Bigger Than Us escrita por IsaS


Capítulo 8
Capítulo 7º


Notas iniciais do capítulo

Demorou, mas não foi muito, não é???! Boa leitura a todos ♥



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PDV SAM

                Dean dizia que eu roncava, mas não imaginava o quando ele podia roncar. Ele apagou na cama, em diagonal, e não havia chances alguma de qualquer outro ser deitar ali, em nenhuma posição que pudesse ser confortável. Sendo assim, me contentei – desde o início – com o sofá ao lado da cama. E, apesar de estar morrendo de cansaço, eu simplesmente não pregava os olhos. O fato de Charlotte ter nos ajudado à distância me incomodava profundamente. Depois de garantir o controle, pular no buraco, ir ao inferno, ficar sem alma e ser visitado dia e noite por Lúcifer, achei que poderia ficar orgulhoso de ter feito o que fiz.

                Mas Charlotte fez mais por mim do que eu mesmo. E sem nem saber se havia feito certo.

                Passei as mãos pelos cabelos, numa tentativa de me livrar do estresse. Uma ânsia crescendo dentro de mim, a necessidade de falar para aquela idiota algumas verdades. Como podia ter feito aquilo comigo? Ter me feito acreditar que havia conseguido, pela primeira vez, fazer tudo certo. Mas eu sabia que não era culpa dela. A culpa era minha. A culpa de ter libertado Lúcifer era minha, e eu sabia disso. E não havia nada que pudesse mudar tudo o que havia acontecido. E mesmo sabendo que já tinha passado, eu ainda percebia aqueles olhares acusadores de Dean, de vez em quando. Mas eu também não o culpava, eu que o havia trocado por Ruby. Mas ainda sim, eu sentia essa necessidade.

                Levantei tão rápido que pensei que fosse cair. Tentei não bater em nada e passar pela porta sem fazer barulho. Encarei a porta ao lado e esmurrei com força, sem qualquer controle. Dentro de mim, o ódio fervia.

— Posso saber que caralho é esse? – perguntou Charlotte sonolenta, vestida numa – what?— camisola vermelha e rendada.

                De repente, minhas mãos começaram a se mover sem minha permissão, e quando percebi, já estavam grudadas no cabelo da morena, que me olhava chocada. Ela segurou meus pulsos fortemente, tentou se soltar. Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, meus lábios já estavam nos dela.  Moveram-se rápidos, intensos. Tranquei a porta atrás de nós e a joguei na cama, sentindo suas mãos quentes em minhas costas, arrancando minha camiseta.

                Arranquei sua camisola rapidamente e acariciei seus seios macios, como o resto do corpo. A beijei até achar que meus lábios não existiam mais, e quando dei por mim, já estava me preparando para invadi-la. Ela passava seus dedos pelos meus braços e, mesmo aquele toque sendo o mais simples e o menos ousado de todos, era o que eu mais gostava, porque eu me sentia querido. Encontrei um ritmo e não saí dele, nem de dentro de Charlotte. Nos movíamos juntos, apreciando cada segundo. Então eu me preparei para gozar, sentindo meus músculos mais lentos e meu corpo mais pesado.

                Aí eu acordei. E pensei em suicídio.

PDV DEAN

                Acordei e Sam já estava no banheiro. O sol já havia nascido e meu espírito ultra mega competitivo já me impulsionou a tirar Charlotte da cama, e não o contrário. Não que ela já tenha feito isso... Bati na porta do banheiro.

— Sammy? Se demorar mais, vou pensar que você tá fazendo alguma coisa aí... – dei uma risadinha e a porta abriu, revelando um Sam mal humorado .

— Muito engraçado Dean. – ele saiu com a toalha nos ombros, secando o rosto.

— É, eu sei. Jogou as evidências fora, certo? – ele me olhou feio, lavei o rosto rapidamente. – Hora do meu X-bacon.

                Tirei a roupa e tomei um bom banho, torcendo para que Charlotte ainda estivesse dormindo. Sai do banheiro e Sammy continuava sentado na cama, com a cabeça apoiada nas mãos, e meu sensor de irmão mais velho apitou freneticamente.

