Um Fantástico Recomeço escrita por Viviane Oliveira


Capítulo 3
Capítulo 3




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O grande dia chegou. Sora estava tão ansiosa que se distraía facilmente. Usava um colan branco com fios muito delicados, nas cores dourado e amarelo, espalhados por ele. Dois laços rosa, grandes e de média espessura estavam envoltos em seu braço e caíam nas suas costas. Estava mais linda do que da última vez.

Layla estava em seu camarim, vestindo seu colan quase idêntico ao de Sora, exceto pelos detalhes em azul no mesmo e, ao invés de rosa, laços azuis. Seu ombro direito estava tão bem-enfaixado que mal se notava embaixo da roupa. “Ainda bem”, pensava ela.

Ao ver Layla se aproximando das cortinas, Sora abriu um largo sorriso e foi em sua direção.

- Srta. Layla, tenho algo para a Srta.!

- Mesmo? O que seria?

Sora abriu as mãos. Nela havia um lírio, preso a uma fita azul.

- É para dar sorte – disse Sora, levantando o seu braço. Ele mostrava outro lírio, preso a uma fita rosa – também tenho o meu!

- Muito obrigada, Sora, mas mais do que sorte, sabe do que precisamos... Não sabe?

- Confiança! – disse, entusiasmada.

- exatamente – sorriu Layla.

A peça correu normalmente até o momento em que Sora e Layla se apresentariam. Tudo ficou escuro: as trevas da peça tomaram conta do Kaleido Star. Yuri atuou perfeitamente bem como príncipe. May fazia parte do elenco que representava as trevas e Rosetta era uma ajudante do príncipe. Todos estavam posicionados corretamente para o grande final. Sora e Layla pularam nos trampolins e fizeram algumas piruetas como uma apresentação de sua atuação, com uma luz focalizada somente nas duas. Uma não tirava os olhos da outra, mesmo quando o público foi à loucura quando ambas entraram no palco. Pularam na base dos trapézios mais altos e começaram a subir.

- Nós vamos conseguir... – sussurrou Sora para si mesma.

- Não irei desaponta-los – sussurrou Layla.

As duas, sincronizadas, saltaram da base para o trapézio, balançando cada vez mais forte e mais rapidamente. Chegando ao limite, soltaram-se dos trapézios e se encontraram no céu, exatamente como da última vez. Voaram.

Layla, no meio da apresentação, voltara a ver Fool, que estava ao seu lado o tempo todo e havia desaparecido ao seu olhar, pelo fato de Layla achar que sua missão no Kaleido havia terminado. A sua felicidade e a de Sora refletiam o verdadeiro significado da Técnica Fantástica para o público. As roupas davam um efeito mais perfeito que o da última vez. Aos poucos, a luz do palco se acendia, mostrando que a luz voltava ao reino.

Porém, o que Layla temia aconteceu. Aconteceu o que acontecera da última vez. Na hora de darem um grande impulso para voltarem à base, tudo que Layla pôde ouvir foram barulhos de ossos se quebrando por todo o seu corpo, seguidos do berro mais alto que poderia ter dado em toda a sua vida. Porém, a música estava tão alta que ninguém, nem mesmo Sora, ouviu alguma, qualquer coisa.

Layla conseguiu voltar à base, graças ao forte impulso que havia dado segundos antes do acidente. Caiu na base de joelhos e pressionou o ombro. Gritou um pouco mais baixo que antes ao tentar se levantar e se apoiou na pilastra. Tentou olhar a sua volta, mas tudo girava e apagava incansavelmente, até que desistiu. Quando as luzes apagaram, as últimas coisas que ouviu foram os aplausos intermináveis do público. Era tudo o que bastava a ela. Era isso que queria e necessitava até então.

- Preparar para acender as... – começou a dizer um técnico de luzes do Kaleido, mas Kalos o impediu, ao ver que Layla não parecia bem.

- Não, não faça isso. Não acenda as luzes.

- Mas... Senhor... E o agradecimento do elenco?

- Não é necessário. Não acenda de forma alguma – disse Kalos, saindo de onde estava e indo para a base do palco.

- Conseguimos Srta. Layla! Conseguimos! – disse Sora, finalmente se virando para cumprimentar a parceira, após tomar fôlego. Mas Layla não respondeu nada. Havia perdido os sentidos por completo e acabou desmaiando. Por ser muito pequeno o lugar onde estava, escorregou e caiu palco abaixo. Sora se desesperou.

- Srta. Layla, nãaaaaaaaaaaaaaooo!!!!!!!!

Layla caíra em um dos trampolins lá embaixo. Esta foi a sorte que recebera da flor que Sora a deu antes de sua apresentação: não se espatifar no concreto.

Enquanto o público, sem entender o por quê da pressa que estavam pedindo para que tivessem, esvaziava o Kaleido Star, Sora desceu o mais rápido que pôde atrás de Layla. Yuri já estava lá embaixo, junto de Kalos, brigando com o mesmo para que ele pudesse tirá-la do trampolim.

- Não é para tirá-la daí, está me ouvindo??

- E o que quer que eu faça???

- Chame uma ambulância, ora essa! Ela pode ter machucado o pescoço ou até mesmo deslocado a coluna em uma queda dessas! Depois descobriremos o motivo dela. Agora vá!

Yuri saiu e Sora chegou logo em seguida, correndo.

- Srta. Layla! – disse, chorando – Fale comigo, por favor!

