Me Apaixonei sem Querer escrita por Daniele Avlis


Capítulo 12
Os planos da raposa - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Segunda parte do capitulo



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A cozinha cinzenta, encardida e escura não era diferente do restante dos cômodos sombrios da casa. A grande mesa robusta no centro, as panelas grudadas nas paredes dando um toque de metal frio e prateado as paredes. Clear cobrira metade da mesa com livros e pergaminhos, de quando em quando, se levantava para verificar alguns trechos dos livros encadernados de couro. Copiava de maneira absorta. Ordélio estava à frente do fogão a lenha enquanto ao seu lado a louça se lavava sozinha. Ann correu os olhos pelo aposento iluminado a velas que flutuavam a suas cabeças. Ela ficou parada, observando os dois em suas atividades rotineiras. Acuada como um cão sendo dono, as palavras de Dumbledore lhe vinha à mente enquanto ela estava ali, parada à porta, vendo as pessoas que até então, juraria serem sua família, e por que não seria? Essa pergunta lhe martelava a mente e se sentindo enojava pensava se deveria por os pés novamente em Hogwarts. Foi quando uma voz lhe veio a mente.

- Ann? - Ann olhou para os lados a procura do som, ao levantar a cabeça percebeu que sua vista estava turva, Ordélio e Clear entraram em foco, eles a olhavam num tom preocupado. - Tem alguma coisa errada? - perguntou a voz de Ordélio. Ann respirou fundo, as palavras tropeçavam em sua boca.

- Não. - respondeu numa voz tremula e fingida. Dando graças por esta única existir no vocabulário. Não sabia se agora que ela sabe de tudo ele a receitariam, se eles a odiariam. Temeu por perdê-los, e se sentia perdida. Ela saiu da cozinha dando sorrisos não tão alegres convencendo a Clear e a Ordélio, de que estava tudo bem. A porta da cozinha, ao se fechar, Ann apertou a mão contra o peito, vendo a escuridão a sua frente sendo apenas quebrada pelos raios da lua que entravam pelas janelas. Cruzando o corredor frio e sombrio, subiu as escadas rangendo alto, a cada passo pesado que dava. Era como se andasse com pesos nos pés. Abriu a porta do quarto, ficou parada, no meio do corredor, enxugando as lágrimas. A fechou, ainda segurando a maçaneta. Pegou do bolso a foto, agora quase moída de tanto olhar. Andou silenciosamente para o final do corredor, abrindo uma porta de madeira velha e robusta que rangeu como a escada. O ar frio veio ao seu encontro, à sala era pequena coberta por várias estantes de livros e uma grande janela à frente, com a vidraça quebrada. Exibia teias de aranhas visíveis aos raios que entravam pela grande janela. Ann sentou-se no sofá mofado que outrora fora de cor vinho. A luz que entrava na sala a banhava de fora imponente, uma parte do rosto de Ann ficou escura pela penumbra da sombra e a outra iluminada pela luz prateada. Ela segurava frouxamente a fotografia, esquecerá de devolver a Harry.

A porta da sala se abriu lentamente, tangendo alto, mas Ann não olhou, era como se estivesse em outro mundo. Alguém estava à porta, mas não se pronunciou. Pelo canto do olhou Ann percebeu que era Ordélio. Este entrou a passos cautelosos. Ann permaneceu quieta. Ordélio parou ao ficar alguns passos próximo de Ann, a olhou de cima e viu a foto em suas mãos. Ele suspirou. Ann notara que ele percebeu que algo estava acontecendo. Ele puxou uma cadeira próxima e parecia esperar pelas palavras que estavam engasgadas em Ann.

- Por quê? - soou a voz distante da garota. Ordélio não respondeu e mesmo que quisesse não saberia a resposta, ninguém saberia. Ann tinha várias perguntas e ao mesmo tempo não tinha nenhuma, e se manteve nessa única e pequena pergunta: "Por quê?". Ordélio a olhou com olhar paterno e acolhedor. Ann sentiu uma onda de angustia passar por seu peito, lhe apertando de forma avassaladora, foi quando sentiu as lágrimas salgadas rolando pela face.

