Um Dia Tudo Muda

Capítulo 4

               Não demorou mais do que 15 minutos para chegar ao Hospital Central de Nova York, mas demorou muito na perspectiva de Edward, tanto que este nem esperou que Alice estacionasse o carro, abriu, com ele ainda em movimento – mas não muito – e disparou para o elevador, que o levaria para a recepção do hospital.

               Alice correu até Edward, esquecendo-se de travar o alarme do carro, mas ela não ligava, queria estar ao lado de seu irmão.

              - Edward. – Ela disse sem fôlego quando conseguiu alcançar ele, quando a porta do elevador já estava fechando. – Se você continuar agindo assim, eles não vão deixar você vê-las... – Alice se referia aos médicos, se lembrando de que se esqueceu de ligar para Jasper. E se algo estivesse piorado? Foi por isso que Jasper tinha pedido para Alice ligar assim que eles estivessem vindo para cá, pois Jasper conhecia bem seu cunhado.

              Ela tinha se esquecido da bolsa na sala dela, com tudo o que havia acontecido. Em um minuto, tudo estava perfeito, e no outro...

              Edward nada disse ao comentário de Alice. Ele só pensava em ver seus amores, saber que elas estavam bem.

              Assim que o elevador chegou ao piso superior do hospital, onde se localizava a recepção, Edward foi até lá, e Alice olhou para os lados, a procura de seu marido, até que o viu, de costas, andando de um lado a outro.

              - Jasper. – Ela chamou, fazendo este se virar, mostrando a feição de preocupação que tinha se instaurado em seu rosto, desde que viu Bella, e sua sobrinha, Elisa, na maca, indo em direção a ala de cirurgia, onde ele não podia entrar, pois ainda não tinha se identificado como parente, mas mesmo assim, eles não deixariam.

               Ter visto Bella e Elisa necessitando de aparelhos para respirar o apavorou ainda mais do que ter visto os machucados nelas. Elisa, a pequena anjinha da família Cullen, que antes só sorria, estava com os lábios machucados e com uma expressão que ficaria para sempre na memória de Jasper. Jasper só lembrava mais nitidamente do sangue que estava na maca, das duas... Elas estavam perdendo sangue.

               - Alice. Que bom que você chegou. Cadê seu irmão? – Ele perguntou, abraçando sua esposa, sentindo a calma se instaurar por ela estar ali, com ele.

               Alice olhou para os lados, e ouviu Edward gritar com a recepcionista. Ela se afastou dos braços de Jasper relutantemente, e foi até o irmão. Jasper percebeu tudo, e foi junto.

              - Como você não sabe de nada? Elas pelo menos deram entrada nesse hospital? – Alice conseguiu ouvir a metade da discussão, que só partia de Edward.

              - Senhor... – A recepcionista tentou argumentar, mas foi interrompida por Alice.

              - Edward, eu já te disse. Fique calmo. – Ela pediu.

              - Calmo? – Edward perguntou incrédulo. – Como que você quer que eu fique calmo, sendo que não sei como está a minha esposa e a minha filha, e nem se elas deram entrada aqui. Será que você não entende? Sem elas, eu não sou nada. Se eu perdê-las, eu morro. Eu morro Alice. – Edward continuava gritando, mas perdeu a força, só de pensar em perdê-las.

              - Senhor. Ouça a senhorita. Fique calmo, ou se não serei obrigada a chamar os seguranças. – A recepcionista disse calmamente atrás do balcão.

             Jasper olhou para os lados, e percebeu dois ou três homens de terno e gravata, na espreita só esperando que Edward continuasse com a gritaria.

             - Edward. Fique calmo. Eu as vi, elas estão aqui. – Jasper murmurou, indo até o lado de Edward, e batendo de leve no ombro dele, o tirando dali. Foram até um canto reservado. Um corredor.

            - Como elas estão Jasper?  Me conte! – Edward olhou para Jasper como que implorando por notícias boas, como se ele fosse o médico.

           - Elas deram entrada no centro cirúrgico. – Jasper pensou que dizendo tudo a Edward, o acalmaria, mas este colocou a mão no cabelo cor de bronze, os puxando. Alice tentou impedi-lo, mas ele era muito forte.

           - Alice, esse é o momento dele. Ele precisava extravasar. – Jasper sussurrou no ouvido dela.

           - Mas eu não gosto de vê-lo assim. Eu nunca o vi assim. Se algo acontecer... – Alice voltou a chorar, na verdade, ela não tinha deixado de chorar em nenhum minuto desde que soube de tudo – ou mais precisamente, as lágrimas não haviam deixado-a.

           - Nós temos que esperar. E ter fé! – Jasper continuou a sussurrar, abraçando Alice, que apoiou sua cabeça no peito de Jasper, querendo que aquele sofrimento passasse.

           Edward tinha se afastado, e se sentado em um banco que havia no corredor. Colocou o rosto nas mãos, que estavam apoiadas nas pernas, e começou a chorar. Chorar numa tentativa vã, de que a dor se esvaísse por elas.

           O que seria da vida dele, sem elas?

          Não haveria vida, só sofrimento, e Edward sabia disso.

          Os minutos se passaram, mas pareciam horas. Edward ainda continuava naquele estado de inércia.

           Esme e Carlisle tinham chegado a pouco no hospital. Tomaram essa decisão, quando Esme percebeu que seu filho precisava dela.

           - Edward! Querido? – Esme se aproximou do filho, e se ajoelhou na frente dele.

           Edward saiu do estado de inércia, e fitou Esme.

           O coração de Esme se apertou ainda mais quando viu a feição do filho. Os olhos dele estavam vermelhos, denunciando que ele havia chorado. Aquilo tudo estava acabando com ele, e para Esme doía imaginar como seria se sua nora – que era como filha – e sua neta – o raio de sol da família – fossem embora. Edward não agüentaria, foi à conclusão que Esme conseguiu obter. Ela se sentia com as mãos atadas, sem saber o que dizer para aconselhar o filho, só o abraçou, assim como Carlisle também fez, os abraçou.

           - Mãe. Elas não podem me deixar, não podem. – Edward voltará a chorar, a dor era muito grande, ele sentia que um pedaço de seu coração tinha sido tirado, um pedaço que não voltaria.

           - Meu filho. Tudo dará certo, você vai ver! – Foi Carlisle quem disse. Esme não sabia o que dizer, não sabia como confortar o filho, sendo que nem ela era capaz de sentir isso. – Elas não vão nos deixar. Não vão te deixar. – Carlisle completou.

           Carlisle tentava acatar isso para si próprio, tentando de certa forma, consolar o filho, a esposa, a filha e ao genro, mas nem ele tinha a certeza que acalmaria o coração de cada um. Eles tinham que ter fé...

            O Doutor Carter, seguia pelo corredor, onde foi informado que era onde a família Cullen estava. Ele foi o cirurgião de Bella, mas também sabia sobre o estado de Elisa.

             - Hã... Boa tarde! – Ele disse ao se aproximar da família Cullen, vendo o estado de tristeza que rondava ali. – Eu sou Dr. Carter, fui eu quem operou Isabella Cullen.

             Edward ergueu a cabeça ao ouvir o nome de sua esposa, e fitou o homem de cabelos grisalhos, com um físico um pouco fora do padrão, ele se levantou ficando de frente para o médico.