Ciganos Vampiros escrita por Titina Swan Cullen


Capítulo 29
Capitulo 29


Notas iniciais do capítulo

Oieeeee
Boa leitura, não me matem por favor.



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Pov Isabella

– Finalmente a Maria Mole acordou! - ouvir aquela voz fez com que meu corpo todo se arrepiar-se.

Eu estava deitada no chão e logo meus olhos contemplaram a escuridão daquele lugar sombrio. Passei minha mão pela terra úmida e fétida. Estava num lamaçal. Mas não era um lugar qualquer, era o lugar das sombras. Aquele mundo sombrio que nos últimos anos minhas irmãs e eu éramos trazidas a força. - Como é que é garota não tenho o dia todo!- gritou Nadja sentada ao meu lado.

Eu estava me sentindo muito fraca. Tão fraca que não tinha forças sequer de responder àquela maldita assombração. Senti uma pontada na barriga, uma dor intensa. Com muito esforço levantei a mão e passei pelo local, mas parecia que estava tudo bem.

Nadja virou o rosto para trás como se tivesse ouvido alguém chamá-la. Tudo o que eu ouvia eram os gritos e murmúrios das almas desoladas. Ela então se levantou e começou a andar em círculos, murmurando algo.

– O que você quer? - perguntei num fio de voz - O que eu estou fazendo aqui? Não consigo me lembrar de nada. - disse.

– O que eu estou fazendo aqui... não me lembro de nada - Nadja me imitou com voz debochada. - Hello vê se acorda! - estalou os dedos e na mesma hora meu corpo ficou de pé, rígido em sua frente. A dor na barriga ficou agora pior.

– Me deixe em paz... - supliquei. Meu corpo todo doía agora.

–Paz? Isso é algo que está bem longe no momento. - ela se aproximou apontando o dedo na minha testa. -Agora se lembrará de tudo. - minha mente foi inundada de lembranças. O casamento, o ataque, Leah, lobisomens e elas. Alguém as havia levado. E sangue, muito sangue e pessoas feridas e mortas pelo gramado. Zafrina. Zafrina estava morta.

–Zafrina...minhas irmãs... - sussurrei.

– É isso mesmo. A grande feiticeira de uma figa morreu. Levaram suas irmãs e as minhas.- disse como se fosse óbvio.

– Edward... - não me perdoaria se algo tivesse acontecido à ele.

– Não se preocupe, de todos ele é o que está melhor. Aliás, graças ao seu escudo, se não fosse ele o maldito bruxo teria a nós três e aí era o fim desse planetinha de merda que você conhece.

– Eu tenho que ajudá-las... precisa me deixar voltar.- pedi.

– Você contra ele?- começou a rir como se isso fosse alguma piada - Sozinha você não conseguirá nada. Apenas ser pega e fazer com que ele me tenha nas mãos também. – ela colocou as mãos na cabeça voltando a murmurar - Não. Só tem um jeito de acabar com ele e ai não tem mais volta. É por isso que eu a trouxe aqui.

– Acha mesmo que eu irei ajudá-la? Depois de tudo que nos fez passar? Sei muito bem que era isso que queriam nossos corpos para poder regressar a vida. Essa era a ultima coisa que faria.

– Escute aqui criança! - ela disse a frase pontuando cada palavra com um cutucão na minha barriga. Fiz uma careta de dor. - Eu posso fazer isso por bem ou por mal. Posso simplesmente tomar seu corpo e ir atrás do bruxo, fazê-lo pagar por tudo, pela traição. - a olhei espantada.

–Traição?

– É isso mesmo que você ouviu. Ele nos traiu. O plano era que assumíssemos seus corpos, o ajudaríamos a conquistar os principais reinos e depois estaríamos livres para fazermos o quiséssemos. Mas não, o bruxo tinha outros planos. Na hora do casamento quando finalmente teríamos acesso definitivo ao corpo de vocês ele de algum modo, fechou o portal, a passagem que nos levaria até vocês.

Ela falava jogando as mãos para o alto como se estivesse conversando com mais alguém. – Me deixe em paz...não me perturbe – murmurava.

Olhava e escutava boquiaberta aquilo tudo. O que estaria acontecendo com ela afinal? Nunca há vi daquele jeito. Então não foi o anel de Zafrina que nos salvou, mas sim ele. Mas como saberia que ela estaria dizendo a verdade, que não estaria me enganando. Primeiro tinha que dar um jeito de sair daqui, dela me libertar desse pesadelo e ai então poderia falar com Esme. Fingiria que a ajudaria.

