A Chuva escrita por Japa_chan


Capítulo 1
Capítulo I - A nova cidade


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo.. espero que gostem.. :D



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Eu e minha família, almas condenadas como a minha, nos mudamos para uma cidade não muito grande.  Atualmente aparento ter 17 anos, nos mudamos depois de certo tempo, quando não podemos mais fingir estar envelhecendo. Nossa nova casa era maior do que a anterior, a casa era um pouco distanciada do movimento da cidade, tinha muros altos e um lindo e enorme jardim.

-Mary, você viu Peter por aí? – Robert me perguntou, eu estava sentada numa espreguiçadeira no quintal perto da piscina.

- Ele saiu, foi resolver algumas outras coisas do novo emprego. – Peter e Janice eram meus pais adotivos, e Rob meu meio irmão, mas ninguém jamais suspeitaria que não fossemos irmãos de sangue, Rob tinham os olhos azuis acinzentados e os cabelos quase pretos, assim como eu, Peter e Janice tinham os olhos dessa mesma cor, todos com almas “condenadas” possuíam essa cor de íris, já os cabelos Peter tinha os cabelos castanhos, e Janice sempre mudava a cor de seu cabelo.

- Então tá, vem você vai comigo. – Ele me puxou pelo braço e me levou na garagem do outro lado do quintal em segundos.

- Hei! Ir aonde? – Perguntei soltando-me dele.

- Conhecer o lugar, ora. – Já havia me esquecido que sempre que nos mudamos Rob me levava para sair pela cidade com ele.

- Ah é mesmo. – Dei um sorriso de canto – Só um minutinho. – Não esperei pela resposta dele e fui até o meu quarto me trocar, em dois minutos eu estava de volta.

- Que demora, você tinha dito um minuto. – Ele riu.

 - Ah não enche. – disse já dentro do carro, era um Carrera GT prateado. Enfim saímos da garagem e logo o sol bateu direto nos meus olhos, coloquei meus óculos escuros. Chegando a cidade todos os olhares estavam voltados para nós, quer dizer, para o carro.

- Sempre a mesma coisa, todo mundo olhando pra gente. – Rob estava se achando.

- Pra gente vírgula, pro carro.

- Você entendeu. – eu ri, paramos o carro no centro para andarmos um pouco. Rob como sempre abriu a porta para mim.

- Aonde vamos primeiro? – perguntei.

- Escolha você. – ele trancou o carro. Olhei em volta, colocando meus óculos encima da cabeça.

- Hm... Está quente. Que tal um sorvete? – Eu sorri para ele, ele riu de volta. Eu adorava sorvete, talvez por isso ele tenha parado quase na frente de uma sorveteria.

- Eu já sabia, vem vamos. – Entramos na sorveteria.

- O que vão querer? – a moça do caixa logo perguntou.

- Dois sorvetes, um de pistache e... – Rob olhou para mim.

- Hm... Framboesa.

- É só esperar aí no lado. – ela apontou para um balcão. Seguimos até lá e eu apoiei, eu podia ouvir todos comentando sobre nós, falavam tão baixo que uma pessoa normal não escutaria, mas eu não sou tão normal assim. Rob riu baixo, eu o olhei.

- Pessoas normais não deveriam rir de algo que não podem ouvir. – eu disse a ele.

-Eu sei, a vida é tão engraçada. E além do mais, você viu o garoto ali saindo do carro preto? – Eu não olhei.

- Não, o que tem ele?

- Pois então olhe. – Eu olhei. Não pode ser, impossível, tantos lugares no mundo, por que tinha que ser justo aqui?

- Relaxa, Mary. – Ele me entregou meu sorvete.

- Você já sabia que ele estava vindo não é? – eu dei um tapa fraco no braço dele. – Anda vamos embora. – Eu o puxei, tarde de mais já ele já havia me visto.

- Mary? Nossa que coincidência te ver por aqui.Você não mudou nada. – O garoto do Guardian disse.

- Ah... Oi Jack, pois é que coincidência, e você mudou bastante, está maior.  – Senti Rob tentando sair de fininho, mas eu o segurei discretamente, ele parou ao meu lado agora.

- Oi Jack. – Ele disse – Nós acabamos de nos mudar para cá. – Droga, eu não ia falar que nós nos mudamos para cá.

- É mesmo que legal, é muito bom rever vocês.

- Especialmente a Mary. – Rob disse baixo para que apenas eu ouvisse, eu dei uma cotovelada nele.

- Bom, acho que nós temos que ir, Janice vai ficar preocupada.

- Ah tudo bem, nos vemos por aí qualquer dia. – Jack dando um sorriso lindo, do qual só ele sabia dar.