Sora subiu lentamente no trampolim, sem movimentos bruscos. Layla estava imóvel e sua respiração estava muito fraca. Sora se assustou mais do que já estava.

- Sora, você sabe o que...?

- Não, não sei! – disse quase que instantaneamente.

A ambulância chegou pelos fundos do Kaleido. Yuri aparecera no palco logo depois, junto a dois enfermeiros que trataram de colocar Layla na maca e leva-la até o carro.

- Eu vou com ela – disse Yuri a Kalos.

- Eu também vou, Jovem Yuri! – disse Sora.

- Mas... Sora...

- Não! De jeito nenhum vou deixá-la em uma hora como essa! Não importa o que disserem para mim! Eu irei junto! – disse Sora, sem se importar com as conseqüências.

Kalos não teve outra escolha a não ser deixá-la ir.

Enquanto estavam na ambulância, Sora começou a sussurrar alguns comentários para si mesma. Um deles Yuri ouviu.

- Se eu não tivesse aceitado o desafio, nada disso estaria acontecendo...

- Do que está falando, Sora? – perguntou Yuri.

- A Srta. Layla queria ter certeza de que eu agüentaria todos os treinamentos e tudo mais... Então ela me perguntou se eu tinha certeza de que queria fazer isso... E... E... – Sora voltou a chorar engasgado.

- Sora, não se culpe por algo desse tipo. A Layla tem um gênio muito forte, jamais desistiria de agradar o seu tão querido público – disse Yuri quase que em uma ironia. “Essa cabeça-dura... Olha o que foi fazer...”, pensou ele. – E você, eu tenho certeza, só aceitou esse desafio porque quer que ela realize os seus sonhos, do mesmo jeito que ela a ajudou com os seus.

As palavras de Yuri eram muito significativas e importantes, mas não acalmaram o desespero de Sora naquele momento. Tudo que ela queria era que Layla acordasse, para que ela pudesse se desculpar pela sua fraqueza.

Quando chegaram ao hospital, Layla foi examinada urgentemente e levada para a sala de cirurgia. Nesse meio tempo, Yuri e Sora esperaram por notícias. Yuri não parava quieto, levantava, ia ao banheiro, tomava água, café, ia tomar um ar no jardim do hospital, sentava e levantava novamente. Sora, no entanto, nem piscava. Estava sentada no mesmo lugar e na mesma posição há horas. Somente quando a Dra. Kate apareceu na sala de espera, ela se levantou num susto.

- Sora? – disse Kate, se aproximando e recebendo uma resposta quase que instantânea.

- Sim, senhora – disse ela.

Yuri chegou a passos largos, logo em seguida.

- Olá Kate – disse ele. Ao perceber que Sora continuava sem muita expressão verbal, resolveu perguntar por ela – O que houve com Layla? Ela está bem?

- Bom, a Layla teve uma queda muito feia... E por ter tido uma fratura dessa dimensão no ombro direito, forçou todos os músculos e ossos do lado direito do corpo, desde o braço até a coxa, no fêmur. Tivemos que recolocar os ossos no lugar, mas alguns deles necessitaram de transplante, sem contar nos hematomas devido à queda e na hemorragia que...

- Mas ela está bem, não está??? – disse Sora, interrompendo-a.

- As cirurgias foram um sucesso... Mas não depende só de nós. A Layla não respondeu aos comandos motores ainda. Ou seja, a menos que ela se dê por si, não voltará a mover o lado direito do corpo.

Sora não pôde acreditar no que acabara de ouvir. “Qualquer coisa, menos isso... Não é possível... Ela não pode...”, pensava Sora. Estava muito confusa com tudo isso.

- Ela... Está... Paralítica...? – disse Yuri, quase tão inconformado quanto Sora. Não sabia como agir ou o que pensar. Apenas se se encostou à parede, esperando que aquele pesadelo passasse.

- Yuri, peço que tenha calma e me escute...

- Como quer que eu tenha calma em uma hora como essas?!?! – disse Yuri, ficando frente a frente com Kate – Layla, ela... Ela está...

- Não exatamente – começou ela – Pode até ser, no momento, mas a Layla ainda tem chances de se recuperar. Ela não está paralítica para todo o sempre e vocês podem ajudá-la. Nós já fizemos o que estava ao nosso alcance, agora é a vez de vocês – deu uma pausa - Ela está no terceiro quarto à esquerda, se vocês...

Sora não esperou o médico terminar a frase. Saiu correndo em direção aos quartos do hospital. Yuri foi logo em seguida, após agradecer Kate. Ele estava completamente acabado com a situação e até agora não entendia que tipo de tristeza era aquela que sentia. “É só tristeza por uma parceira que está lesada, ou...”, pensava ele.

Quando chegaram à porta, Sora e Yuri viram Layla, coberta com aparelhagens e fios e enfaixada desde o ombro direito até a coxa. Apesar disso, estava com uma aparência de satisfação.

- Mesmo neste estado, ela continua linda... – disse Yuri, bem baixo, quase sem perceber. Mas Sora nem ouviu. Pegou uma cadeira e sentou-se perto de Layla.

Yuri ficou lá por um tempo observando Layla, até que alguém o mandou uma mensagem e ele se inconformou.

- Droga... Sora, eu... Preciso ir. Queria ficar, mas estão me chamando.

- Não se preocupe Jovem Yuri, ficarei aqui – respondeu Sora.

- Certo. Qualquer coisa me chame – disse ele, saindo do quarto.


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Notas finais do capítulo

Está bem melhor, não? Continuem lendo e fazendo reviews, onegai!