– E porque então precisa da minha ajuda, já que disse que eu sozinha não conseguiria e você sozinha resolveria tudo?

–Porque assim que eu assumisse seu corpo, tentariam me impedir de sair do castelo. Eu poderia tentar paralisar vários dos que te guardam, mas com certeza o delicioso do nosso marido, tentaria me impedir de qualquer jeito, ai eu seria obrigada a matá-lo.

– Não ouse encostar um dedo nele! - sibilei com a voz firme. De repente ela deu uma gargalhada estrondosa e grotesca.

– Não vou sua idiota, se não, não estaria com você aqui. Além do quê sabe que se eu matar alguém perco meus poderes. – Eu sei que o tempo está acabando não me apresse...- voltou a murmurar.

– O que está fazendo...com quem está falando?- indaguei receosa. Não havia ninguém ali falando com ela, será que estava ficando louca ou seria eu?

– Sabe Isabella, você pode ainda não acreditar em mim, mas depois que a gente prova a vida, o gosto de ter alguém zelando por nós, assim como seu marido, as feiticeiras cuidaram de vocês, você se sente importante e no nosso caso, tínhamos apenas umas as outras. Carmem e eu merecemos estar aqui, merecemos toda essa podridão, mas Bianca... - sorriu - Ela não. De algum modo quando ela teve o filho, ela se arrependeu por tudo o que fez e mesmo assim nossos pais, os guardiões, não a perdoaram. Eu não irei permitir que esse maldito bruxo faça dela sua escrava eterna. Ele vai pagar muito caro por isso.

– E depois?

– E depois, mesmo que voltem para cá, elas podem arrumar um jeito de voltar, num outro corpo, com outro feitiço, quem sabe?- sorriu sem humor.

– Então vocês simplesmente nos deixarão livres? - Ela me encarou e dessa vez seus olhos eram tão vazios que realmente achei que estivesse perturbada.

– Deixar vocês não. Apenas elas, suas irmãs. Eu disse que era um caminho sem volta garota. O único jeito de matar o bruxo será com a nossa morte tanto carnal como espiritual.

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Abri os olhos e vi duas senhoras afastadas num canto do quarto. O mesmo quarto que passei a dividir com Edward. Elas estavam ocupadas com algo e não notaram que eu já estava acordada. Deitada com alguns travesseiros nas costas o que me deixava na posição quase sentada. Olhei pra baixo e vi ataduras espalhadas pela minha barriga. Isso explicava a dor que sentia, assim como também de que as visões que Nadja me mostrou eram verdadeiras. Tudo era verdade. Teria então pouco tempo até me preparar. No seu plano eu deveria procurar as duas únicas pessoas no castelo que me ajudariam a ir atrás de minhas irmãs. Pensar nelas me trouxe uma tristeza imensa. Um choro agoniado começou a subir por meu peito chamando a atenção das senhoras que se viraram assustadas em minha direção.

– Está com dor minha senhora? -perguntou uma delas examinando as gases no ferimento enquanto a outra trazia uma bandeja de metal.

– Já vai passar... já vai passar... - a outra senhora tirou da bandeja uma seringa e na mesma hora lembranças de quando injetaram veneno em Rosalie tomaram minha mente.

– Nãoooo... Nãoooo... – comecei a gritar e me debater. Tentava em vão me levantar.

As duas senhora eram muito mais fortes que eu, mas não iria morrer assim. Precisava salvar minhas irmãs.

– AHHHHHHH..... - gritava agora a plenos pulmões. Alguém iria me ouvir e ajudar.

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Estava a caminho do meu aposento para ver como Isabella estava quando James me encontrou. Já faziam duas horas que sai do quarto e precisava ter certeza de que estava bem.

Havia se passado uma semana desde o dia do casamento onde sofremos o ataque. Desde então estávamos nos preparando para enfrentar Aro e sua legião de lobisomens seguidores. Como já esperávamos Aro se refugiou no clã dos Newtons. Por satélite pudemos ter uma avaliação do surpreendente numero de lobos que estavam lá. Logo depois, uma magia misteriosa, se ergueu sobre o clã e não mais tivemos acesso. Desde então tem sido uma incógnita o que poderemos encontrar lá. Soubemos que alguns feiticeiros de clãs vizinhos se aliaram a ele. Mas as informações eram muito vagas. Contávamos apenas com o elemento surpresa e claro que graças a Demetri, todos os outros clãs estavam agora aliados nessa luta.