- Não foi por egoísmo meu, espero que entenda. Quis te proteger, quis te livrar de tudo isso e só o que fiz foi até machucar algumas pessoas que só queria ficar próximas de você. Queria que você nunca  soubesse dessa história, mesmo assim, tentei me preparar para este momento e para quê? Não consigo dizer nada a não ser me defender. Sinto muito. Mas quero que saiba que sempre, sempre você será a minha filha, assim como Clear, a minha menina, que amor muito e sempre vou amar.

- Pai... - disse numa voz embargada ao abraçar forte Ordélio. - Diz que é mentira... diz que e tudo mentira... por favor... - chorava Ann. Ordélio lhe afagava chorando em silêncio e percebeu que havia outra pessoa ao seu lado. Clear exibia olhos cheios de água e bastou a chorar, Ordélio lhe estendeu a mão para Clear a as abraçou. 


Naquele final de tarde, do dia seguinte, Ann arrumava seu malão em cima da cama metálica, respirava pesado e de quando em quando, folgava o cachecol de lã feito por sua irmã, agora em seu pescoço. Todos os livros e outras vestes guardadas como se fosse algo tão precioso que nunca poderiam fazer-se todos os dias. Por fim, rasgou uma página do livro vermelho e o colocou de volta a seu lugar. Dobrou cuidadosamente a página amarelada e guardando-a em seguida no bolso das vestes. Desceu o malão da cama com, dando uns pequenos toques com a varinha o fez levitar para descer as longas escadas.

Ordenados pelo Ministério da Magia, todos os alunos da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts inspecionou para que os mesmos pegassem o meio de transporte de rede de Pó-de-Flu, por medidas de seguranças.

A sala da biblioteca era o point de leitura de duelos, muitos alunos ficavam por lá para acompanhar mais os estudos e outros interesses sobre os duelos, enquanto tomavam uma grande e extensa aula de interpretação de Rufus Schuenemann, que este, tomava empresta do professor Flitwick como cobaia; que este por sua vez já fora parar na Ala-hospitalar pelo menos duas vezes por semana. Hermione dava olhares de esgoelar em Harry à chegada de Ann, que esta apenas deu pequenas palavras de como foram às férias e como esta, nada mais. Hermione era quase que censurada por Gina, que lhe repreendia com apenas um olhar sobre os ocorridos.

Aristella Vanes, da Grifinoria, estava sentada algumas carteiras com um livro grosso sobre a mesa, debruçada sobre o mesmo, absorta em suas leituras, mas que estas, foram despesas por uma conversa da mesa ao lado que invadiu seus ouvidos, aos sussurros:

-... de onde você tirou essa idéia ridícula?! - exclamava num tom alarmado e censurado a voz de Vivian Schneider à uma Pansy Parkinson que escrevia num pergaminho de forma esnobe e empertigada. Pany levantou os olhos para olhar uma Vivian, que esta mantinha no rosto uma expressão assustada e preocupada.

- Você não precisa fazer parte disso. Alguém que se acovarda em minha frente não deve ser perdoado e ainda por cima, não deveria estar na Sonserina. - Vivian franziu o cenho, abriu e fechou a boca para replicar, demorou alguns minutos para continuar a conversa:

- O... o que esta escrevendo? - quis mudar de assunto.

- Nada que lhe interessa. - respondeu fria. Vivian entortou o nariz.

- Você continua com suas idéias fixas de fica com Malfoy, não percebeu? Você vai enlouquecer com isso! Já não basta da outra vez? Você só fez passar por papel de palhaça. - Aristella Vanes tentou arrastar a cadeira para escutar melhor de forma discreta e pigarreando alto como se tivesse algo na garganta aproveitado o barulho ambiente que Rufus Schuenemann fazia e as gargalhadas dos alunos do quarto ano da Lufa-lufa mais a frente.

Pansy, mais uma vez, levantou os olhos para Vivian com um olhar incógnito e distante.

- Infelizmente cometi um erro de fazer besteira. Funcionou por um certo período de tempo, mas parece que aquela nojenta tem algo de doce que sempre o atrai. - Aristella sufocou um riso.