— Qual o grilo, Sammy-boy?

— Hm? – suas sobrancelhas se juntaram, um sinal – pelo que eu sabia – de estresse. – Ah, nada. Noite mal dormida, só isso.

— Depois do meu X-bacon, a gente conversa mais sobre isso. – apontei um dedo pra ele e passei pela porta do quarto, rumo ao de Charlotte. Logo Sammy já estava ao meu lado, e meu sensor de irmão mais velho apitou mais uma vez para o motivo de seu estresse. Ficamos parados em frente a porta. Ele, com certeza, esperando que eu batesse; e eu, esperando que ele dissesse algo. Passei o peso do meu corpo pra outra perna e me virei pra ele, estranhamente irritado.

— O que é, Sam?

— Nada, Dean!

— Como assim? Nada? – passei a mão pelos cabelos, e andei de um lado para o outro. – Você tá nervoso? É o inferno, de novo?

— Ou é o estômago? – a porta se abriu, e Charlotte saiu lindamente de dentro do quarto. Ela vestia uma calça de cós bem alto que quase cobria seu umbigo, preta, de courino. Vestia uma camiseta cortada, quase como um top, com um símbolo dos Rolling Stones, por baixo da jaqueta preta de couro. Seus pés vestiam um all star vermelho, e desde quando a havia conhecido era assim. Seu cabelo caía em ondas pelos ombros, e o negócio preto nos olhos continuava lá, alongando-os e me lembrando uma gatinha.

                Então eu não podia mais falar.

— Bom dia, rapazes. Vão discutir mais ou vamos comer?

— Oi. – disse Sam, quase sem graça, e Charlotte e eu franzimos o cenho na mesma hora.

— Você tá bem, cara? – ela sorriu minimamente. – Lulu não tem te visitado, não, né?

                Dessa eu tive que rir, só um pouquinho, talvez. Lulu? Lulu! Rá, rá! Essa mina era foda, mesmo!

— Quem é... Lulu? – Sam franziu o cenho, e sua voz parecia estar cada vez mais baixa. Charlotte colocou a mão em seu ombro, e se eu pudesse ver os movimentos em milésimos de segundo, poderia dizer que Sam se encolheu minimamente.

— Lúcifer, benzinho. – ela suspirou e se endireitou, seguindo pelo corredor. – Vamos logo que eu preciso da Ína.

— E mais essa... – resmunguei. – Quem é Ína? Você é lésbica, por acaso?

                Ela virou-se rapidamente e sorriu, colocando a mão na cintura e eu quase babei.

— Yeah, e você vai conhecê-la logo mais, baby. – ela piscou, e saiu andando na frente. Pensei comigo mesmo que ‘ela até podia ser lésbica, mas que essa Ína fosse igualmente gostosa, please Senhor!’

— Se liga nessa bunda, maninho! – o cutuquei e vi sua cara ficar extremamente estranha, quase cômica.

— Acho que vou vomitar e já volto. – e entrou no quarto rapidamente, andando meio esquisito.

                O que mais eu podia fazer? Dei de ombros enquanto andava, pensando ‘caçulas’.

PDV CHARLOTTE

                Sam estava esquisito. Acho que era o estômago, não sei. E eu temi pelo inferno. Dean desceu logo em seguida, e sorriu (lindamente) enquanto se sentava em minha frente.

— Sam disse que ia vomitar e por isso não vinha. – ele se inclinou por sobre a mesa, apoiando em seus braços cruzados, os olhos brilhando na expectiva. Misericórdia, Senhor!— E cadê a tal Ína?

                Nisso, o garçom chegou trazendo meu café, uma fatia de mamão e meus pãezinhos de queijo. Remexi-me inquieta na cadeira, enquanto Dean pedia seu X-bacon, e senti vontade de atacar tudo aquilo, uma animação inesperada. Então eu me lembrei: já estávamos próximos de casa.

— E então? – ele perguntou, ainda com um sorriso.

