Batalha Por Kahamma escrita por Victor Martins


Capítulo 6
Capítulo IV




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O dia passava por um crepúsculo encantador. As árvores deixavam escapar brilhantes raios de sol entre suas copas, que marcavam o chão e refletiam sobre o lago. A poeira presente no ar era revelada, tornando o ambiente mágico. Raqueliza colhia folhas de algumas mudas e plantas que serviriam para Settio enquanto andava pela mata ao redor do rio. Sua expressão não estava tão "durona" como costumava ser. Suas pálpebras cobriam seus olhos de leve, e sua boca se apresentava semi-aberta. Seu cabelo reluzia ainda mais que o rio. Ao virar-se e se por de frente ao outro lado do rio, viu uma coisa que chamou sua atenção. Era um animal.

Suas orelhas eram longas e pontudas, e seu pelo era pouco e branco como neve. Era aproximado de um gato. Ele andava lentamente sobre a grama fofa, e seus olhos puxados focavam apenas nos de Raqueliza. O gato possuía um total de cinco caudas, com mais pelos do que o padrão do corpo. Os pelos caíam em linha reta, e balançavam de acordo com a cauda. Raqueliza fitou-o com ar estranho. Franziu o cenho, parada no mesmo lugar, segurando o que havia colhido, tinha um ar de tapada. Sua concentração foi tomada pela chegada de Simmon. Ele havia saído de entre uma das árvores que envolviam o lago em um perfeito círculo. Raqueliza levantou a mão para tocar-lhe o ombro, e pronunciou seu nome. Continuou com a boca aberta ao olhar para frente novamente e ver que o gato não estava mais lá.

– O que foi? - Simmon olhou-a preocupado durante uns dois segundos. Depois sua expressão se desfez. Lançou-a um olhar esnobador e torceu a boca. - Qual é sua grande preocupação nem um pouco insignificante agora?

– Deixa pra lá. - Disse, olhando para o chão. - Devo estar ficando louca, daqui a pouco vou precisar daqueles seus remédios. - Subiu os olhos. Na mesma hora que encontrou os olhos de Simmon, sua expressão se entristeceu. - Como você está?

– Bem. Só acho que a universidade não devia ter feito aquilo comigo.

– Quem fez isso foi Relman - Seu olhar não dizia nada. Não sabia exatamente como confortar o irmão, pois ela gostava de estar lá, ao contrário dele. Os dois conversavam baixinho, pois o que falavam podia ser prejudicial ao governo. - Mas por uma boa causa, enxergo hoje. - Raqueliza deu as costas, levando a mão à boca. - Acho que ele salvou minha vida - Simmon a estranhou.

– Sobre o que você fala?

– Lembra de Synviara? - O homem abaixou os olhos. - Eu desconfio que foi assassinada. Teria sido eu, se ela não houvesse morrido antes o campeonato - Sua sombrancelha expressava uma tremenda dúvida. - O assassino concerteza haveria me matado na luta. - Se virou novamente para Simmon, encontrando seu olhar triste. Entendeu tudo em menos de dois segundos. Sua expressão se entristeceu novamente. - Você sente falta dela, não sente? - Simmon a olhou durante um longo momento.

Por causa do silêncio, ouviram barulhos vindos da mata. Ia se aproximando, o que fez Raqueliza e seu irmão se afastarem das árvores. Era Settio. Aparecera em prantos, correndo e levantando as pernas quase até o peito, porcausa da mata. Seus olhos variavam frenéticamente entre os de Raqueliza e Simmon. - Eles estão vindo - As câmeras o focaram por causa do grito. - As pedras de sinal foram ativadas. - Repetiu três vezes, uma mais alta que a outra.


~ • ~


Todos se encolhiam juntos atrás de um dos arbustos grandes que havia ao redor do acampamento. Nada ocorria. O olhar de Maynah expressava certeza em que algo estava acontecendo. Husius abandonou sua expressão de medo e levantou sua coluna, pronto para voltar ao acampamento, quando na mesma hora, Maynah o impediu colocando sua mão em sua barriga. As folhas do chão remexeram-se. Logo depois, uma silhueta foi-se fomando em frente à uma das barracas. Era Luccas. Ele deu de ombros, olhou para um certo ponto em outro arbusto e alegou: - Não há ninguém aqui. - Chutou as cinzas da fogueira. - Destruiremos o acampamento e voltamos amanhã, quando estiverem sem moradia. - Sua habilidade de se tornar invisível era muito boa. Pena que não fora inteligente o bastante para checar os outros lugares.

Settio tirou um frasco com pó roxo de sua mochila. Tirou a rolha, jogando todo o pó em sua mão. - A idéia é se camuflar? - Começou a jogar o pó em todos do seu grupo, como se esfarelasse um pão. Suas cores foram sumindo enquanto fitavam encantados a mágica. - Vamos. - Disse baixinho.