- Foi uma idéia muito boa, aproveitar a ex-namorada de Keichi... - Um grupo de estudantes brutamontes de Durmstrang passou fazendo barulhos arrastando as cadeiras, alguns alunos reclamaram. Aristella arriscou olhar para trás e viu as duas ainda em suas posições. Aproveitou o barulho para se aproximar. -... Fazer com que Ann pegasse uma Ostrad com Malfoy pagando a Lidy um serviço, sendo que na verdade era eu ali. Mas ainda não entendo como foi que isso não deu certo? - Aristella arregalou os olhos e se espremeu para prestar mais atenção.

- Já lhe disse: Ela parece feita de açúcar. Mesmo que tenhamos tirado a Ostrad de minha lembrança, juntando uma ceninha de teatro: Você de Malfoy...

- Que tive que tomar aquela poção horrorosa. - Vivian fez um barulho com a garganta numa cara feita como se tivesse engolido um limão azedo.

- E Emília Bulstrode de ex-namorada de Sato, a Lidy. Ainda por cima que Keichi ainda sentia algo por ela. O resto, foi fácil, não esperava que Keichi caísse... - falou Pansy com um leve sorriso maldoso no rosto. Ela terminou de escrever e guardou a carta num livro de capa vermelha colocando dentro da mochila.

- O quê?! - exclamou Aristella ao dar um salto da cadeira e a derrubar no chão. Pansy e Vivian a olharam.

- Vê se não faz tanto barulho, sua imbecil - disse a voz arrastada de Pany.

Aristella não deu ouvidos a Pansy, recolheu suas coisas e saiu andando por entre os corredores estreitos da biblioteca a procura de Ann. Passou esbarrando em algumas garotas até achar o lugar. Ann estava com, Gina, Rony, Hermione e Harry; todos sentados e absortos em conversas rotineiras.

Aristella pigarreou, olhou para os lados, nervosa, e viu a uma distancia Draco Malfoy de costas escrevendo.

- Ann, posso falar com você um instante? - perguntou nervosa. Ann levantou o olhar.

- Diga. - falou.

- Em particular. - Ann levantou-se. Aristella pegou em seu braço e a arrastou para um corredor vazio.

- Calma! - exclamou Ann ao ser arrastada.

- Foi tudo armação! - disparou direto. Ann franziu o cenho.

- Hã? - fez.

- Foi tudo armação! Tudo! Foi idéia da Parkinson, tudo! - falou nervosa e olhando para os lados.

- Aristella, respira, ok! - falou Ann lhe segurando nos ombros. Aristella encarou Ann.

- Ann, você lembra-se da traição de Sato? - perguntou calmamente. Ann demorou alguns minutos para responder.

- Lembro. - disse numa voz mínima.

- Foi uma armação.

- Armação? - perguntou pensativa.

- Isso. Foi um plano traçado por Schneider, Bulstrode e a Parkinson! O Malfoy não fez nada! Elas armaram um plano para afastar você do Malfoy. Elas falaram de uma lembrança que elas ensaiaram e te entregaram... acho que foi no dia que nos encontramos no Três Vassouras! - falou ela as últimas palavras muito rápido.

- Plano traçado pela Vivian e pela Pansy? E o que tem haver a Emília Bulstrode nisso? - perguntou Ann sem entender. - E... que lembrança...?

Aristella respirou fundo, fez Ann se sentar numa cadeira próxima.

- No dia da "traição" de Keichi Sato, o que foi que aconteceu? - perguntou de forma gentil e devagar, quase irônica.

Ann coçou a nuca como se tal lembrança a desconfortasse.

- Seja como for, Aristella, agradeço por me contar o que quer que seja que descobriu, mas agora não importância. Já passou. - Ann se levantou. Aristella lhe segurou o braço e a fez sentar, esta amarrou a cara e massageou o braço a contragosto.

- Sei que aquele canalha é de uma casa diferente, mas ele tem um valor especial para você. E sei que ele não presta e nunca, talvez, não venha prestar, mas se você se sente feliz ao lado dele, deva voltar a trás. Pansy esta armando para ficar com Malfoy. Elas fizeram você terminar o seu namoro com Keichi para não vê-la feliz nem com Sato e nem com Malfoy. Pense Ann. - Ann tirou devagar a mão de Aristella, e sorriu de forma cansada e gentil.

