Um Fantástico Recomeço escrita por Viviane Oliveira


Capítulo 7
Capítulo 7




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Com o passar dos dias, Layla conseguiu, com muito esforço, voltar a mexer o braço. Naquele mesmo dia, quando ela conseguiu movê-lo por um tempo mais longo, Yuri e Sora comemoraram. Apesar disso, ela não parecia contente.

- Não está feliz, Srta. Layla? – perguntou Sora, ao perceber a expressão de Layla, que olhava fixamente para um ponto.

“Não é o bastante...”, pensava ela. “Preciso movê-lo como antes... Sem falar nas minhas pernas...”.

- Layla? – disse Yuri, começando a ficar preocupado, já que Layla não respondia.

Layla moveu a cadeira de rodas até um andaime – seguidos por Yuri e Sora - e tentou se levantar lentamente. Suas pernas tremiam. Quando os braços não agüentaram o peso, acabou caindo em cima de Sora e Yuri, que estavam à sua frente.

- Srta. Layla, está tudo bem? Por que isso agora?! – disse Sora, colocando-a de volta na cadeira de rodas.

- Sim... Está... – disse ela, retomando o fôlego – Eu só... Preciso me levantar agora.

- Srta. Layla, você acabou de fazer um grande esforço...

- E, além do mais, já são 6 da tarde. - completou Yuri - Não irá mais treinar hoje. Amanhã continuamos. Você fez um grande progresso hoje. Agora vamos.

Apesar das palavras de Yuri terem feito Layla pensar sobre o assunto naquele dia, não a fizeram se convencer de seu treinamento. Se conseguira mexer o ombro que tanto machucara, por que não tentar mexer a perna no mesmo dia? Afinal, não queria ficar naquele hospital nem mais um minuto e acelerar o processo seria a melhor solução para voltar ao Kaleido Star logo, logo.

A partir daquela noite, Layla passou a se levantar de madrugada para treinar dobrado. A resistência que ela havia adquirido com o treinamento diário foi perdida por causa do treinamento noturno. Com o passar da semana, tanto Yuri quanto Sora notaram um cansaço exagerado vindo de Layla. Estava mais ofegante que o normal e com os olhos vermelhos, como se não dormisse direito há dias. Sem contar que parecia somente falar e tentar andar para não cair no chão, de cansaço.

- Vamos Layla, chega por hoje – disse Yuri, levantando-a após ter caído no chão em mais uma tentativa nula de ficar em pé por um maior período de tempo.

- Não... Não precisa me ajudar... – disse Layla, apoiando-se nas barras.

- Jovem Yuri, não é melhor irmos comer alguma coisa? – disse Sora, preocupada.

- É uma boa idéia. Assim ela descansa um pouco. Vamos.

Layla não conseguia nem levantar a colher direito. Yuri olhava de Layla para Sora e de Sora para Layla, procurando respostas. Ao colocar uma colherada de comida na boca e ver que Layla pressionou o ombro, desistindo de comer, Yuri deixou os talheres com tudo no prato, assustando Layla.

- Muito bem, o que foi? – perguntou ele, repentinamente.

- Do que é que você está falando, Yuri? – perguntou Layla, um tanto hesitante, fingindo que nada acontecia.

- Do que acha que estou falando? Você estava em perfeitas condições há uma semana atrás, mesmo com esse seu treinamento maluco. Por que está tão cansada agora?

- Yuri, não há nada de errado! Eu estou ótima! – disse, soltando o ombro para disfarçar.

- Ah, está? – disse Yuri, que calmamente se levantou, contornou a mesa e ficou atrás de Layla, que não moveu um músculo.

- Estou! – disse ela, tentando ser o mais natural possível.

- E o que me diz se eu... – Yuri apertou o ombro direito de Layla, mas não com muita força. Mesmo assim, ela gemeu de dor.

- Jovem Yuri, pare com isso! – disse Sora, se levantando. Sentou-se novamente quando Yuri voltou ao seu lugar.

- Pois é Layla... Se estivesse ótima, seu ombro não iria doer por causa de um fraco aperto como esse – disse Yuri, olhando para ela – Estou vendo que não nos contou tudo.

Layla não respondeu. Nem olhava para Yuri.

- Muito bem, então. Se quer que seja assim, não tenho outra escolha, a não ser pedir que lhe dêem sedativos para você ficar de molho e...

- O quê? Nem pensar! – interrompeu Layla alto, com raiva.

- Então me conte o que está escondendo! – disse ele no mesmo tom que ela.

- Eu já disse que não tenho nada! Se não acredita, me poupe dessas acusações ridículas!

- Eu a conheço há um bom tempo, Layla. Você não me engana – disse Yuri, fixando os olhos nela, o que a fez hesitar. Sorriu maliciosamente após alguns segundos e concluiu – não está treinando só conosco, não é?

Sora não sabia o que dizer ou como agir. Aquela era um tipo de discussão impossível de se intervir. Especialmente porque as suposições de Yuri provavelmente estavam certas, mas Sora havia decidido ficar ao lado de Layla. “Não sei o que fazer...”, pensou Sora.

- Para mim, já chega! – disse Layla, interrompendo os pensamentos de Sora e jogando o guardanapo que estava em seu colo na mesa – não preciso ficar aqui, ouvindo esse tipo de desaforo! – Layla deu meia-volta com a cadeira de rodas e ia se retirar, quando Yuri a interrompeu.

