Confissões De Hermione escrita por Guilherme Faquini


Capítulo 1
O Segredo de Petter Lacun




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Eu estava encostada em uma das colunas da Plataforma 9/34 com minhas bagagens ao lado. Na verdade, não levara muitos apetrechos naquele ano. Havia deixado muitas coisas em Hogwarts. A plataforma estava cheia, bruxos e bruxas de todas as partes se aglomeravam em busca de seus pais e dos seus pertences. Eu estava totalmente entretida com um livro de Poções Macabras que ganhara do meu grande amigo Hagrid, no verão passado. Mas mesmo com toda minha concentração, pude ver de longe Luna Lovegood, simpática e com o mesmo ar delicado de sempre. Acenei e a cumprimentei com um balançar de cabeça e em seguida adentrei no vagão.


Inferno. Essa foi à palavra mais adequada para descrever a situação no interior da locomotiva. O barulho das milhares de vozes unidas parecia fazer minha cabeça latejar. Os alunos novos se impressionavam, se debruçavam na janela e acenavam com fervor para os pais que choravam do lado de fora. Hoje entendo o porquê das lágrimas: Hogwarts era mesmo um lugar macabro para crianças acostumadas com lareira e chocolate quente.


Me acomodei, tranquei a cabine e me afoguei no silêncio fúnebre. Pelo incrível que pareça ninguém dividia o ambiente comigo, e isso era ótimo. Em um relampejar de segundos senti falta de Harry e Rony. Eles não costumavam se atrasar e o trem sairia nos próximos 15 minutos. Deixei meus pensamentos negativos e voltei a concentrar-me no meu livro. Fiquei surpresa com o detalhamento do feitiço Avada Kedavra.Quem seria capaz de ter alma corrompida para sempre, usando este feitiço malígno?” – foi à pergunta que veio em minha mente. Mas não demorei para encontrar uma resposta. No fim do livro velho um lembrete descrevia com clareza a verdadeira face da maldade.


Tom Servolo Riddle. Você certamente ouviu falar nele, não é mesmo? Sim, Voldemort. Aquele que não deve ser pronunciado matou, derramou litros e mais litros de sangue mágico sem nenhum tipo de ressentimento. O Avada Kedavra é um feitiço proibido, mortal e maligno. Aquele que o utiliza está automaticamente condenado por toda a eternidade e sua alma se converterá na criatura mais repugnante que se pode ter conhecimento no mundo mágico. O feitiço não perdoa, é covarde e isso, no nosso mundo, é algo intolerável. Dizem queVocê Sabe Quemnão morreu, que está vivo e esperando o momento certo de atacar. O mundo mágico corre perigo e ainda sofrerá muito com a perversidade de Tom, que não medirá esforços para exterminar qualquer um que esteja próximo do Eleito."

Petter Lacun

Ex- Monitor da Grifinória


Senti minha respiração ofegante. Eu sabia do real poder do Avada Kedavra e de suas conseqüências. Só não sabia o porquê de a explicação estar escrita em um livro de poções, quase que rasurada na última página. Além disso, quem teria sido Petter Lacun? Ex-monitor da Grifinória.


Minhas dúvidas iam e vinham. Minha mente estava confusa e a mil por hora. Voldemort, segundo o informativo, estava prestes a voltar em busca do tal Eleito. Eu precisava me aprofundar, precisava descobrir e guardar para mim mesma qualquer pista que me levasse a desvendar tudo aquilo.


Fechei o livro e o guardei. Harry e Rony ainda não haviam chegado e o trem estava de saída. Estava a ponto de me descontrolar quando ouço a porta da cabine se abrir.


Pensei que não conseguiríamos chegar a tempo!Exclamou Harry, sorrindo.


Rony vinha logo atrás, reclamando e choramingando como sempre. Não demorei para dar um abraço forte em cada um. A viagem seria longa, mas me encontrava feliz. Feliz por saber que meus amigos estavam bem, vítimas apenas de um atraso corriqueiro e não menos engraçado.