- Não se preocupe comigo. Vou ficar bem. Mais uma vez, agradeço por querer me contar. Mas não importa mais. - disse ao voltar ao seu lugar. Aristella ficou olhando o vazio a sua frente quando seus olhos caíram sobre uma garota sentada algumas mesas a frente que havia escutado toda a conversa, Kristin Lana. Kristin desviou o olhar de Aristella para a janela e a contemplou com um semblante triste.

Seus olhos caíram nas duas garotas que passaram a sua frente. Pansy e Vivian.

- Via deixar sua mochila ali? - perguntou a voz de Vivian.

- Depois a gente volta. - disse Pansy. Aristella fechou a cara com deboche ao se levantar suspirando pesadamente.


Ann voltou à mesa e se distanciou em pensamentos sentindo uma pequena pontada no peito que lhe apertava ao ver o perfil de Draco algumas mesas à frente; enquanto as conversas a sua volta pareciam não ter som. Ela o viu se levantar, ele exibia um semblante preocupado e agitado, saiu a passos largos da biblioteca deixando seus colegas para trás sem nada a dizer. Os alunos foram se levantando das mesas, Ann foi a ultima da sua a perceber.

- Vamos. - disse Hermione com seus livros em mãos. Ann parecia acordar de um transe. Pegou rapidamente suas coisas e saiu andando. Ao cruzar o corredor cheio de alunos, Draco vinha em sua frente. Ann parou. O garoto não, passou por ela como se não a visse ou fosse uma pessoa estranha. Ann franziu o cenho, virou-se para encarar as costas do outro. O rapaz não parou, continuou seguindo seu caminho.

- Malfoy... - sussurrou Ann em voz baixa, olhou mais uma vez para o final do corredor como se esperasse que o rapaz virasse, mas não ele seguia pela aglomeração de alunos. Ela respirou fundo e olhou para o relógio de pulso e saiu correndo as pressas. - Ele não me viu? - saiu dizendo para si mesmo. 

Draco, ao cruzar o corredor, saiu andando olhando para trás, de quando em quando, arriscava a andar de costa. Como se esperasse que ela visse atrás para perguntar algo, mas ela não o fez. Ele virou-se contrariado e se deparou com Zabinir, este lhe estendia o envelope, a sua frente. Draco parou de supetão.

- O que é isso? - perguntou ao olhar o envelope estendido.

- É endereçado a Draco Malfoy. - respondeu Zabinir com um tom de voz grave e levemente irritada. Draco olhou por alguns minutos o envelope, o apanhou de devagar, ao fizer isso, Zabinir girou nos calcanhares e saiu a passos largos.

Draco esperou até que Zabinir desaparecesse do corredor. Abriu o envelope rapidamente com violência.

           

Apareça na floresta de Hogsmeade, agora.

Venha sozinho.

           

Amassou a carta enquanto colocava no bolso das vestes. Passou pelos corredores ainda cheios de alunos, desceu as escadas de dois em dois. Passou por duas garotas da Sonserina que o observava de longe. Uma delas deu um sorriso maroto e saiu a passos largos para o lado contrário. Draco passou pelo salão principal e de lá desapareceu de vista.

Pansy subiu as escadas até o corredor onde os alunos de Beauxbatons estavam hospedados. Parou diante de uma das monitoras que conversava com outra garota de Beauxbatons. Pigarreou para dar o ar de sua presença já que as duas conversava animadamente.

- Sim? - disse à monitora que parou sua conversa. Ela olhou Pansy de cima a baixo com um olhar de desdém.

- Eu preciso falar com Welling. Sabe onde posso encontrá-lo? É urgente. - disse num tom de voz arrogante devolvendo o olhar.

- Não sei onde ele esta. - respondeu num tom trepido. Pansy fez cara de fingido desapontamento.

