Estava tocando AC/DC no carro, e a mãe de Sam dirigia pela auto-estrada enquanto os raios solares do fim da tarde penetravam o vidro e batiam no rosto de Sam fazendo com que seus olhos doessem. Ele já estava acostuma com isso, afinal, se mudava a cada dois ou três meses. Sam estava farto de nunca poder ficar em um lugar só, de nunca poder fazer amigos, nem poder colar seus pôster no seu quarto porque ele sabia que dali alguns meses sua mãe iria se mudar com ele para outra cidade ou até mesmo para outro estado. Ele já perdeu a conta de quantas cidades eles moraram desde que Sam tinha 2 anos de idade, agora ele estava com 16 e já morara em quase todos os estados dos Estados Unidos, morara até no Canadá durante dois meses.  Como Sam tinha gostado do Canadá. Tinha feito amizades lá, como não fazia há muito tempo. Pena que depois de dois meses e meio sua mãe resolveu que iriam para Cleveland no estado de Ohio.

-Sammy estamos quase chegando. –Disse Jullie, mãe de Sam.

Sam olhou pela janela, até se esquecera de perguntar cinco dias atrás, quando sua mãe o mandou ele arrumar as malas, para onde iriam. Sam já não fazia muita questão de perguntar, quanto mais arrumar as malar, afinal, elas sempre estavam preparadas. Depois dos 13 anos Sam parou de ter esperanças de ficar em um lugar só e sempre deixava as malas um pouco prontas pra caso eles tivessem que sair. Ele olhou pela janela e avistou uma placa com as inscrições: Bem-Vindos a Green Hill no estado do Texas.

-Texas mãe? Que diferente! Um dos poucos estados que sobraram que nós nunca moramos. – Disse Sam com sarcasmo.

-Muito engraçado, mas dessa vez vamos morar aqui mesmo. Sem novas mudanças – Respondeu Jullie.

-Duvido você fala isso sempre – Sam revirou os olhos.

-Sam, dessa vez é sério, espero que você goste daqui porque não vamos nos mudar novamente. – Disse sua mãe se virando, e pelo jeito era sério porque estava coma voz firme e decidida.

Continuaram em silencio por mais uns 15 minutos então sua mãe estacionou em frente a uma casa um tanto grande apenas para os dois morarem. A casa tinha um muro baixo que Sam tinha certeza que deveria bater na altura da sua coxa. Por de trás do muro tinha um calçamento e dava para ver uma faixa de grama verde que pertencia ao quintal dos fundos da casa de dois andares. A casa tinha uma pintura como se fosse um laranja desbotado e que deveria ser muito bonito, alguns anos atrás. A mãe de Sam abriu uma pequena porteira de metal que dava acesso ao quintal da frente da casa e Sam passou pela mureta observando a casa como se estivesse hipnotizado.

-Hey, você não vai me ajudar com as caixas não? – Disse a mãe de Sam com um sorriso no rosto.

-Desculpe, até esqueci. Vamos morar aqui mesmo? Nunca moramos numa casa tão bonita ou com um quintal ou que fosse de dois andares ou que fosse em uma rua limpa ou que...

-Ta bom Sammy eu já entendi – Jullie interrompeu o que seria um longo discurso da parte do filho.

Sam levou algumas caixas, que não eram muitas, já que ao longo dos tantos anos foram diminuindo, para dentro da casa, depositando as quase no meio da sala. A sala era ampla com chão de madeira e paredes brancas, havia uma escada no canto direito, encostada na parede e dali Sam podia ver um corredor com algumas portas e ele sabia que o corredor de estendia mais um pouco, mas não dava pra ver. Da sala havia uma porta sem maçaneta que Sam sabia que levava a cozinha, porque aquelas portas soltas eram comuns em casas antigas. Ele atravessou a porta e encontrou sua mãe na cozinha, a cozinha era ampla e tinha uma bancada com cadeiras que fazia uma divisa entre a geladeira e o fogão, uma típica cozinha americana.

-Já olhou o andar de cima e escolheu seu quarto? –Perguntou Jullie que colocava uma caixa com panelas em cima da bancada.

-Tem mais de dois quarto? –Sam nunca morara numa casa com mais de dois quartos, certa vez teve que dormir na sala por dois meses.

-Sim, tem dois quartos e mais duas suítes. –Respondeu a mãe de Sam.

-Vou subir e dar uma olhada então. –Disse Sam já empurrando a porta.

Ele subiu as escadas e viu um corredor grande e um parapeito que dava pra ver a sala lá em baixo, ele continuou andando e abriu a primeira porta da direita um quarto simples, com uma cama velha de madeira sem colchão e uma janela fechada. Abriu a segunda porta da direita e encontrou um quarto semelhante porém um pouco maior e com um armário. Na terceira porta da direita tinha um banheiro, era grande com um box de vidro e uma pia com bancada. Sam viu que havia duas portas na esquerda, eram duas suítes do mesmo tamanho aparentemente. Ele quis ficar com a suíte mais afastada da escada.

-Sam, ainda não têm geladeira, vamos jantar fora? –Sammy ouviu a mãe gritar lá da sala.

-Sim... -Antes de descer para encontrar a mãe ele reparou em uma porta branca como as outras mais afastada no corredor, trancada. Ele achou estranho isso, mas não ligou.