Também graças a ele pude reerguer meu clã rapidamente. Assim que se recuperou do feitiço lançado por Aro, contei-lhe tudo o que descobrimos. A imensa alegria dele ao saber que sua filha ainda estava viva o deixou completamente reestabelecido.

Ele não saiu um minuto sequer do lado dela desde então, isso me ajudou muito já que não queria deixá-la sozinha e ainda precisava cuidar do clã e da minha família. Saber que ela estava sob mãos protetoras me deixou um pouco mais aliviado para reerguer Darting. Infelizmente para o bem da minha sanidade, ele teve que voltar ontem para Antares para se reunir com os lideres dos outros clãs, meu pai já bem de saúde havia ido com ele. Agora me via eu desesperado, louco e completamente sedento de desejo por minha Isabella. Por mais problemas que estivesse enfrentando não conseguia me controlar quando estávamos sozinhos. Mesmo que ela estivesse à base de remédios, vê-la ali adormecida tão pura deitada na nossa cama deixava meu corpo zunindo de desejos. Confesso que cheguei a roubar-lhe dois beijos e agradeci a Santa Sara que Demetri logo voltara. Essa seria nossa primeira noite juntos desde o casamento. Ainda bem que ela ainda estava tomando os remédios ou não saberia o que fazer quando ela sentisse toda essa tensão sexual emanando e acaba-se por corresponder mesmo que inconsciente.

Foco Edward, foco.

Não posso pensar nessas coisas, ainda mais com minha bebê tão debilitada como estava.

Precisava Vê-la o quanto antes. Isso estava acabando comigo já que quase de hora em hora ia vê-la. Por mais que minha mãe tivesse me garantido que as duas senhoras que cuidavam dela era da mais total confiança. Eu agora não confiava em mais ninguém no clã.

Ainda bem que Emmet e Jasper também se recuperaram dos ferimentos e acho que o ódio que os consumia era a combustão pra toda a energia que tinham desde então. Passavam quase 20 horas do dia com o treinamento ininterrupto das equipes inclusive a minha que deixei sob responsabilidades deles e cuidava com meu pai de outros pontos de segurança e armamentos.

Um grito de dor e desespero fez meu coração afundar em meu peito. Subi as escadas em velocidade vampírica cheguei rapidamente ao nosso aposento.

– Isabella. - na mesma hora ela procurou meus olhos e a simples visão daquela menina mulher me deixava com o coração apertado, sensível e ... descompassado.

Voei em direção à cama onde as mulheres tentavam imobilizá-la. Ela chorava muito, arranhando e chutando desesperadamente. Estava com marcas vermelhas nos braços. Senti uma raiva descomunal e olhei as duas mulheres de forma tão dura que deram passos para trás.

– Como ela acordou? Dei ordens expressas junto com o medico para que ela repousasse sem perturbação.

– Majestade não sabemos...

–Edward... - Ela me olhava; e olhava para todos os lados do quarto. – Elas vão me envenenar.

– O quê?- ela parecia estar em pânico.

– Queríamos apenas aplicar a injeção.... -elas continuaram se afastando quando fiz menção de levantar e ir até elas. - Ela acordou chorando e não conseguimos aplicar a dose... - Isabella segurou minha mão para que não me afastasse.

– Não...não me deixe... -seus olhos castanhos estavam enormes e amedrontados.

– Nunca. - afaguei seu rosto. Jamais a deixarei. - sentei ao seu lado e me voltei para as ciganas. -Deixe-me ver isso. - estendi a mão e prontamente me passaram a seringa.

–Edward... - ela choramingou.

– Calma minha vida, acha que permitiria que alguém lhe fizesse mal? - estendi o objeto para que ela mesma visse - é apenas o seu medicamento.

– Edward...não... não quero mais dormir - chorava - As minhas irmãs Edward...

– Meu amor, não fique assim... eu vou traze-las de volta. Eu prometo. Logo estarão aqui com você. - segurei sua mão que apertava o ferimento na barriga, estava sangrando. Droga, já estava quase cicatrizando- Isabella precisa descansar. Veja, ainda está fraca minha vida, por favor- afaguei seus cabelos e com a outra mão gesticulei para que uma das senhoras se aproximassem com o remédio, sem que ela percebesse.

Firmei seu braço na cama enquanto a reconfortava. Passei um braço em seu ombro para que não se mexesse e abrisse ainda mais o ferimento.