- Ele deve esta na biblioteca, não? - disse à moça que conversava com a monitora de Beauxbatons. A monitora a olhou de forma assassina. - De qualquer forma, em Hogwarts não tem muito que fazer, o lugar mais interessante que os alunos de Beauxbatons acharam foi à biblioteca da escola. - disse de forma autoritária. Pansy apenas deu um aceno de agradecimento e saiu a passos rápidos, não antes de sair das vista para ouvir os comentários das duas:

-... Por que você disse? - rosnava em voz baixa a monitora.

- Eu só queria ajudar! - exclamava a outra.

- Ah! Idiota! É mais uma que esta atrás de Welling... já não basta a magra azeda da Lana! - bufou.


- Mas nós acabamos de sair de lá... - disse para si mesma. - Ao menos eles não...

Sentado de forma displicente sobre uma cadeira de madeira com os pés apoiados na mesa, a mão esquerda levemente apoiada em seus lábios vermelhos, numa mistura de expressão maliciosa e discreta com seus cabelos ruivos caindo levemente sobre seus olhos acinzentado; ao som dos gemidos e suspiros da mesa ao lado de umas garotas do sétimo ano da Corvinal.

 Pansy vinha andando a passos decisivos até entrar no campo de visão de Roland Welling que não se incomodou com a garota e manteve o estado, até então, presente.

- Preciso falar com você. - disse a garota num tom firme. Victor, Ryan e Akira se entreolharam. Roland a olhou indiferente sem mover um músculo.

- Fale. - disse ao olhá-la nos olhos. Pensy se sentiu desconfortável, não sabia se era por ter os amigos curiosos de Welling lhe observando ou os olhos perfurantes e frios do próprio Welling a lhe observar. Era a primeira vez que se sentia assim, uma sensação nova, ficou nervosa, como se todos os seus mecanismos de defesa tivesse pifado. Definitivamente aquele olhar a incomodava, mas fez o possível para sustentá-lo.

- Em particular. - disse mantendo o tom firme e decidido mesmo que não ache que foi tão firme assim, olhou rapidamente para as caretas assassinas das garotas ao lado. Pansy gostou de ver isso, tirar o gostinho daquelas que só se satisfaziam em olhar, ela estava mais que isso. Roland se levantou. As garotas ao lado murcharam. Ele se aproximou de Pansy, esta engoliu seco.

- Vamos. - disse ele numa voz grave muito perto da orelha esquerda da garota, que sentiu os cabelos de sua nuca se arrepiarem. Ela sentiu um rebuliço no estomago, mas deteve a mostrar algo. Seus olhos caíram sobre os amigos de Welling que lhe olhavam com um certo interesse. Ela virou-se de forma arrogante e saiu acompanhando Welling com alguns passos de distancia.

Saindo da biblioteca, caminharam por um corredor silencioso. Pansy o seguia intrigada. Roland parou de repente, a garota absorta em seus pensamentos enquanto olhava as costas do garoto, quase trombou no mesmo, olhou para os lados disfarçando.

- Comece. - disse ele ao cruzar os braços. Pansy respirou fundo.

- Aqui podem nos ouvir. - disse ela ao olhar pelo corredor.

- Não tem ninguém por perto. Não quero perder meu tempo se o assunto não for do meu interesse...

- O assunto é do seu interesse. - disse ao cortá-lo. Roland se empertigou. Ela se sentiu superior. Um fio de curiosidade irônica passou pelos olhos de Roland.

- Então... - começou ele dando a ela continuidade que esta aproveitou numa superioridade como se tivesse algo maravilho nas mãos.

 - Posso levá-lo até o encontro de Draco Malfoy e os Comensais da Morte. - para a surpresa de Pansy, que achou que a novidade fosse causar certo espanto ou contentamento no rapaz, desapontou. Roland Welling a olhava indiferente, como se aquela novidade não fosse nada demais. - Eu sei o que você veio fazer aqui, não é de um simples duelo de um bando de estudante que você veio participar. Senhor Auror. - sua voz soou fria e ameaçadora.

Roland serrou os olhos ainda encarando Pansy com indiferença.

- Eu sei que você anda falando com o auror James Milian... - a voz da garota saiu nervosa. O rapaz se aproximou dela.

- Como soube disso? - perguntou numa voz grave próximo ao ouvido da garota, esta tremeu.

- Muito inteligente de sua parte perguntar. - disse num tom sarcástico.

