Californication escrita por Cibelly H


Capítulo 3
Cabeça de Alga.


Notas iniciais do capítulo

Bloqueio de criatividade, mas agora estou totalmente criativa. Leitores, perdoem a demora. Espero recompensar :3



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 Eu não me surpreenderia se meu patrão fosse realmente o deus dos mares gregos.

Porque, observando Perseu Jackson surfar, eu acredito em qualquer coisa. Ele ziguezagueia por entre as ondas como se fosse uma extensão da água, como se seus braços fossem marolas e sua prancha um redemoinho. E quando faz manobras, ele parece voar. Parece ser parte do vento, como um pássaro manobrando entre a ventania.

É aí que percebo que não importa o quão arduamente ele tente me ensinar, eu nunca aprenderei a surfar. Não como ele.

— Ele é demais, não é? — pergunta Silena.

Silena foi a primeira pessoa a quem Perseu me apresentou, e eu o agradeço por isso. Sem conhecê-la eu nunca conseguiria ficar a vontade em uma festa lotada de adolescentes.

Silena não deve ser muito mais velha que eu. Seu cabelo castanho é ondulado e cai em camadas até seus cotovelos, e ela parece uma deusa ou uma atriz famosa mesmo vestindo apenas um macacão frouxo e cinzento de seu noivo, Charles. Charles também é simpático e eu soube que ele é um dos mais novos milionários daqui, tendo, mesmo tão jovem, uma enorme rede de oficinas mecânicas espalhadas por todo o Estado. Separados, ninguém poderia julgar que eles fizessem um casal tão perfeito quanto fazem juntos.

— Ele parece um profissional — digo com um sorriso torto.

Charles assente.

— E eleé. Ficou em terceiro lugar no último tornei de Honolulu.

Levantei uma sobrancelha.

— Então o talento com o mar é de família, presumo. — respondo.

Silena parece ficar animada com o assunto.

— Sim, parece ser uma benção, não é Charlie? — Charles assente, puxando-a para mais perto e plantando lhe um beijo na bochecha, ela ri — Da mesma forma que minha famílianão herdouo talento com o chocolate, mas por algum milagre eu consegui mudar essa realidade.

Silena me diz que começou há poucos anos com uma reforma na loja de chocolates do pai, mas teve bastante sorte e fez o negócio prosperar. Agora ela estava negociando expandir seu negócio para outras cidades. Então ela me pergunta sobre arquitetura.

— Ah, sim, eu tive uma colaboração na criação desse prédio. — respondo — a minha inspiração para as janelas em forma de lente foi da própria empresa, que trabalha com fotografia. Eu fiquei histérica quando disseram que meu nome havia saído em terceiro lugar na lista dos arquitetos mais promissores do ano.

— Mas você é realmente incrível, Annabeth. Merece esse crédito. — diz Silena com um sorriso amável.

Silena provavelmente não deveria entender muito de arquitetura, mas vi em seus olhos que o elogio era sincero e sorri.

Perseu estava saindo da água. Colocou sua prancha na areia e sentou-se, encharcado, ao meu lado.

— Se enturmou, Srta. Arquiteta? — perguntou com um sorriso que ia de orelha a orelha.

Seu sorriso era adorável, notei. Era charmoso sem ser exageradamente sensual, como o de Luke.

Percebo que sempre que observo o filho de meu patrão eu o comparo com Luke e me dou um tapa mental.

— Você deve ter me apresentado as melhores pessoas da festa, Sr. Surfista.

Ele olha para Silena e Charles e então se sobressalta.

— Eu não lhe apresentei a uma pessoa que vai me matar se não conhecê-la agora! — ele me puxa e então estamos correndo pela praia e todos parecem conhecê-lo por aí. Um garoto ruivo com uma touca colorida me cumprimenta e sorri e devolvo a simpatia.

Agora paramos próximos a duas pessoas. Uma garota com lindos cachos ruivos que vão até sua cintura, totalmente pintada de sardas e vestindo um jeans inteiramente furado e rabiscado com pincel atômico verde-neon para por um estante e então se joga em um abraço sobre Perseu Jackson.

— Percy! Você está atrasado! — ele diz entre risos. 

Percy a põe no chão e então a beija rapidamente nos lábios.

— Rachel, eu quero te apresentar a nova moradora da minha casa. — diz exultante. Ele move Rachel em seus braços para que ela me encare — Annabeth Chase, essa é Rachel, minha namorada. Rachel, Annabeth vai desenhar todos os projetos imobiliários do papai. Ela é um gênio.

Rachel sorri e morde o lábio.

— Provavelmente não é a melhor coisa a comentar, mas você ficou linda na capa da People.  — diz

Perseu levantou a sobrancelha.

— Você sempre sai em capas de revista, Srta. Arquiteta? — pergunta.

Rachel responde por mim.

— Ela não sai pela arquitetura, seu bobo. Embora ela provavelmente seja a melhor arquiteta de Nova Iorque, ela era famosa pelo namorado. Luke Castellan, você lembra? O pai dele já ofereceu um jantar para o seu pai.

