Ter (MinHo ver.)

E então você sorri com aquele jeito de quem faz força para ficar serio e não consegue. Até porque você sorri enquanto fala e nem sabe, mas com certeza, se no fundo soubesse, ficaria todo sem jeito e então sorriria novamente.  Quem te vê assim e acha que você é apenas uma pessoa de sorrisos fáceis, engana-se. Você só sorri abertamente assim quando está entre nós. 

De repente você parou a mesa com um tom serio, e começou a falar daqueles assuntos que te empolgavam por horas: literatura, pesquisas... E sorri por que ama demais o que fala pra ficar sem expressar, mesmo seu tom de voz sendo ainda serio. Todos acabam interessados em seus assuntos, mas muitas vezes tiram sarro, pois sempre termina por falar coisas engraçadas naquele tom serio que passa uma sensação de veracidade.

Enfim. Enquanto muitos falam, eu só escuto você.

A única certeza que eu tenho nessa mesa, nessa roda de amigos – enquanto você está comentando como o preço do frango vem aumentando, com alguém –, é a de que eu gostaria de te dizer, agora mesmo, o quanto o seu sorriso é bonito.

Para dizer a verdade, eu já não tenho certeza de nada: Se nós vamos dar certo ou não, se  nós vamos estar juntos ou separados, ou qualquer outra coisa. Só sei que amo demais esse teu sorriso, essa tua voz que me soa tão doce quanto uma canção de ninar. E eu, com toda certeza, poderia adormecer em ti... Nessa tão sua tranquilidade e calmaria.

Sei também que não quero mais me explicar.

Não quero explicar por que gosto tanto do jeito complicado que estamos indo. Esse jeito de cruzar os olhares e desviá-los, nos encarando com sutileza. Um mínimo instante de: “Espero que esteja se divertindo tanto quanto eu”, para depois achar algo de muito interessante na poeira do chão.

Esse jeito é que me dá certeza de que vamos nos abraçar e ter nosso mundo nele. De que vamos brigar e fazer as pazes; e depois brigar e fazer as pazes novamente. E que horas depois meus CDs estarão empilhados ao lado dos teus livros e vamos nos perguntar como a gente pôde brigar por tão pouco. Certeza de que nós vamos prometer mais uma vez que nunca vamos nos separar, não é? Nunca mais. E então iremos nos abraçar de novo e ter nosso mundo nele... E...

Esse teu jeito de sorrir enquanto fala, que tanto me encanta, seria um sorriso tímido, mas você não sabe que sorri.

É simplesmente espontâneo.

Isso que nós temos (assim como o teu sorriso) é espontâneo: brotado de nós mesmos, natural, sem máscaras e voluntário. 

É assim que eu adquiro cada vez mais certeza de que tenho você. Bem mais do que o TaeMin  quando ri escandalosamente de algum dos seus trocadilhos ou piadas, eu tenho você. Tenho os abraços também. Tenho você ao meu lado. Tenho você agora, neste momento, neste lugar e neste sorriso que você mostra enquanto me olha nos olhos. E só agora. Se depois vou continuar tendo você, não sei e não me importa. Até porque, além desse sorriso – esse de agora – nada mais importa.

E quanto ao meu sorriso? Ah, era completamente patético por causa do dele.

[...]

Açucarar (Onew ver.)

Um sorrisinho tolo brincava em seus lábios. E, por algum motivo, eu sabia que eu era o causador dele. Meus olhos subiam, me desconcentrado do seu sorriso e indo até aqueles tão lindos olhos que brilhavam para mim, tão escuros e profundos como o mais belo par de ônix.

Eu gostaria de saber como essa admiração por seus olhos nasceu. Eram maiores que o padrão de um puro asiático, porém, de alguma forma inexplicável, tão atraentes a mim. Costumo pensar que me apaixonei primeiro por seus olhos, depois por você por inteiro. Muitas pessoas costumam dizer que os opostos se atraem para assim se completarem, mas pra mim tu já és tão inteiro que, muitas vezes, me sinto insignificante. Porém toda vez que te digo isso você me beija e me estapeia por achar um absurdo, e então seus olhos brilham intensamente em minha direção, para acompanharem sua voz me dizendo que você não é nada sem mim.

Você de repente fez um comentário ácido na mesa e eu vejo o divertimento e ironia em seus orbes que se estreitavam, formando um sorriso sacana. Caretas são formadas depois de tal comentário sobre o romance – nada secreto – de JongHyun e Key e eu somente ria abertamente assim como TaeMin, apesar de saber que nós não nos encontrávamos em situação melhor. Então foi como se Key adivinhasse meus pensamentos comentando sobre nós. MinHo retrucou em algo como “Então você não nega!” recebendo a resposta afiada de Key logo em seguida: “ Você também não!”. A risada alta que Taemin era o que quebrava o silencio nada cômodo entre nós cinco. Eu tinha uma nota mental: Nunca provoque Kim KiBum.

Ah, acho que tem uma moeda no chão.

Meus olhos não chegaram àquela moeda no chão sem antes fitarem seu rosto, risonho e tímido, de olhos baixos provavelmente analisando cada grão de sujeira no chão; não era do seu feitio corar. Na realidade, os que apenas te viam por fora lhe achavam mal encarado e rude – era o que muitas vezes sua expressão revelava, porém mal sabiam eles o quanto se enganavam. Porque à minha frente havia um homem doce, tal que veio para açucarar meus dias – como os cookies de final de tarde que a minha mãe costumava fazer para mim quando era pequeno.

Outro assunto começou, no qual você finalmente se envolveu, pois antes pude te notar disperso após seus olhos se desprenderem de mim. Naquele momento eu daria o meu mundo para saber o que se passava em sua mente. De repente discutiam o resultado do jogo de futebol do qual eu não havia assistido – e convenhamos, eu não entendia nada sobre o assunto – mas adorei tal brecha: isso significava mais algum tempo para admirar e dissertar sobre aquele esportista nato que tanto roubava a minha atenção.

Seus olhos brilhavam de empolgação. Senti meu coração acelerar e pude ver seus orbes ônix pregarem-se em mim, arrepiando-me ao encará-los, pois tais cintilavam em minha direção – e apenas pra mim.  Era como se tudo perdesse o foco e eu só enxergasse ele, somente ele... Deixei que meus lábios abrissem mais um sorriso.

E quanto aos meus olhos? Curvavam-se ao sorrir para ele.

                                            [...]