A criança apoiou as duas pequenas mãos no espelho, aterrorizada. Foi seguida pelas outras três ao seu lado, que deixaram suas orbes enormes reluzirem com a luz forte do banheiro; somente uma sorriu.

“QUE MERDA É ESSA???” O esverdeado gritou, puxando os cabelos. “NÃO PODE ESTAR ACONTECENDO!!!”

“UHUL!!!!!” Noodle pulou de cima da pia, caiu no chão e esticou os braços. “Funcionou!!! Nem acredito!!!!!”

“Isso é culpa sua!?!?” Murdoc agarrou a menina pelo pescoço. “Se eu ainda não fosse mais velho do que você, eu te bateria muito!!”

“Ia ter que passar por mim primeiro.” A voz fina e séria de Russel fez todos caírem na risada. Ele, criança com a roupa larga, tinha um rosto bem vermelho de vergonha. “Eer... Eu demorei para ter minha voz grossa...” Olhou para baixo. Murdoc Soltou-a.

“Não posso ser criança de novo!!!” Bateu na testa.

“UHUL!!!!!” 2D tropeçou na blusa e caiu de cara no chão, mas não tirou o sorriso do rosto. “Noodle, querida, como fez isso!?!?!” Rolou no chão. “É um sonho!!!! Sou criança de novo, mas com amigos!!!”

“AEEE, 2D-San!!!! Pegou o espírito da coisa!!!” Ela pulou. “Me sinto muito bem!!” Fitou Androide, que ainda estava adulta, e esticou os braços como uma criança manhosa. "“Cyborg-Nee-Chan, me pega?” Deixou a pupila dilatar, parecia uma cachorrinha pidona. A robô segurou-a no colo, em duvida.

“O que faço com vocês, Senhor Murdoc?” Pegou o quase bebê baixista, que sorriu com seus dentes pouco pontudos.

“Não sei, só sei que estou com fome e quero leite.” Abraçou os seios da cópia da menina que deu-lhe um tapa enorme no rosto, fazendo-o cair. “Ahh!!! Como você era forte!!!” Passou a mão pela testa.

2D não parava de pular, feliz, e assim fez a menininha. “Sabe, querida, por mais que eu não me importe em estar bem menor do que estar gigante, não podemos continuar crianças. Como foi que isso aconteceu?” Hobbes perguntou, as sobrancelhas franzidas. Noodle bateu os dois dedos indicadores e ficou bem vermelha, falou com sua voz manhosa que ninguém podia resistir.

“Eto... Eu estava na neblina e queria muito, muito, ter uma infância de novo... Porque quando eu era criança não podia fazer nada daquilo, nem tinha uma família nem nada... Pensei que não era nada mais justo se... Sabe... Eu puder voltar no tempo...” Suspirou.

“QUE FOFA!!” Stuart abraçou a garota, todos jogaram sua atenção nele, que se afastou. “Quem disse isso?” Olhou em volta, tentando disfarçar. “Acho que vou tomar banho... Para ver se acho meus testículos...” Entrou no chuveiro, muitíssimo vermelho.

“Ahhh, 2D-San, não fique assim!!” Noodle seguiu-o. Murdoc, ao lado de Androide, puxou sua blusa, ela olhou-o.

“Ok, preciso que me leve até meu esconderijo. Lá posso ter alguma coisa, posso tentar fazer algum trato... Já estou cheio deles, mas pode dar certo.”

“Vou com você, quem sabe Del também tem uma ideia...” Coçou o olho e bocejou. “Estou com tanto sono...”

Androide abriu um sorriso, um ato anormal, mas que foi muito bondoso. Segurou Russel no colo e saiu andando.

“Venha cá. Vou te colocar para dormir antes de qualquer coisa.” Sua voz ainda era maldosa, mas não era a real intenção. Niccals, nervoso, saiu correndo com seus passos pequenos até os pés de sua criação.

“Não vai me pegar??” Fez um bico enorme. “Eu não sou fofo!?!” Bateu as pernas. “Me pega!!! Me pega!! Estou cansado também!!!”

“Pare de fazer birra, se não vai ficar sozinho, Senhor Murdoc!” Cyborg segurou-o pela blusa, ele cruzou os braços e continuou com a cara amarrada. “Vamos lá, depois eu te dou sorvete!” Sorriu. “Vou te levar até seu quarto.”

Saiu andando. Noodle, ainda no banheiro, abriu com muita dificuldade o box do chuveiro; olhou em volta e não encontrou ninguém.

“Xi!” Levou as mãos para a bochecha, sua fina voz deixava-a muito mais criança. “Estamos sozinhos! Como vamos pegar o elevador?”

O pequeno Stuart sentou no azulejo, desolado. “Não quero ter que ir andando...” Suspirou. “Me leva??” Esticou os braços e encheu seu buraco negro de lágrimas.

“Ok, ok... Mas nada de fazer essa carinha de novo!” Segurou-o pelos pés e o arrastou para fora do local. “2D-SAAAAN, você é pesado!!!!” Parou na escada. “Segure-se!!” Subiu em uma bandeja e escorregou degrau abaixo, em cada descida era um pequeno grito do cantor, pois este batia a cabeça no chão. Ela pousou e olhou-o. “Está bem?”

“Ai...” Balançou a cabeça. “Acho que lembrei-me de mais... Cada vez que bato a cabeça fico mais inteligente, parece!” Riu, Noodle revirou os olhos e levantou a bandeja.

“Quer que eu conserto??” Sorriu. “Brincadeirinha...” Tentou colocar o objeto no chão, mas cambaleou e caiu em cima do menino.

“Sai!! Está me esmagando!!” Ele remexeu, realmente parecia uma criança. A pequena riu e abraçou-o.

“Kawaii!! Não sei porque nunca fiz esse pedido antes!!” Abriu um grande sorriso e deu-lhe um selinho, ele ficou muitíssimo corado. “E isso foi ainda mais engraçado!!” Levantou, espreguiçando. “Tem tanta coisa que quero fazer!! Tanta coisa que deveria ter feito e não fiz...”

Stu-Pot finalmente entendeu o que estava acontecendo; sua pequena precisava de uma infância que nunca teve. Levantou com cuidado e segurou em sua mão, feliz.

“Venha cá, pequena, vou te ensinar como é ser criança!”