Engulo em seco. Silena não havia mencionado Luke ou o término ou o fato de eu ser levemente famosa. Silena havia apenas falado sobre as vezes em que viu meu nome mencionado nas revistas de arquitetura que leu quando procurava inspirações para sua nova loja, mas Rachel não. Ela já chegou atirando fogo na ferida e, embora talvez ela não tenha percebido isso, Perseu percebe. Ele olha rapidamente para mim, e quando vê meus olhos mortificados grudados em Rachel e minha boca levemente aberta com o horror da realidade de suas palavras que deveriam ser inofensivas, mas cortam e machucam e trucidam e ralam como instrumentos mortais para alguém já tão cansado e frágil como estou agora ele entende. Ele entende, em só um olhar, que estou fugindo de Luke e de Nova Iorque e de comentários e lembranças como estas, que esse deveria ser meu refúgio e que sua namorada inocentemente me atingiu com um taco de beisebol bem na testa. Ele olha alarmado para ela e rapidamente muda de assunto.

— Mas então, Rachel, eu preciso mostrar a Annabeth para outras pessoas. —diz com um sorriso amarelo.

Rachel diz que não e se solta de seu abraço, me trazendo para mais perto dela.

— Ignore o Percy. Ele é meio idiota ás vezes, mas é adorável. Eu o conheci em Manhattan quando sua mãe ainda estava separada do Sr. Poseidon. E você? Como conheceu Luke? Aposto que foi amor a primeira vista, vocês são tão perfeitos. Não quero acreditar que acabou, o que foi mesmo que aconteceu durante o pedido de casamento dele que fez vocês terminarem?

Não sei como consigo sorrir e dizer que ela é bastante simpática e que era melhor deixá-la aproveitar que Percy estava de volta em vez de falarmos sobre Luke. Não sei como consigo me despedir deles dizendo que quero tomar banho de mar. Não sei como deixo Perseu sem resposta quando ele diz que faltam cerca de dez minutos para o ano novo.

Só consigo pensar de novo quando estou dentro da água.

As ondas se chocam contra mim e me arrastam de um lado para outro. Me deixo levar. Me deixo boiar de costas e encaro as estrelas e os fogos. Me deixo chorar e minhas gotas de saudade, de frustração, de ciúme e de rancor se misturam com a água em minha volta. Me deixo boiar por tanto tempo que quando de repente percebo que as pessoas estão contando os segundos. 57,56,55...

Perseu Jackson nadou em cima de sua prancha até chegar a mim.

— Vamos lá, Sra. Arquiteta. Não vai passar o ano novo boiando aí, vai?

48,47, 46...

Eu o encaro e levanto uma sobrancelha, então ele suspira senta-se na prancha.

— Então vamos boiar juntos, certo? — diz, dando batidinhas no espaço ao seu lado na prancha.

Suspiro e cedo. O filho do meu chefe, que deveria ser uma criança desconhecida e provavelmente arrogante, é um cara legal. Um cara mais que legal.

Ele me aconchega ao seu lado e ajeita minhas sobrancelhas com a mão.

— Annabeth, acho que podemos ser amigos. Na verdade, acho que podemos ser ótimos amigos. Melhores amigos. Você não acha? — ele pergunta com um sorriso torto que revela seus dentes brilhantes.

Reviro os olhos. O filho do meu chefe queria ser meu melhor amigo.

— Você só diz isso por que estou morando na sua casa. Você quer alguém para ensinar a surfar, bagunçar a casa e jogar videogame. Admita! — eu o provoco, jogando água nele.

— O Groover com certeza serve para isso. Não, é que eu gosto de ficar perto de você, Srta. Arquiteta.

— Você gosta de parecer popular ao lado de uma arquiteta famosa. — retruco.

Ele ri e joga o dobro de água em mim e eu subitamente tremo de frio.

20, 19, 18...

— Essa água fica cada vez mais fria. Depois da virada eu tiro você daqui. Prometo. — diz

— Quem disse que eu quero ir embora? — jogo mais água.

Uma espécie de alga fica grudada no seu cabelo.

— Então fique aqui, por que você está prestes a me afogar!

Isso me faz jogar mais água nele. E de repente, eu percebo. Não estou pensando em Luke, nem em compromissos, nem em festas beneficentes, nem em reuniões ou nem me preocupando em qual será a próxima vez que meu nome sairá nas revistas de fofocas. Eu estou apenas jogando água em um garoto apenas para irritá-lo como se tivesse 11 anos.

O filho do meu patrão me faz me sentir mais jovem.

10, 9...

— Feliz ano novo, Sabidinha. — ela finalmente inventa um apelido decente para mim.

Sorrio. O filho do meu patrão quer ser meu melhor amigo. O filho do meu patrão me proporcionou uma noite muito melhor do que estar enfurnada em meu novo quarto queimando minha cabeça com ângulos e telhados.

3,2,1.

— Feliz ano novo, Cabeça de alga. — eu retiro a alga de sua cabeça e a jogo para longe.

E então vejo que ele tem razão. Que precisamos estar perto um do outro. Bom, pelo menos eu estou adorando estar perto dele por que me esqueço de tudo. Porque estou fazendo uma guerra de água e não um mantra de ‘tudo vai ficar bem’. Porque com ele, tudo está bem. E se sempre for assim, eu acho que posso até jogar videogame, bagunçar a casa ou até mesmo aprender a surfar.

Okay,vamos esquecer a parte do aprender a surfar.


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Notas finais do capítulo

esperam que tenham gostado, cof cof



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