melhor você perto de mim do que cometendo qualquer maluquice nas ruas!

Segui Dante um pouco nervosa com seu comentário, mas aliviada por pensar que talvez conseguisse aprender alguma coisa de forma rápida. Entretanto eu sentia que não deveria confiar naquele homem.

 


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