Recobrei a consciência com muita dificuldade e água na cara.

-Quem é o idiota que está tacando água em mim!? – Gritei, enquanto tossia água e tentava me levantar – Vocês querem me acordar ou me matar?!

O silêncio era profundo, até ser quebrado por um suspiro pesado.

-Sinto muito, Companheira. Mas me disseram para te acordar custe o que custar. E bem... Eu já havia tentando de tudo... – Apesar das palavras sinceras os risinho que segui-a me irritou profundamente.

Abri os olhos relutante e vi a minha frente uma menina, provavelmente da mesma idade que eu e com uma aparência incrível. Cabelo loiro e olhos roxos...

-POXA VIDA! – Falei um pouco alto demais – É ROXO! OLHOS ROXOS!

-Sabe, já me disseram isso. Então... – A menina resmungou mais algumas coisas antes de colocar uns óculos escuros no rosto – Tudo bem agora?

-... é roxo... roxo... – Fiquei sussurrando feito uma invalida – SOU SUA FÃ!!!

-Você é louca! Não se aproxime de mim! – A outra gritou diante meus braços abertos.

-Mas... Mas seus olhos... – Eu lutava para achara as palavras – São lindos! Haviam me dito que seu povo fora dizimado...

-...HUH... Por favor, vamos falar de qualquer outra coisa, pode ser?

Pensei por um segundo. Revirando minha mente a procura de algo sobre o povo de olhos roxos.

-Diga meu futuro!

A menina não ficou nada surpresa com meu pedido. E isso é porque, o povo dela, os imortais de olhos roxo, eram conhecidos por suas capacidades de prever o futuro, fazer profecias e rogar maldições. Porém tal espécie após ser considerada extremamente perigosa, foi morta. Dizem que foi um banho de sangue e que ninguém restará. Mas cá estava eu cara a cara com uma menina de olhos roxos.

-Você quer realmente saber? Isso lhe custará algo.

Perdi o ânimo.

-Sério? Eu tenho que pagar?! Mentiram pra mim! Falaram que era de graça.... – Fiquei me lamuriando. Eu que esperava há tanto tempo por uma oportunidade dessas, agora seria barra pela posso de bens – Como é ruim ser pobre!!!!

Novamente, ela deu risada de minha atitude e logo tentou me acalmar:

-Não existe visão que possa ser paga com dinheiro – Parei para escutar as palavras que se seguiram – Como elas podem mudar sua vida, é exigido um valor maior. Algo importante, do quais poucos têm conhecimento: o calor.

Assustei-me com suas palavras.

-Desculpa amiga, mas não jogo nesse time! – Falei toda corada.

Ela novamente riu da minha atitude... Essa loirinha ai está começando a me deixar nervosa.

-Calma! Você entendeu tudo errado! Não era desse tipo de calor que eu estava falando! Eu falo de memórias...

-Memória, huh... Você quer catar minhas memórias?!

-Sim e não... Nós, os profetas de olhos roxos, nos alimentamos de sangue e memórias.

-Que dieta saudável!

-Fica quieta e deixe-meeu terminar de falar, droga! – Ela gritou seca e com o rosto vermelho – É simples essa porcaria! Apenas me deixe ter um de suas memórias! Uma! Algum dia feliz de sua vida, algo inesquecível, algo fascinante, uma memória que seja capaz de me fazer sentir viva! E em troca eu te sarei uma de minhas memórias a respeito do seu futuro...

-Hum... Acho que entendi – Murmurei pensativa - é um tipo de troca?

Ela negou.

-Não é uma troca, pois o que é dado e o que é recebido tem valores completamente diferentes. Mas é assim que funciona a coisa, não posso escolher a memória ou previsão, como alguns chamam, que lhe passarei, porém eu posso escolher dentre suas lembranças, alguma que me atraia – Fiquei indignada com aquilo – É algo injusto, por isso recomendo que você não volte a pedir isso para mim! Além de que, pelas memórias que já “dei”, sei que no geral eram tudo relacionadas a morte....

“ A maior parte daqueles que fazem tal troca acabam enlouquecendo devido a grande pressão de saber o seu futuro. Haha! E olha que eles só ficam sabendo de um fato insignificante, ninguém tentar ver o que pode ocorrer após ou ocorreu antes daquela “memória”. Eles apenas se matam.”

-E você fica bem com tudo isso? – Perguntei de lado, fingindo não ver que a menina aparentava estar meio abalada – Você viu meu futuro? Minha morte?

-Você acha que alguém ficaria bem com isso?! Não é algo simples ou fácil com que você com sua mentalidade limitada possa lidar.

Notei, porém deixei passar o fato dela ter ignorado minha pergunta. Sorri de canto.

-Sinceramente, isso não é da minha conta. Então... Limpe o rosto e me diga por que diabos eu estou aqui, e por que você tacou água em mim, ok?

Ela me obedeceu, meio contrariada. Parecendo uma guria mimada. E após breves segundas já sustentava uma carranca no rosto e um porte meio vaidoso. Me olhou de esgueira e com o queixo empinado começou a falar, ignorando minha presença:

-Me chamo Utau. Sou serva do primeiro príncipe da linhagem principal, Kukkai. E você quase morreu.

Curta e grossa.

Levei uns segundos para pensar no que falar...

-Você tem problema de personalidade?

-Como você já disse, isso não é da sua conta – Ai! Que menina grossa.

Acabou que ficamos por uma meia hora “conversando”, eu fazia perguntas idiota e ofensiva e ela rebatia do modo mais frio possível. Acabo que eu cheguei a conclusão de que ela tem dupla personalidade.

Quando finalmente chegamos as perguntas importantes, comecei a entender a situação: 1º: Eu quase morri; 2º: Eu ia arrebentar aquele desgraçado; 3º: O rei ficou sabendo do que aconteceu e ficou com muito ódio do seu filhinho (Uahaha! Se ferrou, otário!); 4º: Eu também me ferrei nessa; 5º: Nós seriamos enviados para um centro de batalha no meio dos quintos; 6º: Eu e a Utau éramos meio parecidas; 7º: Ela também tava indo para o centro de batalha com seu... com o carinha príncipe lá e por ultimo: Eu estava numa cela.

-Por que eu estou numa cela!?

-Bem... Não faço a mínima idéia – Ela resmungou meio cansada, mas logo dando um pulo de alegria continuou falando - Mas isso não importa, hoje você conhecerá o rei! Na verdade, você já devia ter-lo conhecido, já que geralmente, o novo “escolhido” – Ta mais para servo... – participa de um jantar em sua presença logo que chega aqui, mas como Vossa Majestade estava ocupado esses dias, ele deixou para fazer isso hoje. E amanhã nossa pequena aventura começa!

Eu observava inconformada, aquele ser mudar de uma menina gentil e camarada para uma garota vaidosa e fria. Era desconfortante.

-O príncipe Kukkai, me pediu que lhe ajudasse a se arrumar para hoje! – Ela falou o nome do infeliz suspirando. Com certeza, ela era apaixonada por ele e bem... Provavelmente ele nunca tentou matá-la – Então tira essa cara de bunda do rosto e dê um grande sorriso! Hoje você vai parecer gente!

Respirei fundo de novo, tentando não voar para o pescoço da minha nova amiguinha.

-Claro, amiga – Forcei um sorriso do estilo “Vou te matar desgraçada” no rosto – Eu adoraria a sua ajuda...

Logo ela me tirou daquele lugarzinho apertado e sob o olhar rígido dos guardas fomos ao seu quarto. Onde segunda ela, eu viraria “gente”...

“Um dia ela ainda iria me falar meu futuro... Um dia...”