Naquela mesma hora, Mono quis entrar dentro de sua TV e gritar para todos o que aconteceria. Mas mesmo se isso acontecesse, seria tarde de mais. Todos da clã do Arcanum se postavam ao redor dos Madabloom. Por uma fração de segundo, Lelmo sentiu algo estranho. Olhou para um certo lugar com o canto dos olhos, então girou seu machado para trás com toda força. Era Maynah. Havia acertado-lhe no meio da barriga. O sangue fluía por debaixo de sua blusa, enxarcando-a. Ela tinha um sorriso no rosto, e quando caiu no chão, apontou sua espada para o céu. Pequenos choques começaram a se fundir à uns quatro ou três metros acima da cabeça de Lelmo. Depois de meio segundo, um enorme raio da expressura de uma queda de cachoeira fina atingiu o chão, e o corpo de Lelmo. Os dois morreram depois de um tempo, Maynah por hemorragia, e Lelmo por eletrocutação. Agora restavam 4 do Arcanum e 3 dos Madabloom.

Ao atravessar o portão da morte, o olho de Maynah se tornou cinza-escuro novamente, quando caiu sobre o chão, levantou denovo, soltando um grito horrendo. Raqueliza fitou aquilo estranhamente. Era como se fosse a primeira vez em quatorze anos em que vira Mayna novamente. Sua espada, largada ao chão, refletia olhos familiares em sua lâmina. Olhou para o lado, e viu que tudo estava parado, congelado. Os olhos piscavam com frequência e tremiam, brilhando. Raqueliza se ajoelhou, tocando a lâmina. Em um turbilhão de sentimentos e verdades passados pela espada, ouviu-se a voz de Synviara, e seu grito, quando Maynah enfiou-lhe a espada. Raqueliza olhou para Simmon. Ele nunca saberia a verdade. Morreria sem sequer ter uma explicação do porquê sua amada fora morta. Raqeuliza fitou novamente a espada. Suas unhas se transfomaram em garras, e seu cabelo cheio e repicado, alcançando até embaixo de sua bunda. Seus olhos estavam laranja. Não pensou um segundo. Correu como um jato na direção da luta, no mesmo milésimo em que havia tudo se descongelado.


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Simmon levantara a mão, invocando um impulso que jogara Benato para longe. Ao bater o corpo em uma árvore, fora atingido por um frasco arremessado brutalmente por Settio. Possuía um líquido verde e borbulhante, que corroía sua armadura, depois seu peito, e assim sua vida. O garoto morrera sem poder mostrar seu potencial, que seria lembrado apenas por Cheilan e Luccas, se sobrevivssem...

Raqueliza defendia as facadas de Luccas com o ante-braço. Não sentia dor, o que assustara o olhar dele. Entre o intervalo de uma facada e outra, meteu-lhe a garra na cara, rasgando causando cinco belas feridas, uma por cada dedo. Rasgara-lhe a parte debaixo do olho até o nariz, e também de sua gengiva até a parte inferior dos lábios. Luccas sentiu o choque por todo o corpo, se afastou com a mão na cara e se tornou invisível novamente. Cheilan atirou de longe rapidamente duas flechas. Uma acertara as costas de Settio profundamente, fazendo-o cair no chão e morrer de olhos abertos, devido à surpresa. Já a outra, o braço de Simmon. Ele ficara furioso, e ao ver Cheilan correr em sua direção, levantou a mão, estendendo-o no ar e jogou-o para longe, no meio das matas.

Luccas aparecera entre Simmon de Husius. Raqueliza olhava aquilo. Os tecidos de Luccas esvoaçavam ao vento, era sagaz como um lobo. Seu olhar apresentava um único objetivo. Cravou a faca em suas costas, primeiro na de Husius, e depois na de Simmon. Raqueliza viu o irmão curvar a barriga para frente, e cuspir no ar. Seu corpo caiu ao chão e Luccas olhou para Raqueliza. Na mesma hora, entendeu a situação. Viu em seu olhar algum tipo de afeição. Não sabia se sentia medo, ou vingado, pelo tremendo estrago que a mulher fizera em seu rosto.

Os olhos de Raqueliza se tornaram rosa-escuro. Assim, suas garras se tornaram unhas novamente, e seu cabelo, o mesmo de antes. Sua boca uma linha reta. Levantara a mão, e lançara um disco de laser rosa em direção ao garoto. Ele dançou, esquivou, correu, se virou, tudo em menos de um segundo. Mas o disco o pegara na barriga, e sem sequer perder velocidade, partiu-o ao meio. Raqueliza flutuava, lentamente em direção à Luccas. Sua carne exposta soltava pouca fumaça. Os olhos de Raqueliza encontraram os de Cheilan, que por pouco não soltara a flecha. Preferiu correr, mata à dentro.


~ • ~


Passara-se cinco minutos, Cheilan se encontrava encima de uma árvore, atrás de Raqueliza. Não sequer dizia uma palavra, ou mudava a expressão. Depois de destruir pelo ou menos vinte árvores atrás de Cheilan, ela se postava ali, parada. Cheilan sentiu medo, a cena era realmente sinistra.

Cheilan reteve uma lágrima de desespero, enquanto mirava nas costas de Raqueliza. Soltou a corda.