Harry disse que ficaram presos na Estação de King Cross. Um policial londrino os abordaram, os confundido com marginais. Será que temos cara de marginais, Harry? – Perguntou Rony com um ar de assustado.


Logo em seguida me revelou que por sorte não ficaram para trás. A passagem para a plataforma estava prestes a se fechar quando a autoridade os liberaram para seguirem à diante. Foi um grande susto! – Gargalhou Harry.


Mesmo com toda descontração e a alegria habitual, não conseguia me esquecer do que havia lido minutos atrás. Meu ar de preocupação era notável. Rony questionou sobre meu sorriso forçado, notaram que algo não estava bem, mas eu consegui melhorar e fazê-los esquecer da minha apreensão.


A viagem ocorreu normalmente. Não demorou muito para que o tempo passasse e para chegássemos em Hogwarts. Hagrid nos esperava do lado de fora com seu sinalizador, orientando os novatos que a partir daquele momento chegavam a Escola de Magia e Bruxaria.



Hagrid estava animado coordenando os milhares de alunos eufóricos. A paisagem cinzenta me fazia bem. Eu gostava de estar em Hogwarts, gostava de voltar para casa depois de alguns dias em refúgio no mundo dos trouxas. Ao contrário de mim e de Harry, Rony reclamava sem pausa.Aquela aluna nova estava carregando uma aranha como mascote? É isso mesmo, Mione?


Sua cara de assustado é visível. Rony morria de medo de aranhas e não fazia questão de esconder seu pânico. Percebi que Harry ficara para trás à medida que caminhava com Ron. Suas bagagens estavam pesadas de mais.

Mais
adiante podíamos avistar Draco Malfoy com seus seguidores irritantes.

Não se pode usar feitiços ainda, Malfoy! Guarde imediatamente esta varinha! Esbravejou Hagrid.


Estávamos conversando quando Luna nos avistou. - Granger, estava mesmo procurando você. Acho que este livro é seu. Estava jogado no interior do vagão!


Agradeci e tente ocultar minha face desesperada. Luna havia encontrado o livro que Hagrid me presenteou, anos atrás. Meus pensamentos naquele instante eram voltados para o que Lovegood teria visto. Sabia que era uma garota inteligente e que conseguia absorver os fatos de maneira rápida.


O que é isso, Hermione? Um livro de receitas?zombou, Ron.


– Claro que não, paspalho! É um livro de feitiços. Algo muito culto para sua mente de ameba. – Retruquei.


Pude ver Harry gargalhar. Ele estava muito feliz e parecia estar super bem. Suas vestes se encontravam impecáveis, parecia até astro de tevê. Porém, seus óculos estavam tortos mais uma vez. Não conseguia entender o que Potter fazia para sempre danificar o acessório que lhe concedida a visão.


Óculos Reparum!Disparei em direção aos olhos de Harry.


– Poxa, eu nunca noto que meus óculos estão tortos. Obrigado, Hermione! – Sorriu, Harry.


Ron comentou sobre a lei de não utilizar feitiços até que se adentre no castelo no primeiro dia de aula. Mas sabia que Hagrid não me puniria por simplesmente consertar os óculos de Harry.


Todos em fila, todos em fila!Gritava Hagrid.


O que realmente me aliviava naquele momento era saber que não precisávamos mais ser apresentados perante todo o corpo acadêmico de bruxos. Tudo que eu mais queria era uma boa comida mágica. Um jantar que Hogwarts conseguia conceder.


Harry se acomodou no mesmo banco que eu e Ron. De podíamos ver todos os alunos, além dos professores Lupin, Dolores, Snape e Trilone, pirada como sempre. Dulmbledore estava posicionado no púlpito, Mcgonagall à sua direita e Hagrid à esquerda.


Silêncio!Solicitou Alvo.


Todos os alunos pararam o que estavam fazendo e imediatamente voltaram seus olhares para o diretor. Snape parecia feroz, encarava-nos com um olhar penetrante. Pensei por alguns instantes em que ele poderia saber que eu estava com o tal livro, mas desencanei.


