Together Burning Bright escrita por Beatriz Nascimento


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

gente, se vcs puderem por favor divulguem a fic (:



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As pessoas na praça murmuravam infelizes. Todo mundo achava injusto quando uma criança de 12 anos era escolhida, e todos gostavam muito de Prim, a garotinha loira que ajudava a mãe a curar os feridos. Olhei para ela, que levantou o queixo e foi andando de punhos cerrados para frente, e em seguida olhei para Katniss.Eu nunca tinha visto tanto choque em alguém. Eu queria correr até ela e dizer alguma coisa,que talvez a Prim conseguisse sair viva daquilo, mas eu sabia que nenhuma palavra dita poderia ajudar.
Então eu vi nos olhos dela a mudança. Ela chamou por Prim  em uma voz estrangulada e saiu correndo, pegando na mão da irmã logo antes dela subir as escadas para o palco. Dois pacificadores tentavam segurá-la, e a multidão inteira olhava para a cena, quando ela gritou:
-Eu me voluntario! Eu me voluntario como tributo!
Prim começou a gritar, e Gale surgiu para tirar a garotinha de perto do palco. Effie falou para ela subir, e eu senti o mundo girando. Não, não podia ser, não ela. Isso tinha que ser um pesadelo. Effie falou algo sobre aquilo ser o “espírito” dos jogos e eu senti raiva. 
Talvez para o distrito 1 e 2 era uma grande honra ser chamado para os jogos, afinal eles passavam o ano inteiro treinando e se fortalecendo, e muitos deles se voluntariavam para ir,mas aqui significava que você tinha escolhido morrer. Katniss tinha escolhido morrer para salvar a irmã. O prefeito olhava para ela com pena, afinal todos conheciam Katniss. A garota que tinha perdido o pai no acidente da mina. A garota que a mãe e a irmã tinham mãos curadoras. A garota que caçava e trazia carne fresca para várias pessoas, inclusive para minha família. A garota que eu amava.
- Qual é seu nome , minha querida?
-Katniss Everdeen- ela respondeu séria, engolindo em seco. Eu sabia, ela não queria chorar para não mostrar fraqueza. Na verdade eu acho que estava mais perto de chorar do que ela.
-Aposto meu chapéu que é sua irmã. Agora, aplausos para nossa primeira voluntária do distrito 12!
Eu não conseguia me mexer. Eu acho que o medo tinha me paralisado, ou me deixado surdo, porque eu não ouvi nenhum aplauso. Até que alguém levantou os três dedos da mão esquerda, e todos repetiram o gesto, inclusive eu. Aquele gesto era muito comum no nosso distrito, ele era geralmente visto em enterros. Significava gratidão, admiração e adeus para uma pessoa querida. Eu vi no palco que Katniss estava surpresa com aquele gesto quase rebelde do povo (afinal, quando alguém do capitol manda você aplaudir, você deve aplaudir) ,e Haymitch se levantou, gritando para as câmeras sobre como ela era mais corajosa que todos nós, e desmaiou.
Ele tinha razão. Isso era inédito no nosso distrito. O senso de família acabava quando a colheita começava; Meu irmão nem mesmo me deu boa sorte.
-Mas que dia excitante! E mais excitação está por vir, porque agora é hora de escolher o próximo tributo!
Não era justo. Por isso eu abaixei a cabeça e olhei fixamente para o globo com o nome dos garotos, e rezei silenciosamente para que ela voltasse viva, não importa quem mais fosse escolhido. Não importa quem tivesse que morrer, ela precisava voltar.
-Peeta Mellark!
Levantei minha cabeça na mesma hora, em alerta. Geralmente quando minha mãe me chamava por nome e sobrenome, eu deveria ir correndo o mais rápido possível, porque eu estava em maus lençóis. Então eu percebi que aquela voz era a de Effie no microfone. Era eu. Eu iria morrer, para que talvez ela voltasse para casa.

Os garotos ao meu redor me olhavam, em parte tristes por mim, em parte aliviados por não serem os chamados, e eu andei até o palco, tentando parecer tão forte quanto Katniss, mas parte de mim queria sair correndo e que alguém se voluntariasse para ir no meu lugar. É claro que isso não aconteceu, e eu não poderia culpar meu irmão.Subi ao palco e o prefeito começou a ler o tratado de traição, mas eu não conseguia entender nenhuma palavra. Minha mente estava em choque, meu corpo parecia a qualquer momento querer desabar e meus olhos estavam ardendo, mas eu não podia chorar. Não aqui. Quando a leitura do tratado terminou, Effie nos incentivou a apertarmos as mãos, e então eu finalmente olhei nos olhos dela.