— Aí está! – apontei para o café. – Cafeína, Dean. Dean, cafeína.

                Ele desatou a rir, e eu o acompanhei, nem sabendo bem o porquê.  A piada era péssima, e ele deveria saber disso, porque ele sim era um bom piadista.

— A piada é péssima, pare de rir! – tentei me recompor, e passei a mão nos cabelos, cedendo a meus impulsos e já me irritando com aquele idiota, por me deixar sem graça.

— Estou rindo de alívio. – ele respirou fundo e eu aguardei o garçom terminar de servi-lo para continuarmos.

— Alívio pelo quê? – perguntei confusa, e colocando uma colherada de mamão na boca. Ele olhou em meus olhos e um sorriso de lado apareceu em seus lábios, e parei de mastigar por um momento. Esperei que ele mastigasse um pedaço de porco que estava em sua boca.

— Porque seria um grande desperdício se você fosse lésbica. – eu engoli o pedaço de mamão que já não existia, de tanto que havia mastigado, e dei-lhe um sorrisinho. Eu realmente estava sem graça, e quis me chutar por isso. Ou melhor: chutá-lo.

— Bem... – Sam sentou-se conosco antes que eu terminasse, e o clima quebrou-se naquele instante. Nós voltamos a nos concentrar na comida, e eu me virei pra Sam. – E o estômago?

— Melhor. – ele suspirou parecendo irritado. – Mas acho que vou esperar vocês no carro. Assim eu não como pra não vomitar no caminho.

— Qual o problema em esperar aqui? – perguntou Dean, enquanto eu tomava meu café.

— Só quero esperar lá fora, pode ser? – com essa resposta, nós dois paramos.

— Tudo bem, Sammy. – ele se levantou e seguiu porta afora. Enquanto ficamos ali, esperando que a nuvem de tensão que ele emanava passasse por nós e desaparecesse.

— Sabe, não faz muito tempo que estamos juntos, mas eu nunca pensei que ele pudesse ficar tão estressado. – fiquei sem graça em palpitar, mas Dean pareceu prestar atenção no que eu dizia. – Não quero me intrometer, é só que ele parece ser tão tranquilo...

— É que você não o viu de TPM. – ele piscou pra mim, com um sorriso, e eu sorri fracamente junto, tomando nossas ultimas goladas de café. – E você é legal, Charlotte. Não imaginava que falaria isso um dia, e não que eu goste de você, mas só pelas risadas que dei hoje...

— Bem. Vou considerar como um elogio. – sorri um pouco e pigarreei, me sentindo meio desconfortável.

— Espero que possamos trabalhar juntos. Tipo, sem nos matar com nossas ironias. Que nos matemos fazendo outra coisa, enfim... – ele completou no final, e eu não pude evitar de sorrir, porque qualquer coisa que Dean falasse, eu duvidaria de suas intenções.

— Caçando monstros, é claro. – declarei, enquanto me levantava e ele me acompanhou até a escada.

— Podemos fazer crochê, também. – deu de ombros, enquanto subíamos as escadas.

                Sam já nos esperava no banco da frente, e logo eu entendi que hoje meu dia seria no banco de trás. Não reclamei, apenas entrei no carro, após guardarmos tudo no porta-malas. Abri a janela e esperei até que a paisagem se tornasse um borrão. O caminho foi silencioso; ninguém falava nada, mas eu insisti em colocar Rolling Stones pra tocar, pra minha homenagem ao Jagger ser completa.

                O resto do dia passamos dentro do carro. Dois dias inteiros de viagem foi o que eu contei, passando por Ohio e Pensilvânia, quase sem descanso. Sam e Dean poderiam não saber o motivo da minha pressa, mas era um motivo muito bom, por sinal. De qualquer forma, anoiteceu, e Sam assumiu o volante. Segundo Dean, ‘eu poderia mata-los, e ele não havia passado por tudo aquilo pra morrer num carro, e dormindo.’ Um velho resmungão, como sempre. E apesar das luzes fracas da estrada não me incomodarem, apesar de saber que Dean havia capotado literalmente no banco do passageiro, e que tudo era paz, eu não conseguia dormir. O comportamento de Sam estava me deixando nervosa, e ele me evitava como se eu fosse uma das coisas que caçávamos. E eu já estava puta com isso; suspirei, irritada.

