Going Back In Time Party escrita por Rennan Oliveira


Capítulo 7
Na Casa dos Hummel




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Quando Quinn descobriu que Puck estava limpando a piscina de sua casa a pedido de sua mãe, o rapaz pensou que acabara de se enfiar na maior encrenca em que poderia ter se metido. Quando viu a garota se aproximar a passos rápidos e determinados, chegou a preparar o rosto para receber o tapa que muito provavelmente estava por vir, o que ele achava completamente justo, levando em conta as circunstâncias. Não foi bem isso o que aconteceu.

Primeiro, Quinn ficou na ponta dos pés e abraçou Puck, dizendo que sentira muita falta dele, e em seguida emendou comentários que ressaltavam o quanto ele ficara bonito depois de uns anos e como parecia maduro, mesmo que ainda estivesse limpando piscinas. Puck fizera o mesmo tipo de comentários, talvez mais sinceros do que os da garota, porque ele realmente achava que Quinn estava mais bonita do que antes. A idade adulta lhe fizera muito bem, no final das contas. Foi apenas depois disso que Quinn afastou-se um passo para trás e acertou a mão na face do rapaz.

Puck recebeu o tapa e sorriu. Aquilo não era de todo imprevisível, e talvez por isso ele tenha rido. Achou irônico o fato de Quinn ser tão cortesã a princípio para depois descer do palco e fazer o que sempre quis fazer. Ele até se sentiu humilhado – afinal, receber um tapa nunca que era algo digno de orgulho -, mas relevou. Era um homem muito avoado para conceder grande atenção para acontecimentos como aqueles.

Isso significava que, nem mesmo meia hora depois, Puck já não se lembrava de mais nada.

Tais pensamentos só ocorreram ao rapaz porque, naquele momento, ele beijava Judy Fabray como se sua namorada fosse. Ela, sentada numa máquina de lavar roupas que quase nunca era usada, abraçava Puck como se seu marido fosse, enquanto o beijava. Se um dia Puck afirmou que gostava das “mães”, ele não estava mentido; de fato gostava, por isso que não conseguiu resistir às investidas da mãe de Quinn. Além do mais, ele era um homem, talvez com mais com mais testosterona do que qualquer outro da sua idade, e querer que ele negasse aquela “escapada” era o mesmo que pedir a um padre que não acreditasse em Deus.

De qualquer forma, ele só estava ficando com Judy porque sabia que Quinn não estava por perto. Ele a vira sair ainda cedo, logo depois de tomar seu café da manhã, para comprar algumas coisas no mercado e visitar a livraria. Disse também alguma coisa sobre precisar de um lugar mais tranquilo para estudar, comentário que Puck não entendeu. Por isso, com ela longe, a própria Judy foi quem o procurou. Não que eles já não estivesse acostumados àquilo, porque não era a primeira vez que se amavam daquela forma.

E Puck também tinha sua parcela de culpa em tudo aquilo, portanto, nunca negaria se lhe perguntassem se ele só insistia naquele emprego por causa das mães que tinha a seu dispor a fim de realizar suas fantasias.

Durante a tarde, quando as piscinas já tinham sido limpadas e o único pretexto que Puck tinha de estar ali era Judy, eles ainda estavam se beijando, mas então o homem se lembrou de que tinha que partir.

- Por quê? – Judy perguntou, visivelmente irritada com aquilo.

- Um encontro – ele respondeu, agarrando as roupas pelo caminho.

- Um encontro? Seria alguma outra vadia com quem você está saindo além de mim?

- Claro que não, minha Tigresa – ele disse e segurou o queixo de Judy com carinho. Ele até tinha outras mulheres em sua lista de contatos, mas não era esse o caso. – Encontro de amigos, um em que sua filha também vai estar.

- Hum.

- Se eu pudesse, eu juro que te chamava, mas acho que não pega bem, não é?

- Claro que não. – Judy voltou a se aproximar de Puck e sussurrou: – Mas... a gente volta a se ver ainda nessa semana?

- Se sua piscina estiver suja, por que não? – ele respondeu em mesmo tom.

- Pode deixar que eu me encarrego disso.

Deram-se mais um beijo e então o rapaz teve que partir.

~//~

O celular de Rachel tocou ao som de Letterbomb, do musical American Idiot, que, naquela época, era um clássico bastante admirado. A garota, observando a tela do aparelho brilhar e apagar com o nome e foto de Finn Hudson (uma tirada há muitos anos), teve o corpo inteiro tomado por expectativa. Sem saber o que fazer, olhou para Kurt, à sua frente.

O rapaz recebeu seu olhar e deu de ombros, sabendo que aquele não era um problema que lhe pertencia. Rachel olhou para baixo e mordeu os lábios, tensa. Kurt balançou a cabeça em negativa. Rachel agarrou sua mão e tornou a olhar para o celular.

Kurt não teve como não acatar o pedido.

- Alô? – disse.

- A-Alô? Rachel? – disse Finn do outro lado da linha.

- Vou receber isso como um elogio, imaginando que você queira dizer que nós dois temos vozes parecidas, inclusive em afinação. Sou eu, o Kurt.

- Kurt? Mas... Eu liguei errado?

- Não, você ligou para o celular da Rachel mesmo.

- Ela está por aí?

- Está.