Na mesma hora, Raqueliza virou-se, avistando Cheilan. Antes da flecha alcançar suas costas, Raqueliza fez um movimento brusco com um braço, e lançou na direção de Cheilan uma espécie de flecha ou lança de laser que devia ser do mesmo tamanho de um galho das árvores presentes, e dos grandes. A flecha de madeira de Cheilan foi desintegrada na mesma hora. Cheilan pulou da árvore, que começara a pegar fogo ao ser atingida por aquilo.

Mono gritou, jogando sua xícara no chão, explodindo-a em pedacinhos. Sua sombrancelha expressava dor e medo. Levou sua mão à boca, abafando um grito que também era expressado por seu olhos.

Cheilan correu mais, até entrar em uma área do campo que tinha mais árvores que o normal. Se escondeu atrás de uma. Raqueliza o seguira, e estava a poucos metros de distância de Cheilan.

A mulher ergueu o antebraço, como se segurasse uma coisa. Vários mísseis mágicos do tamanho de um pássaro foram se formando àcima da mão de Raqueliza. Rodopiavam rapidamente e ganhavam tamanho, até parecerem com um falcão.

Cheilan saiu de trás da árvore. Ele apresentava uma flecha na mão, e a fincou nas costas de Raqueliza. - Não esperava que eu aparecesse por perto, não é mesmo? - Os olhos de Raqueliza voltaram ao normal, e sua pálpebra se fechara. Cheilan soltou a flecha, deixando o corpo da mulher cair naturalmente no chão, enquanto ela soltava um grito longo, que seria a marca da derrota do Arcanum, e assim, de Irravar.


~ • ~


Cheilan caminhou até o portão do campo de batalha. Foi um percurso solitário, já que não tinha nenhum aliado por perto. O portão se apresentava aberto. Cheilan o atravessou e desceu o elevador, se encontrando com um mundo de repórteres.


~ • ~


Cheilan estava em frente à porta do apartamento de Mono. Carregava um arranjo de flores enorme. Tocou a campainha.

Mono atendeu a porta. Fitou-o durante uns quatro segundos, torcendo a boca. O recebeu com repetidos socos no ombro depois se jogou nos braços dele. - Não podia ter feito isso comigo. - Se encolheu, pousando sua cabeça no peito dele. - Pensei que você não voltaria, se sobrevivesse. Que não me amasse.

– Eu não podia te amar, pelo seu bem. - A afastou, para poder olhar claramente em seus olhos. - Por favor, me entenda. - Deslizou sua mão até o quadril dela, o apertando forte, ao mesmo colando o corpo dela no seu. - O importante é que eu posso agora.

Mono sorriu, com o rosto centímetros do de Cheilan. Conduziu-o para dentro de seu apartamento num rodopio, ainda agarrada com ele, e fechou a porta fortemente.


~ • ~


Abri meus olhos de leve. Meu cabelo caía de leve sobre meu rosto. Lá estava eu, deitada, com uma flecha agarrada nas costas, meu irmão morto, e ainda havia perdido a primeira batalha de Kahamma. Eu ia morrer ali, porém, meus últimos momentos de vida seriam lembrados eternamente. Imagino o que eu devia ser nos olhos dos outros, a poderosa Raqueliza. O tal arqueirinho não teria chance comigo, tenho certeza. Avistei aquele misterioso animal denovo. Seria a última coisa a ver, eu tinha certeza. Ele parou à minha frente, e começou a fazer um ruído esquisito.

Seus ombros se alargavam, se tornando como o de um humano, e seu pequeno corpo também. Passei em torno de um minuto observando aquilo. O gato havia ficado grande, e eu conseguia ver apenas sua pata - ou pé. Não tinha mais quatro membros sustentores, e sim dois, como uma pessoa. Porém seus pés ou patas eram diferentes. Possuía o mesmo pêlo branquinho, e unhas maiores. Fiquei com medo, me perguntei se já estava morta, ou apenas delirando, antes de morrer. Ouvi várias palavras, mas não as reconhecia. Não era nenhuma língua que eu já ouvira ou estudara sobre. A última frase fora mais alta e expressava raiva. Arregalei meu olhos. Extendi a mão para frente, tentando fazer alguma coisa, como fugir. Inútil. Vi os pés grandes da coisa caminharem para trás de mim. Ela ainda possuía caldas. Senti um de seus pés postarem-se entre as minhas pernas. Sua respiração era bruta e se tornava cada vez mais ofegante. Senti seu corpo se enclinar para baixo, então, os dois braços da coisa se levantaram. Não sei o que era, mas não era humano. Era medonho, e cheio de pelos, foi tudo que consegui ver, e deduzir. Senti as garras cravarem-se repetidas vezes nas minhas costas. Lembrei de tudo, cada coisa de minha vida. A cada arranhão, era como se as memórias fossem se apagando. Tudo ficou embaçado, fechei meus olhos, entregando-me à uma escuridão desesperadora. Senti os últimos arranhões, e por fim, a última batida do meu coração.




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