– Bebê por favor... não chore. Não sabe como me mata ver cada lagrima sua derramada.- nessa hora a mulher aproximou a seringa do braço imóvel de Isabella. Ela ainda tentava se soltar, mas parecia mais calma - me perdoe bebê, você precisa descansar. - dei um beijo suave em sua testa e seus olhos começaram a perder o foco. Ela ainda meio grogue sussurrou mais meia dúzia de palavras. Todas sobre as irmãs.

Assim que adormeceu a deitei sobre os travesseiros. Levantei e comecei a andar de um lado para outro naquele enorme quarto, modificado para o maior conforto possível de Isabella.

– Quem deu ordens para falar pra ela sobre as irmãs? - perguntei de modo ríspido apos algum tempo. Sempre tratei os empregados de forma cordial, mas aquelas duas tinham passado do limite. Primeiro usado força com Isabella deixando manchas em seus braços e agora isso.

– Senhor..não dissemos nada.

– Nós jamais passaríamos por cima das ordens da rainha.

– Inferno.- passei os dedos pelo cabelo. Como ela poderia saber então? – Alguém mais entrou aqui?

– Não senhor. – responderam juntas. Sentir o cheiro do sangue de Isabella ali no quarto estava me deixando louco.

–Por favor... arrumem o curativo dela. – falei mais controlado. Eu mesmo poderia fazer isso mas não me arriscaria a acabar machucando-a.

–Magestade. Podemos nos aproximar...- perguntaram ainda com receio.

– Por favor me desculpem . É claro que podem se aproximar. - sentei-me do outro lado da cama enquanto cuidavam do ferimento. Peguei uma gaze e fui até o banheiro para molhar com agua morna. Passei no rosto dela limpando as lagrimas que haviam escorrido.

Aproveitei que elas estavam cuidando de Isabella e aproveitei para tomar um banho. Assim que voltei devidamente vestido dispensei-as. Já havia comido mais cedo então não iria descer mais. Antes é claro dei novas ordens para que não se esquecessem dos remédios e muito menos que usassem de força com minha esposa, qualquer problema era para mandar me chamar.

Merda; eu havia designado cerca de trinta guardas só nesse corredor, era obrigação mandar um deles me chamar.

Bella continuava deitada na mesma posição. Seus cabelos estavam arrumados, partidos ao meio para frente. Sua pele tão pálida deixava ainda mais viva a cor vermelha de seus lábios.

–Ah querida... como eu te amo! - sussurrei com o rosto bem próximo do dela aspirando o doce aroma de sua respiração. Precisava tentar bloquear minhas energias e meus pensamentos ou então mesmo ainda adormindo Isabella sentiria o desejo em seu corpo, e o que ela mais precisava era repousar.

Mas como não beijar aquela boca, tão viva e chamativa? Como deitar ao seu lado e não abraçá-la o quanto pudesse? Como eu conseguiria resistir a minha doce bebê?

Procurei então deitar o mais afastado dela. Tentaria ficar assim o máximo de tempo possível para que ela pudesse ter um pouco de paz e aquietar a saudade que já esmagava o meu peito só de imaginar que daqui algumas horas teria que voltar a equipe.

Sem mais me conter passei um dos meus braços por baixo de seu corpo com o máximo de cuidado a puxando para mais perto de mim. Eu precisava dela, de sentir que ela estava ali segura comigo. Já estava triste por ter que ir embora. Precisava mas não queria. Aqui com ela dormindo profundamente nos meus braços eu me sentia malditamente bem.

Não sei por quanto tempo fiquei nestes pensamentos, mas senti que a aurora logo chegaria e me preparei para levantar. A aconcheguei mais e a abracei demoradamente. Acariciei todo o seu rosto com meu nariz sentindo o cheiro daquela gostosura de perfume.

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Pov Isabella

Droga eu tinha dormido de novo.

Sabia que tinha que achar um jeito de ficar acordada.- ainda de olhos fechados ouvi um homem falando.

– Abra a boca Isabella...- meu corpo reagiu mecanicamente obedecendo ao homem. Logo em seguida senti um comprimido em minha língua. Lentamente abri os olhos. Então era isso. O médico me dando mais remédios para dormir. – Isso... muito bem.- elogiou-me e eu coloquei o remédio embaixo da língua. - Agora beba um pouco de água.

Nadja estava certa, Edward nunca me deixaria sair dessa cama. Assim que o medico se afastou tirei o comprimido da boca colocando embaixo do travesseiro. Não poderia mais ficar dormindo enquanto os outros se preparavam para morrer, infelizmente ainda me sentia cansada e acabei cochilando mais uma vez.