Eu nunca soube se ela lembrava  de mim, até agora. Ela olhava para mim de um jeito quase que me pedindo desculpa por estarmos naquela situação. Eu apenas apertei a mão dela esperando que aquilo dissesse que eu a entendia. E que eu iria fazer o que eu pudesse para salva-la , de novo.

Minha mente voltou àquele dia no mesmo instante. Não lembro direito quando foi, talvez uns meses antes de eu completar doze anos, porque eu lembro que foi no ano seguinte minha primeira colheita. Estava chovendo muito, e eu estava sentado no chão da cozinha da padaria, desenhando uma flor. Uma primrose. Lembrei na hora da menina de cabelo loiro e sua irmã, que pareciam abatidas nos últimos meses, provavelmente pela morte do pai. Cada dia Katniss aparecia na escola mais magra e triste, e isso me preocupava.

Suspirei. Queria poder fazer alguma coisa por elas. Na mesma hora eu ouvi minha mãe do lado de fora, gritando com alguém, dizendo que chamaria os pacificadores. Sai correndo, pensando que poderia ser algum ladrão ou algo assim. É claro que no auge dos meus onze anos eu acreditava que poderia defender minha mãe de qualquer possível malfeitor do distrito.

Quando eu fui até a porta eu a vi. Ela estava ainda com a tampa da lata de lixo na mão, encharcada de chuva, com uma jaqueta que deveria ser do seu pai, ouvindo minha mãe dizer aquelas coisas horríveis para ela.

Então era isso. Ela estava passando fome. Senti uma dor horrível, como se aquilo fosse comigo. Eu não podia deixar isso acontecer com ela. Eu daria um jeito.

Minha mãe entrou resmungando e me arrastou para dentro, e como estava de mau humor, gritou para que eu tirasse a fornada de pães com passas quando eles estivessem prontos.

Foi aí que eu vi o que eu tinha que fazer. Eu não podia simplesmente dar o pão, minha mãe não ia deixar, e ela estava me vigiando. Então eu fingi me distrair com meu desenho, e quando senti que o cheiro de queimado já estava forte o bastante, tirei os pães do forno. Três deles queimaram bastante, mas tiveram dois que só queimaram uma casquinha. Era o bastante para não ser vendido, mas ao mesmo tempo daria para ela comer.

-Que cheiro é esse? Peeta, você queimou os pães?- ela perguntou com a voz alterada

-Eu, é…foi sem querer mamãe- eu disse. Eu não era um ótimo mentiroso naquela época,mas minha mãe acreditou e começou a gritar:

-Você tem noção de quanto custa fazer esse pão, moleque? E quanto a gente ganharia vendendo ele?

Em seguida ela pegou uma colher de pau que estava em cima do balcão e acertou meu rosto com ela.Doeu bastante, na mesma hora eu senti a queimação e sabia que meu rosto ficaria inchado,mas eu não me importava muito, na verdade. Não era a primeira vez que ela fazia isso, e eu tinha algo mais importante em mente: salvar Katniss. Minha mãe saiu andando irritada e aproveitei para pegar os pães e saí pela porta. Ela estava sentada numa macieira perto da nossa casa, de olhos fechados. Minha mãe gritou lá de fora para que eu alimentasse os porcos, já que aqueles pães queimados ninguém comeria.

Olhei rapidamente para Katniss, que tinha aberto os olhos, e em seguida olhei para trás, para ver se minha mãe podia estar na porta. Joguei o primeiro pão na sua direção, e em seguida o segundo. Dei um último olhar para ela e entrei.

Quando eu soltei sua mão eu percebi que apesar de esses anos todos pensando que eu poderia ter feito mais (como ter entregado os pães na mão dela, não só naquele dia como todos os dias), eu posso ter realmente salvo sua vida naquele dia.

E enquanto eu ouvia o hino de Panem tocando ao fundo, eu sabia que dessa vez eu faria mais. 


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