— Durma. Amanhã será sua vez de dirigir, precisa estar bem. – trinquei os dentes e evitei xinga-lo internamente, em respeito a seu pai.

— Não me diga o que fazer, Winchester. – cruzei os braços e quis me chutar por parecer uma criança. – Concentre-se você em me evitar, e deixe que eu resolva o resto.

                Silêncio. Uma parte de mim já achando que havia falado besteira, enquanto a outra pulava de alegria dizendo ‘chupa, Sammy-boy, chupa!’. É claro que não expus nada em palavras.

— Desculpe, Charles. – disse, e eu quase pulei do banco ao ouvir meu apelido. – Não quero te aborrecer. É só que... – ele parecia lutar com as palavras.

— Não precisa se desculpar, Sam. – suspirei.

— Não, eu preciso. – ele segurou o volante com mais força e me arrependi ter olhado seus músculos se moverem com o ato por de baixo da camisa xadrez. – É só que a ideia de você ter me salvo ainda não está sendo assimilada com facilidade... é, é isso!

— Ah. – fingi entender. – Desculpe, então.

— Você não fez nada de mais. – ele me sorriu rapidamente e eu senti uma estranha simpatia por seu rostinho de bebê. – Além do que você salvou minha vida, e a do meu irmão. Você nos ajudou a salvar o mundo.

— E eu nem sei como. – fiquei chocada com a verdade naquilo. Tudo na surdina, é claro. Eu não era nada boa em demonstrar emoções, principalmente quando estas se tratavam de meus atos. 

— Mas está feito. Obrigado por isso. – ele sorriu, e eu senti que poderia dormir em paz depois de nossa conversa, mesmo sabendo que aquelas palavras com quem ele lutava não foram postas na mesa, na hora do jogo. Eu poderia conviver com mais essa mentira, porque eu não tinha certeza se queria mesmo saber com o que ele lutava. Apenas concentrei-me em dormir enquanto fitava o soldadinho de brinquedo dentro da lixeira do carro.

PDV SAM

‘Então, Charlotte. Estou te evitando porque não quero agarrá-la. No fundo eu sei que isso é um tipo de fetiche idiota resultante do meu orgulho e da minha irritação, o que te deixou bem mais atraente, no momento. Por isso te evito. Prefiro que tenha raiva de mim por te evitar do que eu te agarrar e me arrepender depois.’

                Dissertei várias vezes o mesmo período na minha cabeça, enquanto os olhos de Charlotte ficavam pesados e se fechavam. Vira e mexe ela murmurava coisas que não faziam o menor sentido. Ela dizia coisas sobre seus dedos, sobre algo que se chamava Beagle e Carl. Ela sentia sua falta. E por isso, eu dirigia quase que a 80km/h, e mesmo parecendo pouco, sempre fui acostumado a dirigir a 50, e olhe lá! Não soube o porquê estava tentando ser gentil com aquela estranha.

                O sol já estava surgindo no horizonte quando Dean finalmente acordou. Ele se espreguiçou e olhou pra trás, para verificar brevemente Charlotte, e virou-se com um sorriso.

— Desmaiada. Será que ela se incomodaria se eu passasse um pouco a mão, e tal...? – doente!

— Acho que ela cortaria suas mãos. – sorri de má vontade.

— Valeria a pena. – ele deu de ombros e eu revirei os olhos. – Vamos parar em algum lugar pra comer, e eu dirijo dessa vez.

— Acho que não. – Charlotte se espreguiçou.

— Nossa, como você é enxerida, Charlotte. – Dean sorriu para ela, que fez uma cara engraçada. – Que feio.

— Vai à merda, seu bosta. – e paramos numa lanchonete logo à frente.


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Notas finais do capítulo

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Beijos, amores! Até mais!



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