Me virei na cama com dificuldade para pensar e me locomover. Ao tentar me levantar, vi que estava com uma leve dor de cabeça. Olhei em volta para reconhecer que continuava no mesmo quarto. O abajur estava aceso no tom mais fraco de claridade, desviei os olhos e vi a sombra de uma mulher no quarto dessa vez era uma jovem cigana que me fazia companhia. Era muito pequena e magra, na verdade tinha o mesmo tipo de corpo que o meu.

Com esse pensamento uma ideia me atingiu. Não podia mais perder tempo ficando nessa cama.

–Oi. - sussurrei e minha garganta ardeu um pouco. Minha voz saiu muito baixa e ela não me ouviu - Por favor, preciso de um pouco de água. - dessa vez ela quase deu um pulo de susto.

– Não acredito! Como a senhora acordou?- seu rosto era de choque e incredulidade.

– Não entendo o que quer dizer.- desconversei.

– Eu mesma acabei de ver o medico lhe dando o remédio, ele acabou de sair. Eu vou chama-lo.

– Espere...por favor eu quero um pouco de água. – Não podia deixar que ela estragasse tudo.

– Sim..sim...aqui está minha senhora... - veio até a cabeceira e de uma jarra tirou um pouco de agua me ajudando a beber. Quase soltei um gemido de satisfação com o liquido refrescante molhando minha garganta.

– Ouça pode me chamar de Isabella. – ela sorriu assentindo -Se o medico acabou de me dar o remédio, daqui a pouco vai fazer efeito.- ela então me olhou desconfiada - Por que não vem até aqui, eu queria conversar um pouco. – dei meu sorriso mais sincero.- Como se chama?

–É deve ter razão. Eu me chamo Alba.

–Alba, que nome lindo!- segurei sua mão na esperança que surtisse efeito uma das explicações de Nadja sobre meu escudo. Segundo ela como dividimos o emsmo corpo alguns dons dela passaram para mim também e de algum modo eu deveria conseguir fazer com que os outros ficassem sob meu comando. Infelizmente eu teria que tocar na pessoa. - Haviam duas ciganas aqui. Onde elas foram?- perguntei encarando agora os olhos vazios de Alba.

– Elas foram ajudar novas curandeiras que chegaram de outros clãs, mas logo estarão de volta. – respondeu mecanicamente. - Parece que assim como elas todos do reino tiveram que se reunir para a missão de amanhã.

– O quê?- perguntei perplexa. Não era possível que já tivessem se preparado. - Ah quanto tempo eu estou dormindo?- ela não devia saber pela cara que fez - você se lembra de quando foi o casamento?

– Sim. Vai fazer um mês.

– Não acredito, mês passado!-tinha que dar um jeito de ir amanhã com eles.

– Ouça Alba e o príncipe Edward, ele vem sempre aqui?

– Geralmente o príncipe vem em intervalos de hora em hora, mas como hoje é o ultimo dia para os preparativos ele pediu que a rainha mesmo fizesse essas visitas. Ele ficará ocupado o dia todo com os irmãos.

Perfeito. Não teria outra chance igual a essa nem em um milhão de anos.

– Quer dizer então que todos os guardas estão nesse treinamento?

– Quase todos, tem dois ai fora ainda cuidando de vossa guarda.

– Ah é claro....- peguei o copo ainda com um pouco da agua e apertei o comprimido que havia escondido embaixo do travesseiro.

– Beba isso Alba.- entreguei-lhe o copo. Ela entornou de uma só vez na boca. Soltei a mão dela ainda a encarando. Seus olhos voltaram ao foco e me encararam lívidos como se tivesse descoberto meu plano.

Tarde demais.

Seu corpo tombou a minha frente nos travesseiros.

Ótimo agora precisava sair daqui e achá-los.

Com muito esforço consegui deitar Alba no meu lugar na cama e trocar a roupa dela com a minha. Fiz uma nota mental para da próxima vez só tirá-la do encanto quando estiver tudo pronto.

Prendi meu cabelo num coque bem alto e amarrei um lenço bem frouxo na cabeça de modo que cobrisse grande parte do meu rosto.

Cobri Alba com um lençol limpo e peguei mais alguns fazendo uma trouxa de roupa suja. Tinha que agir rápido antes que voltassem e dessem por minha falta. Quanto a Alba diria que foi um sonho.