- É eu tenho minhas lembranças. O que mais sabe?

- Eu... - ela parou se embriagando no perfume do rapaz. - Eu sei...

- Sabe...? - sua voz soou tão macia que Pansy achou que suas pernas tremeram involuntariamente.

- Que você sabe sobre o envolvimento de Draco Malfoy com os Comensais da Morte. - Pansy encarava o corredor vazio a sua frente, ao seu lado, bem ao lado, tão próximo que sentia a respiração do garoto no seu pescoço, estava Roland Welling.

- Quando? - perguntou Roland Welling depois de um tempo. Tempo este que Pansy notou ser uma eternidade.

- Hoje, neste momento Draco deve esta indo para a floresta de Hogsmeade.

- Como sabe?

- Eu interceptei uma coruja que foi enviada a ele. Como nós brigamos pedir que um colega entregasse a carta.

Algo pontiagudo tocou na bochecha de Pansy, esta se assustou ao se virar para encarar o garoto. A varinha de Welling estava apontada para seu rosto. Pansy sufocou um grito.

- Não pense que me usara para seus propósitos de vingança. - sua voz soou ameaçadora e seus olhos estavam mesclados num com sombrio e temível.

Um pensamento de arrependimento passou pela mente da garota, mas logo se dissipou; não levaria a sério a ameaça de Welling, o usaria sim, e ele nem saberia. Estava jogando e jogava para ganhar. Roland guardou sua varinha e seguiu seu caminho de volta para a biblioteca deixando Pany sozinha no corredor vazio.

Esta esperou que o garoto desaparecesse de vista e desabou com os joelhos no chão frio. Com a mão no peito respirando fundo e pesadamente. Ela ficou encarando o chão engolindo seco. Começou a dar risinhos de felicidade, levou as mãos até o rosto de alivio encarando uma grande janela próximo ao cruzamento do corredor; mostrando o céu claro da tarde.

- Eu disse... - ela sussurrou para si mesmo. - Eu disse... Draco para não brincar comigo... eu disse... te dei uma chance meu amor e você jogou fora... - uma lágrima silenciosa correu por sua face, logo seus olhos ficaram turvos de lágrimas. - Agora chegou a minha vez. - disse de forma firme enxugando as lágrimas com ferocidade ao se levantar e sair dando desoladamente. "Tenho que buscar a minha mochila que deixei na biblioteca..."


Ann guardava suas coisas na gaveta do criado-mudo ao lado de sua cama quando pegou de forma lenta e pensativa seu diário. Passou a mão levemente sobre a capa esfarrapada do mesmo. Seus olhos caíram sobre o livro que trouxera de casa, guardado com todo o cuidado dentro da gaveta. Voltou-se a olhar para o diário, passando as páginas rapidamente sentindo uma saudade inestimável. Como se tudo aquilo que escreveu fosse uma mentira ou um sonho do qual não voltaria mais. O que foi que a fez mudar tanto? E por que mudará?

"Gostaria de poder voltar a viver aquilo novamente, era tudo diferente." Pensou ela para si mesmo, sozinha, no dormitório feminino.

A porta abriu e Ann virou-se para olhar, Hermione vinha a passos vacilantes, parou com um olhar envergonhado. Ann deu apenas um sorriso simples e voltou-se para seu diário.

Hermione esfregou as mãos e andou até a cama de Lilá que ficava ao lado da de Ann. Esta se sentou de frente para a mesma. Ann levantou os olhos.

- Me desculpe. - desse Hermione num murmúrio como se há muito não tivesse voz. - Eu não queria que você soubesse dessa maneira...

- Hermione. - disse Ann ao fazer a garota se calar. Hermione parou esperando que Ann dissesse algo. - Isso já acabou.

- Já sei de tudo e não importa mais nada não é? - ela disse num sorriso fraco. - Minha família vai continuar sendo a mesma não importa de onde eu venho.

Hermione suspirou com um alivio involuntário.