- P-Posso falar com ela?

Kurt hesitou e procurou Rachel. A garota começou a balançar negativamente a cabeça.

- Não – Kurt respondeu, seco.

- Não?

- Não. Ela está no banheiro, pediu que eu atendesse.

- Ah, sim. Bem, diga que eu ligo dep...

- Você pode me dizer o que é que eu repasso o recado.

- Estou pensando em fazer um encontro com o pessoal aqui em casa, só com os mais próximos, e eu queria chamá-la para vir também.

- Um encontro...?

Rachel sacudiu a cabeça com ainda mais força, tanto que seus cabelos chegaram a ficar desarrumados.

- Não vai dar, Finn – Kurt respondeu, apertando bem os olhos. Odiava mentir daquela forma.

- Não?!

- Não. Ela não está bem. Está... – Kurt não sabia o que dizer. Rachel apontou para o próprio nariz. – Está gripada, muito gripada.

- Mas mesmo assim ela não consegue vir?

- Não, não consegue. Mal consegue caminhar pela casa, imagina sair por aí pela cidade, não é mesmo? – Finn não disse mais nada. – Inclusive foi por isso que eu vim fazer uma visita para ela.

- Ah, sim. Bem, que pena. Mande minhas melhoras a ela.

- Vou mandar – e desligou.

- Muito obrigada, Kurt! Eu não seria capaz de falar com o Finn agora.

- Você me deve um favor, Rachel. E pode ter certeza de que vou cobrá-lo algum dia.

- Achei que fôssemos amigos.

- E somos, então você devia entender isso melhor do que ninguém.

Rachel franziu o cenho.

- Você não me entende, não é?

- Entendo, mas não aceito. Ainda acho que você devia falar com ele.

- Talvez outro dia, não hoje. Quem sabe eu não o procuro?

Kurt assentiu, mas sabia que aquilo jamais aconteceria.

~//~

Puck chegou à casa dos Hummel bem tarde. Judy o atrasara, mas a desculpa que ele tinha formulado era outra. Bateu à porta e foi recebido por um Finn bem mais magro do que ele pensara que estaria. O exército te fez muito bem, meu rapaz!, Puck pensou e arregalou os olhos.

- Não acredito que você veio mesmo! – Finn falou e agarrou a mão do amigo para um aperto que logo se transformou num abraço.

- Nunca saí daqui, Finn. Los Angeles é mais difícil de conquistar do que você imagina.

- Estou feliz por você estar aqui. Entre, tem bebidas e alguns salgados que não conheço nas mesas, coisas que Kurt encomendou de alguém que trabalha com essas coisas chiques.

- E quem mais veio? – Puck perguntou ao entrar.

A resposta para a sua pergunta foi aparecendo aos poucos.

Primeiro quem surgiu foi Artie. Continuava em sua cadeira de rodas, mas agora não andava mais como um nerd que não se importasse em sofrer bullying no ensino médio. Puck teve que se abaixar para abraçá-lo.

- Excelente ideia essa de reunir o pessoal, Artie!

- Que nada, Puck. Sempre tivemos essa vontade de voltar a nos ver, tudo o que eu fiz foi apenas lembrar cada um disso.

Depois disso, foi Quinn quem apareceu para abraçá-lo, embora já o tivesse visto naquele dia. Carregava uma taça com alguma bebida borbulhante em uma mão.

- Quinn – disse Puck. – Não te vi durante todo o dia. O que houve?

Quinn apertou o corpo de Puck contra o seu quando ele ameaçou se afastar.

- Eu sei o que você e minha mãe fazem durante o dia. Eu só não queria estar lá para ver ou ouvir tudo aquilo.

Puck sentiu o corpo inteiro estremecer. Afastou-se de Quinn e mal conseguiu encará-la.

Partiu para a próxima pessoa que estava na festa: Sam, que parecia meio desolado a um canto, um copo vermelho em uma mão e um violão com a alça entrelaçada no braço.

- O que está acontecendo, meu jovem? – Puck perguntou, agarrando com força a mão de Sam quando ele a ofereceu para um aperto. – Ficamos todo esse tempo afastados e essa é a melhor cara que você consegue arranjar?

- Pois é – Sam começou a dizer e Puck quase não conseguiu segurar sua vontade de rir ao ver aqueles lábios enormes se movimentarem para formar as palavras. – Mas estou feliz de te ver também.

Kurt não tinha chegado ainda.

Batidas fortes na porta interromperam todas as conversas. Finn se apressou em verificar quem podia ser, mesmo que tivesse ficado um pouco assustado com a urgência das batidas.

- Sintam-se beijados e abraçados! – anunciou Santana com os braços no ar ao adentrar o ambiente. – Agora me digam: cadê as bebidas?

- Santana! – gritaram todos animados ao mesmo tempo.

- A única e exclusiva! – ela disse enquanto afastava os cabelos para trás.

Todos continuaram a assisti-la a se movimentar pela sala com seu sorriso contagiante, até que mais alguém surgiu às suas costas pela abertura na porta, chamando a atenção de todos; alguém que entrou timidamente no lugar e chamou o nome de Santana como se fosse ela a única pessoa que conhecesse naquele ambiente.

Era uma mulher muito linda, loira, que se parecia muito com Brittany, mas que definitivamente não era ela.


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