Assim que abri a porta pude ver os dois guardas ali parados. Meus olhos estavam grudados no chão e com o volume de roupas passei por eles.

– Ei menina, não deixou a princesa sozinha não é ?

– Não claro que não - respondi ainda de costas com a voz mais grossa que pudia- Minha mãe já voltou, não viram? O que estavam fazendo que não a viram? Ela passou por estas portas...- comecei a falar ainda me distanciando. Pelo visto eles acreditaram já que não em perguntaram mais nada.

Alba tinha razão. Os corredores estavam praticamente vazios mais vezes ou outras esbarrava em algum guarda e enfiava ainda mais meus olhos no chão ou na trouxa de roupa suja.

Estava quase chegando a ala norte. A ala onde os maiores criminosos do clã estariam. Ela só poderia estar lá.

Os corredores daquela ala eram incrivelmente escuros, sendo iluminados com algumas tochas acesas presas na parede de rocha. Não vi janelas e o fedor era muito forte.

Ao longe ouvi passos. Se fosse algum dos guardas diria que estava indo limpar alguma cela. Logo os passos estavam mais próximos e notei que deviam haver pelo menos uns vinte guardas a caminho. Me encostei ao máximo na paredão para não ficar na frente.

– Eu não quero saber Emmet. É arriscado demais. - coloquei a mão na boca com o susto. Era a voz de Edward. Com certeza eu não conseguiria enganá-lo, ele sentiria meu cheiro de longe.

Olhei para trás mais não daria tempo de voltar. Me grudei ainda mais na parede e sem perceber ela se moveu abrindo e eu cai sentada numa cela escura.

– Ah que cheiro!...-tampei meu nariz e boca com a roupa. Era uma cela escura e com a pouca claridade vi o corpo de um lobo já em putrefação. Tive que apertar os dentes para segurar a bile que queria subir.

Voltei a encostar a porta pesada da cela com o pé e nessa hora as vozes estavam já bem próximas.

– Esse cheiro..- Edward falou já em frente a porta. Pude ver pela pequena abertura meu marido lindo, alto e fardado.

Há quanto tempo eu já não o via. Ele estava com o semblante cansado e parecia ter envelhecido alguns anos.

Me encolhi bem próximo ao corpo do lobo para que meu cheiro se misturasse a podridão dali.

– Deve ser de algum lobo miserável. - era a voz de Emmet - Sabe que muitos deles depois do ataque não conseguiram recuperar sua forma física.

–Não...não é isso.- Edward não acreditou. ouvi ele tocar a fechadura.

–O quanto antes tenho que trazer minha mulher de volta Edwrad. – Emmet bradou - se quiser averiguar, levo os novos soldados. Não posso perder mais tempo.

– Não... tudo bem. - falou rispido -Vamos acabar logo com essa parte. – começaram a caminhar e pude então respirar de novo. Droga, respirei com a boca aberta e todo o fedor entrou junto com o ar.

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Esperei mais alguns minutos e sai da cela. Parecia que o cheiro havia se entranhado na minha pele. Um fedor horrível.

Precisei caminhar ainda por mais alguns minutos até que finalmente a encontrei.

A cela em que estava era de igual forma a do lobo. Ela estava com correntes grossas nas mãos presas a uma bola enorme de algum tipo de material presa ao solo. Estava bem magra vestindo apenas uma calça jeans e uma blusa rasgada, seus pés estava descalços.

Ela estava sentada com as mãos juntas segurando a cabeça.

Não consegui sentir pena dela. Tudo o que estava passando foi ela mesmo que procurou. Todo sofrimento que meus irmãos agora passavam ela era também uma das culpadas.

–Leah - chamei. Ela ainda de cabeça baixa soltou um risinho que parecia quase de uma pessoa beirando a loucura.

Devagar virou a cabeça em minha direção. Seus olhos estavam negros. Uma escuridão tão intensa que deduzi que ela estava sem se alimentar desde que Jacob fora preso.

– Veio rir de mim, sua infeliz.- suas palavras eram duras e cheias de rancor, mas não senti nada, apenas confesso que me deliciei por saber que estava sofrendo todo o mal que causou a Jacob.

– Não Leah. Vim lhe propor um acordo.


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Notas finais do capítulo

Olá povo
Há quanto tempo não é mesmo? Senti muita saudade de todos vocês e claro tive que voltar
Não imaginam como fiquei feliz em saber que temos quase 700 pessoas lendo a fic. Muito obrigada pelo carinho. Se ainda tiver alguém vivo ai por favor deixem um comente.