- Layla, não ouse me dar as costas dessa maneira!

- Tarde demais, já estou de costas – respondeu irônica.

- Pois não pense que a deixarei continuar com essas teimosias!

Layla virou o pescoço e olhou Yuri com uma imensa censura.

- E eu posso saber que tipo de coisa fará para me impedir? Só ameaças não funcionam, especialmente e principalmente comigo. – disse, olhando-o fixamente. Yuri não sabia o que falar ou sentir, seus sentimentos se confundiram. Apesar disso, a única coisa que queria era que Layla o ouvisse, mas não o fez.

- Sei que não posso competir com esse seu olhar... Fui um tolo a pensar que eu poderia impedi-la, não é? – disse Yuri. Layla o olhou surpresa e ele continuou a falar, um pouco mais baixo – Adoraria que me ouvisse uma única vez na vida...

- Sinto muito, Yuri – disse Layla, seca, apesar de não ter entendido o sentido da frase que Yuri acabara de dizer.

- Eu bem que tentei... Mas é tarde demais... Desisto – Disse Yuri, indo embora. Layla suspirou e se virou para Sora.

- Vamos, Sora... – disse ela.

- Srta. Layla, não acha melhor irmos atrás d...?

- Essa conversa acaba aqui Sora. Deixe-o ir embora – interrompeu Layla – não irei atrás dele.

- Está bem... – disse desapontada, empurrando a cadeira de Layla para o quarto.

Layla prosseguiu com seu treinamento ao longo da semana. Porém, certa tarde, Kalos resolveu passar no hospital para vê-la e acabou se deparando com uma Layla claramente acabada. Aquela definitivamente não era a Layla que ele conhecia, muito menos era uma Layla saudável.

- Vamos Srta. Layla, você consegue! – dizia Sora no meio do treino.

Layla já conseguia ficar em pé – se é que aquilo poderia se considerar “ficar em pé” – mas não estava mais suportando o cansaço. Era fim de tarde e Kalos as observava da porta da sala onde estavam.

- Ande, só mais 2 passos! – disse Sora.

Layla se apoiava em duas barras de aço, de comprimento médio, paralelas uma à outra e precisava andar todo o percurso. Faltavam apenas 2 passos, que foram conseguidos com esforço.

- Isso! Parabéns, Srta. Layla! – exclamou Sora, logo depois do passo final que Layla dera.

- Com... segui... – disse Layla, bem fraco. Logo em seguida, sentiu o cansaço sobre cada parte do seu corpo. Não o suportando, se soltou com tudo contra o chão e desmaiou.

- Srta. Layla! – disse Sora, indo socorrê-la. Berrou para a porta – Alguém ajude!!

- Então... Yuri estava certo – disse Kalos, se aproximando de Sora, a qual estava com Layla no colo. – Layla enlouqueceu; e para piorar, tem sua ajuda.

- Kalos! Por favor, agora não é hora para isso. Ajude a Srta. Layla!

Kalos chamou por um médico e ajudou a levá-la até o seu quarto. Kate foi vê-la.

- Lamentável – disse ela – Sora, seria melhor que você e Layla estivessem brigadas do que isso!

- Por que a ajuda em situações tão extremas como essa, Sora? – perguntou Kalos.

- Eu... Não sei... Eu só não quero mais decepcioná-la... – disse Sora, despejando tristeza em suas palavras.

- Quer matá-la então. – concluiu Kalos, mais frio impossível.

- Não! – gritou Sora, quase que instantaneamente – De jeito nenhum, Kalos! É a última coisa que eu desejaria!

- Pois então, Sora, olhe bem para o estado de Layla – disse Kate. Sora a fitou, sem resposta – E isso só tende a piorar. Apesar de muitos avisos, Layla não percebe isso.

- Eu só sei de uma coisa que a fará parar – disse Kalos – aliás, duas coisas.

Sora e Kate o olharam, esperando resposta.

- O que pretende fazer Kalos? – perguntou Kate.

- Cancelarei a peça – disse ele. Antes que Sora o interrompesse, continuou – cancelarei seu contrato, se necessário. Ela precisa parar.

- Não Kalos! Isso não! A peça, o contrato, o Kaleido... Sabe o que isso significa para a Srta. Layla, não pode... Não pode fazer isso! – disse Sora, desesperada.

- Se você já se desesperou, Sora, imagine ela – disse Kalos – não me resta outra opção a não ser essa.

- Tem razão... – disse Sora – Ela precisa parar...

- Que bom que entendeu – disse Kate – Vamos esperá-la acordar. Depois falaremos sobre isso.

- Certo – disse Sora.

Yuri havia recebido um telefonema de Kalos na última meia hora, avisando-o do estado de Layla. “Uma irresponsável versus um incompetente...”, pensava ele. Chegou em casa, largou as chaves do carro na mesinha da entrada e se deitou na cama para tentar relaxar. Olhava para o teto, pensativo. “Por que faz isso, Layla? Adora passar dos limites...”, pensou. Resolveu, então, ir tomar um banho para refrescar a cabeça. Precisava não se preocupar com ela, mas de alguma forma, não conseguia esquecê-la.

“Eu te amo...”, pensou, enquanto a água caía sobre suas costas no chuveiro.


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Notas finais do capítulo

Romance revelado...? Talvez. Continuem lendo e saberão!