É com muita satisfação que agradeço a presença de todos vocês. Aos alunos novos, minhas boas-vindas e, aos antigos minha boa sorte. Espero que se alegrem com o que preparamos para esta noite. Que o jantar seja servido! Comunicou Dulmbledore.


Em questão de segundos a mesa de madeira deu lugar a comidas de todos os tipos e sabores. Meu estômago já não agüentava mais. Rony não sabia se comia Pernil de Dragão ou se atacava o Flambado de Morcego, era algo desesperador e me causava nojo.


Rony ... RONY! Coma devagar, seu idiota! Vai acabar passando mal!


Obviamente meu aviso foi ignorado. Ron nunca mudou e dificilmente mudaria naquele ano. Percebi que Harry largara seu prato, enquanto colocava sua mão sobre a cicatriz.

Perguntei o que estava acontecendo. Talvez Snape tivesse lançado algum feitiço.Estou bem, foi uma queimação!Assegurou Harry.


Eu sabia que não estava nada bem. Claro, Harry não queria me dizer e talvez não devesse mesmo. Naquela altura do campeonato já me encontrava atarefada de mais para mais um problema.


Depois que jantamos, fomos apresentados aos novos dormitórios. O que mais me deixou nervosa foi saber que teria que dividir o quarto com Laguna Meest, uma aluna que vivia dando em cima de Ron. Antes de mais nada, eu nunca gostei do Weasley, apenas queria evitá-lo de cair nos encantos daquela bruxa sem-vergonha.


Minha cama era confortável e de frente para a janela. Através do vidro era possível ver Hogwarts inteira. As torres, o lago, as montanhas e o céu que se perdia em meio ao tempo. Estava deitada, quando resolvi ler novamente o tal bilhete do livro. Estava totalmente intrigada, necessitava saber sobre o tal Petter Lacun.


Olá, Her... Hermône!Disse Laguna Meest.


Meus olhos pareciam querer devorá-la. O que ela queria, além de interromper meu raciocínio?

É Hermione, queridinha!Mencionei com desdém.


Meest sorriu, virou as costas e saiu pela mesma porta que entrou. Pelo incrível que pareça, ela conseguia me tirar do sério. Sua voz, seu jeitinho... tudo me irritava. Talvez ela fosse uma das poucas criaturas que eu teria coragem de usar o Avada Kedavra. SAFADA!


Minha ira não durou muito. Voltei quase que imediatamente a leitura. Pensei que talvez eu conseguisse descobrir um pouco mais sobre o tal Lacun, na Biblioteca. Com certeza encontraria algo na sessão proibida.


Encontrava-me totalmente presa, afogada junto de minha mente, quando notei um berrador adentrando por debaixo da porta. O pedaço de papel pousou sobre minha cama, me fazendo pensar duas vezes antes de abrir. Mesmo contra vontade, o rasguei.


Boa noite, Mione!Gritou a voz armazenada no Berrador.


Era de Harry e Ron. Apesar do forte som, fiquei feliz. Meus amigos provavam a todo instante que realmente me amavam. Minhas lágrimas começaram a cair, quando voltei ao passado, lembrando do dia que os conheci.


O Chapéu Seletor escolhera todos nós para a casa Grifinória. Harry, ainda pequeno e amedrontado, se negava a entrar para Sonserina. O tempo realmente passou rápido demais. Já estávamos grandes, valentes e praticamente prontos para a vida lá fora. Eu não tive muita escolha, a não ser se render ao meu sono profundo. Estava exausta. A viagem havia consumido todas minhas energias.


Decidi que no outro dia, bem cedo, iria até a biblioteca tentar conseguir alguma informação para o que eu precisava. Minhas aulas começariam apenas no segundo período, sendo a primeira de Herbologia.


A noite lá fora estava linda. O céu de Hogwarts estava estrelado e o sossego parecia imperar. Talvez foram esses os fatores primordiais para me levarem a uma noite bem dormida. Para uma noite bem dormida em minha amada casa.



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Notas finais do capítulo

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