- Mary liga para combinarem um dia para saírem. – Rob disse, nesse momento eu tive vontade de pular no pescoço dele. – Qual o seu número? – Jack passou seu número e Rob passou o nosso.

- Bom então até qualquer hora. – eu disse já saindo, Jack me deu um tchau já de longe, Rob me alcançou. – Eu ainda te mato Robert! – o ameacei por entre os dentes, ele continuou rindo nem ligando para o que eu estava dizendo.

- O que o cara andou comendo? O tampinha tá grande! – Rob estava falando sozinho, por que eu não estava nem aí pra ele. Mas para falar a verdade eu também reparei que ele estava maior, bem maior.

Voltamos para casa, eu estava com uma cara nada simpática, logo que descemos do carro eu comecei:

- Você é um idiota sabia? Por que você disse que íamos sair outro dia? – eu estava histérica, e Rob parecia nem ligar pro que eu estava dizendo. – Que droga Robert! Você sabe o quanto é duro pra eu vê-lo! – Robert não me olhou apenas deu as costas e foi embora.

- Idiota. – Bufei.

- O que houve Mary? – Peter me perguntou.

- Agora não, pai. – disse entrando em casa e indo direto ao meu quarto, ao passar pelo corredor vi Janice na cozinha.

- Mãe, vou estar estudando no meu quarto. – Menti, na verdade queria ficar sozinha, mas se dissesse isso Janice iria querer saber o por que, e eu não estava nem um pouco afim de conversar com ninguém.

- Tudo bem querida. – ela respondeu docemente. Subi as escadas e fui ao meu quarto, sentei me no pequeno sofá abaixo da janela, e olhei o tempo mudar. A chuva começando a cair, me trazendo todas aquelas lembranças de volta, naquele dia também estava chovendo.

~.Flashback On.~

 Lembro-me perfeitamente, eram três homens grandes, não conseguia ver seus rostos pela sombra que a chuva fizera, naquela época eu era feliz, Tomaz e eu estávamos juntos ainda.

-Mary, anda saia já daqui. – Tomaz me disse.

- Não, eu não vou deixar você aqui sozinho.

- Mary, vai agora eu vou ficar bem. – ele insistia enquanto os homens ainda estavam meio longe, Tomaz sorriu para mim ao dizer que ficaria bem. Eu balancei a cabeça em negação.

- Você está mentindo. – senti as lágrimas no meu rosto se misturando com as gotas de chuva.

- Anda, saia daqui Mary. Não é a você que eles querem. – ele fez sinal com a cabeça pra que eu fosse, eu apenas obedeci. Soltei a mão dele aos poucos. – Eu te amo. – Ele sussurrou ao meu ouvido e soltou minha mão deixando algo. Não fui até muito longe, minha teimosia e medo de perdê-lo me impediu de sair de lá permaneci escondida ali por perto, esse foi meu maior e último erro. Tomaz estava sendo machucado por aqueles homens, eu sabia que não poderia sair dali e ir ajudá-lo, o que eu poderia fazer? Ele havia me dito antes o que essas pessoas queriam, eram caçadores de almas, pessoas que de alguma forma sabem da existência de pessoas imortais como eu e como Tomaz foi, e sabem como destruí-los. Essas pessoas acreditavam que ninguém tinha o direito de ter uma vida eterna. Eu era uma simples humana que amava aquele ser imortal, a única coisa que eu pude fazer foi vê-lo ser morto.

~.Flashback Off.~

Quando abri a mão para ver o que ele havia deixado para mim era um medalhão quando eu o abri havia um pequeno ponto brilhante que foi absorvido pela minha pele e quando me dei conta havia me tornado um ser imortal como ele. Aquele dia era o nosso aniversario de namoro e aquele era seu presente para mim, viver com ele pela eternidade.

Por muitas vidas eu o vi renascido, sua alma era a mesma, mas seu corpo não, eu o reconhecia, mas sabia que ele jamais o faria. Um dos motivos para eu ter me mudado era para ficar mais longe dele, sempre que eu me aproximava em outras vidas ele acabava com problemas por minha culpa, eu preferia saber que ele está vivo sem estar junto dele, do que vê-lo partir de novo e de novo por conseqüência dos meus atos, mas não importa pra onde eu vá ele sempre acaba estando onde eu estou, não importa o quão longe eu vá ele acaba me encontrando mesmo sem saber e com ele a chuva.

Eu encostei minha cabeça na janela e fiz minha mente se esvaziar por um momento, fiquei apenas ouvindo o som da chuva batendo cada vez mais fraca na minha janela.


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