- Você e o restando serão meus amigos como sempre isso não vai mudar. - exclamou ao olhar Hermione nos olhos. - Fiquei chocada em saber disso tudo, mas para mim é como se fosse uma mentira. Sem ofender vocês e nem mesmo a Dumbledore. Há muito tempo eu queria saber sobre minha mãe, mas não sabia que isso viria a contar a verdade sobre meu verdadeiro pai. - disse as ultimas palavras de forma murmurada. - Só... - suspirou ela. - Deixe-me pensar que tudo isso não passou de um pesadelo. - Hermione sorriu fraco.

- Tudo bem. - disse por fim. Hermione viu de relance umas palavras no diário aberto sobre o colo de Ann:

           

(...)Descobrir a pouco que Voldemor é meu pai...(...)


Ann levantou-se e o fechou estendendo a Hermione, que esta a olhou de forma intrigada.

- O quê? - fez esta.

- Leve-o daqui. - pediu. Hermione franziu o cenho.

- Como?

- Quero que você dê um fim neste diário.

- Mas por quê? - disse Hermione numa voz fraca.

- Quer me desfazer dele, mas eu não consigo.

- Se não consegue, não o faça.

- Mas tenho. Não quero viver de lembranças. - Hermione mordeu os lábios inferiores, mas pegou o diário. - Hermione, poderia me deixar sozinha?

- Esta bem. - disse ao se levantar. - Eu vou guarda para você. Caso você o queira de volta é só me pedir. - disse ao sair fechando a porta. Ann se deitou na cama fitando teto.

Hermione desceu as escadas desoladas com o diário de Ann em mãos. Pegou a varinha e deu umas pancadinhas de leve mudando a coloração do mesmo para um vermelho.

- Ele ficou com uma cara ótima. - disse para si mesma.

- O que esta fazendo, Hermione? - perguntou Gina ao encontrá-la no meio da escada.

- É o diário de Ann. Ela queria desfazer dele e me pediu isso. Mas irei guardá-lo, caso ela o quiser de volta eu o devolverei. Eu o colori de vermelho para quando ela for ao meu quarto não o vê e ficar melancólica.

- Como um disfarce, sei... - disse Gina. - Ela irá pensar que você o jogou fora, e se futuramente ela pensar em se arrepender... você pode devolver.

- Sim. - respondeu a garota num tom animado.

- Hermione! - chamou uma voz. Parvati a chamava.

- Oi, Parvati. O que foi? - perguntou a garota.

- Rony ta dando um escândalo no corredor perto da biblioteca com uma tropinha de alunos do segundo ano da Grifinória, acho melhor você dar uma olhada. - falou a garota ao passar por ela.

- Obrigada, vou lá sim... - respondeu ela. Passando pelo buraco do retrato e saiu andando apressadamente pelos corredores.

Logo que chegara ao corredor adjacente já começou a ouvir os inconfundíveis berros de Rony, mas assim que a garota cruzou o corredor, algo trombou com ela fazendo derrubar o diário.

- Olha por onde anda! - berrou uma voz irritada. Hermione levantou e viu que trombara em Pansy Parkinson e viu a mochila da garota aberta, vários livros espalhados. Pansy começou a recolher suas coisas. Hermione pegou o livro vermelho e saiu sem dar satisfações. - Idiota... garota impertinente! - bufou Pansy pegando seus livros de má vontade e os jogando dentro da mochila.

- O que esta acontecendo aqui?! - perguntou Hermione mais alto do que o normal para abafar os gritos do garoto.

- ELES ESTÃO APOSTANDO! - berrou este. Hermione levou a mão na testa.

- Tenho mais problemas com o que me preocupar... - murmurou ela. - E DESDE QUANDO VOCÊ SE IMPORTA COM APOSTAS?! - berrou esta em resposta.

- DESDE QUE ELES APOSTARAM QUE EU IRIA MORRER NO PRÓXIMO DUELO! - rosnou ele. Hermione virou para os alunos do segundo ano da Grifinória.

- TODO MUNDO EM DETENÇÃO! - gritou ao sacar a varinha e fazer com que esta transfigurasse duas folhas de pergaminho que foram arrancadas das mãos de um garoto, que logo ficou pulando para pegar as folhas no ar; uma em pena e começou a escrever os nomes dos presentes em meio aos protestos e berros dos alunos.


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